– Você vem comigo?

– Eu vou deixar vocês sozinhos... Vejo vocês no almoço talvez. – Sam saiu de pijama mesmo pela porta e foi em direção à lanchonete do hotel.

– Vem, quero te levar num lugar melhor para conversar.

Dean o levou para o mesmo lugar onde estivera horas antes. Mesmo agora já tendo algumas pessoas no local.

– Para onde vamos?

– Para o lugar onde eu fui hoje mais cedo. É um ótimo lugar para colocar os pensamentos em ordem.

Chegaram ao parque e se dirigiram para o melhor lugar que conseguiram achar.

– Agora podemos conversar melhor. Eu quero largar essa vida Cas, largar tudo e mandar todos os monstros se foder. Quero ter uma casa que não pegue fogo, quero poder finalmente descansar. E quero que você venha comigo Cas. – Dean e ele estavam sentados num banco embaixo de uma arvore que parecia ser um salgueiro ou alguma outra arvore que projetava uma enorme sombra sobre eles. Dean pensou, mesmo que só por alguns segundos, que ali seria o local perfeito para um piquenique. O clima quente já tomava conta do lugar. Já não era mais aquele clima frio da manha. Umas três crianças brincavam perto do lago. E o lugar onde Dean estivera antes, era ocupado por um bando de patos que tomavam sol todos largados.

– Você não está falando isso da boca para fora Dean? Você quer mesmo largar tudo e seguir para uma nova e totalmente desconhecida vida?

– A minha atual vida que é totalmente desconhecida! Há uns 2 anos atrás, eu nem fazia ideia que existia purgatório. E lá fui eu parar bem no meio dele. Há 8 anos, eu mal fazia ideia que anjos e Deus fossem reais. E lá fomos nós enfrentar a merda do apocalipse. Minha vida atual que é totalmente desconhecida. O que há de desconhecido numa vida de pessoas normais? O preço da gasolina aumentar? O presidente se matar? São coisas pequenas em comparação as que NÓS já vivemos. Me diga Castiel, você iria querer reviver a expulsão de Lúcifer do céu todo dia? Tipo, para toda a sua vida?

– Não! Aquele dia foi um verdadeiro caos lá em cima.

– É exatamente assim que eu me sinto. Não quero reviver essa vida dia após dia para toda uma eternidade.

– E quer seguir essa vida comigo?

– Você disse que... ã... Me ama não?

– Sim... É novidade pra mim ainda, mas a resposta ainda é sim.

– Porque eu iria querer começar com outra pessoa?

– Deixa eu ver...

– Foi uma pergunta retorica. – Castiel ainda tinha dificuldades.

– É por isso que eu quero você. Quem mais iria aguentar te ensinar a viver na terra do que eu? Foi uma pergunta retorica outra vez. – Castiel já ia responder.

– E iriamos para onde Dean? Não temos casa para voltar. Teríamos que começar do zero.

– Eu pouco me importo. Sabe quantas vezes eu e Sam tivemos que recomeçar do nada? Isso já não me assusta mais...

– Mas a mim, sim... – Dean olhou para o anjo bem no fundo de seus olhos azuis como o mar. Podia ver medo ali. Um Anjo do Senhor estava com medo de comprar uma casa e viverem juntos?

– Mas você já lutou contra tantas coisas? Comprar uma casa num subúrbio qualquer devia ser piada para você Cas.

– Eu fiz isso porque era o meu destino. Eu fui criado para fazer isso... E não virar humano, casar e essas outras coisas que vocês humanos fazem... Isso me assusta Dean. Mesmo depois de tanto tempo com vocês aqui. Não leve para o lado pessoal Dean. Você foi uma das melhores pessoas que eu já conheci. Você protege a quem você ama, dá a própria vida por elas. Não é por sua causa, e sim pela minha... Eu ainda sou um anjo... – Castiel falava isso devolvendo o olhar de Dean. Não havia o porquê de não querer encarar aqueles olhos verdes.

– Então você não quer fazer isso comigo... Eu te intendo Castiel. Só pensei que você iria querer, sabe... Participar. – Dean fingiu um sorriso e bateu no ombro do anjo. Ele estava completamente arrasado. Por um breve momento pensou que finalmente iria largar essa vida e começar outra. E Castiel iria acompanha-lo. Mas pelo visto isso não iria acontecer. Teria que começa-la sozinho.

– Eu quero Dean, mas tem outras coisas que irão ocupar meu tempo agora. Eu voltei de lá sem explicação nenhuma! Eu preciso descobrir o porquê e quem fez isso. Deus seria testemunha de que eu queria ir com você para essa nova vida, apesar dos meus medos... Mas agora não é o momento certo. Desculpe-me Dean... – Dean fez uma concordância com a cabeça e bateu no ombro do anjo novamente. Ele passava o olhar de um lado para o outro, como se não quisesse chorar.

– Eu te entendo Castiel... Serio mesmo... Mas quando que você vai começar a caçada?

– Hoje mesmo. Agora que eu já me recuperei, posso começar a minha ultima busca.

– Sem tempo para despedidas longas então. - sorriu o loiro – Espero que tenha sorte na sua busca. E Cas, toma cuidado ouviu? Por mais que você seja poderoso, você ainda é ingênuo, confia demais nas pessoas. – Dean fazia o máximo para conter as lagrimas. Não queria chorar na frente dele. Isso demonstraria fraqueza e poderia fazê-lo mudar de ideia quanto a sua busca por respostas. Dean envolveu Castiel num abraço apertado. Queria lembrar ao máximo como é ter o corpo de Castiel colado ao seu. O cheiro do sobretudo, do shampoo que ele usara. Qualquer coisa que o fizesse lembrar-se do anjo.

Dean colou sua testa na de Castiel e pela ultima vez olhou nos olhos que tanto o hipnotizava. E Castiel olhou de volta para os olhos verdes claros do humano por quem deu a vida diversas vezes. E continuaria dando se preciso fosse.

– Promete que vai voltar vivo pra casa. – Pediu Dean mantendo os olhares entre os dois.

– Eu prometo Dean. Eu vou voltar para casa. – Um ultimo beijo. Com lagrimas, medos e amores nele.

Ao abrir os olhos, Dean notou que ele era o único ali.

Seu amigo de sobretudo já havia partido.