Eu Ainda Estou Aqui escrita por A Garota Dos Livros


Capítulo 27
Capítulo 27




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Odeio hospitais. Estamos aqui a algum tempo, talvez uma hora. John, Mike e Sam estão sentados enquanto eu estou andando de um lado para o outro. Me preparo para perguntar pela quinta vez para uma enfermeira se vai demorar para recebermos alguma noticia quando um médico entra na sala.

– Elizabete Wright... ?

Paro de frente para o médico, todos os outros se levantam o cercando.

– Sou Dr. Barnes, tenho tratado da Lizzi...

– Doutor, só nos diz como ela está - digo meio sufocado.

– Ela bateu a cabeça, ralou os cotovelos, não aconteceu nada grave... Mas a saúde dela regrediu muito, na verdade, regrediu mais rápido do que esperávamos, ela devia estar sentindo muitas dores ultimamente...

– Ela não nos falou nada ... - John sussurra.

– Imagino que não, ela está pelo menos dez quilos mais magra...

– O que ? - pergunto.

– Pelo estado, ela tem vomitado tudo, ou quase tudo o que tem comido.

Como eu não percebi isso ?!

Podemos vê-la ? - Sam interrompe.

– Hoje não, por causa do horários de visitas e por ela estar dormindo também...

Assinto e vejo que os outros fazem o mesmo, Dr. Barnes se despede e desaparece através das portas brancas, desabo na cadeira.

– Quer carona garoto ? - John oferece com a voz embargada.

Faço que não com a cabeça, ele assente e se despede de Mike e Sam que ficam me fitando.

– Vamos, Jay, nós levamos você - Mike quebra o silencio.

– Pode ir - respondo - minha moto está aí.

– Não sei se é bom você dirigir nesse estado.

– Eu disse que pode ir.

Os dois param por um minuto, então vão embora. Fico sentado na cadeira da sala de espera enquanto algumas outras pessoas esperam. Levanto bruscamente e vou para fora.

Isso não pode estar acontecendo! Mas que droga!

Sinto algumas lágrimas querendo sair mas luto contra elas.

Ela não pode morrer tão rápido!

EU DEVERIA TER DOIS MESES!

Vejo a lateral riscada da moto por causa do recente tombo, sou tomado por uma fúria súbita e meto o pé na moto fazendo ela cair, chuto o metal, as lágrimas que eu tentava conter escapam pelo meu rosto e eu grito.

– Jason! - ouço uma voz familiar - Jason para!

Abigail sai correndo de dentro de um carro e segura meu braço.

– Para, você vai se machucar!

– NÃO ENCOSTA EM MIM!

Solto meu braço das mãos de Abigail, e vejo que Michael e meu pai saem correndo de dentro do carro, agora estacionado.

– POR QUE ESTÃO TODOS AQUI ? JÁ NÃO FIZERAM O BASTANTE ?

– Jay, Barnes no ligou, nós queríamos nos desculpar, mas não sabemos onde você mora, nem a garota... - interrompo meu pai.

– ELIZABETE, O NOME DELA É ELIZABETE!

– Jason, para de gritar as pessoas estão olhando - Abigail diz.

– QUE SE DANEM AS PESSOAS!

Sento na calçada segurando a cabeça com as mãos.

– Jay - Michael se ajoelha ao meu lado - eu sei que é difícil...

– Não, não sabe Mich.

– Tem razão, não sei... mas vamos pra casa, pra esfriar a cabeça, isso não vai dar em nada - Mich coloca a mão no meu ombro.

– Ela está morrendo! - ignoro o que ele disse - Deus, como eu queria que fosse mentira!

– Sinto muito - Abigail e meu pai disse juntos.

Assinto, levanto do chão em sigo para o carro. Mich levou minha moto para o barracão e eu dormi no quarto que antes era meu.

...

Não consegui dormir muito, então as seis horas da manhã peguei uma roupa com Mich e fui correndo até em casa, tomei um banho e peguei o carro, voltei ao hospital em seguida.

– Oi, eu vim... - digo para a recepcionista.

– Ah sim, você - ela diz cansada, é a mesma de ontem - pode entrar.

Ando pelos corredores quase correndo, então paro na frente da porta do quarto que me indicaram. Lizzi estava deitada de lado em uma maca, o braço onde o soro estava injetado se mantinha esticado, ela usava um pijama e parecia ter acabado de tomar um banho.

– Princesa ?

Ela vira o rosto para mim, sob seus olhos haviam olheiras e reparei os dez quilos a menos que Dr. Barnes falou.

– Oi - ela sorri - desculpa pelo susto.

Forço um sorriso e me sento na poltrona ao lado da cama, tomando sua pequena mão entre as minhas.

– Você me deu um baita susto.

– Desculpe.

– Tudo bem - forço outro sorriso.

– Jay, eu tenho menos um mês - ela não olha nos meus olhos.

– Eu sei. Por que não me disse que as coisas estavam piores ?

– Não quis preocupar ninguém.

– Deveria ter me falado, você podia ter se machucado, por minha culpa...

– Sua culpa? Não! Claro que não!

Um longo silencio se seguiu, fiquei olhando para nossas mãos juntas.

– Deveríamos retomar sua lista... - digo.

– Acho que não, eu não ligo pra muita coisa que tem lá.

– Então podemos fazer uma nova.

– Jay, não quero uma lista nova.

Suspiro.

– Então o que você quer ?

– Eu não sei. Talvez nada, talvez tudo, eu não sei.

– Não posso fazer nada com uma resposta dessas - digo frustrado.

– Talvez você tenha feito tudo o que tinha pra fazer...

– Ah, por favor, para.

– Parar com o que ?

– De dizer essas frases ridículas de ajuda! - ela fica em silencio - Anda chega pra lá!

Princesa me olha então volta a se deitar de lado me dando espaço, tiro os coturnos e me deito ao seu lado.

– Você toma muito espaço pra alguém do seu tamanho - brinco.

Ela dá uma risada curta, estico o braço e ela deita a cabeça nele, beijo sua testa que está na altura na minha boca e a abraço.

– Não quero que se lembre de mim como a sua namorada doente - ela diz de repente.

– Claro que não! - digo.

– Ok, mas também não quero que me use como desculpa para arrumar outras mulheres, você não pode usar a história da sua namorada morta como desculpa pra fazer elas sentirem pena e se aproximarem de você - ela brinca.

– Obrigado pelo crédito.

Namorada morta... Isso dói em mim.

– Te amo, Jay - ela suspira.

– Eu também te amo, Princesa.


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