A Alma escrita por Julie Stew


Capítulo 9
Capitulo 8 - Atordoada


Notas iniciais do capítulo

Esse é um dos capítulos mais tristes da fic!



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– Julie - escuto Bia me chamando.

– Sim?- eu respondo.

– Estou saindo para ir a delegacia, tudo bem? Você pode cuidar de Justin?

– Cuido sim! Obrigada, Bia.

– Só assim saberemos onde eles estão. - ela diz olhando no espelho, com moldura prateada da sala, arrumando seu uniforme preto. Buscadora. Dentre todas as profissões que nós, as Almas, tínhamos a oferecer nesse planeta Beatriz havia escolhido a Busca. Ela sempre disse que esse era seu sonho, mas no fundo eu sabia que ela fazia isso por mim, por ela, por Mel, ela assim como eu queria reencontrar eles. E essa era a forma mais fácil de obter informações. - Ah! Buscadora vira jantar aqui hoje á noite, você pode fazer jantar para mais um?

– Pode deixar - eu lhe falo e ela vai embora.

A cada dia eu me sentia mais longe deles.

Subi as escadas, e fui em rumo para o quarto de Justin. Jus estava sentado no chão com seus brinquedos, eu entrei, ele me viu e sorriu para mim.

– Lie - ele disse com sua voz angelical de apenas 2 anos, ele estava aprendendo a falar - Minca cumigo?

– Claro! - me sentei ao seu lado e o ajudei a colocar as peças no encaixe do brinquedo. Ele ria a cada peça colocada no lugar certo, e eu amo isso nele, o fato de ele ainda ter esse ingenuidade humana, mamãe havia concordado sobre o fato de ele ter uma infância humana mas com um curto prazo de 5 anos.

– Olá queridos. - olhei para a porta e encontrei mamãe sorrindo para nós.

– Olá mamãe, Bia pediu para lhe falar que Buscadora vira jantar.

– Que ótimo!- mamãe disse e fez um gesto para Justin, chamando-o para o seu colo.

– Mamai - ele disse em seu colo.

– Querida, tem alguém lá embaixo que quer te ver. - e pelo seu olhar eu até já sabia quem era.

Desci as escadas e fui de encontro a Austin.

Ele estava sentado no sofá, com a cabeça encostada nas mãos, seu cabelo loiro estava bagunçado, assim que eu entrei na sala ele olhou para mim com seus belos olhos verde-esmeralda intrigantes.

– Oie - ele me disse - Podemos conversar?

–Oie. Podemos sim. - lhe respondo e sento do seu lado. Ele pega minha mão e me conduz porta a fora. Ele me leva até a campina.

– Conversar aqui vai ser melhor - ele diz e eu concordo, nesses últimos dois anos andamos meio afastados, eu soube que ele havia terminado com Mackenzie, mas isso não diminuía a dor que eu sentia.

– O que houve? - lhe pergunto.

– Me desculpa! Eu sei que eu deveria ter te contado, mas eu estava arranjando um jeito de terminar com ela sem que você precisasse saber que houve algo entre nós.

–Por que?

– Porque achei que era o melhor.

– Mas não foi.

– Eu sei. Mas não foi por isso que eu te chamei aqui.

– Foi por que então?

– Como está o seu irmão? Faz tanto tempo que eu não falo com você e essa saudade está me matando.

– Justin esta ótimo. E eu também estava com saudades. - Digo de cabeça baixa enquanto arranco graminhas.

– Nunca mais vou fazer isso.

–Promete?

– Prometo! - ele me abraça e isso me faz esquecer de tudo o que aconteceu. Eu havia perdido Jamie, não poderia perdê-lo também.

– Sabe Julie nunca senti algo tão forte por alguém como eu sinto por você.

– Nem eu. Esse corpo é estranho, esse planeta é estranho.

– É mesmo você está certa, mas é uma sensação boa, cada segundo longe de você dói, não quero ficar longe de você.

– Então não fique. - digo e tiro os meus olhos que estavam fixos em nossas mãos unidas e olho para dentro dos seus olhos, e vejo que tudo o que ele disse é verdadeiro, que todo esse sentimento existe. Ele passa a mão em meu cabelo e se aproxima de mim, ele chega mais perto e encosta sua testa na minha. Ele passa a mão em meu rosto.

" Ah essa sensação é tão boa!"

Ele se aproxima mais seu rosto do meu e fecha os olhos, eu os fecho também e o espero. Espero o encontro de nossos lábios, o encontro que eu sonhava a tanto tempo. Ele me beijou. Calmo e delicado, como se eu fosse de porcelana.

– Venho sonhado com esse momento há anos - digo, envergonhada.

– Eu também.

– Tenho que ir - falo me levantando rapidamente. - Até.
Saio correndo de lá, sorrindo e rindo o caminho todo. Eu havia dado meu primeiro beijo. E parece que por esse fato ter sido mudado, o mundo havia se tornado mais bonito. Eu estava amando.

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– Olá Buscadora - mamãe dizia enquanto abri a porta para Bia e Buscadora.

– Olá - Buscadora era uma mulher baixa que deveria ter algo entorno 22 anos, ela era uma amiga que Bia havia feito no trabalho. - Obrigada por me permitir jantar em sua casa, Margareth, estou aqui só de passagem, estou trabalhando em algo extremamente sigiloso.

– O que é? - pergunto curiosa.

– Julie, se é sigiloso significa que ela não pode contar. - Bia diz ao se sentar ao meu lado na mesa.

– Vou contar, mas isso não pode sair daqui. Ok?

– Ok!

– Estamos investigando os humanos resistentes. - resistentes? - Bom, tivemos um caso de um humano Kevin que não deu muito certo, e as taxas de inserção estão sendo alta mas não bate com o número de seres humanos no planeta, acredito que aja humanos que resistem. - O mapa, penso.

– Isso deve ser incrível. - digo.

– E é, mas não vim aqui apenas para jantar, Julie sei da sua história você é uma alma muito antiga e bem forte, preciso de almas como você para serem inseridas e descobrir o passado e formas de encontrar os outros humanos. Você seria perfeita para isso, e claro seu corpo seria guardado para você.

– Buscadora, é incrível sua proposta, mas gosto dessa minha vida, e quero distância dos humanos por um tempo. Espero que entenda.

– É claro, esse trabalho exige as melhores almas, com as melhores cabeças, talvez agora você não esteja no seu melhor. - ela disse insinuando que sou fraca.

– É talvez seja isso. Me dêem licença estou cansada quero me deitar. - me retiro e subo correndo para o meu quarto mais ainda assim escuto Bia falando :

– Esse é um assunto muito delicado para ela.

Abro a porta de meu guarda-roupa, procurando aquele papel.

– Onde eu o coloquei?- murmuro para mim mesma.

Dentro das gavetas não está, embaixo dos sapatos. Só pode estar na penteadeira. Procuro, procuro. Não encontro nada.

Olho para minha cama e sei onde esta. No urso de pelúcia que Jamie havia dado para mim no meu oitavo aniversário, no ano em que eles haviam ido embora. Corro até a poltrona onde está o urso, me sento e pego-o no meu colo, abrindo o zíper que se encontra nas costas dele.

Algodão, algodão e "Ah" minhas mãos encontram um papel. Abro-o novamente 4 dentes e o ultimo quebrado. Eu precisava me livrar disso. Se isso caísse nas mãos da Buscadora ela transformaria Jamie e Mel em almas como eu. Eu não podia permitir isso, se eles estivessem nesse lugar não seria eu a entrega-los. Guardei o papel novamente no urso, eu me livraria dele mas hoje não seria possível.

Deito na minha cama pensando onde eles estariam, ponho a mão em meu pescoço e toco o coração de Beth, uma das minhas relíquias de quando os Stryder ainda estavam aqui, sinto as lágrimas escorrerem em meus rosto e abraço o urso que Jamie havia me dado, e assim adormeço.

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– Lie - escuto Justin me chamar vou correndo na direção de seu quarto. - Vamos no paquinho?

– Vamos sim!

Pego ele no colo, e vou caminhando em direção ao parquinho do fim da rua. o meu parquinho. Meu e de Jamie. O nosso recanto contra tudo e contar todos.

– Baianço - ele aponta para o balanço e eu o levo lá. - Lie, me baiança!

– Vamos lá então. Bem alto?

– Muito alto.

Eu o balanço em uma altura baixa mas que para ele era enorme, ele ria cada vez que eu impulsionava mais o balanço.

– Para! Para! - ele gritou.

– Cansou? - pergunto tirando ele dali.

– Casinha da árvore.

– Vai lá, sobe.

Justin crescia saudável, já estava com 3 anos, eu havia pesquisado muito sobre como as crianças humanas eram nessa idade e ele estava em perfeito desenvolvimento.

Ele subiu e eu o segui. Sentei- me na primeira das 3 casinhas que eram ligadas por pontes e fui tomada por lembranças.

" - Haha! Sou o melhor escalador de árvores - Jamie dizia.

– E eu sou profissional em descer no escorrega."

" - Julie pula!"

Eu pulei e quebrei o braço, lembro de como Jamie me seguia para todos os lugares e fazia todas minhas vontades quando eu estava com o braço quebrado.

" - Vamos ver que balança mais alto?- ele perguntou.

– Vamos! - respondi.

– De pé!

– Isso mesmo!

– Eu to mais alto!

– Não, eu que to!

– Agora estamos iguais - grito e rio.

– Pula! Em 3,2 e 1. PULAAA!"

Pulamos juntos e nós arrebentamos juntos, joelhos e cotovelos ralados, pernas doloridas, mas a dor não chegava, só havia diversão.

" - Briga de galo- grito e Mel me põe em seu ombro, Bia pega e põe Jamie em seu ombro também.

– Arggh! - fingo estar brava e todos riem.

– Vamos ganhar. - Mel grita.

– Vamos ver então!- Bia responde."

Eu empurrava Jamie e ele me empurrava, mas Lizzie e Beth chegaram e nós empurraram e todos fomos para o chão, rimos muito.
Voltei a realidade quando senti as lágrimas escorrendo de meus olhos, aquele lugar o parquinho era recheado de lembranças.

– Você esta chorando?- Austin disse.

Quando ele havia chegado ali?

–Estou mas não é nada.

– Tem algo sim , senão você não estaria chorando.

– Estou preocupada. Justin já está com 3 anos e minha mãe me deu um prazo limite de 5 anos, e está passando tão rápido.

– Eu sei, mas vai ser bom ter ele como um de nós.

– Eu sei que vai, mas aí não será mais ele, e outra minha mãe impôs uma condição para que ele tivesse esses 5 anos de que quando chegasse a hora eu teria de inserir uma alma nele. Isso me destrói.

– Sinto muito, mas isso será bom para você - ele me abraça. - Acho que mereço um beijo- ele diz com os lábios no meu pescoço beijando-o.

Procuro Justin e vejo que ele desceu da casinha e foi brincar na caixa de areia.
Seguro o rosto de Austin e o beijo com saudade, quero me afogar em seus lábios, vou me aprofundando em seu beijo até que o ar começa a faltar.

– Você vai jantar em casa? - pergunto.

– Provavelmente.

– Que bom! Acho que temos que ir, pois já está ficando tarde.

– Venha eu te ajudo a descer!

– Eu não preciso disso! - digo e pulo da ponte onde eu já havia quebrado meu braço.

– Sua louca- ele me disse e me ajudou a levantar.

– Venha, Jus, amanha a gente volta. - eu o pego no colo.

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– Você tem que comer, Justin. Vamos abra a boca que o avião quer entrar na garagem. - Justin abriu bem a boca e comeu a papinha.

– Sério? Avião na garagem? - Austin disse rindo. - Ei? Onde estão seus pais.

– Foram viajar ou algo do tipo - dou de ombros, já estava acostumada com isso.

Escuto um barulho de carro entrando na garagem, portas batendo, risos e alguém destrancando a porta.

– Julie? - escuto a voz de minha irmã na porta.

– Bia! Aqui na cozinha!

– Olá querida, Austin. E pimpolho! - ela passa a não na cabeça de Jus - Como você está cheiroso, Julie deu banho em você? Brincou bastante?

– Brinquei sim, Bi - Jus lhe respondeu.

– Buscadora entre você já é de casa.

– Olá Buscadora! - falo.

– Olá Julie!

Bia olha para mim com olhos tristes e me fala:

– Querida porque você não se senta? Buscadora tem algo importante para lhe falar.

– Lembra quando eu lhe disse sobre aquele projeto sigiloso que eu estava fazendo? - concordo com a cabeça enquanto eu sento- Entao, lembra que eu lhe falei sobre os corpos humanos que resistiam? Que eu precisava da sua ajuda?

– Lembro foi quando você me chamou de fraca.

– Julie não faça birra, é algo importante.

– Um desses corpos foi "encontrado" no Deserto comido por coiotes - Buscadora continuou, sinto meu estômago se afundar em meu pé. - Eu tenho uma foto desse corpo, acho que será bom para você ver. Ela me entrega um documento intitulado " Peregrina", eu o abro e encontro informações sobre a alma, planetas em que ela esteve, lugar onde trabalhava, amizades e sobre as sessões sua Confortadora Kathy Malaverick , eu reconhecia esse nome a senhora que havia me inserido nesse corpo, e no fim uma foto de alguém dando uma palestra na universidade, cabelos castanhos na altura dos ombros, feições rígidas mas bem femininas, olhos castanhos- esverdeados por causa do prata da alma, lábios finos e cheios, bochechas altas e saudáveis, eu reconheceria aquele rosto em qualquer lugar, por mais adulto que estivesse aquele ainda era o rosto de Mel! Melanie! E então uma bomba é acionada em meu cérebro, o corpo devorado por coiotes.

– Não! - grito.- Não! Melanie! - Bia me abraça e eu choro em seu ombro, sinto o ar faltando em meus pulmões, as estacas perfurando meu coração, os dentes dos coiotes perfurando minha pele. Melanie estava morta, nada mais fazia sentindo.

– Mel - murmuro antes de eu ser engolida pela dor e tudo ficar escuro.












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Notas finais do capítulo

Melanie TwT, por mais que seja mentira isso e nós sabemos que é nessa hora que Mel e Peg vão para as cavernas, Julie não sabe disso.



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