A Alma escrita por Julie Stew
Notas iniciais do capítulo
Esse é um dos capítulos mais tristes da fic!
– Julie - escuto Bia me chamando.
– Sim?- eu respondo.
– Estou saindo para ir a delegacia, tudo bem? Você pode cuidar de Justin?
– Cuido sim! Obrigada, Bia.
– Só assim saberemos onde eles estão. - ela diz olhando no espelho, com moldura prateada da sala, arrumando seu uniforme preto. Buscadora. Dentre todas as profissões que nós, as Almas, tínhamos a oferecer nesse planeta Beatriz havia escolhido a Busca. Ela sempre disse que esse era seu sonho, mas no fundo eu sabia que ela fazia isso por mim, por ela, por Mel, ela assim como eu queria reencontrar eles. E essa era a forma mais fácil de obter informações. - Ah! Buscadora vira jantar aqui hoje á noite, você pode fazer jantar para mais um?
– Pode deixar - eu lhe falo e ela vai embora.
A cada dia eu me sentia mais longe deles.
Subi as escadas, e fui em rumo para o quarto de Justin. Jus estava sentado no chão com seus brinquedos, eu entrei, ele me viu e sorriu para mim.
– Lie - ele disse com sua voz angelical de apenas 2 anos, ele estava aprendendo a falar - Minca cumigo?
– Claro! - me sentei ao seu lado e o ajudei a colocar as peças no encaixe do brinquedo. Ele ria a cada peça colocada no lugar certo, e eu amo isso nele, o fato de ele ainda ter esse ingenuidade humana, mamãe havia concordado sobre o fato de ele ter uma infância humana mas com um curto prazo de 5 anos.
– Olá queridos. - olhei para a porta e encontrei mamãe sorrindo para nós.
– Olá mamãe, Bia pediu para lhe falar que Buscadora vira jantar.
– Que ótimo!- mamãe disse e fez um gesto para Justin, chamando-o para o seu colo.
– Mamai - ele disse em seu colo.
– Querida, tem alguém lá embaixo que quer te ver. - e pelo seu olhar eu até já sabia quem era.
Desci as escadas e fui de encontro a Austin.
Ele estava sentado no sofá, com a cabeça encostada nas mãos, seu cabelo loiro estava bagunçado, assim que eu entrei na sala ele olhou para mim com seus belos olhos verde-esmeralda intrigantes.
– Oie - ele me disse - Podemos conversar?
–Oie. Podemos sim. - lhe respondo e sento do seu lado. Ele pega minha mão e me conduz porta a fora. Ele me leva até a campina.
– Conversar aqui vai ser melhor - ele diz e eu concordo, nesses últimos dois anos andamos meio afastados, eu soube que ele havia terminado com Mackenzie, mas isso não diminuía a dor que eu sentia.
– O que houve? - lhe pergunto.
– Me desculpa! Eu sei que eu deveria ter te contado, mas eu estava arranjando um jeito de terminar com ela sem que você precisasse saber que houve algo entre nós.
–Por que?
– Porque achei que era o melhor.
– Mas não foi.
– Eu sei. Mas não foi por isso que eu te chamei aqui.
– Foi por que então?
– Como está o seu irmão? Faz tanto tempo que eu não falo com você e essa saudade está me matando.
– Justin esta ótimo. E eu também estava com saudades. - Digo de cabeça baixa enquanto arranco graminhas.
– Nunca mais vou fazer isso.
–Promete?
– Prometo! - ele me abraça e isso me faz esquecer de tudo o que aconteceu. Eu havia perdido Jamie, não poderia perdê-lo também.
– Sabe Julie nunca senti algo tão forte por alguém como eu sinto por você.
– Nem eu. Esse corpo é estranho, esse planeta é estranho.
– É mesmo você está certa, mas é uma sensação boa, cada segundo longe de você dói, não quero ficar longe de você.
– Então não fique. - digo e tiro os meus olhos que estavam fixos em nossas mãos unidas e olho para dentro dos seus olhos, e vejo que tudo o que ele disse é verdadeiro, que todo esse sentimento existe. Ele passa a mão em meu cabelo e se aproxima de mim, ele chega mais perto e encosta sua testa na minha. Ele passa a mão em meu rosto.
" Ah essa sensação é tão boa!"
Ele se aproxima mais seu rosto do meu e fecha os olhos, eu os fecho também e o espero. Espero o encontro de nossos lábios, o encontro que eu sonhava a tanto tempo. Ele me beijou. Calmo e delicado, como se eu fosse de porcelana.
– Venho sonhado com esse momento há anos - digo, envergonhada.
– Eu também.
– Tenho que ir - falo me levantando rapidamente. - Até.
Saio correndo de lá, sorrindo e rindo o caminho todo. Eu havia dado meu primeiro beijo. E parece que por esse fato ter sido mudado, o mundo havia se tornado mais bonito. Eu estava amando.
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– Olá Buscadora - mamãe dizia enquanto abri a porta para Bia e Buscadora.
– Olá - Buscadora era uma mulher baixa que deveria ter algo entorno 22 anos, ela era uma amiga que Bia havia feito no trabalho. - Obrigada por me permitir jantar em sua casa, Margareth, estou aqui só de passagem, estou trabalhando em algo extremamente sigiloso.
– O que é? - pergunto curiosa.
– Julie, se é sigiloso significa que ela não pode contar. - Bia diz ao se sentar ao meu lado na mesa.
– Vou contar, mas isso não pode sair daqui. Ok?
– Ok!
– Estamos investigando os humanos resistentes. - resistentes? - Bom, tivemos um caso de um humano Kevin que não deu muito certo, e as taxas de inserção estão sendo alta mas não bate com o número de seres humanos no planeta, acredito que aja humanos que resistem. - O mapa, penso.
– Isso deve ser incrível. - digo.
– E é, mas não vim aqui apenas para jantar, Julie sei da sua história você é uma alma muito antiga e bem forte, preciso de almas como você para serem inseridas e descobrir o passado e formas de encontrar os outros humanos. Você seria perfeita para isso, e claro seu corpo seria guardado para você.
– Buscadora, é incrível sua proposta, mas gosto dessa minha vida, e quero distância dos humanos por um tempo. Espero que entenda.
– É claro, esse trabalho exige as melhores almas, com as melhores cabeças, talvez agora você não esteja no seu melhor. - ela disse insinuando que sou fraca.
– É talvez seja isso. Me dêem licença estou cansada quero me deitar. - me retiro e subo correndo para o meu quarto mais ainda assim escuto Bia falando :
– Esse é um assunto muito delicado para ela.
Abro a porta de meu guarda-roupa, procurando aquele papel.
– Onde eu o coloquei?- murmuro para mim mesma.
Dentro das gavetas não está, embaixo dos sapatos. Só pode estar na penteadeira. Procuro, procuro. Não encontro nada.
Olho para minha cama e sei onde esta. No urso de pelúcia que Jamie havia dado para mim no meu oitavo aniversário, no ano em que eles haviam ido embora. Corro até a poltrona onde está o urso, me sento e pego-o no meu colo, abrindo o zíper que se encontra nas costas dele.
Algodão, algodão e "Ah" minhas mãos encontram um papel. Abro-o novamente 4 dentes e o ultimo quebrado. Eu precisava me livrar disso. Se isso caísse nas mãos da Buscadora ela transformaria Jamie e Mel em almas como eu. Eu não podia permitir isso, se eles estivessem nesse lugar não seria eu a entrega-los. Guardei o papel novamente no urso, eu me livraria dele mas hoje não seria possível.
Deito na minha cama pensando onde eles estariam, ponho a mão em meu pescoço e toco o coração de Beth, uma das minhas relíquias de quando os Stryder ainda estavam aqui, sinto as lágrimas escorrerem em meus rosto e abraço o urso que Jamie havia me dado, e assim adormeço.
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– Lie - escuto Justin me chamar vou correndo na direção de seu quarto. - Vamos no paquinho?
– Vamos sim!
Pego ele no colo, e vou caminhando em direção ao parquinho do fim da rua. o meu parquinho. Meu e de Jamie. O nosso recanto contra tudo e contar todos.
– Baianço - ele aponta para o balanço e eu o levo lá. - Lie, me baiança!
– Vamos lá então. Bem alto?
– Muito alto.
Eu o balanço em uma altura baixa mas que para ele era enorme, ele ria cada vez que eu impulsionava mais o balanço.
– Para! Para! - ele gritou.
– Cansou? - pergunto tirando ele dali.
– Casinha da árvore.
– Vai lá, sobe.
Justin crescia saudável, já estava com 3 anos, eu havia pesquisado muito sobre como as crianças humanas eram nessa idade e ele estava em perfeito desenvolvimento.
Ele subiu e eu o segui. Sentei- me na primeira das 3 casinhas que eram ligadas por pontes e fui tomada por lembranças.
" - Haha! Sou o melhor escalador de árvores - Jamie dizia.
– E eu sou profissional em descer no escorrega."
" - Julie pula!"
Eu pulei e quebrei o braço, lembro de como Jamie me seguia para todos os lugares e fazia todas minhas vontades quando eu estava com o braço quebrado.
" - Vamos ver que balança mais alto?- ele perguntou.
– Vamos! - respondi.
– De pé!
– Isso mesmo!
– Eu to mais alto!
– Não, eu que to!
– Agora estamos iguais - grito e rio.
– Pula! Em 3,2 e 1. PULAAA!"
Pulamos juntos e nós arrebentamos juntos, joelhos e cotovelos ralados, pernas doloridas, mas a dor não chegava, só havia diversão.
" - Briga de galo- grito e Mel me põe em seu ombro, Bia pega e põe Jamie em seu ombro também.
– Arggh! - fingo estar brava e todos riem.
– Vamos ganhar. - Mel grita.
– Vamos ver então!- Bia responde."
Eu empurrava Jamie e ele me empurrava, mas Lizzie e Beth chegaram e nós empurraram e todos fomos para o chão, rimos muito.
Voltei a realidade quando senti as lágrimas escorrendo de meus olhos, aquele lugar o parquinho era recheado de lembranças.
– Você esta chorando?- Austin disse.
Quando ele havia chegado ali?
–Estou mas não é nada.
– Tem algo sim , senão você não estaria chorando.
– Estou preocupada. Justin já está com 3 anos e minha mãe me deu um prazo limite de 5 anos, e está passando tão rápido.
– Eu sei, mas vai ser bom ter ele como um de nós.
– Eu sei que vai, mas aí não será mais ele, e outra minha mãe impôs uma condição para que ele tivesse esses 5 anos de que quando chegasse a hora eu teria de inserir uma alma nele. Isso me destrói.
– Sinto muito, mas isso será bom para você - ele me abraça. - Acho que mereço um beijo- ele diz com os lábios no meu pescoço beijando-o.
Procuro Justin e vejo que ele desceu da casinha e foi brincar na caixa de areia.
Seguro o rosto de Austin e o beijo com saudade, quero me afogar em seus lábios, vou me aprofundando em seu beijo até que o ar começa a faltar.
– Você vai jantar em casa? - pergunto.
– Provavelmente.
– Que bom! Acho que temos que ir, pois já está ficando tarde.
– Venha eu te ajudo a descer!
– Eu não preciso disso! - digo e pulo da ponte onde eu já havia quebrado meu braço.
– Sua louca- ele me disse e me ajudou a levantar.
– Venha, Jus, amanha a gente volta. - eu o pego no colo.
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– Você tem que comer, Justin. Vamos abra a boca que o avião quer entrar na garagem. - Justin abriu bem a boca e comeu a papinha.
– Sério? Avião na garagem? - Austin disse rindo. - Ei? Onde estão seus pais.
– Foram viajar ou algo do tipo - dou de ombros, já estava acostumada com isso.
Escuto um barulho de carro entrando na garagem, portas batendo, risos e alguém destrancando a porta.
– Julie? - escuto a voz de minha irmã na porta.
– Bia! Aqui na cozinha!
– Olá querida, Austin. E pimpolho! - ela passa a não na cabeça de Jus - Como você está cheiroso, Julie deu banho em você? Brincou bastante?
– Brinquei sim, Bi - Jus lhe respondeu.
– Buscadora entre você já é de casa.
– Olá Buscadora! - falo.
– Olá Julie!
Bia olha para mim com olhos tristes e me fala:
– Querida porque você não se senta? Buscadora tem algo importante para lhe falar.
– Lembra quando eu lhe disse sobre aquele projeto sigiloso que eu estava fazendo? - concordo com a cabeça enquanto eu sento- Entao, lembra que eu lhe falei sobre os corpos humanos que resistiam? Que eu precisava da sua ajuda?
– Lembro foi quando você me chamou de fraca.
– Julie não faça birra, é algo importante.
– Um desses corpos foi "encontrado" no Deserto comido por coiotes - Buscadora continuou, sinto meu estômago se afundar em meu pé. - Eu tenho uma foto desse corpo, acho que será bom para você ver. Ela me entrega um documento intitulado " Peregrina", eu o abro e encontro informações sobre a alma, planetas em que ela esteve, lugar onde trabalhava, amizades e sobre as sessões sua Confortadora Kathy Malaverick , eu reconhecia esse nome a senhora que havia me inserido nesse corpo, e no fim uma foto de alguém dando uma palestra na universidade, cabelos castanhos na altura dos ombros, feições rígidas mas bem femininas, olhos castanhos- esverdeados por causa do prata da alma, lábios finos e cheios, bochechas altas e saudáveis, eu reconheceria aquele rosto em qualquer lugar, por mais adulto que estivesse aquele ainda era o rosto de Mel! Melanie! E então uma bomba é acionada em meu cérebro, o corpo devorado por coiotes.
– Não! - grito.- Não! Melanie! - Bia me abraça e eu choro em seu ombro, sinto o ar faltando em meus pulmões, as estacas perfurando meu coração, os dentes dos coiotes perfurando minha pele. Melanie estava morta, nada mais fazia sentindo.
– Mel - murmuro antes de eu ser engolida pela dor e tudo ficar escuro.
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Melanie TwT, por mais que seja mentira isso e nós sabemos que é nessa hora que Mel e Peg vão para as cavernas, Julie não sabe disso.