A Alma escrita por Julie Stew


Capítulo 20
Venenosa


Notas iniciais do capítulo

Acho que esse capítulo vai mudar a perspectiva de algumas pessoas sobre a Julie. Espero que gostem!
Capítulo dedicado a Ys Wanderer minha fiel leitora se eu continuo a escrever é por você, pois sei o quanto é horrível ler uma história e autora parar do nada!
Beijos aproveitem a leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/527142/chapter/20

Dizem que são nas melhores horas da vida que acontecem as piores tragedias, lembro quando era criança e Liz,Beth e tia Char morreram ou quando eu havia convencido minha mãe a permitir que meu irmão fosse humano por um tempo e no fim no consegui salva-lo ou quando achei que Melanie estava morta. Descobri que a vida neste planeta é repleta de sofrimento e toda a vez que acordo e olho para essas paredes alaranjadas me pergunto quando levarei outra rasteira.

– Hora de acordar docinho - tio Jeb exclama tirando a minha colcha improvisada da minha cara.

– Já levanto.

– Hoje é o dia das mudanças! Você conseguiu o que queria vai para a ala de curandeirismo ou área do Doc como chamamos aqui.

– Obrigada! O que levou você a mudar de ideia?

– As pessoas já te toleram e Candy se dispôs a trocar de função com você- resmunga.

– Ok.

Eu já havia perguntado a Jamie porque Candy era tão solitária e ele disse que deve ser pelo fato de ela não ter resistido quando foi colonizada e tinha medo de que isso acontecesse novamente.

– Eai Julie!

– Olá Nick!

– Que animação - o sol bate em seus olhos verdes transformando-o em uma estátua linda com seus músculos gloriosos e cabelo tão pretos e curtos que o faziam parecer um deus grego.

– Vou trabalhar com Doc.

– Sério? - ele ri - Sharon consegue tudo.

– Como?

– Sharon sempre viu Candy como concorrência da mesma forma que Letícia te vê! - afirma.

– Ela ficou doida? Eu? Concorrência! Então é por isso que ela não gosta de mim! Ela não consegue enxergar que ele é um irmão para mim?

– Para ser bem sincero é difícil acreditar nisso, pois ele só fala de você e dedica todo tempo, atenção e carinho a sua doce Julie. Isso a mata de ciúmes! Você tinha que ver a cara dele - ele ri.

– Jamie é da família - gido sem muita convicção e ele percebe.

– Ah minha família reunida! - Jamie diz parado a porta com Letícia grudada em seu pescoço clamando por atenção.

– Oi Jamie.

– Bom dia flor do dia - rio.

– O que foi? - Letícia pergunta.

– Nada vocês não iam entender - eu consegui ate escutar Bia me chamando de flor da noite pela casa e ao pensar em como ela deve estar louca me procurando me aperta o coração - Te peguei - encosto em Jamie e saio correndo em direção a cozinha.

– Volte aqui - escuto sua voz longe.

O sol já estava nascendo o que significava que os corredores estariam lotados o que em parte ajudaria e em partes atrapalharia minha fuga. Alguém segura meu braço e paro assustada.

– Mel me solta! Jamie esta vindo! - ela agarra meu braço e sai correndo quando vê Jamie a alguns passos de nós.

– Peguei o Jared - grita arfando.

– Na cozinha acaba - grito quando vejo Jared quase alcançando Jamie.

– Chegamos - exclamo.

A cozinha estava parcialmente lotada e nossa mesa já estava ocupada por Doc, Cal, tio Jeb, Peg e Ian que discutiam algo fervorosamente.

–Sol brilhante Dia Longo! - exclamo.

– Sol Brilhante Dia Longo! - responde Peg.

– O que isso significa? - pergunta Ian.

– Olá, adeus, bom dia, boa tarde, qualquer cumprimento humano que você imaginar.

– De que planeta? - indaga Jamie ofegante.

– Planeta das Flores - respondo.

– Em quantos planetas você viveu? - pergunta tio Jeb.

– Quatorze.

– Uau - exclama Jamie.

– Quantos anos?

– Mais do que seu pequeno universo.

– Em que planeta você começou? - pergunta Cal.

– Eu comecei em a Origem quando ela ainda era dominada pelos Abutres - Peg e Cal trocam olhares perplexos.

– Não acredito - exclama Peg.

– Em que?

– Todos sempre falavam que eu tinha uma longa história mas você é a alma mater.

– Alma mater - indaga Mel.

– É o termo designado as almas que foram geradas antes da colonização dos planetas - digo.

– Imagino as histórias que você deve ter - fala tio Jeb.

– Mais do que você imagina!

– Gostaria de escuta-las depois.

– Pode deixar!

– Hora de trabalhar agora! Vocês já descansaram demais e o trigo não se planta sozinho!

A cozinha se esvazia rapidamente pois Jeb havia convocado a maioria para trabalhar na plantação de trigo. Pelo que eu havia entendido as pessoas contavam os meses pelas plantações como o mês do trigo, ou o da melancia, ou do morango. Havia algumas plantações que amadureciam na mesma época do ano e aqueles meses eram os meses da sorte.

– Vamos? - pergunta Doc.

– Aham - ele levanta e caminha em direção da ala hospitalar, no caminho encontrei com o pessoal da plantação de abóbora que agora se preparavam para colhe-lá em menos de uma semana. Vejo Peg e Letícia nesse grupo e aceno para elas que retribuem sorrisos.

Eu estava nas cavernas a pouco mais de um mês e ja conhecia todos os caminhos eu poderia ser largada em qualquer lugar vendada que saberia chegar onde quero. A ala hospitalar é pequena com apenas quatro macas, uma escrivaninha improvisada e caixas de remédios da minha espécie em um canto.

– Não temos muito trabalho aqui só quando alguém se machuca que temos algum trabalho mas essa semana é diferente os suprimentos estão acabando e logo serão enviadas equipes para buscar alimentos. Então nossa tarefa é contar todos os medicamentos para saber o que esta faltando. - Doc diz e pega uma caixa de Curar e senta no chão sigo seu exemplo e pego uma caixa de refrescar.

– Doc?

–Sim?

–Posso lhe perguntar algo?

– Claro, querida.

– Por que motivo eu estou aqui?

– Quer saber o verdadeiro? - balanço a cabeça afirmando - Sharon é extremamente ciumenta e como vai perceber nunca acontece algo grave então eu e Candy passamos a maior parte de nosso tempo conversando ou lendo e alguns dias ficávamos tão cansados disso que simplesmente íamos trabalhar no campo onde ajudaríamos mais do que aqui. Sharon ficava pensando que fazíamos outra coisa aqui e então mandava dava um jeito de mandar alguém vir verificar se estava acontecendo toda hora. Candy ficou cansada disso e pediu a Jeb para trabalhar em outra área.

– E então eu tomei o lugar dela porque Sharon sofre e de baixa autoestima?

– Basicamente sim - ficamos quieto por um tempo até Doc quebrar o silêncio.

– Posso fazer uma pergunta bem pessoal?

– Pode.

– Quando você chegou aqui e te perguntaram da sua vida você comentou que tinha um irmão mais novo e eu percebi que você parecia triste o que me deixou bastante curioso.

– Você quer saber o porque?

– Isso!

– Eu tinha treze anos quando meu irmão nasceu e eu estava tão animada que nunca tinha parado para pensar que assim que ele nascesse seria colonizado, então assim que ele nasceu fiz um trato com minha mãe de que ele fosse humano por um tempo com a desculpa de que a melhor parte da minha vida aqui na terra fora quando eu 'era' humana pois tudo é tem aquele ar de ingenuidade e ela aceitou e me deu u curto prazo de cinco anos e por todos esses anos eu tentei enrola-la ou faze-la desistir ou me dar mais tempo só que ela se mantinha firme dizendo que eu tinha que continuar com a minha parte da promessa!

– Qual era a sua parte da promessa?

– Sabe Doc eu amo ser Curandeira mas odeio o motivo que tive que fazer isso! A minha parte no trato era que eu inseriria a alma em emu irmão! Minha mãe achava que aquilo seria bom para mim me traria de volta aos antigos princípios.

– Sinto muito! - ele afasta minhas lágrimas com a mão.

– Quando aquele dia chegou eu queria morrer! Toda a vez que eu fecho os olhos lembro que fui eu que dei a mamadeira com sonífero para ele, lembro de cortar seu pescoço e inserir a alma, lembro que depois do procedimento ser realizado eu sai correndo da sala pois eu não acreditava que eu havia feito aquilo com meu irmão!

– Alguém sabe disso?

– Não! Acho que tio Jeb me expulsaria aqui se soubesse disso! Eu queria ter salvado ele mas não consegui.

– Você fez o seu máximo! Tenho certeza que tentou tudo desde o possível até o impossível para salva-lo!

– E no fim eu mesmo o matei! - quero abrir meu corpo e retirar tudo dele a culpa, a dor e o sofrimento por eu ser a pior pessoa da face da terra! Quem mataria o próprio irmão? Minha mãe, Beatriz, Austin e ate papai haviam aprovado isso porque eu não havia fugido com ele!

– Vocês continuaram sendo próximos?

– Não, eu não conseguia nem chegar perto dele porque aquilo era o corpo não havia mais nada do meu irmão nele.

– Desculpe por ter perguntado e pode confiar que seu segredo esta bem guardado comigo.

– Obrigada Doc - eu o abraço.

No fim de doze caixas Doc percebeu que faltava Selar e que precisaríamos de bastante Curar.

– Jared vai adorar isso - diz sarcasticamente.

– Porque?

– Julie me diga qual o melhor lugar para um fugitivo estar?

– Num lugar cheio de polícias - respondo.

– Parece ate uma humana falando.

– Ei! Eu tive as melhores professoras - rio.

– É verdade! - ele ri confirmando - Hora do almoço.

O almoço deveria ser a hora do dia mais agitada pois todos tinham acabado o primeiro turno de trabalho e corriam para comer e ja começar o próximo.

– Como foi seu primeiro turno como curandeira? - pergunta Mel curiosa.

– Muito legal!

– Que bom que gostou! - exclama Letícia.

– Também acho - tio Jeb comenta.

– Sabe tio Jeb não sei se você Julie te contou ou não sobre a tortura que ela fez com aquele garotinho que ela cisma em chamar de irmão.

– O que você esta falando? - grito e toda a cozinha fica quieta.

– Você realmente acha que ninguém nunca descobriria?

– Que história é essa? - pergunta Jamie.

– Não é nada.

– Porque você não conta para todo mundo o motivo de você ser curandeira - Letícia diz e quase posso ver o veneno escorrer por sua boca - porque você não fala para todo mundo como ficou feliz em transformar seu irmão em um dos seus!

– Você não tem ideia do que eu passei! - dou um pulo na mesa segurando as lágrimas - eu o amava mais que tudo e nunca ficaria feliz com o que fiz! E não preciso de você me condenado ainda mais porque pode acreditar eu ja me condeno o suficiente.

– Esta vendo Jeb! Se ela fez isso com o irmão que ela diz que ama tanto imagina o que ela fará conosco aposto que ela vai arranjar um jeito de comunicar a irmã buscadora dela para vir nos buscar!

E com essas palavras Letícia transformou a cozinha em um debate pessoas dizendo que eu deveria ser morta de um lado, temerosas com o fato de eu ter arranjado um jeito conseguir falar com os Buscadores ou até mesmo supondo que eu tinha um chip em minha cabeça informando os Buscadores onde eu estava.

– Você pode me odiar e fazer tio Jeb me mandar para o canto mais escuro da galáxia mais não pode supor que eu entregaria vocês em uma bandeja de prata para a minha espécie porque se fosse isso que eu quisesse isso daqui nunca existiria! Deveria acreditar nisso!

– Como assim? O que você quer dizer com isso Julie? - Tio Jeb exclama.

– Eu organizei a expedição de dominação do planeta Terra! Eu que mandei as almas irem para cada canto específico do mundo e suprimir espécie que estava destruindo o planeta - digo vitoriosa.

– Julie? - Mel diz horrorizada.

– Mas no fim eu me arrependi! Vocês me modificaram e me fizeram ver que eu estava errada só que já era muito tarde para mandar evacuar o planeta o plano havia dado muito certo! E por este motivo eu permiti que vocês vivessem pois eu jamais poderia suprimir vocês! E por esse motivo eu nunca faria isso com o meu irmão se eu não fosse obrigada!

– Não acredito que o inimigo estava do meu lado o tempo todo!- exclama Mel chorando- eu sempre defendi você e no fim você era a pior de todas as almas!

– Por favor Mel me perdoe!

– Você matou meus pais! - grita ela comigo e vejo essa afirmação chegar a mente de Jamie e seus olhos se endurecerem com a lembrança da dor de perder os pais.

– Não! Eu tentei salva-los acredite em mim!

– Eu sempre acreditei em você! Eu te amei como uma filha sua vaca! - tia Maggie diz antes de esbofetear minha cara.

– Calados todos! - tio Jeb grita - O que esta feito esta feito! Todos de volta ao trabalho! AGORA! - a cozinha se esvasia em instantes.

– Mel? - ela passa e quase me empurra.
– Não acredito que você fez isso! - tio Jeb diz - depois nós conersamos sobre a sua estadia aqui! - ele vai embora.

Saio correndo sem rumo pois nesse momento quero que esse pesadelo acabe, tia Maggie e Sharon me odeiam a partir de agora, Mel e tio Jeb não querem olhar na minha cara e o pior Jamie não disse uma única palavra em toda a discussão. Realmente espero que Letícia tenha consiguido o que ela queria: se ver livre de mim!

O sentimento de vingança não era comum entre as almas porém todos sempre diziam que eu era diferente e agora eu juro vingança a ela! Se tio Jeb me permitisse ficar eu tiraria cada coisa que ela ama uma por vez! Porque ela havia tirado tudo aquilo que eu amava com uma única discussão, minha família, a confiança dos humanos e o mais importante ela tirou Jamie de mim!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que Julie fará? Eu também me pergunto isso.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Alma" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.