Caminhos Traçados escrita por RQLMS


Capítulo 40
Caminhos Traçados


Notas iniciais do capítulo

Oie gente :') Último capítulo da história, eu não sei nem como agradecer vocês, por absolutamente tudo, por me incentivarem a continuar, por comentarem, por darem ideias e as vezes por me darem de presente até mesmo alguns personagens, por aguentarem os dias que eu me enrolava com alguns problemas e demorava a posta, por aturarem as frases que eu nem sempre lembrava de colocar no começo haha. O tempo que eu passei com vocês ao longo que CT foi maravilhoso, até mesmo porque essa foi a primeira fic que eu fiz sozinha, sem parceria com ninguém, e ter leitores como vocês são tudo o que uma escritora de primeira viagem pode querer. Quanto aquela minha fic DRAMIONE (De Harry Potter) eu ainda vou postar ela sim, só preciso de mais um tempo para organizar ela toda, mas não vai ser só ela que eu vou postar não, já estou rascunhando outra (Original também, como CT), mas não vou contar nada sobre minhas próximas fics haha, vou fazer uma surprise pra vocês (e vou esperar vocês lá viu), mas posso adiantar uma coisinha que vai abalar seus coraçõeszinhos, então seguuuuurem essa : CT vai ter uma segunda temporada, sim minha gente linda, eu decidi a pouco tempo, mas está confirmado 👍👍👍 Vou esperar por vocês, posto ela em fevereiro. Enfim gente, muito obrigado, eu vou ter cada uma das minhas leitoras em um lugarzinho no meu coração, porque além de leitoras, se tornaram minhas amigas, e eu só tenho a agradecer vocês, por tudo. Bom capítulo gente, até as notas finais.



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Abri a porta do banheiro e adentrei-o devagar.

Por cima da pia havia um grande espelho oval grudado à parede.

Encarei-me.

Eu já não me reconhecia, não lembrava de mim como a antiga Fernanda, mas ainda sabia que era eu, eu estava tão clara em cada marca que eu tinha ali, eu tinha mudado muito, mas não tinha deixado de ser como antes.

Lembrava de Harry, mas já não sentia no peito o que ele me provocava.

E agora eu tinha Bruno, e Maria Luiza.

Aquela noite, em meio á neve, em meio aos passos de valsa, em meio á luta travada contra as minhas lágrimas, em meio á despedida de Harry, foi a última vez que eu o vi. Tantos anos depois... Como será que ele estaria agora? Teria filhos? Teria esposa?. Harry era famoso, até hoje, tinha entrado para a liga de basquete oficial do país, era uma celebridade, como eu estaria agora se tivesse ido com ele naquele dia?

Balancei a cabeça e afastei tais pensamentos. Eu com certeza não estaria como estou agora, não estaria mesmo, e por isso fiquei com Bruno, ele precisava de mim, como Bruno teria ficado quando viu a mãe dele se eu não estivesse aqui para abraçá-lo dizendo: Ei, não chora, vai ficar tudo bem. Como EU teria ficado sem ele?

Adentrei o Box e tomei um banho rápido.

Saí do banheiro e vesti minha velha camisa do Linkin Park (pela qual ficava meio curta agora, mas eu amava usar, era minha blusa favorita, confortável e ainda por cima de uma banda que jamais deixaria de gostar, nem que eu fizesse 100 anos) e um short jeans preto, calcei uma sapatilha qualquer e já ia prender o cabelo em forma de coque quando escutei o celular tocar.

Me aproximei da banqueta do abajur que ficava ao lado da caminha que tivemos que colocar no nosso quarto por causa da Maria e atendi o celular.

– Alô –

– Fê... – dizia uma voz chorosa

– Sofia? Você está bem? –

– S-sim, ma-as –

– O que foi? O que aconteceu? –

– Fê, eu... Eu vou embora –

– O que? –

– Fê, eu ganhei uma bolsa, uma bolsa de estudo em uma escola de música em Los Angeles – ela disse de uma vez e eu engoli a seco.

– Ah meu deus – falei em um fio de voz, queria ter dito com uma voz viva e até mesmo contente, mas falei muito baixo, quase como um sussurro.

– Dois anos, é por dois anos Fê –

Ela completou e meus olhos piscaram. O que? Dois anos? DOIS ANOS?

Ela dizia e eu podia escutar Jason sussurrando lá atrás: Você deveria estar feliz, não chorando.

O que? Eu já não estava conseguindo raciocinar o que estava acontecendo. Primeiro Sofia me liga chorando, depois diz que ganhou uma bolsa de estudos que é simplesmente por dois anos!

Eu não sabia o que falar deveria estar feliz por ela? Eu não sabia.

– Calma Sofia, me explica isso - pedi.

– Não tenho que explicar Fê, eu vou embora, simplesmente isso, por dois anos -

Suspirei.

Fechei meus olhos por alguns segundos e processei as informações.

Ela iria ficar dois anos longe, porque ela não havia me contado antes? Agora nós tínhamos que aproveitar ao máximo, desistir dessa bolsa é que ela não podia, à poucos anos música tinha se tornado a vida da Sofia, ela tocava violino, violoncelo, violão, um pouco de flauta e até mesmo guitarra. Mas sua maior paixão era o violino, ela dava aula para algumas crianças, tocava em consertos...

Eu não podia simplesmente me dar ao luxo de ficar brava, Sofia almejara essa bolsa de estudos por anos, se esforçava, estudava, tocava o tão amado Violino, virava noites treinando músicas novas e perguntando de Jason: "Toquei bem Jase? Você acha que eu fui bem? É tem razão, melhor treinar mais".

Eu devia a apoiar, eu devia, mas a única coisa que eu consegui falar foi:

– Er... Hum... Que bom –

Ela não disse nada.

– Quer dizer, você não vai desistir da bolsa não é mesmo? –

– Não – ela respondeu convicta

– Que bom, é seu sonho, não se pode desistir de sonhos, mesmo que as vezes eles pareçam impossíveis, uma hora, quando você mesmo espera eles acontecem, e você tem que confiar nisso –

– Eu sei – ela disse chorosa. Sofia estava estranha, Jason tinha razão, ela deveria estar feliz, porque não estava? Ela passara anos e anos tentando uma vaga na tal universidade de Los Angeles.

– Você vai quando? Semana que vem? Mês que vem? Nós temos que aproveitar nega –

– Fê, eu vou daqui à quinze minutos – senti minhas pernas fraquejarem.

– O-oque? – minha voz era falha.

– Desculpa Fê – ela pausou a fala e começou outro acesso de choro – Eu devia ter contado antes, eu sei, mas eu fui saber que tinha ganhado a bolsa semana passada, não queria estragar essa semana com: “vou sentir sua falta Sofia” e muito chororô, eu queria uma semana feliz, e nós tivemos, eu, você, a Lala, a Maluzinha e Gui.-

– Sofia, você... –

– Eu já estou caminho do aeroporto, se você estiver com raiva e não quiser ir lá se despedir, eu vou entender, a Laura também acabou de saber disso, não culpo vocês duas, eu só queria uma última semana, com vocês, as duas, minhas melhores irmãs do mundo – ela disse e quando ela arfou eu entendi que Jason a abraçara.

Meu corpo estava em estado de choque. Era informações da mais para absorver.

Fiz a única coisa que eu podia fazer: Sorri.

– Você ficou maluca? É claro que eu vou lá ver você, ficar com raiva? De onde você tirou isso? Você é Larissa Sofia num sei das quantas, minha irmãzinha, você ganhou uma bolsa de estudos em uma universidade de música, realizou seu sonho, isso não me deixa com raiva, isso me deixa feliz, feliz por você, são só dois anos, o que é dois anos para uma amizade de mais de dez? –

Menti.

Dois anos era muita coisa sim, eu iria sentir falta da minha nega de nome estranho, iria sentir falta das ideias malucas que nunca mudavam, iria sentir falta de: “Maluuu, a tia Sofia tem uma surpresa” “Que surpresa?” “Eu ué, eu sou a maior surpresa de todas aqui querida, todos me querem” ela falava e Maria caia na gargalhada.

– Sério Fê? –

– Claro que sim, vou ligar para você todos os dias, e você tem que me falar como vão as coisas, vamos nos falar por webcan também quando pudermos – disse e a escutei suspirar.

– Eu.Amo.Você – ela disse pausadamente e sorriu, se eu estivesse frente a frente com ela teria certeza de que foi um sorriso amargurado – Vou sentir tanto a falta de vocês, da Maluzinha, do Gui, da Lala, do Matheus loiro oxigenado, do Emo de terno... E do Jase. –

– Espera, o Jason não vai com você? – falei espantada.

Por um segundo eu pude sentir na pele tudo o que Sofia provavelmente estava sentindo. Jason não iria ir com ela, eles iriam fiar longe um do outro por dois anos. Uma coisa era ela ficar longe das amigas e amigos, outra totalmente diferente era ela ficar longe do noivo dela. Ela iria ficar sozinha, longe de todos pelo qual amava, tudo isso por um sonho de estudar com o que ela amava.

É, Sofia era uma das garotas mais espontâneas e imprevisíveis que eu já havia conhecido, e eu a amava por isso, ela já era e sempre seria uma mulher grandiosa, que não mede esforços para fazer o que ama e ter uma boa carreira quem sabe, eu a admirava muito.

– Vai passar voando – sussurrei.

– Vai sim – Jason concordou do outro lado.

– Vocês me prometem? – ela perguntou – Que nunca vão me esquecer? –

– Seria impossível – falei em coral com Jason.

– Como eu não consegui emagrecer o suficiente para caber na mala – Jason disse – Vou te recompensar de dando de presente um Panda qualquer dia desses –

– Sério? – Sofia perguntou e eu sorri acompanhada de Jason.

– Não – ele disse e eu tinha certeza que Sofia estava fazendo um bico.

– Eu já tenho você mesmo – ela disse para o Jason e eu sorri.

– Vamos nos atrasar – Jason disse e eu escutei alguns barulhos, talvez Sofia tivesse derrubado do Sofá.

– Vou pular na frente do primeiro táxi que eu encontrar, a gente se vê no aeroporto, beijos – falei e escutei Sofia sussurrar :

– Beij... Jason larga isso!-

Sorri e desliguei o celular.

Vai passar voando, tem que passar voando, Sofia precisava de nosso apoio, e se dependesse de mim ela iria ter.

Virei-me para trás e peguei um pompom preto.

– Ela ainda não notou a gente? – escutei um sussurrar e olhei para frente.

Bruno estava em pé do lado da porta e Maria sentada nos ombros dele segurando o lençol da cama, que cobria os dois da cabeça aos pés.

– Acho que ela está olhando para a gente – Bruno falou

– Búú é o monstro do lençol, saia do quarto e nos entregue a sobremesa – Maria disse e eu não pude me aguentar, cai em uma gargalhada e puxei o lençol, ficando debaixo dele também.

– Ih, ela descobriu a gente papai – Maria sussurrou. – A ideia foi dele –

– Minha? – Bruno perguntou com cara de ofendido e olhou para cima, encarando Maria.

Ela deu de ombros e fez uma careta.

Aproximei-me de Bruno e beijei rapidamente sua bochecha, fiz o mesmo com Maria quando ele a tirou dos ombros dele.

– Bru, a Sofia... –

– Eu sei, Jase já tinha me contado – ele falou e eu o encarei perplexa .

Ele já sabia? Esse traidor!

– E porque você não me contou? – fuzilei-o com o olhar.

– Ué, porque ela é sua amiga... E... E ... –

– Você ta encrencado papai – Maria sussurrou e sorriu

– Malu também sabia! – Bruno disse rapidamente usou Maria como defesa do rosto dele.

– Papai! –

– Ei! Seu bando de traidores, então todo mundo sabia que a Sofia ia ter que viajar, e ninguém me contou! – gritei

Encarei ambos por alguns minutos e os dois tentavam falar algo e se encaravam como se um pudesse falar algo para salvar a pele dos dois, ficaram assim até Maria tomar a iniciativa e falar:

– Mamãe, em minha defesa eu digo que posso ficar de castigo sem sobremesa –

– E em minha defesa eu falo que a culpa é da Maria -

– Papai! - Maria esbravejou e Bruno sorriu e começou a fazer cócegas na pequena que as poucos começava a retorcer de rir no chão.

____________

– Geeente! Aeroporto! Sofia! Rápido! - falei enquanto Bruno se soltava do cinto de segurança do carro e vestia rapidamente o vestido amarelo em Maria e terminava de amarrar o cadarço dela.

– Amor, me ajudava a fechar os botões do vestido da Malu, eu acho que perdi minha aliança dentro do sapato dela -

Arregalei os olhos e olhei para Bruno

– Você fez o que com a sua aliança? -

– Err... Nada, tá aqui ela ó - ele disse e empurrou Maria para cima de mim, me impossibilitando de ver a mão dele.

– É bom essa aliança estar aí Bruno! Ah sim amor, me dá a Malu que eu termino esses botões - falei - Dirige Bru! Dirige! Ah não! para o carro! Droga, esqueci a chave de casa -

Chegamos no aeroporto faltando seis minutos para Sofia embarcar, mas chegamos.

Maria que vinha brincando na parte de trás do carro, estava toda bagunçada, tive que refazer a trança nos cabelos dela.

– Cadê ela? - perguntei quando avistei Jason, Matheus, Laura e Gui sentados em um dos bancos.

Jason me olhou tristonho e sorriu amargurado.

– Ela foi atrás do sonho dela, minha Sofia - ele sussurrou e olhou para frente, como se pudesse estar sozinho mesmo estando cercado de pessoas, e como dizia Sofia: Jason pode refletir na imensidão do mundo quando está longe de mim, mas eu sou a Sofia perdida e ele vai me encontrar e eu simplesmente vou ser a Sofia encontrada.

Suspirei e senti meu coração apertar.

Ela já tinha ido.

Sofia do Jason, Sofia perdida, Sofia encontrada, minha Sofia também, minha irmã e melhor amiga foi embora.

Eu tinha passando tantas coisas ao lado dela, minha lutadora de Kung FU, minha doida, minha ouvinte e "contante" como ela iria dizer.

– Ela disse que ama você e mandou eu te dar uma abraço por ela - Laura disse e entregou delicadamente Gui, que estava dormindo para Matheus que passou levemente as mãos na testa dele e retirou os fios loiros de cima dos olhos dele.

Laura caminhou até mim, e me deu um dos abraços mais apertados que eu já tinha recebido. Afundei meu rosto no pescoço dela e retribuí o abraço, como se eu estivesse mesmo abraçando Sofia, e eu podia sentir Sofia bem alí.

– A partir de agora até daqui a dois anos vamos ser só eu você Fê, mas ela vai estar conosco - Laura sussurrou.

– Vou sentir falta dela Lala -

– Eu também, pode acreditar, não somos as mesmas sem a chatinha-mor, mas quem disse que estamos sem ela? Fê, distâncias servem para serem enfrentadas - Laura disse e sorriu para mim, sorri de volta e encarei Bruno que conversava com Jason e Matheus.

– Como é cara? - Matheus perguntou.

– Ele disse que mentiu pra vizinhança -Jason disse

– Falem baixo - Bruno sussurrou e olhou desconfiado para mim.

– O que? Você disse que quer ter uma criança? - Matheus perguntou - cara você sabe como é que se tem uma criança ué! -

– EU DISSE QUE PERDI MINHA ALIANÇA! - Bruno gritou e eu suspirei e o encarei raivosa. - Droga - ele completou e veio até mim.

– Fê, eu tenho quase certeza que está dentro do sapato da Malu - ele disse.

– Bruno como você foi perder essa aliança homí de deus? - Laura perguntou risonha.

– Eu sei lá, eu tava amarrando o cadarço da Malu quando não senti mais ela no meu dedo -

– Aff - falei e belisquei Bruno levemente - Eu vou sentar, e tirar o sapato da Maria, se a aliança não estiver lá você vai limpar a garagem de casa por seis meses - ameaçei

– Mas eu já limpo a garagem - ele disse

– Tô falando da garagem do senhor Bill - falei e ele me olhou pedindo piedade - Reze para essa aliançar estar lá Emo, reze! Malu minha linda vem cá! -

Senhor Bill era nosso vizinho, ela era garimpeiro, agora é carteiro, mas as coisas do garimpo ainda estavam na garagem dele, e com coisas de garimpo eu quero falar tudo mesmo, até as sujeiras

Tive que me afastar um pouco deles até achar um banco perto da saída dos fundos do aeroporto onde eu pudesse sentar com a Malu e tirar o sapato dela.

No banco, só tinha uma menininha sentada, ela estava com um vestido cinza cintilante e tinha uma bola de basquete pequena nas mãos. Olhei a bola e sorri.

Isso me lembrava o Harry. Bolas de basquete...

Sentei-me ao lado dela e coloquei Maria do meu lado tirando o primeiro sapato dela, não tinha nenhuma aliança ali, Bruno estava ferrado.

Calcei novamente na Malu o primeiro sapato, eu estava amarrando o cadarço quando escutei a garotinha que segurava a bola de basquete sorrir para Malu.

– Oi - Malu falou para a garotinha da bola de basquete enquanto eu continuava abaixada amarrando o cadarço dela.

– Olá - a garotinha respondeu.

– Qual seu nome? - Maria perguntou.

– Fernanda - respondeu a menininha.

Sorri e terminei de amarrar o cadarço da Malu, a menininha tinha o mesmo nome que eu, me virei e olhei para a garotinha.

Mas no instante em que eu a olhei, meu corpo entrou em choque.

Os olhos da menininha.

Eram azuis, mas não um azul qualquer, eram azuis iguais aos do Harry, exatamente iguais.

– O meu é Maria, Maria Luiza -

A garotinha sorriu e eu continuava em choque.

– Você me lembra a foto do meu tio que meu pai me mostrou - falou a menininha para Maria.

– Sério? - Maria perguntou e sorriu.

– Sim, você tem quantos anos? - A menina perguntou.

– Quatro, e você? -

– Também - A garota respondeu.

– Meu é pai é velho, bem mais velho do que eu, sabia que a idade dele é mais que cinco dedos? - falou Maria

– Meu pai também, ele não tem muito tempo para brincar comigo, mas ele é muito legal - respondeu a menina e sorriu.

– Meu pai trabalha, mas ele tem tempo para brincar comigo - Maria respondeu.

A garotinha suspirou e olhou para Maria.

– Queria que meu pai fosse assim também, mas eu vou te contar um segredo - falou a menininha e se aproximou da Maria - Meu pai é famoso - ela sussurrou bem baixinho.

Meu coração acelerou e eu sentia que se abrisse a boca meu coração iria pular.

Não, não podia ser quem eu estava pensando.

Com certeza não podia ser.

É, o que eu estava pensando? que Harry poderia simplesmente aparecer na minha frente? É claro que isso não iria acontecer.

Me desliguei da conversa da duas e me abaixei novamente, tirando o outro sapato da Maria, no fundo do sapato vi algo brilhando, sorri e puxei a aliança dourada do sapato dela, colocando o novamente, comecei a amarrar o cadarço novamente.

Não sei se foi por eu estar tão ocupada amarrando delicadamente o cadarço da Malu de um jeito que não a machucasse, ou se foi por meu pensamento estar fielmente voltado na falta que eu iria sentir da Sofia que eu não percebi um rapaz aproximando-se da garotinha.

Levantei meu rosto e assim que o levantei senti meu corpo entrar em choque novamente, mas de um jeito muito pior, eu não tinha total controle das minhas pernas, senti-as bambearem. Meu coração que só de pensar na hipótese já acelerava, imagine quando ela realmente acontecia.

Acontece que bem ali na minha frente estava em pessoa o próprio Harry Lancaster.

– Vamos meu amor, o papai não pode ser visto - Harry falou para a garotinha que suspirou.

– Mas papai, eu fiz uma amiga e eu não tenho nenhuma amiga - a garotinha falou tristemente.

– Eu sei Nanda - ele disse e eu senti meus olhos pesando, mas eu não conseguia sequer piscar, minha respiração estava falha, eu não podia acreditar, ele estava bem ali na minha frente - Mas você sabe que o papai precisa ir meu amor -

– Tchau Maria Luiza - ela disse e sorriu para Malu que sorriu de volta.

Harry olhou para Malu e sorriu rapidamente, mas o sorriso logo se substituiu por uma expressão curiosa.

– Nossa, você parece com meu pri... - Antes que Harry pudesse terminar a frase ele desviou os olhos para mim e automaticamente cortou a fala dele.

– Nanda - ele falou e a menininha olhou para ele, mas ele não estava olhando para a menininha, ele estava olhando para mim.

Senti minhas pernas pegando impulso e antes que eu pudesse formular o que eu iria fazer, eu já estava o abraçando, com todas as minhas forças.

Aquele cheiro...

Colônia Masculina.

Apertei com força a gola da camisa dele e aos poucos senti ambos braços fortes me rodeando.

– Nanda - ele repetiu.

– Oi - falei - Oi Harry -

– Você... -

– Sim? -

– Você continua sendo uma moça bonita - ele disse e eu abri meu maior sorriso e me apertei a ele. - Você me fez tanta falta, você nem imagina, todas as noites e todos os dias, todos as cestas que eu fazia nos jogos eu dedicava internamente para você , quando nevava e quando estava muito quente, quando chovia e quando ventava, eu sentia falta de você, quando Bruno se tornou empresário na empresa do meu pai eu descobri Nanda, descobri que você tinha casado com ele, foi o pior dia da minha vida, e tinha uma garota e eu não estava bem e eu contei para ela, contei de você e do Bruno e ela sorriu e me disse que eu era um idiota, disse que você não me amava se não você tinha vindo comigo naquele dia ... - a voz dele começava a ficar embargada, os olhos levemente vermelhos... Não.

– Ei, Harry, Não - Falei e afaguei levemente os fios negros do cabelo dele - Não... Está bem, você está aqui, está tudo bem -

– Eu voltei no colégio, eu voltei, no final do ano, na noite do baile, você não estava mais lá, Bruno também não, eu conheci uma menina, chamada Heloisa, eu reencontrei ela - ele disse e eu sorri levemente, só tinha uma Heloisa naquele colégio - Fê, eu me casei com ela - ele disse e eu arregalei os olhos e olhei para a garotinha dos olhos azuis, ela era filha, da Heloisa...

A garotinha Fernanda e a minha filha, eram primas!

Ao nosso redor já se ouvia alguns murmúrios, estavam falando do Harry, eu havia esquecido, Harry era famoso.

– Nanda, eu preciso ir - Harry disse e me soltou delicadamente. Olhei para ele e sorri.

– Pode ir Harry - falei e sorri - Mas não deixe as pessoas falarem besteiras Harry, eu amo você, e eu nunca vou me dar conta disso, nunca. - falei e ele sorriu levemente.

– Eu também amo você Nanda, mas também não posso mais me dar conta disso, tenho Heloisa e minha outra Fernanda - ele disse e olhou para a garotinha que conversava animadamente com Malu.

– E eu, que sempre tinha Bruno também tenho Maria agora - falei.

– É tarde demais para amarmos um ao outro - ele disse

– Mas esse amor vai sempre existir - falei e ele sorriu

– Sempre, mas vai existir, do jeito Fernanda e Harry -

– De um jeito existencialmente inexistente - falei

– Exatamente - Harry falou e sorriu - Eu preciso ir - Harry completou e foi até a porta dos fundos, seguido pela garotinha Fernanda, ao chegar lá ele sorriu para mim de um jeito que eu sabia muito bem significava, com aquele sorriso ele queria dizer: Até qualquer outro dia, pode ter certeza que a gente vai se reencontrar, Caminhos Traçados meu bem.

Porque Caminhos Traçados não era só uma história qualquer que minha mãe me contava ou uma ideia que pode ter surgido na minha mente. Caminhos Traçados era uma lição, nem sempre temos a chance de nos despedir de quem amamos, como aconteceu uma vez com Harry e Bruno, e agora com Sofia, mas temos uma certeza: Nada do que nos aparece nessa vida é simplesmente por acaso, tudo, absolutamente tem um toque especial do destino, tudo o que vai algum dia volta, tudo o que o vento leva, ele é capaz de trazer de volta, e assim foi com Harry e Bruno um vez, a vida os levou, e depois quando eu menos esperava a vida os trouxe de volta, assim seria com Sofia, e a partir de agora, assim seria com Harry novamente.

Caminhos Traçados, caminhos que se encontram, se desencontram, se esbarram ou passam longe, Caminhos que se odeiam ou se amam, Caminhos que se conhecem ou desconhecem. Caminhos que foram Traçados uma vez, nada nem ninguém separará.

Olhei para Malu e sorri, a pequena sorriu de volta.

Bruno logo apareceu atrás de mim, ele sorriu e eu o encarei, eu o amava acima de qualquer amor, Bruno era o que me existia, era o que eu também era capaz de amar, era principalmente minha vida.

– Achei sua aliança meu amor - falei e ele sorriu e a colocou.

– Sem limpar a garagem do velho Bill então -

– Não, você vai limpar a garagem dele sim, você perdeu a aliança, está de castigo -falei e Maria caiu em uma gargalhada. - Mas como eu sou boazinha eu ajudo a limpar - falei

– Já até vi a gente cheio de sujeiras não identificadas -

– A gente? Rá Papai! Fale por vocês, eu que não vou me sujar - Maria disse e sorriu.

...

A Vida esconde Caminhos Traçados, você só precisa achar o seu.


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Notas finais do capítulo

E é desse jeito que eu vou dar um tchau para vocês e me despedir de CT, minha primeira fanfic, isso é algo que eu não vou esquecer. Quanto as minhas leitoras, podem me chamar na MP vou responder a todas. Como eu pedi capítulo passado, me selecionem como autora favorita para poder aparecer na notificação de vocês quando eu postar minhas próximas fic. Beijos para todas as minhas leitoras meninas que se tornaram minhas amigas e alguns leitores meninos que apareceram também e é claro meus leitores fantasminhas também que nunca se pronunciavam mas eu amo do mesmo jeito, e até a próxima fic :3