Caminhos Traçados escrita por RQLMS


Capítulo 25
O passado


Notas iniciais do capítulo

Geeennte *o* Bom, primeiramente: Oi :) Tudo legalzin com vocês?
Emfim, eu quero dedicar esse capítulo á gvit, pela recomendação mais perfeita desse world que ela deixou aqui em Caminhos Traçados, muito obrigado mesmo fofa :D Eu amei a recomendação!



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"De tanto escutar sobre os meus amores, talvez ele tivesse se tornado um deles"

"Muitas vezes eu pensei se foi quem errei, mas quanto mais eu penso, menos eu sei"

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Olhei para Harry incrédula e ele mandou eu me acalmar.

– Vocês são... Primos? – perguntei e ele assentiu – Mas como? Vocês se odeiam! Vocês brigam todo hora e não gostam nem de tocar no nome um do outro! Vocês já se bateram e ficam se xingando, é impossível vocês serem primos! – falei e dei um sorriso de canto. Harry estava brincando comigo, só pode ser isso, ele e o Bruno primos! Rá! Isso é absolutamente impossível!

– Nanda, eu sei que pode parecer estranho, mas é verdade, eu e aquele Emo temos o mesmo sangue – Harry falou convicto e eu o encarei desconfiada.

Ele estava sério, seria possível ele estar falando a verdade? Então ele e o Bruno eram... Primos.

Engoli a seco e me levantei da cama.

– Porque Vocês não me contaram isso antes? – perguntei e Harry baixou o olhar

– Você ainda não faz a mínima ideia de quem é você né? – ele perguntou e eu senti uma pontada de sentimentos misturados, era raiva por não saber disso antes, ao mesmo tempo em que era curiosidade, confusão e um pouco de nostalgia, parecia que eu já tinha escutado essa história de primos antes... Eu já não estava entendendo mais nada.

– Como assim quem sou eu? Eu sei muito bem quem eu sou! Eu sou Fernanda Collins, tenho 17 anos, estou no terceiro ano do ensino médio e estou cercada de mentiras pelo visto! – falei raivosa e ele me encarou sério.

Harry pegou minha mão e me puxou para mais perto dele, porém eu não me sentei na cama novamente.

– Sim Nanda, você é tudo isso sim, mas você é mais uma coisa. – ele disse e colocou uma madeixa de cabelo minha para trás da orelha. – Você é o motivo para eu e o Bruno acreditarmos em uma razão concreta para o amor – ele disse e eu franzi o senho.

Tudo bem, se antes eu estava confusa, agora eu desconfio até que o nome dele não é Harry de verdade.

– Harry eu não estou entendendo. – falei e ele sorriu.

– Então deixa eu te explicar, senta aqui – ele falou e me puxou para cima das pernas dele, me sentando.

Eu iria protestar, mas no estado de curiosidade em que eu estava a única coisa pela qual eu protestaria é para entender essa história maluca.

– Foi há seis anos atrás, na época em que meus pais e o pai do Bruno viajaram para fora do país por um ano, eu tive que ficar com a tia Patrícia, a mãe do Bruno, mas ela estava mudando de cidade e eu, é claro tive que acompanhar ela, eu não tinha muitos amigos, mas eu tinha o Bruno, além de ser meu primo ele era meu melhor amigo, dividíamos tudo, os brinquedos, os livros, os videogames, nós éramos como irmãos, pelo menos foi assim até que completou um mês que a gente tinha se mudado de cidade com a tia Patrícia, ela mandou a gente ir brincar fora de casa, com os vizinhos da rua, e foi nesse dia que... – Harry olhou para mim e eu o abracei delicadamente, eu já tinha entendido tudo. Tudo já fazia sentido para mim. Agora eu já tinha certeza do que estava acontecendo... E sim, eu já havia escutado aquela história de primos antes... Tanto escutado como participado.

Flashback Fernanda – On (seis anos atrás)

Eu estava em casa assistindo televisão até que a companhia de casa tocou.

– Filhaaaa Atende a porta! – gritou minha mãe do quarto dela.

– Já tô indo Manhêêêê – gritei de volta e caminhei até a porta, assim que eu a abri me deparei com Isabel.

– Oi Isa – falei e abracei-a – Entra –

– Eu só vim te convidar para brincar aqui na rua Fê, com o pessoal. – ela disse

– Ata – falei e sorri – Manhêêê eu vou brincar aqui na rua com a Isabel – gritei

– Cuidado Filha – respondeu minha mãe, sem gritar. Que milagre.

Desliguei a televisão e saí de casa com Isabel, ela me disse que tinham vizinhos novos e que eles iriam brincar com a gente, e naquele dia eu conheci eles, um se chamava Harry e era mais branquinho, ele possuía os olhos azuis e os cabelos negros, e era mais social, conversou com todo mundo e virou amigo de quase todos os nossos vizinhos, já o outro me chamou atenção, ele tinha um jeito de Emo e se chamava Bruno, era branco, mas não tanto e possuía os olhos negros e os cabelos castanhos e quase não falou nada, ele era mais sério e só ficava olhando para a gente com as mãos nos bolsos.

Depois daquele dia eu passei a brincar com eles todas as tardes, e com o passar do tempo ambos viraram meus melhores amigos, Bruno já não era mais tão sério, mas continuava sendo meio frio, exceto comigo. Comigo ele era muito legal, eu não costumava o chamar de Bruno, eu só o chamava de Emo, era um apelido que eu havia colocado nele e eu adorava esse apelido, já Harry havia se tornando o menino mais popular da vizinhança e da escola também, não tinha ninguém que fosse da oitava série como nós e não o conhecesse.

Eu amava ter eles dois como meus melhores amigos, porque Bruno era meu confidente, todos os meus segredos eu contava para ele, contava sobre os garotos que eu gostava e as meninas que me odiavam e ele me entendia como ninguém, já Harry me animava quando eu estava triste, ele me levava para as festas do colégio que o convidavam e me defendia de todo mundo, naquela época eu era tão ingênua, todas as garotas morriam pelo Harry, porque é claro, ele era o menino mais lindo da nossa sala e elas me odiavam porque eu e ele éramos melhores amigos, eu era tão próxima dele, do jeito que elas não eram, e por isso elas caçoavam de mim toda hora, mas Harry sempre me defendia delas, sempre.

Tudo era incrível, até que chegou o final do ano e o colégio promoveu um baile para os estudantes e eu fui convidada por ele dois, pelo Harry e pelo Bruno, eu não sabia que convite aceitar, mas por afinidade, eu aceitei o do Bruno, aceitei o do Bruno porque eu tinha vergonha de ir com o Harry, e eu queria ter amigas, antes deles dois chegarem na cidade eu tinha muitas amigas, mas depois que eles chegaram eu passei a ter apenas Isabel como amiga e nós já havíamos perdido aquela amizade toda, e além do mais ir ao baile com Harry seria muito vergonhoso, eu iria ter que tirar muitas fotos e é claro que ele iria ser eleito Rei do Baile, eu não iria ter coragem de subir ao palco com ele e receber a coroação de par do Rei do Baile.

Mas antes de eu entrar no baile, Bruno me levou até o pátio do colégio e se declarou para mim, foi a primeira declaração que eu havia recebido na minha vida toda, e eu me senti confusa é claro, tudo oque eu sentia por Bruno se transformou de repente de amizade para amor e quando o baile acabou significava que eu teria que dar a resposta para a declaração do Bruno, e eu planejava aceitar, afinal Bruno tinha sido meu amigo o ano inteiro e eu sentia que talvez eu o amasse. Eu nunca iria esquecer essa declaração, era a declaração do meu primeiro amor de infância, ele sempre escutava eu falar dos outros meninos para ele e De tanto escutar sobre meus amores, talvez ele tivesse se tornado um deles.

Porém, antes de eu achar Bruno, Harry me puxou para o final do salão de festas e me beijou, eu fiquei atônita naquele instante, não sabia oque falar, Harry não era como Bruno, Harry não tinha se declarado para mim ou algo assim, mas ele tinha me beijado, um beijo que havia me transmitido tudo oque ele precisava dizer, mas teve algo que ele disse, que na verdade foi um pedido, um pedido de namoro e aquela noite poderia ter sido a mais desesperante da minha vida, mas só para piorar a situação, Bruno também estava no final do salão de festa e tinha visto tudo.

No fim da noite eu estava caminhando até minha casa, e estava sozinha, estava sem Harry e nem Bruno, e assim as férias se passaram... Solitárias, eu já não saia mais para brincar, porque depois daquela noite, Harry e Bruno já não apareceram mais na vizinhança, nem na escola, e a casa que era deles estava vazia, eles haviam se mudado. Eu passei tantas noites sem dormir imaginando se o motivo deles irem embora fosse eu... Muitas vezes eu pensei se foi eu quem errei, mas quanto mais eu penso, menos eu sei.

Flashback Fernanda- Off

– Agora eu lembro – sussurrei para Harry em meio ao abraço

– Depois do dia que eu e o Emo conhecemos você, a gente começou a brigar, eu e ele conseguíamos dividir tudo, brinquedos, roupas, videogames, mas era impossível dividir você, eu queria você e ele também. – Harry falou com a voz falha.

– Depois daquele baile você dois foram embora e eu... –

– Quando aquele baile acabou a tia Patrícia recebeu uma ligação, o pai do Bruno tinha morrido e isso foi um choque para todos, nós tivemos que voltar para a nossa cidade, que no caso é essa para reconhecer o corpo dele – Harry disse - Depois do velório dele tivemos problemas em casa, como o pai do Bruno estava morto a tia Patrícia tinha perdido todas as propriedades dela nessa cidade, a única casa que ela tinha era aquela que a gente morava na sua cidade Nanda, nós íamos voltar para aquela casa junto com a titia, mas ela estava tendo problemas psicológicos, ela estava mergulhando em uma depressão por causa do pai do Bruno e meus pais acharam que ela não tinha mais condições de cuidar da gente e eu e o Bruno acabamos tendo que vir para esse colégio interno, agora em todas as férias de verão eu volto lá para visitar a tia Patrícia –

– Então é por isso que você estava no aeroporto – falei e ele assentiu – Eu sinto muito por ela, e por ele. –

– Eu não entendendo como a tia Patrícia pode ser irmã da minha mãe, Pâmela, a tia Patrícia é que na verdade foi como minha mãe, ela me dava a atenção que a minha própria mãe não me dava, ver ela se perder em uma tristeza foi horrível, e eu queria conversar com o Bruno, queria ficar do lado dele sabe... Passar por isso já foi difícil para mim, imagine para ele que é filho dela de verdade, mas ele não falava mais comigo e ele parou de visitar a mãe dele nos finais de ano, e é por isso que eu o odeio ainda mais, eu odeio ele por ter se declarado para você naquele dia, odeio ele por ter simplesmente deixado a mãe dele de lado assim e odeio mais ainda ele por ser seu namorado – Harry falou com os olhos vermelhos, parecia que ele iria chorar, e foi isso que aconteceu, ele chorou.

Sentei na cama e deixei Harry deitar nas minhas pernas. Comecei a fazer carinho na cabeça dele e ele estava chorando, mas também estava me contando como é ir à casa da tia dele todo fim de ano e ver como ela está ficando mais magra e desnutrida a cada ano, me contou como é tentar falar com os pais dele e perceber que os pais dele estão ocupados demais tomando conta da empresa deles para falar com ele, me contou como é ter que aguentar essa coisa de "capitão do time", me contou como é ter que ficar em um dormitório sozinho e se sentir... Solitário.

Harry me contou tanta coisa, coisas que eu não podia nem imaginar, coisa que eu não pensava que houvesse na vida dele, coisas que as outras meninas não sabem, ninguém imaginaria que na vida do capitão do time de basquete que tem popularidade e garotas devotas á ele acontecia tudo isso.

Olhando agora para ele deitado nas minhas pernas, ele parece tão frágil. Passei a mão pela testa dele e retirei a franja de cima dos olhos dele, ele olhou para mim e eu sorri de canto para ele.

– Você é uma boa pessoa Harry, eu gosto de você – falei e voltei a fazer o carinho no cabelo dele.

– Você gosta de mim, você gosta de mim sim, mas você ama o Bruno – ele falou e suspirou pesadamente.

– Porque ter toda essa rivalidade com o Bruno? – perguntei – Porque não simplesmente esquecer esse passado de vocês e começar de novo? –

– Porque ele melhor do que eu Nanda, eu sei que ele é. Eu posso ser o capitão do time e ser popular também, mas ele sempre foi melhor. Eu sempre tive todas as garotas, mas você Nanda, a única garota que eu quis de verdade, quem tem é ele, e não é só isso, ele deixou a tia patrícia de lado, ele largou todo o peso de se preocupar com ela sobre mim, e eu não sei por que, eu sempre quis ter uma mãe como ela, que me desse atenção e me amasse, mas eu não tenho e ele que tem não está nem aí! - Harry falou

Não respondi nada, apenas encarei ele e o abracei, ele correspondeu o abraço e nós ficamos assim por alguns minutos, em silêncio. Um silêncio tentado á muitas perguntas por minha parte, mas não ouse perguntar nada, apenas permaneci em silêncio.

Quando deu por volta de 21:40, Harry havia adormecido, eu me levantei da cama dele e liguei o ar-condicionado, puxei o lençol dele e o cobri. Aproximei-me do rosto dele e depositei um beijinho suave na bochecha dele.

– Boa noite Harry – sussurrei e saí do quarto dele.

Andei pelo corredor e atravessei o campus, ainda meio chocada com tudo que acabara de acontecer, o meu passado estava á tona novamente, e dessa vez eu não vou deixar que tudo passe pelos meus olhos e vá embora, eu vou resolver essa "pendência" do passado.

Adentrei o meu dormitório e Sofia estava deitada na cama dela, fui até o banheiro e escovei meus dentes, troquei de roupa e me deitei na cama, puxei o lençol e tentei adormecer, mas mesmo que eu estivesse calada, minha mente estava muito barulhenta.

Desde o começo eu sabia que eu, Harry e Bruno éramos Caminhos Traçados, caminhos que já foram traçados e não importa o quão diferente sejam, vão voltar a ser iguais.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e mais uma vez, obrigado á gvit pela recomendação :)



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