Olhei para frente e suspirei. Estava perto da estrada. Arthur tinha ficado pra trás em um momento de distração minha. Óbvio que não tinha se acostumado ainda com seus poderes. Me sentei e comecei a pensar.

— Vovô! Vovô! Olha! Eu consegui! — gritava correndo enquanto balançava o cajado de para magos desajustado ao meu tamanho — eu fiz a magia!

(Com meus oito anos, eu não era nada fraca em magia. Na verdade, eu era melhor do que muitos magos mais velhos. Eu ás vezes me atrapalhava nas aulas, por ser menor do que os outros magos, de modo que nunca havia um cajado do tamanho certo pra mim.)

Cheguei à porta da casa dele. Alisei minhas roupas com as mãos e esperei.

(Mas os magos são como os heróis. Todos têm pelo menos um defeito fatal. E certamente, a ingenuidade exagerada era o maior dos meus.)

Comecei a ficar preocupada com a demora. Eu nunca tinha visto meu avô se distrair em trabalho. Respirei fundo “ele não deve ter me ouvido” pensei e bati na porta.

(E enquanto eu me esforçava apenas para ser motivo de orgulho para o homem que eu considerava como meu maior herói, pessoas olhavam se perguntando o que eu seria capaz de fazer quando crescesse. Quando percebesse meu poder. Passasse a ter grandes aspirações.)

Eu estava tremendo de medo naquela altura. — Vovô? Você está me assustando!

(Mas esse defeito seria “corrigido” logo.)

Algo é violentamente jogado contra a porta. Gritei á plenos pulmões. Outros magos vieram me acudir, pois, der repente, é impossível não sentir que algo do mal estava dentro da sala. E mais impossível ainda, ignorar os gritos do mago dentro dela.

(Não sei se valeu apena se tornar mais forte assim.)

Comecei a chorar. Meus poderes e os de qualquer outro mago se faziam inúteis.

(Só sei que foi o que aconteceu.)

Meus pensamentos foram cortados por passos se aproximando.

Me escondi atrás da árvore onde antes estava sentada.

Um trio vinha por ali.

Eu os conhecia. Eram meus amigos.

E eles não podiam me ver.

Eles eram Perlla, Carlos e João Pedro*.

Esperei escondida, e, infelizmente, não conseguia ouvir o que eles diziam.

Quando sumiram de vista, continuei olhando naquela direção, até que Arthur apareceu

— Finalmente te alcancei! — ele falou. Eu dei um pulo de susto, o que fez com que ele começasse a rir — aconteceu alguma coisa?

— Não... nada

O restante da caçada ocorreu normalmente