Chamas do Dragão escrita por Melzinha


Capítulo 9
Capitulo IX- "Suaves sonhos cor-de-rosa"




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Chamas do Dragão

Capítulo IX

Por Mel

Suaves sonhos cor-de-rosa

Desarrumado e desorientado, Syaoran Li corria pela faculdade usando todas as suas habilidades. A incalculável velocidade refletida nas pernas torneadas que explodiam em uma corrida louca rumo ao desconhecido, ou pelo menos rumo a um lugar seguro. Precisava liberar seus sentimentos de alguma forma. A adrenalina pulsava em suas veias causando uma estranha sensação de medo. Foi a primeira vez em anos, que sentira vontade de chorar. A última ocasião em que derramara uma lágrima fora no velório de seu pai, quando viu o maior exemplo de sua vida desaparecer junto com as cinzas da enorme fogueira.

Em uma cerimônia digna de um imperador o seu melhor amigo fora elevado aos céus como incenso, e desapareceu entre as nuvens. Seu pai fora um dos homens mais honrados que conhecera, ele sacrificara tudo em nome da unidade familiar...O único ser humano capaz de fazer grandes artimanhas, com coragem e sensatez, sem perder a bondade o respeito e a justiça. Como eles eram opostos agora. Tornou-se um homem sério, arrogante, triste, uma sombra negra da imagem que tinha do pai.

Syaoran (Para si mesmo): "Talvez eu nunca seja como ele".

Crescera com esse desejo no coração. Ser como o pai, e fora com essa vontade que ajudou Sakura a terminar de capturar e transformar as cartas. Ajudado pelo caráter que o pai havia inspirado em cada célula dele.

Mas e agora? Se o pai o visse talvez não o reconhecesse mais, e não era para menos, o coração mole virara diamante. Será que era possível seu coração ser quebrado depois de tanto tempo? Como uma geleira poderia virar água no meio do pólo norte? Aumentou a velocidade sentindo o vento bagunçar seus cabelos castanhos. Fechou os olhos por instantes e a dor das chibatadas voltaram as suas costas. Esse fora o preço de seu sangue nobre. Ser um Li, não era apenas poder e status, ser um Li era ter a responsabilidade de levar uma nação com mais de dois bilhões de habitantes para a época dourada.

Na China, o trono era passado de geração para geração. Filho homem para filho homem, mas o atual imperador tinha sementes fracas. Com seis filhas mulheres e dezenas de tentativas sem êxito, Wang Fu era a desonra de sua família, e o fim da dinastia. Como, de acordo com as leis do país, uma mulher jamais poderia assumir o poder, a linhagem familiar se quebraria para sempre e a próxima dinastia, determinada pela ordem astral de seus deuses, tendo um homem herdeiro ou regente, assumiria o poder, o que fazia de Syaoran Li o primeiro na linha de sucessão do trono chinês.

Por isso que os anciões não o deixavam em paz. Quando o imperador morresse, Li era herdeiro por direito. Por poder e ganância, eles transformaram sua vida em um inferno, cultivaram um monstro dentro dele, um monstro que o havia manipulado por tanto tempo, mas que agora não o escutava mais. Sentiu algo molhar sua face. Passou tanto tempo sem chorar que imaginou que suas glândulas lacrimais houvessem secado. Mas não secaram.

Correu...Correu até o seu refúgio, correu até seu apartamento, queria chegar em seu quarto, afundar a cara na almofada e apenas chorar... Buscaria o carro no estacionamento da faculdade mais tarde. Não tinha cabeça para isso agora. Trombou com alguns vizinhos que se assustaram com a situação do famoso chinês.

Abriu a porta rapidamente, tentando se livrar desse pesadelo o mais rápido possível. Assustou-se ao deparar com Wei de pé, esperando por ele. O tutor, atordoado pela imagem, arregalou os olhos. Li estava um caco, todo desarrumado, com as roupas rasgadas e alguns hematomas...Mas isso não fora o que mais lhe assombrou. O seu velho coração apertou ao ver o rosto molhado daquele rapaz. Ele estava chorando, pranteando de verdade. Os olhos vermelhos e brilhantes mostravam o sofrimento que aquelas lágrimas faziam para sair. O velho homem não pensou duas vezes e em um impulso abraçou Li carinhosamente. Apesar de tentar resistir por alguns segundos, o jovem se rendeu ao toque e no peito de seu pai de criação despejou toda sua tristeza.

Syaoran (Entre lágrimas): "Eu a odiei por na-nada, Wei...Eu a odiei por...por nada".

Wei (Passando a mão nos cabelos desarrumados): "De quem está falando, filho?".

Syaoran: "De Sakura" (Soltou-se do abraço e enxugou as lágrimas com as costas das mãos) "Eu ...(Soluçou) me fechei tantas vezes ... No meu mundo, e criei (Soluçou novamente) um muro em volta dela (Fungou seguido de um choro dolorido) Mas ela...não merecia...Nunca mereceu".

O velho escutava tudo com muita atenção, entendendo o que estava acontecendo. O coração de seu menino estava finalmente amolecendo, as lágrimas dele congeladas por tanto tempo pelo orgulho próprio, havia derretido dando lugar a um choro sincero e cheio de dor. Aquela água levemente salgada e quase transparente estava lavando sua alma.

Syaoran: "Eu perdi a minha chance (As lagrimas insistiam, mas a respiração era mais leve) Eu sempre a tratei...tão mal...".

Wei: "Eu não te entendo" (Estreitou os olhos) "O que aconteceu hoje jovem Syaoran?".

Syaoran (Jogando-se no sofá de couro preto): "Ela quase morreu"

Wei (Levantando as sobrancelhas): "Mas? Como?".

Syaoran: "Em um desses ataques surpresas, eu estava lá (Respirou fundo acalmando as lágrimas) no salão de festas...Meu escudo quebrou, o monstro quase a matou (Socou a almofada) mas agora está tudo bem...Misuki deu uma poção de ervas que a fará sarar em dois dias".

Wei (Um pouco surpreso): "Se ela está bem...por que esse desespero todo? (O olhou desconfiado)Não me parece que seja só isso".

Syaoran (Olhando pela janela, os olhos molhados): "E não é". (Fitou o tutor) "O problema foi depois...Eu percebi que eu me importava. Me importava de verdade (As lágrimas voltando aos olhos) E que um dia ela diria 'sim' para alguém...Que não seria eu...Que ela iria continuar a vida dela...E (Fungou) Eu fui um idiota. Ela nunca quis as cartas...Aqueles velhos tolos me fizeram odiá-la para eu...(Chorou novamente) Roubar as cartas dela...Por isso que não se opuseram quando...Quando eu deixei as companhia...nas mãos dos meus cunhados e vim para cá.(Olhou o teto) Eu...pensei em deixá-la lutar sozinha...quando a vi de novo...Mas...E se ela tivesse morrido? (Sua dor aumentava) Eu sinto...uma...necessidade...de protegê-la, de...estar com ela...Ah! Droga! Como eu sou um fraco...".

Wei (Sentando-se ao lado dele): "Amar alguém não faz ninguém fraco. Ao contrario, foi por amor que as mais difíceis batalhas foram vencidas".

Syaoran (Tapando o rosto com as mãos): "Então por que eu me sinto tão tão (Buscou a palavra em sua mente) Tão impotente?"

Wei: "Você não se sente assim por causa do amor" (Ficou sério): "Você se sente assim por não ter reagido antes".

Segundos de silêncio. Batidas Aceleradas. Lembranças, Dores, Sorrisos...Flores de cerejeira caindo em uma mágica chuva cor-de-rosa.

Syaoran (Muito sério): "Eu a amo, Wei" A frase que lutou tanto para apagar de seu coração saíra pela sua boca como se fosse o conjunto de palavras mais fáceis de ser pronunciado. (Fitou a janela): "Não sei como lutei tanto tempo contra esse sentimento...No fundo, eu fui o tolo estúpido do qual eu tinha medo de me transformar"

O tutor o olhou carinhosamente. Reconhecia Shang Li em cada feição daquele jovem rapaz a sua frente. O seu saudoso grande mestre agora revelado na sabedoria das conclusões de seu único filho homem. Sorriu observando as expressões suaves que as lágrimas construíram.

Wei (Com o olhar distante): "Reconheço seu pai nessas palavras, jovem Syaoran".

Syaoran (Muito Surpreso): "Mesmo?".

Wei (Apoiando o braço sobre o ombro do rapaz): "Mesmo...Tenho certeza de que se ele estivesse vivo, sentiria muito orgulho dessa sua decisão". (Tossiu um pouco) "Quebrar o orgulho, mudar de opinião, aceitar ordens são apenas para pessoas fortes, com personalidade e um caráter integro. E eu tenho certeza que você é assim".

Syaoran: "Eu queria ter essa certeza que você tem, mas eu não consigo. Não sou tão bom quanto você acha que eu sou...Meu coração passou por tantas coisas que eu acho que virou pedra".

Wei (Levantando-se): "Pedra não ama, jovem Syaoran".

Foi a última frase antes de deixar o menino na companhia dos seus próprios pensamentos. Ele precisava colocar a cabeça em ordem e a melhor forma era ficar sozinho. Li viu o velho homem se levantar e sair pela porta lateral em direção a cozinha. Jogou a cabeça para trás soltando um suspiro pesado. Tinha esquecido a sensação que o choro causava depois que as lágrimas cessavam. Era uma mistura de dor de cabeça com um estranho relaxamento. Estendeu a mão até o controle remoto e ligou a televisão de plasma. Seus olhos vasculhavam canais e mais canais em busca de algo que pudesse distraí-lo, mas por alguns segundos preferiu não ter ligado a televisão.

Jornalista: "Algumas testemunhas afirmaram que a menina caiu da varanda ao debruçar-se para observar o jardim (Câmera mostrando a arquitetura da mansão Kimura) Sakura Kinomoto Amamyia sofreu alguns ferimentos leves. Graças a ação rápida do empresário, futuro patriarca do clã Li, o chinês Li Syaoran que a socorreu rapidamente levando-a para o hospital, tudo não passou de um grande susto (Foco na Repórter) Ao meu lado temos Naomi Kimura, filha do empresário Shun Kimura. Senhorita Kimura, a senhorita estava presente no momento do acidente?".

Naomi (Fazendo-se de vitima preocupada): "Não, infelizmente eu estava sentada a mesa. O jantar havia sido servido, mas eu gostaria muitíssimo de tê-la ajudado (Pensando) "A se jogar de lá de cima...'".

Jornalista: "Se o jantar estava servido, porque a senhorita Amamyia e o senhor Li não estavam a mesa?".

Naomi (Um pouco contrariada): "Li havia ido ao banheiro e Amamyia fora tomar um ar após sentir um mal súbito, creio que nesse meio tempo tudo aconteceu, mas como eu disse, eu não estava presente no momento do acidente".

Há poucos metros dali, na irmandade da faculdade, Sakura, Tomoyo, Kero e Yue também assistiam ao documentário. Estavam procurando um filme quando se depararam com a cara de Naomi na televisão. No começo pensaram que era algo sobre moda, já que a menina sempre aparecia dando opiniões sobre alguns desfiles, mas logo perceberam que não.

Tomoyo (Torcendo o nariz): "Ela não perde a chance de se mostrar".

Sakura: "Ela deve estar bem nervosa, aparecer no jornal por minha causa...(Riu um pouco)Mas não vou negar que me surpreendeu vê-la no hospital".

Jornalista: "Escutamos boatos de que Li e Kinomoto, como os colegas a chamam, estão namorando, a senhorita confirma isso?".

Sakura e Syaoran (Ao mesmo tempo em suas casas): "O que?".

Sakura (Corada): "Essa jornalista só pode estar brincando!".

Kero (Voando até a cara da mestra): "Posso saber por que a senhorita está vermelha?".

Sem dizer uma palavra Tomoyo jogou uma almofada na cara do pequeno guardião, que foi arrastado até a janela batendo fortemente contra o vidro...

Kero (Passando a mão no bumbum): "Ai! Essa doeu!".

Tomoyo (Revirando os olhos): "Kero! Se toca...".

Yue: "Eu não acho estranho esses boatos. O descendente de Clow não é de se relacionar com ninguém e está sempre andando com vocês...".

Sakura (Fazendo um sinal com a mão): "Espera. Eu quero escutar".(Aumentou o volume da TV)

Naomi (Alterada): "Não confirmo! Isso são comentários de pessoas que não tem nada o que fazer da vida. (Bufou) Você acha que uma família tão tradicional quanto a família Li aceitaria o relacionamento dos dois? Conhecendo o passado pobre dela?(Mexeu no cabelo lançando um sorriso sexy para a cama) Li tem opções muito melhores por aqui".

A mestra das cartas sentiu um estranho incômodo no peito. Ninguém na sala ousava olhá-la ou manifestar opinião. Todos sabiam dos sentimentos que ela nutria pelo rapaz, e não duvidam que era recíproco, mas esse tipo de comentário agiu como uma flecha que entrou através da alma e feriu o coração.

Li, sem querer, estourou o controle remoto. Como aquela menina ousava falar daquele jeito sobre Sakura? Como ela pensava que o conhecia a ponto de usar as tradições como um argumento na televisão? De repente um mal súbito apossou-se de sua alma. E se ela estivesse assistindo? Pensaria que ela não seria uma boa noiva para ele... Quando na verdade seria a única ideal.

Essa era a sensação então? De parar de lutar contras seus sentimentos e aceitar que a amava? Esse formigamento ao pensar nela era algo que se repetiria? Ah! O que ele estava pensando? Tratou-a tão mal que tinha certeza que o coração de Sakura já era uma batalha perdida. Teria que contentar-se em amá-la em segredo e ser o amigo que ela tanto queria de volta. Lembrou-se da ultima frase que ela disse antes que a confusão fora armada na festa. Um abraço saudoso ao amigo...Amigo...Queria ser muito mais do que isso, mas no momento teria que se contentar com o que tinha. Levantou-se e desligou a televisão. Teria que comprar outro controle depois. Olhou-se no espelho da sala.

Definitivamente precisava de um longo banho quente.

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Tomoyo: "Alguém ai quer alguma coisa para comer? Nossa, estou faminta, não como nada desde ontem a noite".

Kero (Pulando): "Eu quero! Oba! Eu quero muito, muito, muito!Você por acaso tem algum docinho Tomoyo? Diz que sim, vai...".

Tomoyo (Sorrindo um pouco): "Acho que tem gelatina de frutas na geladeira, eu fiz anteontem. Isso é, se você não comeu inteira ainda, né senhor Kero".

Kero (Indignado): "Eu? Mas eu nem sabia que aquela gororoba colorida era gelatina de frutas".

Tomoyo (Ameaçando o ursinho com outra almofada): "Está falando mal da minha comida é?".

Kero: "Do sabor, não...Mas da apresentação. Nossa! Tem que ter coragem, viu".

A almofadada foi inevitável. Yue soltou um sorriso nostálgico. Era tão bom estar livre daquele livro, e na companhia daquelas pessoas diferentes. Sentia-se parte da família. Uma família bem incomum, mas mesmo assim uma família.

Tomoyo (Sentida): "Eu vou buscar um pouco da minha MARAVILHOSA gelatina de frutas".

Kero (Um pouco torto): "Eu vou junto, quem sabe um creme por cima não resolva".

Brigando e rindo, os dois seguiram para cozinha. O guardião da lua lançou um olhar triste para a mestra ao perceber a expressão distante estampada no rosto delicado. Agora que não podia sentir mais sua presença, pensou que não conseguiria identificar o estado de humor dela, mas estava enganado. Os olhos esmeraldas eram como espelhos da alma.

Yue: "Mestra, o que essa menina disse na televisão foi algo absurdo... Eu duvido que o descende de Clow pense dessa maneira".

Sakura (Encarando o guardião): "Ele me odeia, Yue, me odeia".

Yue (Olhando para o lado): "Não foi o que me pareceu. Você tinha que ver o desespero dele tentando protegê-la...E a cara de assustado quando viu o antigo mestre Clow cortejando-a".

Sakura: "A culpa faz isso com as pessoas. Ele acha que a culpa foi dele, por isso está tão preocupado.".

Yue (Sincero): "Não acho que seja só culpa".

Sakura (Triste): "Mas eu acho...(Levantou-se sentindo menos dor) No fundo eu só sou a menina órfã...e ele o futuro patriarca do clã Li. Estou cansada dessa história toda. (Soltou o ar pesadamente) E mesmo que fosse tudo diferente, nós nunca daríamos certo (Olhou para o guardião) Sempre haveria as cartas entre nós".

O barulho do telefone interrompeu a conversa.

Sakura: "Alô?".

Touya: "Sakura...Sakura que bom ouvir sua voz! O vovô me contou tudo, e acabei de ver uma menina ruiva dando entrevista sobre seu acidente. Que monstrega que você é, cair da sacada desse jeito!".

Sakura (Desanimada): "Não sou monstrenga, Touya".

Ele estava preparado para rir alto, mas não pôde. O jovem médico estranhou a voz triste da irmã. Sempre que a provocava, Sakura emitia um ruído estranho, jogava algumas coisa contra ele, ou no caso, contra a parede já que estavam longe, e depois riam como duas crianças, lembrando-se dos velhos tempos, mas naquela hora a voz de sua irmã o incomodou. Havia algo errado com a sua menininha.

Touya (Preocupado): "Sente muita dor?".

Sakura: "Não muita...Estou tomando um remédio muito bom, feito com ervas especiais".

Touya (Levantando uma sobrancelha): "Sei...Parece triste Sakura, o que houve?".

Sakura: "Nada de importante...Sei lá! Estou só desanimada, mas isso passa!".

Touya: "Deve ser efeito dos analgésicos. Eu estava pensando em te visitar no próximo final de semana. Será a minha folga".

Sakura: "Jura?" (Um pouco mais contenta) "Ah Touya, seria ótimo! Estou com tantas saudades".

Touya (Mais animado ao ouvir a voz de Sakura mudar): "Está certo então, monstrega. Está combinado. E vê se não se mete em outra confusão até lá, hein".

Sakura (Brava): "Já disse que não sou monstrenga"

Silêncio.

Sakura (Após um suspiro): "Touya?".

Touya: "Sim?".

Sakura (Estranhamente séria): "Se algo acontecer comigo, promete que você vai cuidar do vovô e da Tomoyo?".

Touya (Assustado): "Por que você está falando isso?".

Sakura: "Promete?".

Yue fez menção de interromper a conversa, mas deteve-se ao observar o olhar decidido da mestra.

Touya: "Você está me assustando. Olha se for pela dor, pode ficar tranqüila, daqui a pouco tempo ela não existirá mais".

Sakura: "Não é pela dor...(Não queria preocupá-lo, mas seu coração estava muito apertado) Por favor, me prometa isso Touya".

Silêncio

...

Sakura (Séria)"Misuki voltou".

Touya (Pálido): "O que? Como assim voltou?".

Batidas aceleradas no peito

...

Sakura : "Touya...Vai ficar tudo bem, mas se caso não ficar, por favor, cumpra sua promessa. Não se esqueça dela".

Touya (Quase chorando): "Eu não suportaria perder você...Você é a única coisa que eu tenho, Sakura, por favor...".

Sakura (Doce): "Vai ficar tudo bem...".

Touya (Após alguns minutos): "Entendo...Eu vou cumprir a minha promessa Sakura, eu juro".

Sakura: "Sei disso, eu te amo...".

Touya: "Te amo"

O jovem medico desligou o telefone sentindo as pernas bambearem. Seu coração batia tão apressado que pensou que teria um ataque. Estava em Tóquio, na companhia de seu amigo Yukito, terminado de realizar o seu sonho. Se tornar medico oncologista e ajudar os doentes de câncer a terem uma melhor qualidade de vida. Um sonho nobre, com um excelente propósito.

Após a morte do pai, Touya pensou que jamais conseguiria realizar o que queria, mas a vida deu reviravoltas e seu bisavô reapareceu em sua vida. Tudo mudou em instantes e quando se deu por si já era o melhor aluno da faculdade. Mas uma coisa estava muito errada...O corpo do pai jamais fora encontrado, e depois de 60 dias a equipe de resgate local interrompeu as buscas considerando-o morto. Lembrava-se muito bem desse dia, fora o dia em que tudo mudou em sua vida. Entrou no quarto de Sakura pronto para dar a notícia quando a viu conversando seriamente com Yukito. O olhar dos dois confusos, cheio de mistério e dor.

Sakura: "Vocês têm certeza disso?".

Yukito: "Temos sim".

Touya (Estranhando): "Por que estão falando no plural?". (Observou o quarto): "Há mais alguém aqui?".

Os dois o encararam seriamente.

Sakura: "Touya, meu irmão" (Se aproximou) "Estava mais do que na hora de você saber da verdade".

Balançou a cabeça afastando as memórias de seu melhor amigo se transformando em um anjo. O dia em que soubera de toda verdade. Sentiu uma pontada no coração. Lembrava-se de coisas estranhas quando sua irmã tinha dez, onze anos. O quanto teve medo de perdê-la. Sentiu algo apertar no peito quando leu sobre a ida do chinês para Tomoeda. O guerreiro descendente de Clow, assim como o anjo o chamava. Mas pensou ser algo apenas 'natural' e até desconfiou que tinha a ver com Sakura, mas ao saber da volta de Misuki algo mudou. Havia algo forte no ar, algo extremamente diferente. Sentia que sua irmã estava em perigo. Suspirou pesadamente revirando os olhos. Fixou-se em um vaso de porcelana que o pai havia encontrado em uma escavação. Datado da época Ming mais precisamente. Por que sentia-se tão atraído por aquele velho artefato? Ouviu a porta se abrir.

Yukito (Carregando uma pilha de livros): "Nossa...que dia" (quase caindo) "Touya você pode me ajudar fazendo o favor?".

O moreno levantou-se e foi ajudá-lo. Teria uma longa conversa com o amigo, talvez ele ainda lembrasse de algumas coisas para ajudá-lo a montar esse quebra-cabeças.

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Li havia tomado um banho demorado e cuidado de seus ferimentos, que graças ao céus, haviam sido apenas superficiais. Depois de um curto cochilo, buscou o carro no estacionamento da faculdade. Surpreendeu-se ao ver um bilhete perfumado no banco de seu conversível. Reconheceu o perfume imediatamente, Naomi Kimura.

Ela não cansava. Sabia dos sentimentos que a menina nutria por ele, e até sentiu-se mal por não poder corresponder, mas ao mesmo tempo, percebia uma energia maligna emanando da garota, como se ela atraísse coisas ruins, ou sei lá. Antes era uma questão de pele, corpo, desejo...Mas agora não via mais graça em nada, nem em uma boa noite com uma linda mulher.

Poderia ele ter mudado tanto? Seria esse o significado do famoso ditado 'o amor transforma?' As coisas estavam indo rápidas de mais.

Amassou o bilhete, jogando para fora do carro e seguiu até a irmandade feminina no horário combinado. Tantas coisas explodiam em sua mente. Queria saber logo o que estava acontecendo, queria que essas milhões de perguntas que o atordoavam sumissem de uma só vez.

Não pôde negar que sentiu medo ao pensar em ver aquela pequena flor de cerejeira de novo, sentiu-se totalmente desprotegido sem sua muralha, como se tivesse ido nu ao colégio, esperando pelos dedos que apontariam para sua nudez.

Ensaiou três vezes, e finalmente tocou a companhia que foi aberta por Tomoyo, com um visível olhar preocupado.

Tomoyo (Observando algo diferente no semblante do chinês): "Entre, Li, fique a vontade. Sakura está demorando um pouco mais no banho, porque creio que ainda tem dificuldade com o gesso e tudo mais.".

Ele acomodou-se no sofá, um pouco desconfortável. Percebeu a tensão na presença de Yue, que flutuava próximo ao teto da casa. Algo muito grave estava para ser revelado, sentia isso. Kero estava calado, olhando para a janela com o olhar perdido. O que eles tanto escondiam? O que estava por vir de tão terrível? Por que sentia a todo momento que estava prestes a perder Sakura?

Syaoran (Tentando quebrar aquele silêncio incômodo): "Como ela está?".

Tomoyo (Revirou os olhos): "Está melhor, sente menos dor e já consegue fazer as coisas sozinha" (Soltou o ar com tudo) "Estou tão preocupada...Sinto algo diferente do tempo que Sakura capturava as cartas, sinto que ela está em perigo constantemente".

O urso de pelúcia virou-se para a morena. No rosto pequeno uma dor infinita demonstrada. Algo que Li jamais imaginou poder ler nos olhos do guardião do sol.

Kero: "Infelizmente, esse é só o início das dores".

Um arrepio percorreu o corpo de Li. Algumas imagens estranhas brotaram em sua cabeça. Novamente aquela sensação de 'deja-vu'. Yue abriu os olhos de supetão. Os sentidos no chinês estouraram.

Yue: "Sinto uma presença maligna neste lugar".

Um barulho alto, seguido por um grito agudo ecoou pela sala.

Tomoyo (Aflita): "Está tudo bem ai, Sakura? (Levantou-se) "Você me jurou que não precisava de ajuda".

Li levantou-se rapidamente e junto com os guardiões de Clow, colocaram-se em posição de defesa. O que estava acontecendo? De onde vinha aquele poder todo?

Sakura (Gritando do banheiro): "O vaso de cristal estourou".

Yue (Bravo): "Você me jurou que não tinha nada de cristal na casa".

Kero: "Como eu poderia imaginar que aquele vaso antigo era de cristal?".

Tomoyo (Assustada): "De qual vaso estão falando? Não tinha vaso nenhum no banheiro"

Kero: "Como não? Tinha sim, um vaso antigo que seu avô colocara lá quando decoraram a casa".

Tomoyo (Segura): "Eu nunca vi vaso nenhum no banheiro".

Yue: "Droga, deve ter sido um disfarce...Só as pessoas com magia poderiam vê-lo".

Li sentiu seu coração acelerar. Sem pensar duas vezes correu até o banheiro para deparar-se com a mestra das cartas encolhida sobre o vaso sanitário fechado com vidros espalhados por toda a parte. Apenas um roupão cor-de-rosa cobria seu corpo, e os longos cabelos molhados grudavam em sua pele. Parecia a imagem mais irreal que já vira em toda sua vida. Como se fosse de mentira. Quem era aquela mulher afinal? Que beleza era aquela que possuía? Sangue escorria por seu fino antebraço.

Syaoran (Um pouco sem jeito): "Como foi isso? Você escorregou e puxou o vaso?".

Sakura (Apavorada): "Ele simplesmente estourou. Eu sai do banho, coloquei o roupão, e de repente...(Olhou fixamente para Li) Senti uma presença maligna...e então eu vi...O rosto de um homem, dentro do vaso...Eu já vi esse rosto antes, em algum lugar, mas não consigo me lembrar onde...(Colocando a mão no rosto) Estou com medo".

O chinês ignorou os cacos finos no chão e com todo carinho aproximou-se de Sakura, os olhos verdes cheios de angústia. Pegou-a nos braços e tirou-a para fora do mar de brilhantes que se tornara o piso daquele lugar.

Syaoran (Depositando-a no chão): "Vai ficar tudo bem".

Sakura (Sem jeito): "Está virando costume já"...

Syaoran (Com o olhar doce): "Eu não me importo nem um pouco em ter que te carregar".

A menina sentiu seu coração bater diferente, uma sensação quente invadiu seu corpo e milhões de borboletas voaram de um vez só dentro de sua barriga. Mas, o clima durou pouco.

Yue (Colocando-se na frente dos dois): "É uma armadilha. Há monstros por todos os lados".

Os cristais abancaram a se refazer e um gato medonho começou a se materializar. Eriol e Misuki sentiram a explosão de energia, rompendo com o feitiço da lua nova.

Eriol: "Droga, justo agora?".

E nas costas de Spinnel, seguiu para a irmandade feminina antes que fosse tarde de mais. Misuki materializou asas e seguiu com RubyMoon logo atrás. A verdade precisava ser revelada a qualquer custo. Sakura precisava se lembrar do poder da chama do dragão.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Aiiii obrigada a quem favoritou a fanfic e também a Natasha e a Laura que comentam todos os meus capítulos!!! Vocês me incentivam muitooo, muitooo mesmo!!! Olha eu fazendo propaganda aqui de novo… Da uma olhadinha em Escudo, é uma história original e ta ficando fofa!!!

Mas vocês virammmmm???? O Syaoran finalmenteeeeeee percebeu que ama a Sakura ai ai ai!!! Que lerdo né????? Agora vamos ver no que isso vai dar!!! E O Touya apareceuuu!! Alguma fã do Touya aiii???? *_* Contem-me tudoooo!!! Beijos e Beijos