Capítulo II

– É a 50ª vez que você Aparece no meu quarto! – gritei, quando Ron resolveu Aparecer de novo enquanto eu lá estava. – O que é agora?

– Queria pedir se … hmm… - respondeu ele, hesitante.

– Se o quê? – perguntei, tentando parecer calma.

– Se queria vir ao baile comigo… É-é que não tenho mais ninguém … Como amigos.

– Hmm… - reparei ele estava mais vermelho do que se alguém juntasse a cor do cabelo de todos os Weasley – Ok… Vou ao baile com uma cenoura.

– Ótimo… Então… Ah, meu pai disse para avisar, é daqui a uma semana, Sábado.

– Ok, obrigada.

Ele voltou a Desaparecer. Demorei a processar. Ultimamente andava MUITO lerda. Bateram à porta e pensei que fosse Ron de novo, mas era Ginny.

– Precisamos de falar – disse numa tentativa de imitar a voz de Ron

– Diga, Sr.ª Ginny.

– Posso ser DAMA DE HONOR no VOSSO CASAMENTO?

– O quê?! – e percebendo o que ela queria dizer – Andaste a ouvir por detrás da porta?

Ela sorriu e fez um gesto com a cabeça que indicava que sim.

– Você não vai sair daqui viva – ameacei. Peguei na varinha e fingi correr atrás dela para lhe lançar uma maldição, mas passado um pouco já estávamos morrendo de riso.

Cansadas, nos sentámos na cama, ainda rindo. De súbito, ouvi bicadas na janela. Me levantei e notei que era uma grande coruja castanha e cinzenta. Abri a janela e deixei que entrasse. Me entregou uma pequena carta e vi no envelope o símbolo de Hogwarts.

– É de Hogwarts! – disse sem conseguir tirar os olhos de Ginny, à espera de uma reação.

– O que será? Já deviam saber que já não estudas em Hogwarts.

Abri o envelope, o mais rápido que podia, tal era a curiosidade de saber o que dizia. Ginny chegou-se perto de mim.

– E então? – perguntou.

Li em voz alta:

Venho comunicar que, devido aos danos causados devido à “guerra’’que decorreu há uns meses, muitos funcionários se demitiram e, por isso, venho convidar Hermione Jean Granger para assumir o cargo de Orientadora, isto é, um cargo que será atribuído a antigos alunos para poderem ajudar os todos os alunos que ainda estudam em Hogwarts, devido ao motivo mencionado acima. Se estiver interessada, compareça em Hogwarts no dia 1 de setembro, aí, serão dadas mais informações.

Informo ainda que dia 11 de Setembro, se irá realizar um baile para comemorar o fim da guerra. Todos os alunos estão convidados, assim como todos os feiticeiros da Grã-Bretanha.

Minerva McGonagall, diretora e

professora de Hogwarts.

– Talvez o Filch tenha ido embora – sugeriu Ginny, quando acabei de ler.

– Acho que não vamos ter essa sorte…

– Que pena… O Ron, o Harry e o George devem ter recebido a mesma coisa.

– Não tarda nada entram sem bater pelo quarto para dar as notícias.

– Por falar nisso. – disse Ginny olhando para a porta. Estavam lá Harry e Ron, com George atrás se queixando “É preciso virem tão rápido?’’.

– Her…mione… Carta… Hogwarts – dizia Harry ofegante.

– Calma! – disse, rindo do ar exausto deles, que pareciam ter vindo de uma maratona. – Também recebi.

– Regressar a Hogwarts! Agora sinto-me velho… - disse Ron.

– Imagina eu então! – resmungou George.

– Você vai? – perguntei-lhe.

– Talvez, depende das condições. Por causa da loja.

*

Entrámos no expresso para Hogwarts. Pensei que nunca mais iria viajar nele.

– Viajamos normalmente, certo? – perguntei.

– Acho que sim – respondeu Ron, olhando pela janela. – Era suposto estar feliz por voltar a viajar nessa coisa?

– Cenoura insensível – revirei os olhos.

– Eu sei que sou insensível. Mas cenoura não.

– Insensível E cenoura. E isso no conjunto forma uma cenoura insensível, também conhecida por Ronald Weasley.

Ele não respondeu e continuou olhando pela janela, como se esperasse alguém. Finalmente o comboio partiu, e ele resolveu concentrar-se em falar de Quidditch com Harry.

De repente, ouvi uma vozinha irritante e esganiçada, que me atrevia a dizer que pertencia a uma pessoa que eu odiava.

– RONRON! – gritou.

– Hã? – foi a única coisa que Ron conseguiu responder. Quando deu por isso, já tinha Lavender a esmagá-lo, como se a sua vida dependesse disso.

Harry começou a rir. Eu pelo contrário, sem saber bem porquê, sentia vontade de lhe arrancar a cabeça. Será que tem feitiço para isso?

Nota mental: procurar por um feitiço que arranque cabeças.

– Não acredito RonRon, por aqui?!? Você veio por minha causa?!?! – guinchava Lavender, agarrada ao pescoço de Ron. Ele olhava tanto para mim como para Harry (que estava agarrado à barriga de tanto rir) com ar de quem pedia socorro.

– Ah… Sim… Claro… - respondeu ele.

– EU SABIA!

Era incrível como eu nunca tinha reparado que ela parecia uma mistura entre foca, orangotango e peru com prisão de ventre. Ah, e uma cobra, daquelas que estrangulam pessoas. Não… Isso seria muito ofensivo para os pobres ANIMAIS.

– RonRon, você vai comigo ao baile não vai?!?

– Hmm… na verdade eu já…

– EU SABIA QUE SIM! – gritou, estrangulando o “RonRon” mais uma vez. Não sabia quem tinha mais falta de ar, Harry por se rir tanto ou Ron.

– Lavender… - tentou chamá-la Ron. Mas ela já tinha ido histérica pelo corredor.

Finalmente meus ouvidos param de sangrar. Se tiver de a ouvir de novo guinchar daquela maneira lanço-lhe um Avada Kedavra.

– Hermione… E-eu tentei.

– Não tem mal. Se você quiser vá ao baile com ela.

– Hermione…

Sem dizer mais nada, saí do lugar e fui procurar Ginny e Luna.