Minha obsessão por você escrita por gabbecarruthers


Capítulo 26
Uma vida dentro de horas.


Notas iniciais do capítulo

nada a comentar sobre esse capitulo. :'(



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/526985/chapter/26

–corre com esse carro, ele está sangrando! – disse a Gabriel, estava nervosa. Bryan estava sangrando no banco de trás e eu não sabia o que fazer, já que eu o tinha esfaqueado com o caco de vidro.

–calma, eu não posso correr mais que isso. – ele disse.

Alguns minutos depois paramos em frente ao hospital, com bryan gritando de dor no banco de trás. Ele estava consciente e pressionava sozinho seu ferimento, estava me causando dó.

–rápido, nos ajudem aqui. – gritei assim que paramos o carro na frente do hospital, os enfermeiros logo chegaram com uma maca e o levaram, nós o acompanhamos.

–qual o nome dele? – um dos enfermeiros perguntou.

–Bryan Stapes. – disse.

–quantos anos ele tem?

–17.

–é alérgico a alguma coisa?

–é alérgico a dipirona.

–mais alguma coisa que precise constar?

–acho que não.

–achar não é certeza.

–não a pressione, ela não decorou a ficha medica dele, seu babaca. – Gabriel disse, segurando minha mão.

–calma, okay. Faremos uns testes para descobrir se ele é alérgico a mais alguma coisa, mas o que aconteceu com ele, afinal?

–ele se machucou com um caco de vidro, não sei exatamente como. – Gabriel disse.

–fui eu. – bryan disse. – eu não sei o que tinha em minha cabeça, eu... só não queria mais viver, então fiz isso comigo mesmo. Quando os dois chegaram eu estava sangrando, salvaram minha vida. – isso quase me fez esquecer o que ele tinha me feito, mas aqueles momentos aterrorizantes nunca sairiam da minha cabeça. Eu nunca o perdoaria.

–vamos cuidar de você agora, você vai ficar bem.

–Não. – ele disse ao enfermeiro, sua voz agora era quase um sussurro rouco. – eu ainda não quero viver. – e, com essas palavras, ele ficou inconsciente. Não consegui dizer nada, os enfermeiros começaram a ressuscitação.

–está sem pulso. – um dos enfermeiros gritou. – ele perdeu muito sangue, não vamos conseguir traze-lo de volta. – todos os médicos pararam e nos olharam, eu ainda estava calada, apertando a mão de Gabriel. –hora do óbito, 3:54. – e só ai, uma lagrima solitária e gelada desceu pelo meu rosto, um grito brotou em minha garganta e eu desabei de joelhos no chão, gritando e gritando mais, mas sem conseguir chora. Eu o tinha matado, eu o matei, o sangue dele estava em minhas mãos, eu era uma assassina. Todos ao redor me olhavam com pena, mas só um olhar me interessava, não tinha coragem de olha-lo. Bryan estava na maca ensanguentada, e eu era a culpada. Só Gabriel sabia disso, e no olhar dele eu não veria pena, eu nem sabia o que veria se olhasse pra ele, mas não queria descobrir agora.

Senti uma mão em minhas costas e, por impulso, olhei pra trás. Gabriel estava parado atrás de mim, e em seus olhos eu vi compreensão. Me levantei e andei até a maca de bryan, se ele não estivesse todo ensanguentado e completamente pálido, poderia até pensar que estava apenas dormindo. Eu o amei, por um breve tempo eu o amei de verdade.

–eu... – comecei, mas minha voz morreu na garganta, eu não sabia o que dizer. Eu diria que sentia muito? que não queria que ele morresse? Pediria pra ele voltar pra mim? Porque, se nada disso era verdade? Eu não queria que ele morresse, mas algo dentro de mim gritava dizendo ‘’bem feito’’. – eu te odiei, eu vim te odiando bastante nessas ultimas semanas. – disse, se eram minhas ultimas palavras pra ele, mesmo morto, queria ser sincera. – você foi um grande idiota, seu maldito, mas foi mais idiota ainda em escolher não viver sem mim, porque eu realmente não queria ser o motivo de sua morte. – disse. – muito menos sua causadora. – sussurrei essa parte. – você tinha uma vida, uma família, amigos. Não podia ter jogado tudo isso fora. Eu posso ter te odiado, mas... por um breve momento eu te amei, e eu vou me lembrar dos nossos bons momentos, pelo menos irei tentar, mas sei que nossos momentos ruins superarão os bons. Não quero lembrar de você com ódio, realmente não quero, mas não posso fazer nada sobre isso. – fechei meus olhos. – adeus, bryan. – disse e me virei para Gabriel. – pode cuidar para que avisem a família dele? – lhe entreguei meu celular. – ai tem todos os números, eu quero esperar no carro. – os enfermeiros me encaravam, até porque não eram as ultimas palavras que todos esperavam. Gabriel assentiu com a cabeça e eu sai.

Ao entrar no carro, não consegui pensar em um motivo sequer pra ter querido voltar pra ele. O banco de trás estava ensanguentado, as janelas, marcadas. Tudo ali me lembrava ele, tudo ali tinha ele. Eu tinha acabado de matar um dos meus melhores amigos de infância, seus pais chegariam em casa e encontrariam o quarto de visita arrombado, vidro e sangue no chão e a terrível noticia de que seu filho tentara, com sucesso, se matar. Eu conseguiria aparecer em seu velório? Como eu olharia pro caixão e encarar todas aquelas pessoas que estavam sofrendo pelos meus atos? Mas, o fato de ele ter tentado me estuprar não limparia meu nome? Não, um mal não se paga com outro. Eu não precisava tê-lo atacado com o pedaço de vidro. Eu tirei a vida de um ser humano, vi a vida se esvair dele, ouvi seus gritos de dor.

Eu nunca me perdoaria. Nunca me perdoaria por tê-lo matado. Se eu pudesse voltar no tempo... Mas não posso, isso me acompanhará para sempre, o fato de eu ter assumido o papel de Deus na vida de alguém, coisa que eu não tinha direito de fazer. Eu não poderia perdoa-lo por ter tentado fazer aquilo comigo, mas mesmo isso merecia esse castigo? Eu não tenho mentalidade suficiente pra aguentar um peso desses, meu psicológico não aguenta isso. Se eu não tivesse perdido tempo me declarando para Gabriel talvez ele tivesse sobrevivido, mas não. Ele escolheu não viver, tentaram ajuda-lo. Eu não era tão culpada assim, afinal.

Era sim, eu era o motivo. De todas as formas, eu o matei. Matei-o por não tê-lo perdoado, por não ama-lo, por não sentir por ele o que ele sentia por mim. Eu o matei ao apunhala-lo, não só com o caco de vidro, mas ao apunhala-lo com a traição. Ótimo, além de assassina, agora também sou adultera. Tenho um lugarzinho reservado pra mim no inferno, disso eu tenho certeza.

Quando Gabriel entrou no carro foi um alivio, ele me encarou por um tempo, mas eu não tinha coragem de olha-lo.

–eles levaram o corpo para o necrotério e avisaram aos pais dele, que já estão voltando para pegar o corpo dele. – ele disse – você está bem? – ele perguntou.

–não. – eu disse. – eu o matei, a culpa foi minha. Os pais dele não deviam passar por isso, a culpa foi toda e completamente minha. – meus olhos arderam, mas as lágrimas se recusaram a descer. – eu matei um homem, um amigo de infância, uma pessoa que cresceu comigo, a qual os pais me criaram, eu lanchava na casa dele quase todas as tardes, tínhamos uma casa na arvore no quintal dele. E eu nem condigo chorar! – gritei.

–não, eve, você não matou seu amigo. Você matou um homem completamente louco, um homem que, apesar de ter crescido com você e ter te amado a vida toda, não pensou duas vezes antes de te sequestrar para te estuprar! Você não tem que chorar! – essas palavras fizeram sentido pra mim, eu não matei meu amigo, mas meu amigo estava lá dentro em algum lugar. E eu chorei ao pensar nisso, não no cara que estava em cima de mim, tentando me estuprar, mas no cara que me levava pra casa todos os dias depois da escola. Eu nem o tinha dado chance de recuperar o controle. Eu chorei pensando nos biscoitos de chocolate, nos banhos de mangueira, nas brincadeiras de casinha, nos jogos de xadrez, nas guerras de lama, nos bolos de aniversário, nas caixas de chocolate, em tudo aquilo que passamos juntos e que se perderam dentro de horas de puro terror. Bryan estava morto, estava morto. não haveriam mais bolos de aniversário pra ele e nem com ele. E a culpa era minha.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

eu sei, me matem, mas ainda não tenho o que dizer. estou de luto eterno, mas não tinha outro destino pra ele, amadas. :'(



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Minha obsessão por você" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.