Controlados- Interativa escrita por White Rabbit, Soulless


Capítulo 8
Capítulo 7- Novo Mundo- Parte II


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, antes que me perguntem porque o Khaos ainda não deu as caras, bom, ele está com problemas pessoais e precisa resolvê-los, peço apenas a compreensão, até lá, terão de me aturar!!



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Trevor Moonstar

The Warrior

Fall Out Boy - This Ain't A Scene, It's An Arms Race

Ele tinha perdido o total controle de si mesmo, estava imerso em seus pensamentos, seria possível estar sonhando? Devia estar, afinal ele era paraplégico desde o nascimento, mas agora ele estava andando normalmente como se o tivesse feito por toda a vida. Não podia deixar de sorrir e extravasar tudo o que sentia, a sensação de correr descendo a colina eram indescritível ainda mais para alguém como ele. O filho do governador tinha os seus privilégios materiais, mas como aproveitá-los sendo desprovido dos privilégios naturais?

Mas agora... Agora ele estava salvo de todo o tédio de ficar horas a fio em uma cadeira de rodas, de toda a pena forçada das pessoas ao seu redor, e de toda a mesmice que seria a sua vida se continuasse naquele mundo, ele nunca parou de lutar um único minuto pelo seu sonho- conseguir andar- talvez “O Guerreiro”, fosse mesmo o título certo para ele. Embora a situação fosse mesmo esquisita ele não podia deixar de agradecer por ela ter aparecido.

Agora que havia descido a colina, percebeu que não tinha ninguém com ele, estava sozinho numa imensidão verde. Tudo o que ele podia enxergar eram diversos vilarejos ao longe, talvez as outras pessoas reais tivessem ido à direção deles. Mas qual? Olhou em volta, os vilarejos eram circundados pelas colinas que por sua vez davam acesso a um bosque. Mas de qualquer colina, devia ser possível enxergar o vilarejo central, talvez fosse para lá que todos os outros dezenove tivessem ido.

Então começou a andar na direção do mesmo, que parecia ser o mais próximo entre todos. Talvez fosse esse o intuito de existir um vilarejo no centro de tudo, juntar todos os adolescentes, mas para que? Trevor podia perguntar-se isso depois, no momento devia concentrar-se em encontrar outro ser vivo real e pensante. Como logo notou a insígnia que flutuava acima de sua cabeça, talvez aquilo servisse para diferenciar os adolescentes dos outros possíveis personagens daquela realidade.

O sol esquentava como se fosse o sol de verdade, mas não era o sol cinzento que ele enxergava todas as manhãs da janela do seu quarto, mas um sol vívido, quente, um sol mais jovem do que o do mundo real. Ele enxugou o suor da testa e então notou que não usava mais o macacão branco que haviam vestido nele. Mas sim um conjunto de camisa marrom com sobrecasaco de couro, calça de couro um pouco folgada e botas. Além da espada que trazia a cinta, havia um pequeno saco com as dracmas- moedas de ouro, deviam ser das quais a voz inumana falara- pão fresco, água e uma adaga dourada.

Voltou a guardar tudo na sacola, não iria precisar daquilo por enquanto, não sentia fome ou sede, pelo menos não no momento. Tinha que chegar ao vilarejo e procurar pelos outros, talvez um deles pudesse responder as perguntas que assombravam a sua mente. Finalmente suas botas deixaram a grama e pisaram nas ruas do vilarejo que aparentava ser o mais desenvolvido entre todos. Como ele previra uma infinidade de “pessoas” andava por ali. Nunca iria encontrar os outros daquele jeito. Ficou andando a esmo por um tempo, quando de súbito foi abordado por uma garota loira vestida de camponesa- apenas mais uma das NPCs do jogo- que parecia sorridente ao vê-lo:

– Parece perdido- ela sorriu, agarrando-se ao braço do garoto- se quiser eu posso lhe mostrar todo o vilarejo. Você é novo nessas terras não é? Os homens daqui não usam roupas tão caras.

– Digamos que eu, sou de muito longe. Então, não precisa me mostrar nada. Só quero que me responda duas coisas.

– Tudo bem- ela falou meio desanimada, puxando uma mexa de cabelo para detrás da orelha- pode fazer.

– Primeiro, onde é exatamente aqui.

– Vejo que você está perdido mesmo... Bom, “aqui” é o Vilarejo das Fontes Claras, nome brega, eu sei, mas foi o Cavaleiro quem deu. A propósito, se com “aqui” está se referindo a região, são os Descampados do Cavaleiro Negro- ela sorriu- nunca entendi porque Descampados, se só vejo campinas em todos os lugares.

– E quem é esse Cavaleiro Negro?

– É o dono dos vilarejos, todos nós temos de dar parte do que produzimos a ele, somos apenas serviçais, todo mês temos de dar a ele parte de nossa produção. E ele é o único da região que pode ter armas. Então você seria o perigo para ele, afinal está armado.

– Sei. E você viu “outros” vestidos iguais a mim por aqui?

– Você disse que iam ser só duas perguntas.

– Por favor.

– Vi dezenove, vinte com você, alguns deles devem estar na taverna fica bem ali- ela apontou para a ruela central de todo o vilarejo- o resto deve estar encantado com os nossos tecidos ou comprando alguma coisa, sempre tem o que se comprar no vilarejo.

– Obrigado pela ajuda. A propósito me chamo Trevor.

– Sou Anne. Eu que agradeço. Minha mãe tem uma loja de tecidos por aqui, se quiser pode vir me visitar!

– Virei um dia, prometo!

Anne sorriu enquanto Trevor rumava em direção a tal taverna. Pobre coitada, ela não existia de verdade, todas as suas memórias, tudo o que ela viveu- ou melhor, achou que viveu- e até mesmo tudo o que ela está vivendo agora não passa de pura programação. Muitos eram mais azarados do que ele.

Talvez não devesse ir para a taverna, sequer conhecia os outros. Na verdade as únicas pessoas que conhecia se limitavam ao seu pai, os empregados de sua casa, os diplomatas que iam visitá-lo e o professor que lhe dava aula a domicílio. Não sabia se eles tinham reagido do mesmo modo que ele, muitos poderiam ter surtado, era possível, preferiu não ir a taverna. Até porque pelo que conhecia as tavernas eram uma espécie de bares, devia estar cheios de pessoas bêbadas e briguentas, não era um ambiente confortável. Virou a esquerda e entrou em outra rua.

Começou apenas a apreciar as construções tão rústicas, mas ao mesmo tempo tão fascinantes, e como tudo aquilo parecia ser real afinal ele podia sentir o calor das pessoas, ouvia suas vozes, sentia o chão em seus pés, estava vivo, respirando. E o melhor de tudo, andando. Uma dádiva sem igual, a qual muitos não receberiam. Mas como ele fora levado até ali? Não se lembrava direito, na verdade sentia como se conhecesse aquele mundo a séculos, como se já tivesse estado ali antes. Talvez... não, ele nunca deixou os limites da mansão onde morava.

Depois de ter explorado todo o perímetro do vilarejo- e não ter encontrado ninguém que fosse real- resolveu ir para o outro, teria Anne mentido? Não, talvez as pessoas estivessem todas reunidas na taverna, ou tivessem saído do vilarejo. Ou seria ele o único a conseguir ter realizado a transição com sucesso? Não, seria impossível. E quando saiu do vilarejo, notou como simplesmente um silêncio se fez, como se tivesse atravessado uma redoma invisível que prendesse todos os aldeões ali dentro. Viu ao longe o castelo de ferro onde morava o Cavaleiro Negro, talvez fosse bom atravessar o bosque e ir até ele, mas não, antes precisava constatar se era o único ser humano real ali dentro.

° ° °

A criatura o encarara com certa selvageria, aquela pele verde e asquerosa do goblin era ainda mais real do que ele próprio. Podia sentir o cheiro putrefato da criatura como se ele tivesse saído de um poço de imundícies. Mas a voz e a cientista avisaram que aquela realidade era cheia de monstros e criaturas. Talvez ele pudesse se divertir com aquele ser tão insignificante aos seus olhos.

O goblin guinchava palavras incompreensíveis, talvez nem fossem palavras, apenas ruídos. Ele retirou a espada da bainha. A lâmina prateada cintilou com o sol. Ele nunca havia manuseado arma alguma, mas sentia-se tão habituado aquela espada. Segurou o cabo com as duas mãos enquanto olhava para o goblin que aproximava-se cada vez mais, parecia faminto. Ele daria o fim digno aquele ser. Antes que o goblin desse mais dois passos o garoto deu um impulso para frente, sentiu as pernas mexerem-se sem que precisasse ordená-las, seus sentidos ficaram entorpecidos por alguns segundos enquanto ele corria na direção do asqueroso goblin.

Sentia como se os seus pés deslizassem na direção do monstro, ergueu a espada com ambas as mãos, ela de repente ficara leve como uma pena. Inclinou o corpo para a esquerda enquanto seus pés saltavam e sua espada ia na direção da criatura. Fechou os olhos ouvindo o grito final da critura. O sangue esverdeado respingara por toda a grama. Ele sacudiu a espada livrando-se do sangue de goblin.

Sorriu vitorioso ao ver o corpo do mesmo ainda se contorcendo no chão. Mas ouviu outro ruído, virou-se rapidamente já com a espada pronta. Mas apenas deparou-se com um garoto pequeno e visivelmente assustado que caíra para trás ao ver a espada erguida para ele. Viu os olhos do garoto marejarem, abaixou a espada dando um suspiro:

– Te assustei?- sem resposta, percebeu que o garoto era albino, parecia em estado de choque, ainda olhava para a espada- ei garoto!

Colocou a espada na bainha e abaixou-se sacudindo o garoto fazendo-o tornar a si, ele rastejou alguns centímetros para longe de Trevor, enxugando as lágrimas e levantando-se rapidamente enquanto Trevor tentava obter alguma resposta dele:

– Desculpe, achei que fosse outro goblin.

– Você ia me matar?

– Não, por que eu faria isso.

– Não sei...- o garoto sibilou, só então Trevor notou que ele vestia roupas iguais as suas, com a exceção das cores de sua camisa e seu sobrecasaco, branco e prateado respectivamente e viu que uma insígnia em forma de sol cintilava acima dele- não é todo dia que se toma um susto destes.

– Desculpe mesmo, não foi a minha intenção. Achei que fosse outro goblin que tivesse aparecido. Não tinha te visto. Aliás, de onde você saiu?

– Eu estive te seguindo- Trevor arqueou as sobrancelhas para o garoto- desde o vilarejo, os outros estavam na taverna e eu queria te avisar, mas você parecia tão... Concentrado na paisagem e não quis incomodá-lo.

– Tudo bem, então os outros estão na taverna- ele disse a mesmo, devia ter ido aquele maldito lugar, mas matar aquele goblin fora algo menos entediante- eu estou voltando. Quer ajuda pra levantar?

Ele ergueu a mão para o garoto que a segurou um tanto indiferente- como se estivesse ainda com medo dele- depois de se levantar o garoto limpou a grama de sua roupa. Parecia ter dez anos, o que uma criança estaria fazendo ali dentro:

– Você parece ser muito jovem para estar aqui...

– Egídio. E não, tenho quinze anos.

– Ah sim- sorriu Trevor, sentiu a resposta como um balde de água fria- sou Trevor. É um prazer conhecê-lo, pode me levar até os outros?

– S-sim, desde que não tente me matar- Trevor achou que era apenas ironia do garoto, mas viu em seus olhos que ele tinha medo, quem poderia ser tão medroso assim?

Suspirou enquanto seguia o garoto em direção ao vilarejo, seria um dia realmente entediante.

Trevor Moonstar


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, a propósito tive uma ideia, comecem a dar notas aos capítulos, assim poderemos ver o desenvolvimento da fic. Agradeçam a ideia a Meell Gomes, troféu joinha pra ela!!! Sei que todos vocês querem ver sangue derramado, mas ainda terão de aguentar dois capítulos como este para enfim a matança começar. Peço aos que ainda não me mandaram as fichas que o façam o mais rápido possível!!