Memórias Doces (HIATOS) escrita por Izanami Mai


Capítulo 3
Ambre e Totó


Notas iniciais do capítulo

Heeey pessoal estou um pouquinho atrasada com esse capítulo, me perdoem >.< Mas aqui está, espero que gostem! xx



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Acordei com um feixe de luz solar em meu rosto. Me levantei como um zumbi de sua cova, cocei meus olhos e analisei meu quarto, estava rosa e ele não era rosa. Havia uma escrivaninha, que nunca vira, perto da janela e uma única cama de solteiro sendo que eu dividia o quarto com minha irmã, Amanda. Pelo que me lembrava meu quarto se assemelhava muito com o da docete.

Aproximei-me da porta e a abri com cautela, a casa inteira estava mudada, havia um corredor estreito e uma escada que nunca existiram. Céus, não era só na escola.

–– Mãe? –– chamei enquanto descia as escadas com receio. –– Pai?

–– Não acredito que você ainda não se acostumou querida –– respondeu uma voz que eu não conhecia.

Andei até a cozinha, que era de onde parecia ter vindo a voz, e me deparei com a tia fadinha preparando dois mistos quentes na grelha elétrica.

–– T-Tia? –– perguntei com a respiração pesada.

–– E quem mais seria? –– ela respondeu rindo. –– Você está bem? Está pálida e com os olhos fundos.

–– N-não, está tudo ótimo –– respondi rápido de mais para parecer convincente. –– Vi um filme de terror antes de dormir ontem a noite e acho que ainda estou em choque.

–– Ah, está explicado –– ela virou-se para ver os mistos, ambos estavam pretos. –– Droga... Vá se trocar querida, hoje eu cuido do café.

Assenti com a cabeça e me virei para a escada como um robô, antes de subir, fiz uma última pergunta:

–– E onde está a Amanda?

–– Amanda? –– ela repetiu franzindo o cenho. –– Que Amanda?

–– M-Minha irmã...

–– Vou te proibir de assistir esses filmes de terror –– ela respondeu séria. –– Agora vá se trocar.

Subi em silêncio e entrei em meu quarto completamente abobada. Abri meu armário trêmula e encarei meu reflexo, não podia estar pior. Procurei por meu uniforme e este também havia sumido, a única coisa que consegui encontrar foram algumas roupas antigas e outras que havia comprado para a minha docete junto de algumas roupas dos encontros.

Tomei banho e vesti a roupa do encontro com o Ken, me senti a própria docete, pelo menos Castiel não me chamaria de tábua.

Desci ainda trêmula, tomei café e fui para escola sentindo falta da minha irmã, aquilo estava saindo do meu controle. Apesar de tudo siquei feliz em ver que nada na escola havia mudado... exceto pelo nome na fachada

Sweet Amoris. Li em pensamento. O dia será bem longo. E como será.

Também notei que não havia ninguém na entrada, nem mesmo os inspetores. É, aos poucos todos iam sumindo. De qualquer forma entrei e fui direto para a sala encontrando com Ken aos prantos no meio do caminho.

–– Ken? –– chamei preocupada. –– O que foi? Por que está chorando?

–– Ah, eu quero me despedir antes de viajar –– ele respondeu limpando suas lágrimas com as costas de sua mão.

–– Ah... –– comecei a entender. –– Mas por que você vai viajar?

Ele me explicou que contou para o pai que “mocinhas” o perturbavam e o resto você já sabe, tudo culpa da Ambre e suas amigas. Ele me entregou o mesmo ursinho que sumira de minha mochila na primeira vez em que o vi e o observei se distanciar. Só de imaginar que ele voltaria e beijaria aquela loira azeda por vingança, uma bosta de vingança diga-se de passagem, estremeci.

Entrei na sala para guardar meu presente e avistei uma cabeleira loira, longa e encaracolada no canto da sala junto de uma garota asiática e outra morena com um piercing em uma das sobrancelhas.

Ótimo. A víbora, a comedora de batons e a muda.

Cheguei de fininho ao meu lugar e guardei o urso em minha mochila em silêncio. Evitei contato visual com as três, se Ambre tentasse me provocar seriam noventa e nove por cento de chances de uma briga física começar. Porém meu plano de sutileza não dera certo.

–– Veja quem está aqui –– ela disse com um sorriso sarcástico. –– Lena, conseguiu espantar até mesmo Ken, hein. –– ela riu seguido das outras duas.

–– Querida, não encha meu saco hoje, pois não ando muito paciente esses dias –– respondi imitando seu sorriso.

–– Ai que medo! –– ela abraçou a si mesma fingindo um calafrio. –– Vai fazer o que amor? Tente e veja o problema que vai ter, basta eu reclamar com o representante de turma...

–– Blá, blá, blá. –– revirei os olhos e suspirei impaciente. –– Ele é seu irmão, não precisa cacarejar que eu já sei. Agora me dê licença que não joguei milho no chão pra galinha vir atrás, tudo de bom pra você flor.

Virei as costas e a deixei falando com as paredes, tinha um problema para resolver e não queria loiras, comedoras de batons e mímicas atrás de mim latindo nas minhas orelhas.

Fui em direção ao bebedouro e um cachorro de pequeno porte passou pelos meus pés com a rapidez de uma lebre, cambaleei tentando me equilibrar e acabei esbarrando na diretora Shermansky. Engoli seco e prendi a respiração estufando o peito, ela parecia ser tão amedrontadora quando no jogo.

–– Mocinha! –– ela exclamou irritada. –– Por que não segurou meu Totó?! Se ele fugir a culpa será sua!

–– Mas eu...

–– Silêncio! Encontre o Totó, a guia, o brinquedo e a coleira se não sofrerá as consequências!

Ela virou as costas e saiu furiosa em direção a sua sala. Fiquei ali parada com cara de paisagem por alguns segundos até me dar conta de que eu teria que realmente procurar aquele cachorro.

E foi um saco, viu? Corri de um lado pro outro com Castiel rindo de mim a manhã inteira, porém ele, pelo menos, fez algo que prestasse e me ajudou a pegar aquela criatura fofa e abominável. Depois tive ajudar Jade e no final da manhã estava morta de cansaço, fiquei imaginando se teria que usar pontos de ação na vida real também. A única coisa boa era que não assisti nenhuma aula, mas isso também era um problema, se minhas notas fossem ruins nem sei o que meus pais fariam comigo, sendo que nem sabia onde estavam naquele momento. Porém, onde quer que estivessem iriam me matar.

Fui para o banheiro e lavei meu rosto depois de tomar fôlego, fora um dia cheio, nunca andara tanto por aquela escola. Achei que estava sozinha, porém ouvi uma risadinha aguda e feminina. Fitei o meu reflexo e vi a porta de um dos boxes batendo com força e ouvi mais uma risadinha.

Franzi o cenho curiosa e me aproximei, lentamente, andando de costas. Antes que pudesse fazer qualquer coisa, algo correu por debaixo de meus pés e saiu disparado pela porta, parecia ser um morcego, ou um rato, não sabia direito o que eram mas sabia que fora esquisito. O que me intrigava era aquela risada, não havia mais ninguém ali... Deveria estar pirando de vez.

Sai do banheiro e notei que não havia me encontrado com Ayalla o dia inteiro, havia visto Bruno andando pelo pátio de longe e minha irmã sumira de vez. Aquilo realmente não estava me fazendo bem, pessoas próximas de mim sumindo, risadas estranhas no banheiro...

Tentei convencer a mim mesma que tudo aquilo era um simples sonho e logo eu acordaria e nunca mais veria tantos filmes de terror em uma noite, porém Jade atrapalhou meus pensamentos me pedindo outro favor, fomos para o jardim e o ajudei com as plantas. Ouvi, novamente, a mesma risadinha vinda de alguns arbustos recém podados.

–– Lena? –– o garoto chamou. –– Está bem? Parece que viu um fantasma.

–– Quase... –– respondi com um sorriso tímido enquanto ajeitava minha franja. –– Escutou alguma coisa?

–– Não, nada, por quê?

–– Ah, deve ser minha imaginação, esquece.

Terminei de ajudá-lo com as plantas e voltei para a sala para pegar minha mochila, queria ir embora, mas minha casa também estava estranha e não encontraria Amanda para desabafar, por mais estranho que pareceria contar para alguém o que eu estava passando.

Estava distraída em meus pensamentos enquanto arrumava minhas coisas, Castiel surgiu atrás de mim e apertou minha cintura me fazendo pular de susto.

–– Nunca mais faça isso homem! –– pedi pondo minha mão sobre meu peito enquanto tentava normalizar meus batimentos.

–– Tá devendo? –– ele perguntou rindo e cruzando os braços. –– Não sabia que era uma gatinha assustada.

–– O que você quer? –– perguntei impaciente arqueando uma sobrancelha.

–– Eu vou passear com meu cachorro e, como você parece gostar muito de cachorros, –– ele soltou uma risadinha sarcástica e eu suspirei impaciente –– pensei se você não gostaria de vir comigo.

Fiquei parada por alguns segundos o encarando com os olhos semi cerrados. O que aconteceria se eu recusasse? Será que eu conseguiria reverter toda aquela loucura? Abri a boca para responder, porém meu “não” saiu um “sim”.

–– Legal –– ele sorriu satisfeito. –– Então vamos.

Sai da sala com Castiel perplexa, eu tinha certeza de que iria dizer “Agradeço, mas não”. Será que aquilo também estava me afetando? Porém com a Ambre eu consegui dar uma bela resposta... Estranho.

Antes de ambos sairmos da escola escutei, novamente, a risadinha e vi um vulto passando por mim.

–– Que cara é essa? –– Castiel perguntou.

–– Nada, só estou um pouco cansada –– respondi sorrindo.

–– Bom, então vamos relaxar.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Comentem o que acharam, por favor :3 xx



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