Before - League of Legends escrita por Ricardo Oliveira


Capítulo 2
Capítulo um




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A Universidade de Piltover era conhecida por abrigar tanto yordles quanto humanos e qualquer outra criatura que pudesse aparecer sedenta por conhecimento. Administrada pelo gênio yordle Heimerdinger, formava as maiores mentes que Valoran já chegaria a conhecer. Caminhar pelo campus repleto de alunos deixava Ofelia nostálgica. Pouco tempo atrás ela frequentara o mesmo lugar como uma estudante e hoje voltava ali como uma das representantes do Instituto da Guerra.

Aceitara a tarefa dada pelo Instituto não apenas para rever a universidade, também sentia saudades de seu ex-colega Brandon. Começaram na mesma turma mas ele claramente era superior, embora ficasse triste em ser chamado assim, tendo ingressado como o mais novo da história e se formado dois anos antes do restante. Ela não entendia como ele se sentia feliz desperdiçando os dias como professor, qualquer invenção brilhante o deixaria rico o suficiente para passar o resto da vida sem ter que trabalhar. Mas era Brandon afinal, ele seria excêntrico sempre que pudesse.

– Parece um pouco longe de casa, senhorita. – Ofelia ouviu uma voz dizer, interrompendo seus pensamentos. Uma voz aguda e rápida. Há quanto tempo não ouvia essa voz! Virou-se não para os lados mas sim para baixo. Era difícil encarar alguém cuja cabeça está na altura dos seus joelhos como alguém mais velho mas o ar em torno de Heimerdinger se tornava respeitável. Atrás da grossa camada de pelos ela via os seus dentes tomarem a forma de um sorriso. Heimerdinger nunca esquecia um aluno.

A raça yordle era composta basicamente de pequenos seres peludos, eles se assemelhavam a mini-humanos mas a sua sociedade, formada em uma cidade conhecida como Bandle City, era muito mais pacífica, com algumas exceções. Além de Heimerdinger, ela conhecera outros yordles como a embaixadora Poppy que fazia visitas constantes ao Instituto e sempre tivera boa experiências com a raça:
– Ora vamos, professor. Minha casa sempre esteve aqui. – Respondeu retribuindo o sorriso – Bem como a minha “família”.
– E está procurando pelo seu “irmão”?
– Você nunca deixa nada passar em branco, não é, professor? Talvez eu precise tomar um pouco do tempo do Brandon emprestado, sim.
– Promete devolvê-lo inteiramente são? Ele é um dos meus melhores professores. – Perguntou Heimerdinger em tom divertido, ela sabia que ele já havia percebido o que se passava, Heimer sabia muito mais do que falava, mas haviam coisas que apenas Brandon poderia fazer e o que ela pediria seria uma delas:
– É o seu melhor. – Corrigiu-o sorridente.

Conversou acaloradamente sobre a época de aluna enquanto ele a guiava em direção ao escritório de Brandon pelo grande edifício que sediava a universidade. Ofelia sabia que o próprio Heimerdinger havia construído o local tencionando guiar jovens mentes para seguir o propósito da cidade de Piltover: Progresso. Haviam quadros por todo o local, ex-estudantes, professores, grandes pessoas de Piltover tais quais Jayce, o defensor do amanhã, como era conhecido. Em outros tempos ela sonhara em integrar essa vasta seleção, na época nada parecia superar a honra de ter o seu rosto e nome cravados pela eternidade nas paredes de madeira daquele “santuário”.

“Mas por que eu estou lembrando disso?”, ela se questionou. Era agora uma profissional séria e dedicada e cumpria todas as tarefas com perfeição, não bastava? Largar os sonhos de infância e amadurecer não era essencial para progredir? Ela já não tinha mais tanta certeza. Ao lado da porta de Brandon encontrava-se o seu próprio quadro. Como todos os outros, rodeado pela moldura de madeira ele estava de braços cruzados e sério. Abaixo, em uma plaqueta de ouro estava escrito “Professor Brandon”. Aquele clima sério não combinava com o Bran que ela conhecia, mas ela mesma havia mudado bastante. “Será que ele também…?”, se perguntava enquanto girava a maçaneta.
– B-Brandon?! – O “escritório” de Brandon era no mínimo exótico. As paredes não possuíam apenas uma cor, tampouco as cores eram lineares, e se lhe perguntassem ela jamais afirmaria que havia um padrão ali. Parecia mais que alguém jogara vários baldes de tinta com as mais diversas variações das cores primárias nas quatro paredes e no teto. Não haviam janelas mas sim uma máquina barulhenta no teto que aparentemente resfriava o ambiente.

Centenas de projetos jaziam desenhados em folhas já extremamente surradas e cobriam todo o piso, Ofelia duvidava que ele tivesse concluído metade deles, do contrário nem todo o campus os comportaria. Mas também duvidava que ele fosse incapaz de fazê-los se algum dia desejasse. Não havia espaço para andar, muitas e frágeis mesas cobriam todo o espaço, cada qual contendo uma invenção singular que ela provavelmente passaria metade da vida para entender a função de cada uma. Ali, o simples se tornava incrivelmente complexo, uma máquina em forma de rosto sorridente com duas mãos robóticas adjacentes ao lado preparava café enquanto cantava em uma língua desconhecida.

No meio desse ambiente surreal, Brandon se encontrava sentado. A sua cadeira acolchoada provavelmente seria a coisa menos tecnológica do recinto, não fosse o fato de o massagear, medir seus batimentos cardíacos, temperatura e fornecer outros dados que ela não compreendia no visor. Ele continuava quase igual ao que ela se lembrava, seus cabelos que outrora foram loiros agora estavam misteriosamente embranquecidos mas ainda formavam um topete, ele sempre gostara daquele topete que inspirara no cabelo saltado do próprio Heimerdinger. Nas suas bochechas, crescia alguma barba irregular que tinha o efeito contrário do que ele provavelmente desejava: Ele parecia mais infantil com elas.

Se alguém lhe dissesse que ele passara os últimos três anos ali, ela jamais duvidaria. Embora os olhos dele estivessem fechados ele tinha ciência dos visitantes, talvez alguma daquelas máquinas já o tivesse avisado quem ou quantos eram. Um sorriso se abriu assim como os seus olhos. Negros. Perfurantes. Dotados de um brilho singular que ninguém jamais desvendaria. Valiam mais do que qualquer máquina que havia ali ou em qualquer lugar do planeta. Sempre davam a sensação de que ela era capaz de radiografar a alma e ver além do que qualquer um poderia.
– Algo de errado? – Perguntou Heimerdinger, notando a reação dela ao se deparar com tudo aquilo.
– Não, professor. Eu encontrei exatamente quem eu procurava. – Ela respondeu, satisfeita como nunca. Ainda era aquele Brandon. Então ainda havia alguma esperança.


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