We found love escrita por Hayley


Capítulo 6
Capítulo seis – Tudo sobre você.


Notas iniciais do capítulo

Me amem e/ou me odeiem, sei lá kkkk Mas não deixem de ler :)



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Já era final de novembro e o inverno já estava começando a dar as caras. Hoje faria exatamente um mês desde o aniversário de Emily. E Rebecca não conseguia definir o sentimento que a havia invadido naqueles trinta dias. Na verdade, era um misto de sentimentos e na dúvida entre qual deles predominava em seu coração, a morena tinha decidido que aprenderia a conviver com eles. Porém aquilo estava provando ser cada vez mais difícil.

Sabia da alegria que a preenchia sempre que estava com a ruiva ou que simplesmente pensava nela. Tinha sido assim desde o dia seguinte ao do The Regents Park, quando ela acordou e encontrou uma mensagem de Emily em seu celular, desejando-a um bom dia e perguntando se elas iriam se encontrar de novo... Mais precisamente, convidando-a para ir ao cinema de um jeito sutil e engraçado: “Agora que tenho dezoito anos, você pode me levar para ver qualquer filme no cinema... Sem censura J”.

As duas saiam sempre juntas, faziam compras no shopping, assistiam a filmes no cinema ou na casa uma da outra, iam aos museus, passeavam pelos pontos turísticos da cidade, voltaram ao parque algumas vezes, dessa vez à luz do dia. Saiam para comer alguma coisa ou simplesmente para conversar. Aquele mês que passaram juntas tinha sido perfeito, na verdade, perfeito até demais. Não tinha briga, não tinha pressão, não tinha cobrança.

Porém também existia o medo e a insegurança. Medo de aceitar que o que estava sentindo por aquela menina não era uma simples amizade, como a que tinha por Melissa. Medo de pensar em seus sentimentos daquela maneira. E insegurança, pois não sabia o que Emily sentia por ela, não sabia se era alguma coisa remotamente parecida. Percebia os sorrisos que a menor direcionava para ela, percebia que quando seus olhares se prendiam um ao outro, Emily também ficava abalada. Mas o que aquilo tudo queria dizer?

– Wow, terra para marte. Rebecca! – Melissa estalava seus dedos balançando os braços freneticamente para chamar a atenção da amiga, mas vendo que não teria sucesso levantou de uma vez da cadeira batendo as mãos espalmadas na mesa.

– Puta que a pariu, Melissa... – reclamou depois que sentiu a dor do joelho direito batendo na mesa com o pulo que ela deu.

– Hey, olha lá como fala da minha mãe, Becs... – Gritou Thomas do sofá se divertindo com a situação.

– Não reclame... Deus sabe há quanto tempo estou tentando chamar sua atenção. Mas você parece que quando pousa na Emilyland não consegue mais voltar. Pelo menos não antes de encher uns bons cinco copos de baba. – Melissa fingiu estar chateada. Cruzou os braços em baixo dos seios.

– Cala a boca, idiota. – Rebecca empurrou o ombro da amiga devagar. – Que baba o que?

– Essa aqui ó... – fingiu limpar alguma coisa no canto da boca da morena e dessa vez recebeu uma tapa forte. – Ei, calma. – risos.

Thomas e Melissa tinham percebido o quanto a amiga andava diferente desde que começou a sair com Emily e, por um lado, consideravam aquilo como uma coisa boa. Por outro lembravam como tinha sido para a amiga os últimos anos depois do trauma que foi a separação com Jeremy e temiam que os fantasmas dela estivessem apenas adormecidos.

O celular de Rebecca vibrou em cima da mesa e ela pegou mais rápido do que o que se imaginaria ser possível. Seu sorriso não pôde ser contido quando suas suspeitas foram confirmadas: era uma mensagem de Emily. A morena teclou rapidamente uma resposta e voltou os olhos para os amigos, ainda com um sorriso mal disfarçado.

– E o que foi que eu disse... – implicou Melissa já sabendo do que se tratava.

– Eu volto mais tarde. – anunciou Rebecca jogando o celular em uma bolsinha que tinha em cima do balcão da cozinha e saindo pela porta sem esperar alguma resposta.

–-x--

Bastou dois toques fracos na porta para Emily abri-la esbanjando um sorriso branco que aumentou ao ver Rebecca parada fazendo uma careta divertida para o que antes era uma porta fechada. A menor deu espaço para que a outra entrasse e então fechou a porta atrás de si.

– Hey Ems, já estava ficando com saudade, sua cabrita. – reclamou a morena em um tom brincalhão enquanto abraçava a menor.

Emily sorriu e parecia que era tudo o que conseguia fazer desde que conheceu Rebecca. Sorriu em primeiro lugar por causa do apelido carinhoso que a outra tinha colocado nela e depois por perceber que também estava com saudades. Por mais que a estivesse visto dois dias antes, sentia falta do som de sua voz e da paz que a sua presença emanava.

Aquele pensamento a fez lembrar-se de um assunto que rondava em sua cabeça nos últimos dias e que insistia em não deixá-la em paz. Porém se esforçou para empurrar aquele tópico para as profundezas de sua mente. Não se imaginou soltando um “Oi, também tive saudades... Alias, acho que estou gostando de você.”. Não... Definitivamente não era hora para isso.

– Eu também... Minha pandinha preferida. – se limitou a dizer e mordeu a língua para evitar falar alguma coisa comprometedora.

Rebecca riu. Lembrou-se do dia que tinha dado origem ao apelido pelo qual Emily, carinhosamente, resolvera chamá-la. Tinham saído para assistir um filme no cinema e acabaram esticando em uma lanchonete. Porém não perceberam o tempo passando em meio à conversa e quando se deram conta tinha ficado muito tarde. Emily pediu para dormir em sua casa, alegando que seria perigoso para a mais velha ficar dirigindo sozinha pela cidade àquela hora. Claro que não fazia sentido, já que as duas já haviam passado madrugadas a fora juntas e Rebecca tinha deixado a ruiva em casa bem mais tarde do que aquilo. Mas definitivamente não seria ela a se opor a ideia de dormir com a menor.

No dia seguinte elas tinham acordado e Emily percebeu que Rebecca tinha se esquecido de tirar a maquiagem antes de dormir e por isso estava com o contorno do olho preto do rímel e do lápis deixando-a parecida com uma panda. Aquilo foi motivo de risos das duas e acabou se tornando o apelido da morena, já que Emily insistia em lembrar-se daquela ocasião.

– E você me chamou para fazer o que afinal? – perguntou Rebecca.

– Testar uma receita nova... – risos – Pode me ajudar?

– Hmmm... Não. Era isso? Vou embora. – tentou permanecer séria enquanto andava em direção à porta, mas não conseguiu. Era incrível como Rebecca muitas vezes parecia ter a idade de Emily.

A ruiva estava tentando disfarçar o próprio nervosismo. Havia passado a semana inteira pensando em como gostava da companhia da morena de um jeito diferente. Tinha até tentado não pensar muito em quantas vezes as duas quase se beijaram durante aquele mês em que se conheceram e começaram a passar bastante tempo juntas. Mas foi uma tentativa inútil. Lembrava perfeitamente de todas às vezes. As duas ficavam próxima demais, Emily sentia seu corpo tremer com a proximidade e seu coração sempre acelerava, porém nenhuma das duas tomava iniciativa e a ruiva já não sabia o que aquilo significava.

– Comprei isso aqui que você gosta... – Emily quebrou o silêncio que tinha se formado desde que se afundou em seus pensamentos. Balançou um potinho com canela.

Rebecca pareceu uma adolescente batendo palmas e dando pulinhos de alegria. Deu três passos largos e prendeu a mais nova em um abraço fazendo-a sair do chão e girar. Emily sorriu e corou, por mais que depois de um mês ela já tivesse se acostumado com os abraços surpresa que a mais velha lhe dava.

As duas prepararam café gelado com baunilha e espuma caramelizada, na nova cafeteira que Emily havia comprado, Rebecca adicionou um pouco da canela no seu copo e elas foram sentar no sofá para assistir a algum filme qualquer.

– Vai, você experimenta primeiro... – Rebecca disse depois de sentar e cruzar as pernas ficando de frente para Emily.

A ruiva sorriu e aproximou a xícara dos lábios devagar, deu um gole pequeno e fez uma careta colocando a língua pra fora.

– Gente, ficou muito ruim. Não tome o seu, Rebecca, tá horrível... Você não vai gostar. Da aqui pra mim... – concluiu a menor ainda fazendo cara feia para a sua própria xícara.

– Sua cabrita, você quer é tomar o meu também. Deixe de comer com os olhos. – repreendeu Rebecca em tom de brincadeira e passou o polegar sobre o lábio superior de Emily para limpar o bigode de espuma branca.

Emily prendeu a respiração inconscientemente quando sentiu o toque da morena e fechou os olhos com medo de olhar pra ela e acabar tendo seu desejo entregue pelo olhar. As duas estavam se conhecendo tão bem que ela não duvidou da possibilidade.

– Rebecca, o que você pensa sobre mim? – perguntou sem saber exatamente como iniciar a conversa que queria ter com ela e percebeu Rebecca contrair os músculos involuntariamente.

– Co-Como assim o que eu penso sobre você? – Rebecca praguejou internamente por gaguejar com a pergunta.

– O que você acha de mim ué. A gente se conhece há um mês já e você nunca me disse nada. Quer dizer, a gente se dá super bem e tal, mas nunca falamos sobre isso abertamente. – “O que eu sou pra você?” Emily queria perguntar, mas não conseguiu formular a frase. Aproximou-se de Rebecca no sofá encostando seu joelho com o dela.

Rebecca quis se afastar e deixar algum espaço entre elas para conseguir raciocinar direito, mas seu corpo não queria obedecer aos seus comandos. Não queria se afastar um centímetro que fosse da ruiva. Por outro lado, Emily lutava para controlar o impulso de ser mais direta com a mais velha.

– Você quer dizer... Ah, sei lá meu Deus. – Rebecca encontrou o olhar Emily e pareceu achar forçar para começar a falar com o que viu dentro daquele mar azul que a encarava de um jeito mais claro do que o de costume. – Você é fofa, você é a pessoa mais incrível que eu tive o prazer de conhecer, você... Você me deixa feliz só em saber que você existe e saber que eu vou te ver já me faz acordar com um sorriso no rosto. Você me faz rir, você me traz paz. Você é linda... – só então ela percebeu o quanto tinha se aproximado da mais nova, quase como se fossem dois imas. Os olhos de Emily brilhavam e seus lábios estavam entreabertos em surpresa. Não esperava ouvir tudo aquilo nem em seus sonhos mais otimistas sobre aquele momento. – Você é uma ótima amiga.

Mas que porra? Emily engasgou com o adjetivo que recebeu. Amiga? Rebecca falou todas aquelas coisas para ela, olhando em seus olhos daquele jeito, aproximando seus rostos sem nem perceber pra depois dizer que as duas eram ótimas amigas? Definitivamente não se falava uma coisa daquelas para uma amiga. De jeito nenhum.

– Amiga? – Emily falou baixinho sem acreditar. Rebecca tinha se afastado um pouco e seus olhos pareciam ter voltado à realidade.

A ruiva queria beijar a “amiga” naquele momento. Queria dizer a ela sobre o desejo que tinha de tocar seus lábios com os dela, mas depois daquela declaração terminada com a frase frustrante a menor não fazia ideia de como chegar ao assunto novamente e nem sabia se tinha coragem para tanto.

Porém em um surto de adrenalina que surgiu das profundezas de algum lugar desconhecido, Emily se inclinou, apoiando o peso do corpo em seus joelhos, colocou as suas duas mãos uma em cada lado do rosto de Rebecca e pressionou seus lábios nos dela.

Os olhos da morena arregalaram quando sentiu o arrepio que desceu pelo seu corpo. Sentiu que pudesse derreter com aquele simples, porém incrível, encontro de lábios. Pousou as mãos nas coxas descobertas de Emily e segurou ali atrás do joelho. Fechou os olhos e correspondeu ao beijo, movimentando seus lábios na boca macia da mais nova.

Rebecca teve a impressão de que estavam se beijando por horas, mesmo que tenham se passado apenas alguns segundos. Subiu as mãos até a cintura de Emily, que acabou se desequilibrando e caindo no colo da mais velha.

O susto fez com que as duas se separassem e Emily pulou de volta para o sofá. Ambas tinham a respiração pesada, descompassada, por mais simples que o beijo tinha sido. Pareciam ter esquecido como se fazia para respirar.

– Emily... A gente não. – Rebecca balançou a cabeça tentando afastar o desejo e levantou apressada. – A gente não podia ter feito isso... Ai.

Virou-se em direção à porta, querendo sair dali o mais rápido possível, sem nem olhar para a menor, com medo de que seu olhar denunciasse todo o desejo que ainda estava presente. Mas que não queria revelar. Foi andando rumo à saída, mas Emily segurou em seu pulso e a impediu de continuar.

Ficaram olhando-se por alguns segundos sem dizer nada até que Emily levou a mão da morena até seu coração e a apertou ali a fazendo sentir o quanto ele batia acelerado e forte. Rebecca fechou os olhos se concentrando no ritmo de seu próprio coração, que pulsava tão frenético quanto o da menor.

– Isso é por sua causa... – Emily falou baixinho, mas foi o suficiente para a morena ouvir.

Rebecca gemeu e por um segundo todas as barreiras que ela tinha construído pra lutar contra o que sentiu desde a primeira vez que a viu caíram. Agarrou a nuca da mais nova, apertando alguns fios do cabelo curto, com a mão que antes estava sobre seu peito esquerdo e, com a outra, segurou em sua cintura e a puxou para mais perto até que seus corpos estivessem colados.

O beijo começou de onde havia parado apenas com um pressionar de lábios, mas Emily logo passou a ponta da língua na boca da morena pedindo por uma passagem que não foi negada. A sensação de ter sua língua em contato com a de Rebecca era tão íntima e quente que a menor pensava que pudesse desmaiar. Seu corpo inteiro se arrepiava quando Rebecca apertava a pegada em sua nuca e ela mesma tinha uma mão acariciando os fios negros da mais velha, quase como se estivessem imitando uma à outra.

Só se separaram dessa vez quando seus pulmões não aguentaram mais a falta de ar. As duas estavam ofegantes e com um sorriso que por pouco não partia seus rostos em dois. Rebecca abraçou a mais nova, apertando-a com força contra seu corpo e colocou o rosto em seu pescoço. Emily podia sentir a respiração dela contra sua pele e sentiu um arrepio descer pelo seu corpo quando percebeu os lábios da morena se esticarem em um sorriso em seu pescoço.

Rebecca não podia mais mentir para si mesma, ou fingir que não percebia o que aquelas coisas que sentia quando estava com Emily significavam. Ela estava apaixonada pela garota. A-P-A-I-X-O-N-A-D-A. E no momento em que assumiu isso para si mesma, as imagens da última vez em que se apaixonou por alguém invadiram sua mente sem permissão. A pressão, as cobranças, o trauma. Nada daquilo daria certo. Estar apaixonada não era uma coisa que combinasse com Rebecca. E ela não faria isso com Emily.

Desvencilhou-se da mais nova e sem olhar pra trás ou dizer qualquer coisa, virou e correu o mais rápido que conseguiu. Talvez ela só estivesse com medo, mas talvez fosse melhor assim.


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Notas finais do capítulo

E ai? E ai? Não vou dizer nada dessa vez, só que amanhã tem mais. Beijo procês!