We found love escrita por Hayley


Capítulo 5
Capítulo cinco - The Regents Park


Notas iniciais do capítulo

Diga ao povo que estou de volta com mais um capítulo, rs. Quem se importa? Ok! Bom, não sei se é exatamente o que vocês estão esperando, MAS tudo aconteceu para o melhor desenrolar possível dessa história :)
Vomitei arco-iris com algumas coisas e espero que vocês gostem do resultado. Beijos e boa leitura.



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O Regents Park estava iluminado apenas pelas luzes naturais da noite, já que naquele ponto em que Emily e Rebecca estavam não existia mais a influência da iluminação de Londres. O relógio já marcava mais de duas horas da madrugada e o parque definitivamente não estava mais aberto ao público. Coisa que claramente não impediu Rebecca de entrar e arrastar Emily junto com ela.

E, se pedissem para que ela se arrependesse de tudo de errado que tinha feito na vida, essa era a única de que ela provavelmente não se arrependeria. Não deviam estar ali naquela hora, mas o sorriso no rosto de Emily enquanto seus olhos varriam encantados toda a extensão do parque a sua frente, sugava da mais velha qualquer dúvida. Rebecca pensou que o sorriso de Emily naquele momento poderia facilmente iluminar toda a cidade de Londres e, só o fato de saber que ela tinha de alguma forma, colocado aquele sorriso ali já anulava o medo de serem pegas.

Rebecca caminhava ao lado da menor sem conseguir desviar seu olhar do rosto dela por muito mais que alguns segundos. No fundo, queria estar andando mais próxima e queria poder segurar a mão dela enquanto caminhavam, mas isso ela tinha dificuldades de admitir até para si própria, quanto mais colocar em palavras.

– Venha comigo, Emily... – Rebecca acelerou o passo iniciando uma corrida e agarrou a mão da ruivinha a fim de trazê-la consigo. Não tinha nenhum lugar específico em mente para levá-la agora. Tinha sido mais uma desculpa para tocar em sua mão sem parecer estranho.

– Desculpa... – sussurrou a morena assim que elas chegaram perto da ponte que atravessava um riacho e ela se deu conta de que a mais nova tinha se cansado com a corrida surpresa. Ela estava ofegando um pouco.

– Esse lugar é lindo, Rebecca. Não acredito que nunca tinha vindo aqui antes. – comentou enquanto tentava normalizar a respiração. Não sabia se seu coração acelerado era por conta da corrida ou pelo toque inesperado da mais velha.

– É o meu preferido em Londres, talvez até de toda a Inglaterra. Quer dizer... Amo os pontos turísticos daqui, mas esse parque em especial tem lugares que passam despercebidos por quase todo mundo e eu gosto de admirar esse tipo de coisa. Vou levar você daqui a pouco, espere só a hora certa.

Emily e Rebecca sentaram-se na margem do riacho em baixo da ponte e passaram um bom tempo em silêncio apenas sorrindo uma para a outra. A morena nunca imaginou que fosse tão fácil sorrir daquele jeito verdadeiro depois de tudo o que havia vivido, mas com Emily tudo era tão natural. Talvez realmente sentisse alguma coisa diferente pela menina, porém não queria e nem se atreveria a pensar sobre aquelas coisas complicadas agora.

– Obrigada por me trazer aqui no seu lugar preferido. – Emily resolveu quebrar o silêncio, mas não conseguiu concluir a fala olhando nos olhos da outra e por isso fitou as próprias mãos. E se ela achasse aquilo tudo muito esquisito e preferisse se afastar? A ruiva não queria aquilo. – Eu... Eu gostei muito de ter conhecido você.

Rebecca abaixou a cabeça também, de repente um pouco envergonhada, mas não conseguiu conter o sorriso que surgiu em seus lábios. Na verdade nem queria conter.

– Podemos fazer um jogo de “Ping-Pong!”? Perguntas e respostas rápidas. Vamos ver se você vai continuar gostando de mim... – Rebecca soltou uma risada leve.

– Ahn... Tudo bem. – Emily riu com a outra. – Você começa?!

– Sim. – Rebecca se arrastou até ficar mais próxima de Emily e encheu os pulmões de ar tomando fôlego teatralmente. – Uma frase marcante?

A ruiva colocou a mão no queixo, pensativa, e ficou olhando para cima. Definitivamente: Fofa.

– Hmmm... “Gosto de sentir seus olhos em mim quando desvio o olhar.” – Emily sorriu e corou quando Rebecca arregalou os olhos em sua direção e pareceu engasgar com alguma coisa. – É a minha frase... Do filme Antes do Amanhecer. Eu assisti... Ahn... Recentemente. – a mais nova se atrapalhou na explicação, falou muito rápido, nervosa com a reação da outra.

– Ah... Legal. Nunca assisti a esse filme. E... Enfim, deixa pra lá. – sorriu sem jeito. Tinha realmente se assustado com a frase. Por um momento pensou que não fosse só a resposta para a sua pergunta.

– Bom, então é minha vez. Uma coisa que te dá prazer? – perguntou e se arrependeu um milésimo de segundo depois. O que havia com ela? Primeiro a frase, depois uma pergunta estranha dessas. Que merda.

Conversar com você. Olhar pra você. Ouvir sua risada. Pegar na sua mão. Foi o que o cérebro da morena gritou no segundo em que processou a pergunta e Rebecca agradeceu mentalmente por ter um ótimo filtro entre o que pensar e o que dizer de fato. Tentou pensar em outras coisas que conseguiam lhe dar prazer ultimamente, mas nenhuma delas era algo recomendável para dizer pra alguém que acabava de completar dezoito anos. Principalmente por esse alguém ser uma menina extremamente fofa. Balançou a cabeça de um lado para o outro se repreendendo.

– Fotografar... – Finalmente respondeu algo que julgou ser seguro e não deu tempo para que a ruiva dissesse mais alguma coisa. – Qual a sua cor preferida?

– Preto. – Dessa vez a resposta de Emily foi rápida. Não precisou pensar. – Uma coisa que você ama e uma que você odeia?

– Ei, está trapaceando. Não vale duas perguntas... – Rebecca riu.

– Ah, mas que diferença faz se eu posso perguntar uma agora e guardar a outra para a próxima rodada? – Emily tentou convencer a outra e sorriu.

– Ok, então... Rebecca e Rebecca.

– Nossa! Você se ama e se odeia? Que egocêntrica. – Emily brincou com um pouco de receio.

– Tenho razões o suficiente para isso. – Rebecca ficou séria de repente. – Mas não é assunto para agora. – Sorriu um sorriso que mostrava seus dentes e que, automaticamente, tranquilizou a ruiva.

– O que mais te incomoda? – a morena falou sem pensar. Não deveria ter levado a brincadeira pra esse lado se não quisesse tornar algo sério.

– O toque das pessoas.

Emily tinha aquela resposta tão pronta em seus lábios que nem pensou direito antes de responder. Desde o que aconteceu com ela alguns anos atrás, ela tinha passado a detestar ser tocada. Mesmo querendo ser notada e amada pelas pessoas, ela não conseguia se sentir a vontade com o toque... Só o toque de Rebecca parecia ter o efeito contrario: a deixava tranquila.

A ruiva percebeu o olhar baixo da morena e a expressão um pouco confusa. Ela estava vendo um pouco de tristeza ali? Não sabia dizer com certeza, mas no mesmo momento que olhou pra mais velha desejou poder concertar o que havia dito, pois Rebecca tinha se afastado um pouco. Desejou também dizer que aquilo não se aplicava a ela... Que amava seus toques desde a primeira vez que sentiu a mão da mais velha sobre a sua na biblioteca. Mas por que diria aquilo? Seria no mínimo estranho e constrangedor.

Lembrou-se da reação que Rebecca teve à sua frase e perdeu qualquer resquício de coragem que juntava para se explicar e resolveu esquecer aquilo.

– Er... Qual a sua comida preferida? – Emily tentou voltar para assuntos descomplicados. Queria continuar conversando com Rebecca. Para o alívio da mais nova aquilo pareceu funcionar. Apesar da morena não ter se aproximado novamente ela levantou o rosto e sorriu voltando a responder as perguntas.

Aos poucos o clima foi voltando ao normal. Rebecca se esforçou para esquecer o sentimento que a atingiu depois da declaração de Emily e se concentrou apenas em fazê-la sorrir e curtir seu aniversário.

As duas passaram horas conversando, fizeram várias perguntas, e gastou tempo conhecendo melhor uma a outra. Até que Emily começou a bocejar e encostou a cabeça no alicerce da ponte.

– Ei, Emily, não durma agora... Quero te levar pra ver uma coisa ainda. Está quase na hora.

– Posso cochilar enquanto essa hora não chega? – pediu de um jeito tão fofo que Rebecca não teve outra reação além de sorrir e balançar a cabeça positivamente.

Porém a morena não esperava pelo que vinha a seguir. Emily se aproximou de seu corpo e deitou a cabeça em suas coxas. O coração de Rebecca pareceu parar por um segundo e no outro já estava pulsando como se pretendesse pular para fora de seu corpo.

– Pode me fazer carinho na cabeça? – Emily perguntou já fechando os olhos e Rebecca obedeceu sem reclamar. Meu Deus, aquela menina queria deixa-la louca... Uma hora não gosta de toques e na outra está assim, tão extremamente fofa que deveria ser um pecado.

–-x--

– MINHA NOS-! – Emily começou a gritar, mas o grito foi interrompido pela mão de Rebecca que tapou a boca da menor o mais rápido que conseguiu e depois fez um sinal para que ela fizesse silêncio.

As duas tinham chegado ao cantinho secreto de Rebecca. E era ainda mais lindo do que o resto do parque. Era um lugarejo escondido por algumas plantas pequenas e cheio de flores alaranjadas. O motivo do grito da ruiva? Aquele lugar era também uma espécie de ninho de pássaros. Rebecca tinha escolhido levá-la lá naquela hora da manhã, porque era a hora em que eles começariam a acordar e se fizessem silêncio poderiam ver as mães alimentando seus filhotes.

Elas permaneceram abaixadas e escondidas pelas plantas, tentando não fazer barulho. Os olhos de Emily brilhavam de empolgação com a cena e Rebecca, por mais que já tivesse visto várias vezes, tinha um sorriso, tão grande quanto o da outra, estampado no rosto. Grande parte se devia à alegria da ruiva, não podia negar.

– Eu te disse que valia a pena acordar pra ver isso... – Rebecca implicou de maneira teatral com a mais nova. – Pode me agradecer depois.

– É você tinha razão... Pelo menos uma vez. – soltou uma risada que acabou saindo mais alto do que ela esperava. Colocou as mãos na boca e tentou abafar o som.

– Mas o que? Eu deixo você babar na minha perna e você me paga tirando onda com a minha cara? – Rebecca fingiu estar magoada e virou o rosto para o lado oposto ao de Emily.

A ruiva continuou a admirar os pássaros à distância, fingindo que não estava percebendo a careta falsa da outra, mas não aguentou fingir por muito tempo e abriu um sorriso. Aproximou-se rapidamente da outra, sem tempo para voltar atrás, e deu um beijo estalado na bochecha dela.

– Obrigada, você foi um amor. Esse já está sendo o melhor aniversário da minha vida.

Rebecca arregalou os olhos surpresa pelo gesto e pelas palavras da ruiva. Seu rosto ficou vermelho, não só as bochechas, mas o pescoço e a ponta da orelha.

– Eu sou um amor, meu bem... – tentou levar humor para a conversa a fim de disfarçar seu próprio constrangimento. – Tá por fora, você.

Já era sete e meia da manhã, porém o céu ainda estava escuro. O sol naquele período de Outono só começava a aparecer por volta das nove horas da manhã. E foi pensando nisso que Rebecca se assustou quando percebeu a claridade repentina.

– Cacete! – aproximou-se do corpo de Emily ficando por trás dela e tapando sua boca com a mão. – Silêncio ou vamos ser descobertas. – Rebecca sussurrou tentando não chamar atenção e evitar que o nervosismo aparecesse em seu tom de voz.

Emily prendeu a respiração assustada. Sentiu seu coração praticamente pular pela boca e Rebecca colocou as duas mãos em seus ombros na tentativa de mantê-la calma, sem tirar os olhos dos dois vigias que andavam por ali apontando suas lanternas pelo lugar.

– Quando eu disser três, a gente corre ok? – Rebecca falou baixinho no ouvido de Emily. Os pelos do corpo dela tinham que ter arrepiado justo naquela hora?

– Tá! – foi a única coisa que a ruiva conseguiu pensar em falar. Seu corpo todo agora muito mais ciente da presença da mais velha. Cada respiração da morena, que estava perto demais do pescoço da outra, fazia Emily fechar os olhos um pouco desorientada.

– Um... Dois... – Rebecca entrelaçou os dedos aos de Emily e fez posição de corrida. – Três. Corre!

As duas saíram em disparada, com Rebecca puxando Emily pela mão e guiando o caminho certo. O desespero foi ainda maior quando elas ouviram os gritos dos vigias mandando que elas parassem de correr. E claro que aquilo só fez com que elas aumentassem a velocidade das passadas.

Os dois vigias eram homens, tinham as pernas mais largas e consequentemente eram mais rápidos. Uma passada deles eliminava duas que as meninas davam. Mas graças à vantagem que tiveram na largada conseguiram escapar exatamente por onde entraram.

Rebecca ajudou Emily a passar primeiro e as duas se perderam no meio das árvores já fora do parque. Quando perceberam que tinham conseguido despistar os seguranças as duas caíram em uma gargalhada nervosa e aliviada ao mesmo tempo. Passaram alguns minutos rindo sem conseguir parar, com as barrigas começando a doer de tanto rir. O coração das duas ainda estava acelerado pela corrida.

– Meu Deus, eu preciso voltar para a academia URGENTE. – Rebecca enfatizou quando conseguiu regular sua respiração. – Mais uma dessas e eu morro com certeza. Não aguento.

– Você está ótima... Eu não preciso de mais outra dessas. Bastava mais um minuto correndo e pra mim já era. – Respondeu Emily ainda lutando para normalizar a respiração.

– Vem, vamos andando para o carro. Está um pouco longe ainda. – a morena riu. Não conseguia parar de rir e sorrir ao lado de Emily. Ia segurar sua mão, mas lembrou das palavras da menor e fez uma careta.

Chegaram ao carro de Rebecca em mais tempo do que o necessário por causa do sono e do cansaço. Naquela hora os primeiros raios de sol já começavam a surgir no céu deixando-o em um tom alaranjado que era bastante raro em Londres.

– Emily... Eu posso te pedir uma coisa? – Rebecca virou-se de repente, nervosa, para encarar a menor. – Sei que você não gosta de contato e enfim... Mas você dançaria comigo?

A morena ainda estava tentando entender de onde tinha surgido toda aquela coragem. Coragem que ela queria ter tido desde a festa na noite anterior. Emily olhou em seus olhos e já ia dizer que na verdade gostava sim do contato dela, mas foi interrompida por Rebecca que murmurou um “por favor” assim que ela fez menção de abrir a boca.

– Vamos dançar aqui, no meio da rua? Vamos dançar o que? Como? – Emily perguntou confusa, mas na verdade as respostas para aquelas perguntas não importavam para ela. Queria mesmo era dançar com a maior, não importava nada.

– Você me disse que não teve um baile de debutante... – Começou a morena tropeçando um pouco nas palavras – Então eu pensei que talvez quisesse ter um, meio atrasado eu sei, aos dezoito?!

– Adoraria... Dançar com você. – sorriu. Dessa vez conseguiu fazer isso sustentando o olhar da outra.

Rebecca sorriu de volta e correu para o carro. Pegou seu cabo auxiliar e conectou ao próprio celular. Escolheu a música e aumentou o volume do som até ver Emily sorrindo quando escutou as primeiras notas do piano de “The way you look tonight”.

A morena se aproximou devagar com um sorriso tímido de lado que aumentou a proporções enormes quando Emily abriu os braços em posição de valsa em um convite para que ela se aproximasse. E foi exatamente o que fez.

Entrelaçou os dedos nos da mais nova e com a outra mão segurou firme na base de suas costas. As duas começaram a se balançar no ritmo lento da música, sem se importarem em fazer grandes passos de valsa. Bastava o básico. Bastava estarem dançando juntas. Emily passou a mão livre para os ombros da morena e repousou a cabeça em seu peito, que era exatamente a medida de sua altura. Sorriu ao ouvir que o coração dela batia tão forte quanto o seu. Deus, o que está acontecendo comigo? Era a pergunta que rondava a cabeça de ambas como se fosse uma mariposa procurando a luz. Não importava... Nada importava.

Dançar com Emily tinha sido uma experiência completamente diferente na vida de Rebecca. Tê-la em seus braços e ao mesmo em tempo que queria poder ficar para sempre daquele jeito, ao mesmo em tempo que queria poder tocar seus lábios com os dela, tudo o que ela queria era proteger a outra e de alguma forma assegurar-se de que ela nunca deixasse de sorrir.

Rebecca chegou a seu apartamento e o relógio já marcava dez e meia da manhã, o sol já estava relativamente forte, mas ela não havia dormido e estava cansada. Deitou-se em sua cama depois de fechar a porta do quarto e lembrou-se de deixar Emily em casa depois de tudo o que passaram naquele dia. Recordou com detalhes o momento em que a colocou deitada na cama, cobriu com o cobertor e beijou-lhe a testa em despedida. Sorriu com memória da voz embargada, pelo sono, de Emily agradecendo pela noite e repetindo pela segunda vez o quanto tinha gostado de conhecê-la.

E foi com aquele sorriso bobo no rosto que a morena adormeceu, rodando um filme com os últimos acontecimentos em sua cabeça.


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Notas finais do capítulo

Primeiramente: Boa noite.
Segundamente: Sim, "The way you look tonight" é em homenagem a Clarina. Sim, porque sim. Sou uma artista. (by: Tainá Muller)
Enfim, espero que tenham gostado e aguardem novas emoções... Tem muita água pra rolar em baixo dessa ponte auehuaheuaeh ;)