Presente do Inverno escrita por Taichan


Capítulo 19
Problemas?


Notas iniciais do capítulo

Respirem, esse é o penúltimo capítulo(o próximo será o epílogo)



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"Nada dura para sempre, nem mesmo as melhores máquinas."

— O Herói Perdido


Era noite. Estrelas brilhavam no céu com tanta intensidade que pareciam querer cair. A lua cuspia luz branca, refletindo na água congelada que Angelina havia caído há dias, ou semanas, na verdade. Hoje já comemorava-se o natal em suas casas — em suas casas, repito. No acampamento havia banquetes, frutas, churrasco, festas, mas os campistas não pareciam lembrar-se que hoje era natal para os mortais. Ainda assim, Lee desafiara as companheiras para ficarem acordados até tarde, quebrando uma regra do acampamento. Mas Lucy não ouviu, pois foi automático deitar na cama e dormir feito pedra. Isso não indicava ser problema algum, até ela virar de papo para o ar e roncar feito uma motosserra. Houve algumas risadas dos amigos, mas logo conseguiram ignorá-la, ouvindo apenas a lareira crepitar e Anny cantar This Is How We Do baixinho. Aquela música não conseguia sair de sua mente.

Fletcher havia acendido a fogueira, soltando fumaça pela chaminé e mantendo as luzes apagadas. O pinheiro de Thalia que semideuses anônimos enfeitaram no dia do desafio ainda pairava ali, brilhante e solitária, mas acompanhadas pela lua e as estrelas. Angelina, perto do fogo por causa da iluminação que ela proporcionava, desenhava em lápis perto de Fred, que escrevia uma poesia.

Deveria ser meia-noite quando ouviram batidas na porta. Não houve tempo de apagar a fogueira, apenas pularam em suas camas e fecharam os olhos, fingindo dormir — menos Lucy, porque bem, ela já estava cochilando. Mas essa não foi a única batida, porque depois dessa houve uma batida no chão. Eram barulhos de cascos. Entreolharam-se e o conselheiro levantou-se, abrindo a porta devagar. Antes pensaram que fossem harpias, mas elas não possuíam cascos. Deparou-se com Henry carregando algo nas mãos. Duas caixas, cada qual extensa. Eram presentes?

— Posso entrar? — perguntou o sátiro. Entrou com um assentimento na cabeça do conselheiro. — Queria dar um presente para cada um de vocês, mas eu só pensei nesses.

Caminhou até a lareira e entregou um pacote à Angelina, depois aproximou-se de Anny e entregou-lhe. Ela rasgou com toda vontade possível e deparou-se com um arco dourado, cortado artesanalmente em folhas e raízes.

— Refletido no sol, ele brilha — disse Henry, quase inexpressível. Ele parecia um mendigo com a barba ruiva por fazer, mostrando mais uma vez a Anny que ele tinha um problema.


O refeitório estava sempre com a mesma quantidade de campistas. Não estava lotado, não estava vazio. Como dizia Fred, "só estava". Acabaram não se deparando com Henry, como sempre acontecia no almoço. Mas depois dali havia treino de arco e flecha para Anny, onde Henry sempre observava-a praticar. Possivelmente, fora daí que ele arranjou a ideia de dar-lhe o arco.

No caminhou, sentiu um cheiro de fumaça e seguiu o cheiro. Vinha do anfiteatro, onde um campista — qual mais tarde saberia que era o amigo que acompanhou Franklin Clark, amigo de Henry, para a missão — segurava uma tocha acima da cabeça, preparando-se para queimar uma bandeira. Lembrando-se do treino, correu de volta para seu ofício.


Apontou o arco, esticando a corda na boca. Permaneceu com os dois olhos apertos e prendeu a respiração. Soltou a corda e a flecha voou, raspando na parte vermelha do alvo. Novamente. Pela quinta vez. Voltou-se em direção ao sátiro que sempre ficava desligado no treino, mas sempre estava lá a observando, talvez com o propósito de avaliar. Ligou-se no final e a aplaudiu, admirando-a que estava muito bem e que já era profissional.

— Não, Henry — ela disse, preocupada. — você não viu para dizer isso. O que está acontecendo? O que está te preocupando?

Henry parou subitamente com a respiração. Seu olhar de dezesseis anos parecia ter passado para os trinta. Sua cabeça parecia funcionar como uma máquina enferrujada. Quando voltou a respirar, pareceu que acabou de pisar em um degrau que não estava ali. Abriu a boca para responder quando um campista chegou ofegante perto dele, com os olhos indicando desespero, pena, talvez culpa.

A frase entalava na garganta do garoto. O que viria seria um tiro no coração. Um tiro quase literal para Henry. A bandeira que Anny havia visto queimar... A bandeira era...

— Seu amigo... — tentava contar o rapaz, ofegante. — Franklin Clark está... Franklin está morto, Henry...


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Notas finais do capítulo

Aqui eu não falei qual era o outro presente(da Angelina), mas era um quadro do Claude Monet, que tem umas artes muuito boas.



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