"Era uma situação curiosa, de que alguma coisa pudesse estar tão próxima e tão distante ao mesmo tempo."

— Desventuras em Série

Os semideuses voltavam ao chalé sete com o sátiro. Pretendiam ajudar com as ideias e os preparativos, mas Lucy estava fora da realidade...

— Vamos ser piratas! — palpitou ela. — Içaremos velas e cantaremos músicas piratas. Yo ho ho, uma vida de pirata para mim!

— Temos uma hora para montar uma estratégia — lembrou-lhe Henry. — sendo assim, não teremos tempo para bobagens... — Foi quando Angelina precipitou-se ao entrar no chalé, deparando-se com o conselheiro e um outro membro, que em uma tela branca, desenhava o molde de um navio pirata.

— Caveiras em velas, belas e... — ia dizendo o garoto ao lado de Fletcher.

Lucy riu escandalosamente. Henry, indignado, protestou:

— Não criaremos droga de navio algum!!

Mesmo ele não sendo do chalé, Fletcher considerou e deu de ombros.

— Eu avisei, Fred. Vamos o barco de madeira do ano passado.

E dirigiu-se para fora do chalé, possivelmente indo atrás do barco. Fred seguiu atrás.

— Aquele barco velho?! — resmungava — Mas ele não durará...!

Sua voz dissipou-se com a distancia. Após algum tempo, os dois garotos trouxeram um barco velho e desgastado, aparentando ter umidificado pelo tempo. Se duvidassem, caso o tocassem, ele despedaçaria em mil pedaços.

Observando os olhos de Henry, Fletcher assegurou:

— Calma! Pegamos algumas ferramentas e agora podemos poli-lo.

— Eu posso desenhar uma bandeira pirata, caso queiram — disse Angelina, animada.

Não só Angelina, mas Lucy e Anny começaram a se empolgar. Polindo o barco até o último, as garotas deram uma grande ajuda enquanto Fletcher tramava planos com Fred; Henry fora pegar armamentos para as novas campistas e Angelina pintava uma caveira em uma bandeira branca.

Inclinando-se para trás, Angelina terminou seu trabalho com a tinta preta e a colou ao lado do barco, onde já estava polido. Lucy quis que colocassem em um topo mais alto, mas seria impossível — sem saberem montar algo direito, caso colocassem uma coluna para por a bandeira no barco, ele poderia ficar pesado de um lado e virar. Ainda mais, mesmo que tentassem colocar no centro, iria atrapalhar.

Faltavam dez minutos. O barco estava terminado de ser polido e Henry armava Angelina com uma espada e um colete salva-vidas. Fletcher e seu amigo, por mais que haviam discutidos coisas que mais tarde foram descartadas, eles acabaram parando em nada. Era só um desafio, certo?

Errado. Mal eles sabiam o que os aguardavam. Com Lucy de adaga, faltava Anny se armar: mas ela não se estava dando muito bem com nada. Foi quando Henry entregou-lhe um arco do fundo da caixa de armas e deu-lhe uma flecha teste. Acertando um alvo com prioridade, ela mostrou-se boa, sendo o suficiente para distrair alguém a derrubar no lago. Com um plano infalível(onde requiria que Anny conseguisse ao menos distrair com o arco e flecha, assim dando para eles derrubarem os oponentes no lago), saíram do chalé, carregando o barco para o lago. Lá encontravam-se já alguns chalés, entre eles haviam botes e canoas, além de outro barco que chegava. Na arquibancada, além de Quíron, alguns sátiros e ninfas, as filhas de Afrodite se plantavam ali. Não pareciam querer estragar o cabelo.

Angelina observou os barcos em sua volta. Antes ela pensara que realmente era um simples desafio, que daria graça em ver alguém cair. Mas pelo jeito, nem ela iria cair. Seria massacrada antes, pois ao lado direito, uma canoa preta com moldura grossa escrito "ARES" em vermelho, semelhante a sangue, chamava-a a atenção. Ao lado da canoa, pessoas com caras duras conversam, com espadas grandes e violentas.

— Aprontem-se! — gritou Quíron para os participantes.

Como divertimento, Lucy subiu no barco e esperou que empurrassem até o lago. Encararam-a revoltados, mas puxaram aquela madeira, que ganhara peso, até a água. Lucy permaneceu de pé no percurso, rindo e cantando.

— Yo ho, yo ho, uma vida de pirata para mim! Nós pilhamos, nós saqueamos, e nós assaltamos tudo! Esvazie seu copo, companheiro, yo ho! Yo ho, yo ho, uma vida de pirata para mim. Nós extorquimos, nós chantageamos, nós colocamos tudo no saco!

Alguns semideuses olharam para ela e sorriram. Segundos antes, quando seus amigos a olharam com raiva por ter que empurra-la ao lago, conseguira mais risadinhas do povo. Acho que sua idiotice agradara.

Fletcher e as amigas de Lucy subiram. Fred recusou-se, pois apesar de não querer participar do desafio, só poderia quatro participar de cada equipe. Aguardaram o sinal, e com uma tromba de caramujo soando, Fred deu o impulso certo no barco. Como os outros, foram obrigados a remar, assim como a atividade de canoagem do acampamento requeria.

Um bote verde surgiu ao lado dos de Apolo. Só havia dois membros, uma aparente desvantagem, mas as duas garotas que ali dentro estavam fizeram uma armadilha. Em seu bote estavam enfeitadas flores e plantas belas, mas enquanto se pensa que são enfeites, elas o atacam. Segurando o barco do chalé 7 com suas raízes, onde Lucy cantava baixo músicas piratas, tentaram virá-lo. Tolice! Angelina cortou as raízes e Anny as distraiu, jogando uma flecha entre a garota em pé. Ela agachou-se na altura da amiga que remava, e, quando levantou, levou um chute da sola de Fletcher. Errado para um homem, mas assim que ela caiu no lago, recebendo vários gritos da platéia, ele pulou no bote de Deméter, que surpreendentemente estava colado no dele. Apontou a espada a garota que remava e sorriu, mas fora tarde. Ela levantou-se com um chute de lado, desequilibrando-o. Ele balançou os braços no ar, mas ela empurrou-lhe o ombro antes que Lucy agisse.