Devia ser quase onze horas da noite, quando Emma acordou. Sua cabeça latejando de dor. Ela demorou um pouco até perceber que estava em seu apartamento e tomou um enorme susto quando se deu conta de que alguém dormia em seus braços e que esse alguém era Regina. A loira sorriu para aquilo e com o maior cuidado do mundo saiu dali e foi até a cozinha. Pensou em preparar um café, mas como já era tarde e ela precisava dormir depois, resolveu preparar só um chá. Após ter tomado tudo, Emma tentou se lembrar do que tinha acontecido, mas só vinham vagas imagens na sua cabeça, que ela não conseguia estabelecer uma ligação.

Emma ficou um tempinho na cozinha, encarando o nada, quando seu estômago começou a roncar. Ao contrário do que normalmente ocorre durante uma ressaca, estava morta de fome, mas não era fome de qualquer coisa. Alcançou um telefone que ficava na cozinha e fez seu pedido. Enquanto esperava, foi até o quarto sem fazer barulho, pegou uma roupa e foi para o banheiro. Seu cabelo já estava quase totalmente seco, portanto ela fez um coque frouxo e voltou para a sala. Quase que no mesmo instante, tocaram a campainha. A cantora pagou e levou a pizza e a coca-cola para a cozinha.

Com o som alto da campainha, Regina acordou e logo percebeu que a cama estava vazia. Ela se sentou e deu uma boa olhada pelo grande e escuro quarto, iluminado apenas pela luz do banheiro. Emma não se encontrava em nenhum dos dois lugares e com medo que ela pudesse ter fugido novamente, a morena se levantou abruptamente e caminhou depressa até a sala, indo direto para a cozinha assim que ouviu um barulho. Ficou feliz ao encontrar Emma lá, arrumando a mesa com certa dedicação.

– Pizza a essa hora?

Regina perguntou com divertimento.

– Oi Regina.

Emma falou com um sorriso.

– Eu não tinha visto você aí. Já estava indo te chamar.

– Quer ajuda?

– Não precisa, eu já terminei.

A loira disse apontando para uma cadeira e se sentando na sua própria, sendo logo acompanhada por Regina.

– E respondendo a sua pergunta, eu estava morrendo de vontade de pizza. Como eu não sabia qual sabor você gostava, eu pedi inteira de mussarela. É a minha preferida.

– É a minha preferida também.

Regina sorriu.

– Sério?

– Uhum.

– O Scott diz que é o sabor mais sem graça, porque todo mundo gosta e não tem um diferencial.

Emma comentou enquanto colocava um pedaço no prato da morena e em seguida no seu.

– Killian fala a mesma coisa, mas eu não concordo.

– Eu também não. Acho que a graça da mussarela está em ser simples.

– Exato.

– E extremamente gostosa.

A loira piscou e as duas começaram a comer. Já estavam no segundo pedaço, quando Emma se pronunciou novamente.

– Eu te dei muito trabalho?

– Não.

– Regina, é sério, pode me falar a verdade.

– Só um pouquinho.

– Desculpe, mesmo.

Emma falou escondendo o rosto ruborizado com as mãos.

– Ai meu Deus, que vergonha!

– Ei, acontece, já passou. O importante é que você está bem agora.

Regina sorriu.

– Mas quem quase morreu do coração foi o Scott.

– Imagino.

A loira respondeu se sentindo culpada por ter deixado o empresário tão preocupado.

– Mas eu precisava ficar sozinha, entende?

– Eu fiquei sabendo da notícia, mas olha, podem ser só boatos.

Regina tentou consolá-la.

– Conversei com a Zelena hoje e ela não confirmou nada, mas também não negou nada. Depois, eu resolvi pedir um tempo pra ela.

– E como ela reagiu?

– Não demonstrou nem metade daquele desespero todo, o que me faz ter certeza de que ela e aquela garota das fotos têm alguma coisa.

Uma lágrima solitária escorreu do rosto de Emma e a morena segurou a mão dela por cima da mesa.

– Eu realmente sinto muito.

– Está tudo bem.

Emma apertou a mão de Regina, que logo sugeriu:

– Não vamos mais falar sobre coisas tristes, o que acha?

– Concordo.

A loira deu um sorriso torto.

– E voltar para essa pizza maravilhosa.

– Com certeza.

Assim que terminaram de comer, Regina ajudou Emma com a louça e depois elas voltaram para cama e ficaram conversando.

– Obrigada por ter cuidado de mim.

Emma falou encarando o teto.

– Você é realmente incrível.

Dessa vez, falou olhando para Regina e lançando aquele sorriso encantador na direção dela.

– Era o mínimo que eu podia fazer. Você já me ajudou tanto.

Regina respondeu sorrindo.

– Você acredita em destino?

A loira perguntou após alguns segundos de silêncio.

– Acredito. E você?

– Eu também. Pode parecer meio bobo o que eu vou falar agora, mas eu acho que quando uma pessoa entra na vida de outra, sempre existe algum porque.

– Sério?

A repórter disse surpresa.

– Sério.

– Eu penso totalmente assim. Só nunca encontrei alguém que concordasse comigo.

As duas sorriram e sustentaram um olhar. Regina não soube explicar o porquê, mas o clima naquele quarto estava tão bom, tão leve, tão verdadeiro. Na mesma hora, o rosto de Killian veio a sua cabeça. Não que ela estivesse reclamando de seu noivado, mas eles eram tão diferentes, não concordavam em quase nada, portanto aquele tipo de papo ou interação seria muito difícil de acontecer entre os dois. Ela foi tirada de seus devaneios por Emma.

– Tudo bem?

– Tudo. Eu estava perdida em pensamentos. Desculpe.

– Pensamentos? Hum! Sobre quem?

A cantora perguntou curiosa.

– Você ficaria surpreendida se eu dissesse que são sobre você?

– Sobre mim?

– É.

– O que você pensa sobre mim?

Emma mordeu o lábio inferior de um modo extremamente sexy, deixando a mulher ao seu lado hipnotizada.

– Ah...isso eu não posso falar, se não perde a graça.

A morena deu uma pequena risada.

– Mas são coisas boas?

– Ótimas.

Regina sorriu.

– Sabe, amanhã vai ter um jantar social na casa de um empresário amigo do Scott.

Emma começou tomando coragem para fazer o pedido a seguir.

– E eu queria muito que você fosse, mas não só como repórter e sim como minha...acompanhante.

– Mesmo?

– Aham. Você aceita?

– Claro. Vai ser um prazer.

– Que bom!

A loira exclamou extremamente contente.

O relógio marcava uma hora e meia da manhã quando as duas decidiram voltar a dormir.

– Boa noite Regina.

– Boa noite Emma.

Regina se inclinou e deu um beijo carinhoso na bochecha da garota, pegando-a de surpresa, mas deixando seu quebrado coração um pouco mais reconfortado e fazendo um sorriso surgir em seus lábios.

***

No dia seguinte, assim que Emma entrou em sua suíte do hotel, Scott a esperava e quando a viu, foi correndo em sua direção e lhe deu abraço apertado.

– Você quase me matou de preocupação!

Scott encheu a loira de beijos, alternando com abraços esmagadores.

– Nunca mais faça isso de novo, ouviu? Nunca mais!

O empresário falou se distanciando, com os olhos cheios de lágrimas, que ele fazia um grande esforço para não deixar cair.

– Desculpa Scott. Eu te amo muito, ok?

Emma disse se aproximando e abraçando-o novamente.

– Eu também.

Enquanto isso, Regina entrava em seu apartamento. Pensou que Killian estaria lá, dormindo, mas apenas encontrou um bilhete em cima da cama, avisando que ele tinha ido para a empresa. Ela e Emma já haviam tomado café no Starbucks e combinado de se encontrar depois do almoço. Por falar em Emma, ela era a única pessoa que vinha a sua cabeça durante o banho quente que tomava. A conversa que as duas tinham tido na noite interior ainda estava viva na mente de Regina, que não conseguiu se impedir de sorrir diante daquilo.