Emma falou assim que terminou de arrumar as coisas.

— Tudo bem.

Quando Regina notou onde a loira estava levando-a, soube que a garota já confiava totalmente nela.

— Sabe, eu simplesmente amo esse apartamento, mas essa sala aqui é sem dúvida a minha preferida.

A repórter não pôde deixar de abrir um sorriso ao ouvir aquilo. Parecia que havia voltado no tempo, mais especificamente para o dia em que Emma tinha lhe mostrado seu refúgio secreto.

— Isso aqui é incrível!

— Obrigada.

Emma sorriu e fez um sinal com a mão.

— Entra.

— Acho que nunca vi tantos instrumentos juntos e você toca todos eles!

A morena comentou animada.

— Assim eu fico sem jeito.

Emma deu um sorriso tímido.

— Falando em instrumentos, você toca?

— Te confesso que tentei vários, mas nunca me dei bem com nenhum.

Regina falou em um tom divertido, fazendo uma careta, o que fez a cantora rir.

— Minha namorada me deu uma aula de piano há algum tempo atrás. Temo que não tenha funcionado.

— Então vamos ver isso agora.

As duas se sentaram lado a lado no banquinho do piano.

— O que ela te ensinou?

— Você quer eu toque?

— É claro!

Regina congelou na hora, pois o trecho da música que sabia era da própria Emma. Como explicaria isso pra ela? A morena respirou fundo e tocou algumas teclas, vendo o sorriso no rosto de Emma aumentar de tamanho.

— Teenage dream!

A cantora exclamou assim que Regina parou, afinal, ela não sabia a música toda.

— Então quer dizer que você e sua namorada curtem minhas musicas?

— Sim!

— Por que não me disse antes?

— Ah, eu não queria que você pensasse que eu era só mais uma fã maluca.

— Mas eu amo meus fãs e, aliás, você é bem mais que isso.

Emma corou ao perceber o que tinha falado, o que fez Regina sorrir.

— Então...toca comigo?

— Emma, eu sou péssima.

— Não é não. Vamos? Por favor.

A loira fez um beicinho extremamente fofo e Regina não teve como resistir.

— Tudo bem.

Regina sorriu e seguindo as instruções de Emma, conseguiu ir acompanhando-a. As duas passaram à tarde inteira tocando, rindo e conversando. Emma se sentia tão bem. O mesmo podia ser dito de Regina, que a cada dia ficava mais confiante que conseguiria reconquistar o coração da cantora.

***

Depois que deixaram o estúdio particular de Emma, ela resolveu tomar um banho, enquanto Regina se dirigiu para a sala. A morena estava prestes a se sentar no sofá, quando o telefone começou a tocar.

Ligação On:

— Alô?

— Emma?

— Não, dear. Ela está no banho.

— Você deve estar adorando né?

Zelena falou em um tom irônico do outro lado da linha.

— O quê?

— Você está aí sozinha com a Emma, podendo fazer qualquer coisa que quiser, se aproveitando dela.

Assim que terminou, a modelo ouviu Regina soltar uma gargalhada.

— Desculpe, mas eu acho você está nos confundindo. Caso não se lembre, foi você quem se aproveitou da falta de memória da Emma para voltar para a vida dela.

— Não venha me culpar por ela não se lembrar de você! Será que não percebe? Se você fosse realmente importante, ela se lembraria, mas a verdade é que você não passa de uma vadiazinha que a Emma usou para se divertir.

— Cala a boca, Zelena!

— Só que aí ela descobriu que você estava grávida e como a Emma é uma pessoa muita boa, resolveu ficar com você...por pena! Você e essa criança são um atraso na vida da minha namorada! Ela não te ama de verdade, melhor aceitar isso.

— Você não tem o direito de...

Antes que Regina terminasse a frase, sentiu uma forte contração e soltou o telefone, tendo que se apoiar no sofá. Sua cabeça girava e as palavras de Zelena ecoavam em sua mente. A repórter não enxergava mais nada nítido e de repente, tudo ficou preto.

***

— Em...ma, onde estamos?

A morena perguntou em um tom de voz baixo.

— No hospital. Você desmaiou e...

— Emma, você não devia ter me trazido para cá. Você ainda não está liberada para sair de casa!

— Ei, calma. Eu estou bem e quero que você fique também.

Emma falou com um sorriso doce nos lábios.

— Mas...

— Mas nada. Agora fica quietinha aqui que eu vou chamar o médico.

— Tudo bem.

Dentro de alguns minutos, um senhor de cabelos grisalhos entrou no quarto e começou a se aproximar da cama, onde Regina já se encontrava sentada.

— Boa noite senhorita Mills.

— Boa noite.

— Você está melhor?

— Estou sim.

— Que bom! Então você vai poder ter alta daqui a pouco.

O médico abriu um sorriso.

— Mas nada de muito esforço daqui para frente. Pelo que pude ver, a senhorita já está no oitavo mês de gravidez e isso requer muito cuidado.

— Pode deixar, doutor.

— Daqui a uns quinze minutinhos você já vai poder ir pra casa, ok?

— Obrigada.

— Por nada.

O médico assentiu com a cabeça e saiu do quarto, voltando a deixar Regina e Emma a sós.

— Emma, me desculpa. Eu nem sei com que cara olhar para você agora.

A morena comentou envergonhada.

— Eu devia estar cuidando de você e...

— Regina...

Emma a interrompeu e segurou a mão dela, se sentando na beirada da cama.

— Você está cuidando muito bem de mim. Eu estou ótima.

A cantora sorriu de uma forma carinhosa.

— Acho que está mais que na hora de retribuir.

— Emma, não precisa...

— Me deixa cuidar de você.

Regina não pôde deixar de sorrir de volta, principalmente depois do que tinha acabado de ouvir.

— Eu...

— Por favor.

Emma fez um biquinho manhoso.

— Tá bom, você me convenceu. Eu só não quero te dar trabalho.

— Não vai. Pode ficar tranquila.

— Obrigada.

A repórter apertou a mão da garota carinhosamente.

***

Uma semana se passou e mesmo já podendo sair de casa, Emma não quis nem botar seus pés para fora. Estar com Regina era mais que suficiente. A loira se sentia tão leve, tão bem, tão protegida. As duas não se desgrudavam mais. Cozinhavam juntas, tinham as refeições juntas, assistiam televisão juntas, tocavam juntas e conversavam...conversavam muito. Emma mal lembrava que Zelena existia, apesar da mesma ligar sempre, e em meio de uma noite em que não estava conseguindo dormir, começou a pensar sobre isso. Não era normal se sentir daquele jeito. Quer dizer, ela sentia bem com a namorada, mas faltava alguma coisa. Só não sabia o quê. Estava vivendo um conflito interno, afinal, não tinha mais certeza se amava Zelena. Tinha um grande carinho pela ruiva, mas não era a mesma coisa do que se lembrava, parecia que algo havia mudado e Emma desconfiava que esse algo fosse um alguém, ou melhor, Regina. A loira sentia que as duas tinham algum tipo de ligação, apesar do pouco tempo que se conheciam e do pouco que conviviam juntas. Foi então que Emma se levantou de sua cama e bateu no quarto de hóspedes. Precisava de conselhos, mesmo que fossem da pessoa que estava abalando suas estruturas.

— Podemos conversar?