Nos dois dias que se seguiram, as pequenas coisas extraordinárias já estavam se tornando comum. Molly recebeu mais duas cartas e um ursinho de pelúcia. Nas cartas estavam escrito:

“Tem como você ser mais linda?”

E...

“Se toda vez que eu te mandar alguma coisa você sorrir o dia todo, então mandarei todos os dias!”

Aquilo já estava a deixando neurótica, ao ponto que Molly já não estava mais se importando com os presentes. Seu admirador secreto precisava aparecer. Naquele dia, depois de recolher outra carta, ela pendurou um bilhete dentro do armário dela.

“Por que não revela sua identidade?”

Fechou a porta e torceu para que surtisse algum efeito.

Enquanto pensava em infinitas possibilidades sobre a identidade do seu admirador, Molly não notou que duas pessoas acabavam de entrar no laboratório.

– Molly! – chamou a voz de Mike Stanford.

– Mike! – exclamou surpresa. – Não ouvi você entrar!

– Eu notei! – respondeu sorrindo amigavelmente – Se importa se eu e o Dr. Richard utilizarmos o laboratório com você hoje?

Molly reconheceu o homem ao lado de Mike. Já o tinha visto a distância algumas vezes, e talvez até falado com ele sobre algum assunto do qual não se lembrou naquele momento.

– Problema nenhum! Por favor, fiquem à vontade!

Mike e Richard se postaram do outro lado da mesa e Molly retomou suas análises. Todos trabalhavam silenciosamente, mas Molly estava se sentindo terrivelmente incomodada, foi quando notou os olhos do acompanhante de Mike em cima dela. Ela acenou cordialmente com um movimento de cabeça, e ele retribuiu, mas não tirou os olhos dela, mesmo quando ela virou o rosto por outro lado. Aquilo a estava realmente deixando sem-graça, afinal, ele pelo menos poderia ser menos obvio, afinal, Mike estava lá. Molly então decidiu organizar suas coisas, e mentindo, dizendo que já havia terminado seu trabalho, despediu-se dos dois colegas.

– Foi um prazer vê-la, Srta. Hopper! – despediu-se o médico enquanto ela abria a porta.

Molly apenas lhe deu um sorriso sem graça e saiu.

O que havia acontecido agora há pouco? Aquele médico estava realmente flertando com ela, ou teria sido só ilusão? Então, uma ponta de desconfiança cutucou-a, seria ele seu admirador secreto? Eles não se conheciam direito, então fazia sentido que ele não assinasse os presentes. Empolgada com a sua descoberta, mandou um sms pra Sherlock.

Acho que descobri quem é meu admirador secreto! MH

E antes que chegasse ao fim do corredor onde estava, ela recebeu a resposta.

Venha para Baker Street! SH

Molly riu. Apesar de não entender a urgência do detetive, achou engraçada a forma como ele parecia desesperado na resposta. Iria para lá assim que seu expediente acabasse. Passou no vestiário antes de descer para o necrotério, e teve uma surpresa ao abrir seu armário.

O admirador respondera ao bilhete que ela havia deixado.

“O que vai fazer se eu não for quem você espera?”

Dessa vez as palavras não estavam impressas, mas sim coladas por várias letras diferente, retiradas de revistas e jornais. Passou a mão no papel, a cola ainda estava molhada.

– Ele não teve tempo de imprimir! – deduziu.

Seus olhos percorreram o armário e recaiu em um envelope, o comum envelope que ela vinha recebendo há quatro dias.

“Definitivamente, você é linda quando sorri!”

Molly guardou o envelope. Sua empolgação diminuiu. Não poderia ser Richard, ele havia passado a última hora com ela no laboratório, e seu admirador havia acabado de sair do vestiário. Pegou seu celular.

Alarme falso! MH

Ela escreveu uma resposta para o bilhete de letras coladas.

“Quem disse que eu espero por alguém?”

Fechou seu armário e desceu para o necrotério, desanimada. Tinha tanta certeza de que era Richard, e suas deduções fora, como um banho de água fria naquela certeza. Bem que Sherlock falava que não devemos ter certeza antes de juntarmos todos os fatos, agora ela entendia o porquê. Era realmente frustrante receber um lampejo de certeza e ter ela apagada repentinamente e incontestavelmente por fatos. E falando no diabo.

Venha para Baker Street mesmo assim! SH

Uma mensagem mais demorada para chegar que a última, mas ela tinha planos de ir para Baker Street, mesmo tendo errado. Afinal, ainda queria ouvir a opinião de Sherlock a respeito.