Cinde...rela? escrita por Devvy


Capítulo 6
Boas notícias


Notas iniciais do capítulo

Muitíssimo obrigada ao Dkred por favoritar a minha história e a Dreamy Impossible pela recomendação. Quando li, quase chorei ;=;
Bom, vamos a história!
Boa leitura!



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Dia XX/XX/18XX

Três badaladas na igreja.

Alguém morreu.

Havia muito tumulto quando sai de casa. Todos comentando sobre o que estava acontecendo e quem havia morrido. Subiu um frio na espinha ao me lembrar de apenas alguns dias atrás.

–Quem poderia ter cometido tal barbaridade?- Falava Senhora Ellie em prantos enquanto seu marido tentava, inutilmente, consola-la. - Ele era um menino tão bonzinho...

Senti vontade de dar uma tapa bem dado na cara daquela mulher. Ele era tudo, menos “bonzinho”.

O corpo de Mark foi encontrado no mesmo lugar que o deixei. Ele tinha algumas marcas de mordidas pelo corpo, provavelmente algum animal de rua, e algumas larvas no seu rosto deformado. Senti uma repugnância ao olhar para o rosto do maldito. A noite de alguns dias atrás me deu ânsia e a voz estridente de sua mãe a chorar me irritava. Me afastei do lugar eu era capaz de mata-la para que ela calasse a porcaria da boca.

[...]

Alguns minutos depois o pai de Mark aproximou-se do lugar onde eu havia sentado para me acalmar.

–Você está bem?-Ele perguntou, pude sentir a tristeza em sua voz.

“Se eu estou bem?! Estou ótima! O cara que me estupro há apenas alguns dias atrás está morto! Graças a mim! Minha mão corre o sangue daquele imundo!”– pensei em responder. Mas apenas fiquei calada, não era muito boa em mentir e agora que cada um dos moradores da vila eram suspeitos, qualquer vacilo eu seria a principal suspeita.

Ele me abraçou, senti o mesmo cheiro de Mark, não o cheiro de álcool, parecia cheiro de hortaliças, não sei ao certo.

–Sei que está sofrendo com a morte de meu filho. Ele a amava sabia?

Raiva subiu ao meu corpo novamente. Podia eu estar morta naquele momento. Como ele podia me amar? Aquilo não era amor! Era doença! Continuei calada apenas esperando no que aquela conversa coberta de mentiras ia resultar.

Ele ficou me encarando bom um bom tempo com expressão de clara tristeza, tentei forçar um rosto triste ou quem sabe, apenas uma lagrima... Não adiantou em nada. Ainda o odiava e não conseguia expressar nada além disso.

Eu estava prestes a falar qualquer desculpa para poder me retirar quando a mãe de Mark aparece. Chorando (obviamente).

O pai de Mark olha sua esposa e faz sinal para que ela se sentasse ao seu lado e, ela o faz. Aproveito o momento oportuno e fujo daquela infelicidade fingida que tentei esboçar.

[...]

Madame Claire esta observando o janela, provavelmente a bagunça que ocorria lá fora. Ela estava silenciosa e pensativa. Na sala só podia ouvir o cantarolar baixo de Hellen e o correr do pano nas peças de madeira,quando Anna abre a porta ofegante:

–Vocês ouviram? Mark foi encontrado morto!

–Mark? Que Mark? Aquele pobretão filho do dono de verduras? Ah, não me interesso por ele.- Hellen respondeu. Ambas falavam alto.

Silêncio!– Uma voz estridente cortou a sala, Madame Claire estava irritada.

Engoli a seco, coisa boa é que não ia vir.

–As duas, saiam. Agora!

Anna e Hellen estavam pálidas e saíram tão rápido quanto puderam deixando assim eu sozinha com Madame Claire.

–Você não acha estranho, o corpo de Mark ter sido descoberto poucos dias depois de você ter chegado em casa muito tarde?

Fiquei em silêncio e encarei o chão. Pude ouvir o sapado de Madame Claire estalar, ela estava longe de mim e se aproximava devagar.

–Você não acha estranho, ter voltado com um suporto “corte” causado pela planta em seu rosto?

Mantive-me em silêncio. Não se havia resposta. Respirava fundo, sentia que ia explodir de raiva. Não gostava de ser pressionada.

RESPONDA-ME!

–O que é que você está pensando sua velha maldita?- Acho que essa não era a resposta que ela queria. Ela me olhou com o mesmo olhar quando arrancou meu olho. Um olhar de fúria e desprezo. Ela estava cada vez mais perto de mim.

–Maldita... Você nunca aprende... –Eu estava cara a cara com ela.

Ela pegou o vaso de cerâmica que estava a poucos centímetros de distancia de suas mãos e quebrou-o em minha cabeça. Apaguei imediatamente.

[...]

Setenta chicotadas. Eu estava amarrada pelas pernas e pelos braços. Estava jogada no chão quando ela me bateu.

Uma... Duas... Três...- O barulho era do chicote era abafado em minhas orelhas, meu corpo estava queimando. Pude sentir o sangue brotar da minha pele.

Quatro... Cinco...- Ela não amarrou minha boca, eu gritava. Gritava muito. Logo minha garganta queimava de dor.

Seis... Sete... Oito- Não sei até que numero foi... Desmaiava e acordava repetias vezes.

Setenta...- E depois ela parou, ofegante, ela segurou-me pelos braços, eu estava tonta pela falta de sangue e não conseguia me controlar muito bem. Ela me carregou até uma banheira. Com os olhos entre-abertos não vi diferença nenhuma na água. Até encostar minhas feridas nela. Sal. Havia muito sal na água. Gritava de dor, e quanto mais eu gritava mais ela me segurava para eu não sair. A água clara da banheira rapidamente se transformou num vermelho escuro.

–Vou lhe perguntar... O que você fez naquela noite? -Ela segurava-me pelos cabelos.

–Vai pro inferno, sua bruxa!-Respondi entre um grito e outro.

Ele afundou minha cara na água, eu me debati com força conseguindo me libertar das mãos dela. Com a força que eu fiz, virei a banheira, derramando toda a água vermelha e me jogando no chão. Tossi ferozmente em busca de ar. Fechei os olhos por alguns segundos preocupando-me em restaurar a minha respiração normal. Quando abri os olhos de novo, eu estava sozinha no banheiro com sangue e água por todo o chão.

Esse foi o preço por tê-la respondido incorretamente.

Dia XX/XX/18XX

Passaram-se quatro dias desde o que aconteceu, meu corpo ainda dói, as feridas estão inchadas e latejantes. E visto minha roupa com dificuldade, mas, pelo menos, ela não me fez mais perguntas. A única coisa que ela me disse após meu “castigo” foi:

“Faça o que quiser, mas se desonrar a minha família acabarei com a sua vida, vadiazinha.”

“Belo argumento velha estupida”– tive vontade de responder, mas a dor me impediu.

[...]

Era manha fria, enquanto limpara a enorme janela de vidro pensava em cada floquinho de neve branca caindo, eles pareciam pequeninos anjos debruçando para salvar os pecadores do inferno.

Ouço um estrondo a porta se fecha de maneira brusca e imediatamente despertei-me dos meus pensamentos. Madame Claire, Anna e Hellen estavam vestidas de preto, as garotas pareciam zangadas comecei a prestar atenção na conversa.

–Nós temos que ir mesmo mamãe?- Hellen estava com raiva

–Mas você nunca se importou com ele!-Anna parecia uma criança quando não ganha o que quer.

–Caladas. Não é minha culpa se os idiotas dos pais dele quiseram vela-lo longe daqui. Temos que ir para dar uma ótima impressão. Querendo ou não ele morava na nossa cidade.

Ah, então era isso. Elas iam para o sepulcro de Mark. Fiquei mais tranquila ao perceber que ficaria uns bons três ou quatro dias sem as imundas.

–Pode tirar esse sorrisinho ridículo da sua cara. Voltaremos em breve. Se eu ficar sabendo de qualquer coisa que faça sem a minha permissão... Afogo-te em seu próprio sangue. –Madame Claire respondeu com um tom de imperatividade.

Continuei rindo procurando desafia-la, o que não deu certo, ela ignorou meu desafio e sumiu para fora de casa.

–Se tem um Deus aí em cima, sei que você me ama!

[...]

Já era noite quando terminei meus serviços, embora estivesse sozinha, não queria deixar tudo para ultima hora. A casa é muito grande e digamos que eu não estou muito a fim de morrer sufocada pelo meu próprio sangue.

[...]

Deitei na cama com um peso retirado das minhas costas. Suspirei o ar frio e fiquei escutando por um bom tempo o tique-taque do relógio. Aquilo que eu ouvia era muito mais do que um simples tique-taque. Era o silêncio. A casa nunca esteve tão silenciosa como agora, criando um ambiente morto.

Morte...

Aquela palavra me relembrava o que havia acontecido comigo. Eu ainda estava deitada. Encolhi-me na cama e me abracei eu estava com tanto medo aquele dia. As imagens ainda fluíam em minha mente como se estivessem acabando de acontecer. Eu precisava me ocupar com alguma coisa. Não gostava de lembrar daquilo.

[...]

Depois de um longo tempo procurando encontrei, finalmente, o baú onde tinha todos (ou quase todos. Minhas irmãs estragaram boa parte dos vestidos) os pertences da minha mãe. Eu tinha resgatado ele depois que meu pai jogou no lago, poucos dias depois de se casar com aquela mulher. Fiz uma careta ao me lembrar do dia do casamento. A minha única sorte naquele dia que ele havia se desfeito do baú é que ele não queria deixa-lo. Então o jogou numa parte muito rasa, que dava pé para mim. A única coisa que me deixou triste foi ver a cara de decepção do meu pai ao voltar na outra noite em busca do baú. Ele morreu achando que alguém o roubou. Bem, eu o roubei. Isso me faz uma ladra?

Poeira encobria o grande baú. A madeira estava velha e marcada pela água que levou há muito tempo atrás. Estava louca para abri-lo mas, ele era trancado por uma fechadura de prata eu não tinha a chave nem meu pai. Se bem que... A chave que eu tinha encontrado no cemitério era exatamente do tamanho da fechadura. Entusiasmei-me. Minha mãe nunca havia me deixado brincar com as coisas dela. Ela dizia que havia segredos que nunca deviam ser violados.

Pus-me em pé num piscar de olhos e peguei a chave que deixei jogada na penteadeira. Apressadamente corri em direção ao baú. Rezando, implorando a Deus que aquela era a chave. Dei um beijo de boa sorte na chave e coloquei na fechadura. Um suave “click” envolveu o meu quarto. Meu coração pulou do meu peito. Minha respiração estava acelerada. Prendi a respiração e abri o baú de uma vez.

Uma fina camada de poeira cobria todo material contido no baú. Joias, bonecas de porcelana, alguns livros e caixinhas de musica enchiam minha vista. Tudo era tão belo, parecia tão... Frágil... Senti o cheiro de minha mãe naquelas coisas antigas. Fechei os olhos me imaginando novamente com a minha mãe. Não consegui. Sua imagem ficara borrada em minha mente. Suspirei desanimada. Uma coisa chamou minha atenção. Um livrinho pequeno em cima dos demais. Ele estava escrito em letras que um dia foram douradas “Diary”.

Era o diário da minha mãe.

Pequei-o segurando firmemente em minhas mãos. Tirei a camada de pó com um sopro. Violar os segredos da minha mãe. Aquilo não parecia muito agradável.

Não. Aquela chave que encontrei tinha que ter um sinal...

Tomei coragem e comecei a ler...


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Notas finais do capítulo

E então o que acharam do capitulo?
Até semana que vem! :3



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