Cinde...rela? escrita por Devvy


Capítulo 11
Cinzas-FINAL


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora, estou de castigo... Digamos que minhas notas não foram lá muito boas. Minha mãe liberou o computador por um tempinho...
Desculpem mesmo!!!
Como vocês podem ver, já é o final. Muito obrigada a todos que acompanharam minha história até aqui. Obrigada mesmo!
Beijos e boa leitura!



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Acordei, meus olhos estavam pesados devido ao sono. Meus pés ao tocarem no chão frio fizeram meus pelos se eriçarem , a janela estava entreaberta esfriando meu quarto. Levantei e caminhei até a janela e a abri. O frio cortante banhou meu rosto, lá fora só se escutava o vento correndo junto com a neve, formando uma tempestade gelada. Fechei a janela e sentei no chão escutando o rugir feroz do vento lá fora. Havia uma coisa estranha. Eu sentia como se estivesse faltando alguma coisa. Olhei para o lado, existia alguns pedaços de carne que faziam meu quarto feder mas, eu já havia me acostumado com aquele cheiro. Cheiro de podridão. Mas não era isso que eu estava pensando. Era um sentimento ruim e bom ao mesmo tempo, era estranho... Eu nunca havia sentido-o antes.

Um som estridente varreu o meu quarto, chegando aos meus ouvidos, ele parecia como um grito fino que entrava na minha alma. Coloquei as mãos nos meus ouvidos tentando, inutilmente, abaixar o som terrível. Parecia como se o som estivesse dentro de mim. De dentro do som surgiu uma voz feminina familiar.

–Faça.

A voz era calmante em meio aquele som ensurdecedor e então eu percebi de quem era. Da minha mãe. Uma imagem veio em minha mente, era ela que estava rodeada por luz e seu rosto estava encoberto por causa do seu cabelo que dançava como num dia de ventania. O tempo parou por uns segundo e depois tudo sumiu.

Da mesma maneira que aquele som veio ele se foi deixando apenas um ruido estranho soando.

–Fa...ça?- Falei sozinha sem perceber. Fazer o que? O que foi que acabou de acontecer?! O que minha mãe quis dizer com isso?

[...]

–Cinderela!!! Onde você está?!

Subi correndo as escadas e fui ao quarto de Anna.

–O que foi?

Ela sorriu a me ver e deu uns tapinhas na cama sinalizando para que eu sentasse ao seu lado. Diferentemente da sua irmã, Hellen, Anna era menos ruim. Acho que por ser a irmã mais nova ela apenas seguia os exemplos da irmã. Agora estávamos sozinhas e eu duvidaria muito que ela fizesse qualquer coisa contra mim.

–Me ajuda a costurar isso? Eu não sou muito boa em costura...-Ela disse e sorriu lembrando uma doce garotinha de seis anos.

Concordei e sentei-me ao seu lado e pus-me a ensina-la como costurar. Após um tempo em silencio ela falou:

–Hum... Cinderela? Você sabe que eu não queria te machucar aquela vez né? Quando Hellen me falou que você estava gravida eu... Vo-Você está bem?!

Eu estava pálida, minhas mãos tremiam. Aquele assunto de novo. O corpo das vitimas que eu fiz veio rapidamente em minha mente passando direto e então a voz da minha mãe soou claramente em meus ouvido.

"Faça"

Eu me levantei da cama e pus de lado a costura. Eu não tinha mais controle das minhas mãos nem do meu corpo, minha respiração estava mais rápida e um sentimento ruim tomou meu corpo. Olhei bem para os olhos confusos de Anna, minha vontade era de pular em seu pescoço e corta-lo com meus próprios dentes. Tampei meus ouvidos com as mãos tentando afastar, de algum modo, aquele sentimento e o barulho crescente que vinha. Não adiantou de nada.

–Cinde... Rela...? O-oque está acontecendo?

Dor, eu sentia dor, sentia uma pancada de ódio, de fúria que brotava em meu peito. Meu coração estava acelerado eu não entendia, minha visão estava me enganando e tive que me apoiar na parede para não cair.

"Faça"

Aquela voz novamente encheu meus ouvidos. Eram tantas vozes ao mesmo tempo, mas a voz da minha mãe sobressaia como um trovão numa noite de chuva.

"Faça"

Minha cabeça latejava eu não enxergava mais nada não me controlava, olhei uma ultima vez para o rosto assustado de Anna. Ele era tão... Lindo... Tentei lutar contra mim mesma, fugir dos meus impulsos, daqueles pensamentos. Mas você não pode fugir de si mesmo. E então tudo acabou. Um feixe escuro dominou meus olhos e aquele sentimento... Ah... Ele se apossou do meu corpo. Eu abaixei minha cabeça segurando-a fortemente. Anna tocou meus ombros tentando me acalmar. Eu olhei para aquele seu rosto e sorri, não conseguia conter e uma gargalhada cortou minha garganta instantaneamente.

[...]

Abri meus olhos, aquele sentimento ruim ainda martelava profundamente no meu peito. Anna estava jogada no chão com milhões de caco de vidro que estavam presos em sua boca e garganta, seus olhos arregalados faziam qualquer um vomitar de medo, de nojo, angustia. Mas para mim não. Aquilo era como uma obra de arte que eu havia acabado de terminar e estava orgulhosa dela. Não sabia direito como eu havia forçado-a a comer tantas quantidades de vidro, mas aquilo me dava um prazer imenso. Anna minha doce Anna.

Um barulho na porta me libertou da hipnose.

Madame Claire e Hellen haviam chegado.

Estava caindo uma nevasca pesada e assim que elas colocaram os pés dentro de casa a energia caiu. A casa ficou escura como a noite silenciosa la fora.

Hellen estava com medo eu podia senti-lo mesmo longe dela. Desci as escadas com o minimo de barulho possível e segurando uma vela. Elas não pareciam me notar.

"Faça"

Estava em frente a frente. Nossos olhares se encontraram então eu assoprei a vela tornando a casa, novamente, um breu. Todos os meus sentidos melhoraram de uma hora para a outra e com uma força que eu jamais vi antes, consegui segurar Hellen levando-a para as profundezas da escuridão.

Madame Claire, ainda desorientada por causa do escuro tentava, sem resultados, encontrar suas amadas filhas ou qualquer fonte de luz. Eu ria em silencio enquanto levava Hellen para o meu quarto, ela se debatia e tentava morder minha mão que estava presa em sua boca, mas eu resistia, aquilo que eu sentia era maravilhoso e incontrolável. As lagrimas de Hellen que molhavam minha mão me deixava louca, eu podia sentir o cheiro delas era como algum tipo de vicio que eu havia me prendido e não conseguia sair.

Quando chegamos ao meu quarto a larguei com força no chão e tranquei a porta atrás de nós.

–Mãe!- Ela gritava com toda a força que suas cordas vocais lhe permitiam enquanto eu apenas ria com seu desespero.

–Grite, grite mais. Eu adoro ouvir seu desespero. - Falei sem pensar, aquelas palavras não eram minhas... Ou eram?! Eu já não sabia o que sou eu e o que não era.

Peguei ela pelos cabelos e esmaguei seu rosto no chão, escutando-se um "Creck". Seu lindo narizinho havia quebrado, deixando um grosso fio de sangue no enfeitando seu rosto. Ela começou a chorar mais, eu nunca havia visto ela chorar.

–Por favor, pare... -Ela implorou ainda com o rosto no chão - Pare Rebecca!

Eu ri daquela voz falhada por causa da dor, daquelas mentiras sujas que escorriam de sua boca imunda.

–Você nunca escutou meus pedidos por compaixão. - Falei segurando seus cabelos novamente tirando-a do chão, com uma força sobre-humana eu a lancei para o conjunto de carnes humanas que descansavam em um canto do meu quarto. Ela tossiu um pouco e tampou a boca com a boca, ela estava horrorizada. Todo seu vestido banhado por sangue que não era seu. Todo aquele amontoado de carne e ossos... Suas lágrimas caíram em seu vomito no chão.

–No-Nós somos irmãs.

Meu sorriso se desfez uma dor mais forte invadiu meu peito.

"Faça"

Ela estava jogada no chão me agachei ficando da sua altura e sussurrei em seu ouvido:

–Somos meia-irmãs.

Seus olhos ficaram enormes quando viram eu me afastar. De volta trouxe uns anzóis e fios de costura.

–O que você está fazendo Rebecca?! Me larga!

Eu amarrei seus braços com grossas correntes que, a qualquer movimento que ela fizesse, cortava sua carne. Peguei uma pequena lamina e comecei a cortar em alguns lugares de sua pele, não tão fundo, apenas ao ponto dela desesperar-se pela dor. Eu estava apenas começando.

[...]

Mais uma obra de arte terminada. O corpo de Hellen estava segurado por anzóis que estava pendurados no teto e em seu pescoço eu abri uma pequena fissura que permitiu que o seu sangue escorresse até a banheira.

Madame Claire entrou correndo no meu quarto e abriu a porta com força. Seus olhos seguiram a macha de sangue no chão e viram sua filha pendurada. Foi tão engraçado. Seguei a risada e andei até ela com as mãos escondidas nas costas. Ela estava de joelhos no chão com a face totalmente desconsolável e com lagrimas que desciam de quatro em quatro. Ela não me viu mesmo que estivesse do seu lado. Era como se eu estivesse invisível. Cansei de esperar alguma reação daquela mulher idiota e tirei uma grande faca de trás de mim. Ameacei cortar sua cabeça de uma vez quando ela se desperta do seu "sono". E olha diretamente para os meus olhos. Pude ver a profundeza de sua alma sendo castigada por grossos fios de chicote que batiam em suas costas nuas. A dor que ela estava sentindo por perder sua primogênita era imensa. Mas não teria mais problema, eu ia acabar com aquilo agora.

Mas ela foi rápida, escapando por pouco da minha lamina afiada. Um pouco desajeitada ela subiu as escadas que davam no quarto de Anna. Ela entrou correndo e fechou a porta atras de si. Fiquei batendo contra a porta até escutar um grito de desespero. Ela tinha visto o corpo de Anna.

Com um pouco mais de força, consegui arrombar a porta. Deixando Madame Claire perplexa com aquilo tudo. Com uma pequena vela que ela tinha acendido, iluminava parcialmente o quarto e mas dava para e-la segurava o corpo de Anna em suas mãos como se fosse um bebê. Ela chorava desesperadamente fazendo com que, ela parecesse ser dez anos mais velha. Assim que me viu já perto dela, largou o corpo de Anna e tentou correr, escorregando e caindo com seu próprio vestido vermelho em frente a porta arrombada. Peguei minha faca e cortei o que eu vi primeiro na minha frente. Seu pé, fazendo um rasgo tremendo. A janela do quarto se abriu. Fazendo que a vela se apagasse rapidamente.

"Maldito vento"–pensei

Madame Claire tateava o chão em busca de algo para se defender e foi tateando e ajoelhada no escuro que ela caiu das escadas do segundo andar. Desci vagarosamente atras daquela imunda que se escondia atrás de um vaso.

–Venha até mim... Não adianta se esconder... Eu sinto o cheiro do seu medo.- Novamente as palavras saiam da minha boca sem que eu percebesse, sem que eu tivesses o minimo de controle delas.

Escutei passos vindo da minha direita e corri até lá. Madame Claire batia contra a porta de entrada pedindo ajuda. Era divertido vê-la daquele jeito, devastada pelo medo, arrasada por ver suas filhas mortas e sua cara de dor por causa da sua perna que estava quebrada. Andei até ela. Ia acabar com aquela brincadeira idiota.

"Faça"

Ela se virou rapidamente em minha direção e num ataque de raiva pulou em mim enfincando, no meu ombro, uma tesoura pontiaguda. A dor lacerante invadiu meu corpo como água gelada num dia tenebroso de inverno mas eu sorri, não conseguia conter o sorriso. A dor foi rapidamente absorvida pelo meu corpo e transformada em ódio puro. Com um corte rápido, a cabeça de Madame Claire estava jogada no chão junto com seu corpo imóvel.

[...]

"Faça"

Aquela voz ainda estava na minha cabeça quando tudo acabou.

Finalmente encontrei o que chamam de óleo de lampião. Era a unica coisa que eu tinha em mente para acabar com aquelas vozes. Hellen, Anna e Madame Claire estavam sentadas no chão da sala enquanto eu espalhava aquele líquido por todo lugar.

Silêncio, eu pedia, mais eles não paravam de sussurrar, agora havia ficado pior, milhões de vozes em coro falavam "Faça, faça, faça" sem parar, não era só a voz da minha mãe como antes.

–Fiquem calmas- eu falei - tudo está prestes a acabar.

Abri fogo e joguei-o no chão. A casa inteira foi rapidamente consumida pelo fogo e tudo que era escuro clareou-se rapidamente. Eu me sentei na cadeira que meu pai costumava ficar e observei os corpos inanimados das pessoas que fizeram tão mal para mim pegarem fogo. Tudo estava acabando. Olhei para o espelho logo em minha frente. O que era aquilo? Toquei minha face, ela estava molhada.

Lágrimas.

Depois de todos aqueles anos sem chorar era estranho senti-las escorrendo novamente. Do espelho eu vi atrás de mim: minha mãe e pouco atrás dela, escondido atrás da saia do vestido, um garotinho sem rosto. Nathan... Aquele era meu irmão que nunca havia nascido por minha culpa. Olhei atrás de mim. Não se havia nada, exceto fogo. Olhei novamente para o espelho, e nada se tinha. Um reflexo do fogo? Quem sabe?

–Agora todas nós poderemos ir para o lugar onde devemos ficar. No inferno. Juntas. Para sempre. -Falei em voz alta como se os corpos que já pegavam fogo pudessem me escutar.

Todas aquelas lembranças, tudo estava sendo levado pelo fogo. Nada mais importava. A respiração estava difícil por causa da fumaça. Fechei os olhos e respirei fundo mais uma vez e agora quando eu tornasse a abri-los, já estaria morta.

[True ending]


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Notas finais do capítulo

O barulho era mais ou menos assim https://www.youtube.com/watch?v=azglVaSUJEY
Só que mais agudo.
Espero que tenham gostado do ultimo capitulo de Cinde... Rela! Beijos



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