Na manhã de sexta, Sherlock estava deitado em sua cama já acordado, não havia conseguido dormir muito bem noite passada, estava pensado no que havia lido na internet, havia encontrado muitos fóruns sobre dúvidas de relacionamento, a maioria deles dava conselho de se aproximar aos poucos e com o tempo declarar-se para a pessoa amada e elas acolhiam esse conselho como se fosse uma conclusão difícil de se chegar sozinho e voltavam alguns dias depois para dividir o resultado, muitas delas tinham êxito, assim como muitas não e isso assustava Sherlock, sabia que se contasse a John logo de cara ele o abandonaria e Sherlock não suportaria isso, não queria pensar na possibilidade de perder seu John. Admitir que pessoas normais estavam sendo mais corajosas que ele o deprimia. Estava se sentindo um imenso covarde.

No restante dos sites que havia navegado os conteúdos encontrados era direcionado as mulheres que as vezes não sabiam o que fazer para conquistar um homem. Muitas das dicas Sherlock nunca havia praticado ou fazia totalmente ao contrário, por isso havia feito várias notas mentais das dicas que poderiam ser úteis para caso viesse a fazer uma lista física delas. Seguindo algumas das dicas, concluiu que se realmente estivesse disposto a conquistar seu soldado precisaria conversar mais com ele sobre coisas supérfluas, se mostrar interessado sobre seus gostos pessoais, mesmo achando a maioria um saco, deveria parar de ser arrogante, irônico e de ficar interrompendo a todo momento em que ele falava. Não poderia fazer John se irritar também o que quer dizer que ele deveria manter a casa organizada, pois John sempre ficava bravo com ele, entre outras coisas.

‘Arrg.. Conquistar é uma coisa difícil e cansativa’

Com esses pensamentos Sherlock decide se levantar, quando chega a cozinha encontra a sra. Hudson.

– Bom dia, querido! Não conseguiu dormir ontem? – comenta a sra Hudson que havia percebido a cara de cansaço e as olheiras que havia no rosto de Sherlock.

Sherlock apenas senta na cadeira e bebe um gole do chá que a sra Hudson preparou.

– John pediu que você fosse comprar leite, eu disse que poderia fazer isso mas, ele me impediu.

– Hoje John sai mais cedo do trabalho, ele pode fazer isso.

– Bom, ele não me parecia bem dos nervos hoje, dizia que você já tinha idade suficiente para ter responsabilidade, acho que ele anda estressado devido ao trabalho, pobre John. - A sra Hudson sai do apartamento deixando um Sherlock emburrado na cadeira da cozinha.

Então era isso que John achava dele? Um irresponsável? Ok, ele até que não estava tão errado. Sherlock deveria reconhecer que nunca deu tanta bola assim pra essa coisa de responsabilidade, afinal teve uma criação onde todos o mimavam. Apesar de tudo, ficava triste, pois sabia que isso incomodava seu John. Sem parar pra pensar tanto decidiu sair para comprar o maldito leite e ir atrás dessa tal responsabilidade.

Depois de enfrentar um pequeno trânsito Sherlock finalmente chega ao hipermercado e estava a caminho da prateleira dos leites quando ele cruza com a seção de livros e encontra um livro com o título ‘Os 100 segredos dos bons relacionamentos’. O livro tinha uma capa engraçada de uns desenhos amarelos, sem pensar muito Sherlock o coloca em sua cesta e vai para a seção dos leites.

Chegando ao 221B, encontra John sentado em sua poltrona assistindo a um programa de tv.

– Ah que milagre! O grande Sherlock Holmes sai para fazer tarefas normais e vai comprar leite. Nenhum paparazzi encheu seu saco no caminho? – Falava um John bem humorado.

Sherlock sabia o que esse bom humor de sexta-feira significava. De duas uma: John sairia com seus amigos médicos ou com Lestrade ou teria um encontro romântico.

Sherlock caminha até a cozinha e coloca o leite sobre a mesa e quando está para voltar a sala se lembra de deixar as coisas um pouco mais organizadas e os guarda na geladeira, todos de uma vez.

– Não, poucas pessoas me reconheceram. – Sherlock fala numa voz amistosa e se senta em sua poltrona e assiste com ele ao programa.

Alguns minutos depois, John se vira para o amigo e pergunta.

– O que está fazendo?

– Assistindo ao programa – Sherlock disfarça sua irritação pela pergunta óbvia.

– Eu sei, quero saber o porquê está assistindo ao programa. Você vive reclamando deles.

– Apenas quero fazer companhia para meu amigo – Fala sem desgrudar os olhos da tela, teria que transparecer normalidade.

John estranha o comportamento do moreno.

– Desculpe-me Sherlock, terá que ficar para outro dia, agora irei tomar banho, irei sair mais tarde. – Tinha um pequeno sorriso bobo nos lábios ao pronunciar a última frase. Levantou-se e foi para seu quarto.

Então seria um encontro romântico.

Fazia aproximadamente 1 hora que John estava se arrumando para o encontro até que finalmente desce ajustando a gravata. Estava animado.

– Muito formal, retire.

– O quê? – John pergunta se virando para encontrar o rosto do amigo que estava em sua poltrona com o violino em mãos.

– A gravata. É muito formal para o restaurante que você vai, além de que você passará uma impressão que tenho certeza de que não quer passar. – Sherlock fala com sua voz de indiferença enquanto dedilha o violino.

– Ah é! E qual seria essa impressão?

– De que está desesperado para fazer sexo. - Sherlock não estava certo de onde havia tirado essa ideia.

– Por Deus! De onde você tirou isso, Sherlock? – Perguntou o médico, sua voz dava lugar a toda sua indignação. – E se eu estiver mesmo, hein? Isso é até bom, porque se ela não quiser eu parto pra outra sem perder tempo. – John sai furioso pela porta, batendo-a.

O moreno acompanha John com os olhos e os fixa na porta depois de sua saída. Não conseguiu entender o que havia feito de errado para deixar John desse jeito. Já havia falado coisas piores para irritar John, mas esta foi a primeira vez que o doutor agira assim.

Três horas após a saída de John, Sherlock estava deitado no sofá, com a luz do abajur ligada e com o livro que havia comprado naquela tarde em seu peito, pensava no porque John não tinha olhos para ele.

Sherlock era inteligente, um gênio na verdade, e John sabia disso, sempre o elogiava pelas deduções dos casos e mesmo que não deixasse transparecer, o loiro era o único que fazia Sherlock ficar sem graça perante sua genialidade devido todo a esses elogios.

Segundo John, Sherlock fazia muito sucesso entre as mulheres, muitas delas davam em cima do detetive descaradamente e este nem percebia. O cúmulo foi uma vez que os dois estavam em uma loja de departamento investigando um homicídio, e uma das atendentes da loja a todo o momento ficava se exibindo de forma sensual e falando com uma voz extremamente insinuante para o moreno, enquanto ele só queria descobrir se a mancha na coxa esquerda da vítima fora feito com algum produto químico ou se eram apenas melasmas de férias.

Se isso fosse verdade então provavelmente ele era um homem atraente de alguma forma, apesar de magro possuía o corpo definido graças as corridas pela Londres para resolver os casos, muitas pessoas elogiavam seus dois diamantes azulados que ele costumava chamar de olhos, já ouviu algumas mulheres dizerem que seu cabelo desalinhado e sua voz eram sexy, isso deveria ser uma coisa boa.

Por falar em mulheres, o que elas poderiam oferecer a John que ele próprio não poderia? Será porque ele era homem? John sempre fazia questão de deixar claro para os outros que não era gay. Por que será que ele tinha tanto medo de serem confundidos com um casal? Claro que Sherlock possuía uma pecinha a mais na parte de baixo, se comparado as mulheres, mas será que isso incomodaria tanto? Sherlock se sentia triste ao pensar nisso, espantando esses pensamentos da cabeça pega seu livro para ler.

Mesmo com sono não dormiria até que John Watson voltasse para Baker Street.