Abri meu diário. Nas páginas escritas por Seth, tudo estava diferente do que ele escreveu. Com sua caligrafia de menino-lobo, estavam escritas as mesmas coisas que na minha parte do diário. Tudo o que acontecera nos últimos dois anos (pelo menos para mim, esquecendo o tempo real), estava normal de novo. Bella e Edward, Renesmee e Jacob. Tudo onde deveria estar. Abel estava preso na ala psiquiátrica de um presídio e seria levado para um hospital policial, especializado nesses casos, na Holanda. Estaríamos, enfim, livres da saga Cindy Grace. Bem, pelo menos, era o que eu esperava.

Quanto a mim, estava com muito medo.

"Tem certeza que esta é a forma mais eficaz de fazer isso?" perguntou Mary Poppins.

"Não. Eu nunca tentei isso antes, mas, se der certo, já terei uma ponte com a senhora..."

Mary Poppins sorriu radiante, o que me fez ficar emocionada. Ela sentia minha falta, realmente gostava de mim.

"Mas, primeiro, preciso ver o Seth de uma forma segura."

"Como?"

"Não se preocupe."

Peguei o livro Amanhecer, de volta ao seu estado normal, e o abri na página em que Seth fazia ronda ao redor da casa dos Cullen, juntamente com Leah e Jacob. Era o turno dele, ele estava sozinho. Olhei para Mary Poppins e, no segundo seguinte, eu estava na mata, no escuro, esperando por ele.

Ele me viu de longe e se transformou na forma humana antes de vir me encontrar. Claro, ele se vestiu antes, com o short que trazia amarado na perna.

"Lisa?"

Eu sorri. Ele se lembrava de mim. Uma interferência que permanecia. Era nesse período que ele enlouquecia Bella e Jacob para que eu viesse vê-lo.

Ele correu para mim e me abraçou. Isso me trouxe tanta paz! Eu estava com tantas saudades!

"Seth, eu te amo tanto!"

Isso foi de certo modo uma surpresa para ele. Ele não esperava. Mas eu já estava casada com ele há dois anos, embora ele não se lembrasse, ou não houvesse ainda acontecido.

"Preciso ir, Seth."

"Mas, já?"

"Você está ocupado. Em breve nos veremos de novo."

"Sim, espero."

"Adeus."

Ele me olhou estranho. Será que via a despedida permanente que se estampava em meus olhos? Afinal, eu não tinha certeza se o veria de novo.

"Até logo." ele respondeu. Então, desapareci diante dele.

Fiz uma cópia completa de meu diário e mandei encadernar. Isso durou um dia. Eu já estava impaciente. Deixei algumas páginas em branco, após a minha escrita, e não tirei cópia das páginas de Seth. Na verdade, as destruí. Então, no meu diário original, fiz um teste. Escrevi as letras SL no final da última página escrita. Conferi a cópia.

"Veja, Mary Poppins."

Ela viu. Havia um SL na cópia, exatamente como se tivesse lá, antes de ser tirado xerox.

"O que eu escrever no meu diário, a senhora terá uma cópia. Se o que eu penso em fazer der certo, teremos uma conexão com o meu mundo."

"Vai dar certo, querida, vai dar."

Suspirei. Abri a cópia no final da página onde descrevi o lugar em que estávamos, após a festa na fogueira. Segurei o meu diário no peito.

"Vou levar o camafeu comigo. Nunca sairá de meu pescoço. É mais seguro. Além do mais, terei uma forma de me comunicar com a senhora."

"Vá querida. Boa sorte."

"Obrigada."

Foi quase a mesma despedida após meu casamento. Então, eu fui.

"Ouch!" gritou Seth. Eu apareci de repente ao seu lado, logo após desaparecer. "Você veio rápido!"

"O que aconteceu aqui, depois da festa da fogueira?"

"Ué, você não sabe?"

Então, eu soube. O somatório de memórias esperou que eu voltasse para acontecer. Eu pertencia àquele mundo agora. Após a festa, fomos para nossa casa, e eu me retirei. Então, apareci imediatamente depois. Seth não entendia.

"Onde estão minhas páginas escritas? Sabe, ainda não entendi porque pediu para eu escrever a história dos Cullen, principalmente de Edward."

Eu sorri. Tudo estava de volta ao normal.

"Sabe, Seth, isso agora não faz a menor importância?"

Eu o abracei e enterrei meu rosto em seu peito, aspirando a maravilhosa fragrância de meu querido lobo.

"Eu te amo, Seth. Sabe, eu te disse isso há pouco."

"É, eu sei. Antes de você sair."

Eu sorri. "Não, seu bobo. Há dois anos, na mata, você estava fazendo a ronda."

Ele olhou para mim, de olhos abertos. "Jura?"

"Sim. Foi a melhor interferência que já fiz. Triste e rápida, mas a melhor."

"Não, senhora. A segunda melhor."

"E qual foi a primeira?"

Ele sorriu daquele jeito que eu adorava. "Ter se casado comigo."

Ele me abraçou. E a noite inteira nos pertencia, a primeira de nossa nova eternidade.