Crônicas de Forks II - Leitor de Mentes escrita por Débora Falcão


Capítulo 18
Reta Final




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Estávamos na saleta, em pé, esperando. Esperando que alguma idéia nos ocorresse. O que faríamos? O dr. Cullen poderia tentar nos ajudar. Talvez, a convencer o seu outro eu, o outro Cullen, a transformar Edward. Mas isso não seria voltar a história ao seu normal. Seria interferir e forçar uma situação.

Não, o dr. Cullen não nos ajudaria. Isso ainda porque o risco de um colapso era iminente.

"Não podemos trazer o Dr. Cullen aqui." eu concluí. "Seria muito arriscado. Além do mais, não traríamos a história de volta ao seu normal. Somente forçaríamos para que ela tivesse o final que conhecemos. Além de ter o risco de as coisas não acontecerem como o planejado, há o risco do colapso."

"Tem razão, criança. Mas o que vamos fazer então?"

"Temos que impedir Abel de entrar na sala." falou Jasper.

"Isso mesmo, Jazz!" eu disse, quase num grito. "Até agora, tentamos a interferência errada. A entrada de Abel naquela sala já se constitui uma interferência, pois Elizabeth, apesar de estar debilitada, ainda está acordada. Ela acabara de falar com o Dr. Cullen. Temos que impedir a entrada de Abel. Só assim liberaremos a história de todas as interferências feitas até agora."

"Mas não podemos fazer isso com Emmett e Jasper aqui." disse Mary Poppins.

"Ah, por que não?" disse Emmett, já desanimado. "Pensei que eu ia poder me divertir com esse aqui!" ele deu uma leve torcida no braço de Abel, que urrou de dor. Para ele não foi tão leve assim.

"Se vocês estiverem aqui quando mudarmos tudo, e só então devolvermos vocês ao seu mundo, vocês ainda se lembrarão de tudo. Isso ainda porque vocês não estarão lá, quando tudo mudar, e o futuro voltar ao normal. Vocês terão a lembrança do futuro criado por Abel, e se lembrarão de mim, de Lisa, de Bella casada com Jacob, do filho do casal e, é claro, não se lembrarão de Edward e da história dele com Bella. É necessário que vocês estejam lá, antes das mudanças." explicou Mary Poppins.

"E quanto a Abel?" perguntou Jasper.

"Vamos dar um jeito nele agora mesmo." disse Mary Poppins, dirigindo-se ao telefone. Discou um número e se afastou de nós. Apenas Emmett e Jasper, com seus ouvidos super desenvolvidos de vampiro, entenderam o que ela dizia. Eu, é claro, fiquei curiosa.

"Não vai nos contar o que disse?" eu perguntei, emburrada.

"Prefiro que Abel tenha uma surpresa." ela disse.

Esperamos alguns minutos, até ouvirmos uma sirene.

"Você chamou a polícia!" gritou Abel. "Sua imbecil! Eu não tenho nada a dever na justiça! Nada que você possa provar! O que eu fiz? Matei um personagem de um livro? E daí? Como você pode provar isso? E qual o problema? Você vai ser chamada de louca!"

"Errado." disse Mary Poppins calmamente. "Eu não chamei a polícia."

Em alguns minutos, entraram dois homens de branco na saleta. "Pois não, sra. Poppins. Onde está o rapaz?"

Mary Poppins apontou para Abel, estático, preso nos braços de Emmett. Os dois enfermeiros olharam estupefatos para os dois belos vampiros, tanto que chamavam a atenção, mas disfarçaram e seguraram Abel. "Vamos." Abel se debatia no braço dos dois, mas não podia evitar que fosse levado para a ambulância.

"Você me paga!"

"Bem, Abel, você já está nos pagando por fazer o que fez. Mas toda essa conversa de matar personagens de livros, bem, parece meio que uma psicose. A mesma que matou sua amiga na ala psiquiátrica da prisão, Cindy Grace, não é mesmo? Espero que tenha mais sorte que ela." Mary Poppins concluiu, quando Abel gritava, sendo arrastado para fora da livraria.

"Vamos, temos que terminar um trabalho" disse Mary Poppins. Nos unimos embaixo do guarda-chuva e fomos para o livro Amanhecer, calculando um minuto após a saída de lá, para não confundir a cabeça de nossos amados Cullen. Claro, confundir o cérebro de um vampiro era imensamente impossível. Mas não podemos nos esquecer de que Bella e Jacob estavam na sala. Precisávamos dar um tempo a eles.

Assim que aparecemos, Rosalie deu um pulo e se agarrou a Emmett. "Você chegou!"

O clima entre Jasper e Alice foi intenso, tanto que mal pude entender. Eles ficaram silenciosos, um olhando para o outro. Foi quando entendi o que se passava. Essa era a forma silenciosa de Alice se comunicar com Jasper, a forma mais íntima possível. Alice enviava para Jasper toda a intensidade de suas emoções direcionadas para ele. Tanto que ele ficava invadido por elas, e não eram necessárias palavras para que eles dissessem um ao outro o quanto se amavam. Aquele momento era tão íntimo que eu desviei os olhos para não ver. Queria dar-lhes mais privacidade.

"Bem, precisamos ir. Ainda temos algumas mudanças para fazer." Mary Poppins anunciou. Eu olhei para Bella, grávida, sentada no sofa dos Cullen, e Jacob ao seu lado. Aquela cena seria outra, se nós tivéssemos sucesso. Aquela felicidade seria de outra pessoa, e Jacob não seria mais o mesmo. Teríamos um outro final para aquela história. Ainda bem, graças a Stephenie Meyer, seria um final feliz.

"Vamos."

E então, saímos de lá, com um caloroso adeus dos Cullen, que em breve, caso conseguíssemos nosso intento, não se lembrariam mais de nós, de novo.

Chegamos à saleta. Mary Poppins foi preparar o dvd. Enquanto isso, acariciei meu diário. Seth. Eu estava com saudades dele. Mais do que isso. Ele era a razão de minha existência, desde que aconteceu entre nós a 'magia de lobo'. Será que eu o veria novamente?

Olhei para as páginas escritas por ele, em sua caligrafia forte e clara. Eu tinha que conseguir. Eu precisava voltar para o meu mundo, o meu lobo.

"Está pronta, querida?" disse Mary Poppins, o controle remoto na mão. Ela havia pausado a cena para o momento em que o dr. Cullen saía da sala.

"Onde vamos aparecer?"

"No corredor, do lado de fora do quarto de Elizabeth, onde há vários pacientes."

"Não é muito arriscado? Há tantos pacientes de gripe espanhola por lá..."

"Sim, mas não precisaremos de muito tempo, eu espero..."

Respirei fundo. "Vamos logo com isso."

Coloquei meu diário em cima da mesa e Mary Poppins ergueu seu guarda-chuva.

"Vamos lá."

E tudo girou.


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