Lábios de dor escrita por Lipe Muliterno


Capítulo 30
Comboio do terror




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/526394/chapter/30

Celly desperta ao ser jogada para frente graças a uma brusca freada do carro.
O céu lá fora está escuro e límpido, a Lua cheia brilha com graça em seu centro e as estrelas em grande quantia pontilham-no. A estrada iluminada pela luz da Lua ocultou em suas sombras um tronco de árvore caído, este por sua vez foi avistado em cima da hora porém a tempo por Marti que freou bruscamente.
–O que houve? - Pergunta Celly se sentando e esfregando os olhos.
–Tem um tronco no meio do caminho. - Responde Sabs
–Não dá pra contornar?
–Não dá pra saber, ta muito escuro pra ver. - Responde Marti. - Hoje iremos descançar por aqui mesmo.
Quando Marti desce do carro, os outros já pararam e estão saindo de seus carros e indo ao seu encontro.
–Vamos tirar o tronco e continuar o caminho antes que escureça de vez. - Sugere Luc.
–Não, já rodamos muito e a viagem até aqui foi cansativa, vamos descansar e amanhã cedo retomamos nosso caminho. - Define Marti.
–Acho meio arriscado ficarmos aqui. - Diz Gaby.
–Concordo com ela, podemos ser cercados por mordedores. - Concorda Sabs.
–Não existe problema se formos cercados, a Sabs pode acabar com eles sem ser atacada.
O grupo todo parece aceitar o ultimo argumento.
–Então ficaremos aqui, não existe grande risco caso sejamos cercados por mordedores. - Marti finaliza a discussão. - Durmam nos carros, ninguém sai sozinho a menos que seja a Sabs, a Mapa deve ser acompanhada por mais duas pessoas.
–Eu sei me virar sozinha. - Retruca Mapa.
–É por precaução.
Mapa respira fundo e revira os olhos reprovando a decisão de Marti.
O grupo se divide nos carros, dentro deles não precisarão se preocupar com os mortos.
Com os mortos.
...
O som de três batidas na janela do carro desperta Malu, Luc e Thalles que ao abrir seus olhos se depara com um homem barbudo e mal encarado olhando, com um sorriso construído por dentes amarelados e podres, para ele e indicando com o dedão que eles devem sair do carro. Com um ar assustado em seu rosto ele responde que não com a cabeça. O homem ergue os ombros e faz uma cara de como quem diz "você que sabe", depois disso ele quebra o vidro do carro com o punho de uma sub-metralhadora e aponta a arma para Malu.
–Saiam agora. - Ordena o homem.
Os três deixam o carro e encontram seu grupo ajoelhado e rendido por vários homens armados em frente a um caminhão de transporte militar, cheios de tatuagens, piercings, alguns com deformidades e alguns poucos trajando macacões laranjas provavelmente de penitenciarias. O homem que os tirou de lá os organiza junto com os outros em uma fila horizontal e os faz ajoelhar.
–Ajoelhou vai ter que rezar. - Diz um homem alto e careca enquanto prende a mão nos cabelos de Bia. Seus companheiros riem.
–Deixa ela em paz. - Diz Dudu se erguendo e indo para cima do homem.
Um chute dado por alguém em na parte de trás de seu joelho faz com que Dudu caia no chão, o líder do grupo, um homem alto, moreno, com cabelos negros presos em um rabo de cavalo e todo vestido de preto se agacha na sua frente e puxa os cabelos de Dudu ficando face a face com ele.
–Aí boyolinha, nem vem que tem. - Após dizer isso o atacante bate a cabeça de Dudu contra o asfalto e a testa desse começa a sangrar.
Todos são colocados dentro do caminhão e são transportados por um longo trecho até que o caminhão para em frente a um grande muro protegido por guardas e então descem e são alinhados novamente.
...
–Muito bem, deixem que me apresente, me chamem de Labiapari sou líder do Comboio do terror, aqui é o seguinte, você pode se dar bem conosco. - Ele toma uma pistola da mão de um de seus subordinados. - Mas se vacila vai rodar. - Ele dispara na coxa de Dudu. - E se você for tentar alguma coisa, é melhor vir de mansinho, fica pianinho comigo. - Ele se aproxima dos portões. - Quer vir? Pode vir, pode chegar, mas vai ter que me aturar.
O líder do grupo anda de um lado pro outro em silêncio alisando o muro com um brilho de satisfação nos olhos.
–O muro é ruim de derrubar e só tem dois lados, ou você está conosco lá dentro ou está sozinho aqui fora, ficar em cima do muro aqui não rola, se subir vou empurrar. Venham, vamos entrar. - Chama Labiapari.
Todos adentram os muros.
Bia e Isa ajudam Dudu a se mover para dentro do forte.
Lá dentro o caos parece ser maior do que do lado de fora, latidos de cães e o som agudo de choro de crianças e bebês predominam. Conforme vão adentrando alguns homens e garotos com jeito de malandro se escondem ao verem Labiapari.
Eles são guiados para dentro de um alto prédio no centro da cidade e vão para uma sala ponde antes deveria ser a sala de reuniões de alguma empresa.
–Bem vindos ao Comboio do terror! - Diz Labiapari erguendo os braços e portando um sorriso malicioso em seu rosto.
–Vai se foder! - Esbraveja Dudu. - Você não pode manter a gente aqui.
Labiapari saca uma pistola e sobe na mesa e dispara novamente contra a perna de Dudu, dessa vez atingindo apenas de raspão sua panturrilha, mas causando enorme dor.
–Vacilou tu já rodou e sobre manter vocês aqui, quero ver me segurar.
–Eu vou acabar com você. - Desafia Dudu arfando.
Labiapari o encara e levanta uma sobrancelha, repousa sua arma sobre a mesa e vai na direção de Dudu o envolvendo num abraço.
–Muito bom, você seria bem útil, vai me matar? - Labiapari abre os braços ficando desprotegido. - Então se atira, se joga, pula sem medo, aqui é neste estilo mesmo, enquanto eu não morrer não vou me entregar. - Ele bate no peito. - Aqui é time de primeira, mermão, não é segunda divisão, já disse, porra, é dificil de derrubar. Agora, se você for do tipo arregão, na boa, pede licença, pede as contas e pá e bença. Tu vai ter que me engolir.
Labiapari passa por trás do grupo e alisa a bunda de Mapa, depois volta para a frente de Dudu
–Se for ficar de machão se prepara. - Ele apalpa o próprio pênis por cima do jeans preto. - Aqui é sem óleo nem vasilina, vai chorar que nem menina ou então me pede pra sair. Labiapari termina a frase dando um forte tapa no rosto de Dudu que cambaleia.
Dudu se recompõe e se lança sobre Vinicius que esquiva e aplica uma joelhada no queixo de Dudu que desaba.
Labiapari pega novamente a arma em cima da mesa.
–Rodou. - O líder do Comboio dá vários tiros mirando a cabeça de Dudu.
Bia começa a chorar e o som de seu choro chama a atenção de Labiapari.
–Desculpa, não sabia que você também queria balas. - Labiapari dá um unico disparo e a bala atravessa o pescoço de Bia.
A loira caí de joelhos no chão tentando respirar e pouco depois cai de cara em uma poça de seu próprio sangue.
Labiapari se senta em uma cadeira de escritório e apoia as pernas cruzadas em cima da mesa e os braços atrás da cabeça.
–Alguém tem alguma dúvida? - Pergunta ele com um sorriso de satisfação no rosto manchado pelo sangue de Dudu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lábios de dor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.