Lábios de dor escrita por Lipe Muliterno


Capítulo 1
Deixando o velho mundo


Notas iniciais do capítulo

Oi, essa é minha primeira fic, espero que gostem.



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Era mais uma tarde comum no colégio de cadetes, o tenente Thompson treinava um grupo de novatos que atiravam com pistolas. Como de costume, o tenente se irrita com o desempenho dos alunos e tem um de seus ataques de fúria.

Ele então caminha com passadas largas em direção de um dos alunos.

-QUAL SEU NOME, CADETE?- Grita Thompson com um dos novatos.

-Gregory, senhor. - Responde o jovem de forma assustada.

-Me dê sua arma!

O jovem rapidamente põe um novo pente com 19 projéteis dentro pistola Taurus PT 58 e entrega para seu mentor.

Thompson, agora com a arma em mãos, mira em um alvo próximo e dá uma série de disparos certeiros.

-É assim que se atira!- Grita para seus alunos dando as costas e largando a arma.

Enquanto a arma cai, ele se lembra de não ter a travado antes de largá-la, se lembra de ser uma arma de alta sensibilidade e lembra principalmente de não ter dado o décimo nono disparo.

Tarde demais.

Thompson se vira, no mesmo instante que o estrondo preenche o local, apenas para ver a mancha vermelha surgir na farda de um de seus alunos.

Ele já havia passado por muita coisa, porém, nunca quis atirar em alguém que não merecesse.

-VICTOR!- O grito vem de outro aluno.

O jovem tem por volta de 17 ou 18 anos, estatura alta, olhos claros, cabelo escuro e pele levemente queimada pelo Sol e atende pó Filipe. Ele corre em direção ao companheiro que está caído no chão com uma mão sobre o abdômen ensopado de sangue.

Thompson se aproxima para ajudar, ele e Filipe seguram Victor pelos braços e o erguem de forma que ele fique apoiado em seus pescoços.

Assim que Victor fica de pé, começa a cuspir sangue.

O projétil provavelmente acertou o estomago, Victor tem pouco tempo até que o acido estomacal se derrame em outros órgãos causando a falência dos mesmos. Para piorar a situação as costas estão intactas, ou seja, a bala não atravessou o corpo e está alojada lá dentro.

-Alguém alerte a diretoria. - Ordena Thompson a seus alunos enquanto corre com Filipe e Victor em direção ao ambulatório.

Ao avistarem o tenente carregando o aluno ferido, chamam os médicos.

-O que houve aqui?- Pergunta Isadora, a enfermeira, uma antiga amiga de Filipe, ele nutria desde por volta de seus 14 anos certa atração por ela.

-Depois eu explico, me ajudem a colocá-lo na maca. - Pede Filipe aos paramédicos.

Quatro médicos pegam Victor, o colocam na maca e se dirigem às pressas para a sala de cirurgias, seguidos por Filipe e Isadora.

Thompson volta para terminar sua aula de forma cabisbaixa.

Apesar da situação, Filipe se pega olhando para a bela morena de olhos castanhos, cabelos escuros e pele pouco mais clara que a sua, seu rosto, agora, um pouco marcado pelo stress do trabalho, ele se lembra de como ela era ainda mais bela há alguns anos atrás.

-Lipe – A voz de Isadora o acorda de seus pensamentos quando chegam até a sala de cirurgias. – Você conhece o procedimento, terá de ficar aqui fora até autorizarmos sua entrada.

-Okay, Isa. – Responde o jovem de forma pesarosa.

Ele senta no chão e observa Isadora entrar na sala com outros dois médicos.

Um silêncio mortal se abate sobre o corredor onde Filipe está e pela primeira vez em anos ele se sente novamente abandonado, então o som de passos pesados de um coturno quebra o silêncio.

Filipe levanta a cabeça e vê um homem alto, magro, cabelos escuros arrumados em um topete, pele clara e olhos quase tão escuros quanto o cabelo.

-Oi, Thalles. – Cumprimenta Filipe se levantando para abraçar o amigo, forçando um sorriso.

-Fiquei sabendo do acidente, Lipe. – diz Thalles pesarosamente. –Vai ficar tudo bem.

-Ai, cara, é culpa minha, eu que o convenci a vir estudar aqui.

-Você o chamou apenas, ele veio porque quis.

-Se não fosse por minha causa ele nunca teria vindo para cá.

Thalles apenas abaixa a cabeça e suspira.

-Vai ficar tudo bem. – Repete ele.

Filipe senta-se novamente, dessa vez com as mãos no rosto e entre as pernas, e Thalles senta ao seu lado.

-A família dele vai surtar quando eu contar. Que tipo de amigo eu sou?!

-Deixa de bobeira, Lipe. Já passamos por coisas piores, o que está acontecendo nem se compara a o que já enfrentamos.

-Tem razão, obrigado. – Diz Filipe dirigindo um sorriso forçado ao amigo, relembrando algumas histórias.

Os dois ficam sentados calados por um longo tempo, então ouvem um grito vindo da sala de cirurgias e movimentos desesperados lá dentro.

O coração de ambos se acelera e eles rapidamente se levantam e correm em direção à porta, tentam abri-la, porém a mesma se encontra trancada.

Um líquido de cor escura e espesso começa a escorrer por debaixo da porta e sujar a sola dos coturnos de Filipe e Thalles.

-Sai da frente, Lipe! – Manda Thalles enquanto saca sua pistola Bersa modelo Thunder e dispara contra a fechadura da porta.

Filipe empurra a porta e um cheiro nauseante de sangue invade as narinas dos dois amigos no mesmo instante, mas, o pior é a cena que eles são obrigados a presenciar.

Ambos viram o rosto quase que no mesmo instante e fecham os olhos, estômagos revirados e corpos paralisados em choque.

-Que porra é essa?! – Diz Filipe.

-Vamos chamar alguém. – Pede Thalles.

-Não, vamos tentar entender o que aconteceu aqui.

Thalles entra de vez na sala, seguido por Filipe, e a cena que presencia agora é realmente horrível.

-Sempre achei que ver algo do tipo seria legal, mas não, não é nenhum pouco legal. – Diz Filipe enojado.


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