A Morte está nos ossos escrita por Liv Marie


Capítulo 9
Capítulo 9




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Os dias passam e Evan ainda se recusa a sair de sua cabine, o que tira Emma do sério, afinal de contas ele é apenas um garotinho, e por acaso crianças não precisam de sol, ar fresco e coisas assim?

"Eu tenho quase certeza de que o que você acabou de descrever se trata na verdade de uma planta." Henry comenta casualmente e Emma realmente não está em seus melhores dias, caso contrário, ele teria recebido uma resposta minimamente espirituosa.

Em realidade o que lhes resta é mais uma refeição em conjunto com uma tripulação desfalcada, e a ex-xerife não pode deixar de se sentir afrontada pelo assento vazio de seu irmão. E de ventilar em alto e bom som o seu descontentamento à respeito.

Sentada do outro lado da mesa, Regina bebe seu chá em pequenos goles sem conseguir evitar que uma expressão de preocupação molde suas feições, embora ela se abstenha de vocalizar as mesmas.

O mesmo não pode ser dito sobre Ruby que, ao seu lado, mais uma vez manifesta seu profundo abalo, embora grande parte de suas emoções atuais se devam principalmente a uma mistura delicada entre sensibilidade e irritabilidade provocada pelos hormônios de sua gestação.

"Pobrezinho." A loba funga com os olhos marejados enquanto belisca sua torrada.

"Não se preocupe paixão, ele é um garotinho resistente. Logo o pequeno terá se recuperado e voltará a seguir a rainha por toda parte como se nada tivesse acontecido." Hook tenta consolar Ruby com uma discreta carícia em sua perna e toma um gole da substância fumegante que traz em sua caneca. "Ele só precisa de um tempo. Afinal não é todo dia que uma criança é obrigada a se deparar com um monstro de verdade."

De seu assento, Snow finge não fazer parte da conversa, se escondendo por trás de seu prato de frutos silvestres, o que só serve para enervar Emma ainda mais e talvez Regina possa sentir isso, porque este é o momento exato em que sua voz se eleva.

"À propósito, eu estava pensando em fazer uma visita ao menino depois do almoço."

"Ah sim! Porque isso é exatamente o que ele precisa! Primeiro zumbis e agora bruxas más. Quem nós poderíamos mandar em seguida? O bicho-papão?" Grumpy comenta com escárnio enquanto Regina, por sua vez, finge não ouvi-lo.

"Pensando bem, acho vou fazer isso agora, dada a minha súbita perda de apetite." Ela oferece a todos um sorriso educado e pede licença ao abandonar o cômodo.

Assim que Regina desaparece de vista, Emma joga seu guardanapo na cabeça de Grumpy para pontuar sua insatisfação. "Hey, isso foi completamente desnecessário!"

"O quê? Agora eu vou ser punido por dizer a verdade?” Grumpy se defende como se fosse ele a vítima de ataques.

"Leroy, Regina tem nos ajudado de tantas formas. Não faria mal você tentar ao menos ser mais civilizado.” Snow fala em uma repreensão que é branda demais para apaziguar os ânimos de Emma.

"Eu sou totalmente a favor de uma sociedade civilizada Snow, mas não vamos permitir que um punhado de boas ações nos faça esquecer quem essa mulher realmente é." Contribui Whale e, desta vez, Emma se vê forçada a fechar o próprio punho tentando controlar o surto de raiva que se espalha com ferocidade por sua corrente sanguínea.

"Essa mulher salvou a sua vida!" Ela resmunga em um registro perigosamente baixo.

Henry parece perceber o quão perto ela está de perder o controle, porque, sem hesitar sua mão cobre a dela. "Mãe,"

O gesto, contudo, não é suficiente para suprimir a raiva de Emma.

"Quer saber? Eu cansei de ouvir vocês falando merda sobre a Regina, ok? Estou farta de ver todo mundo pronto pra julgar cada uma de suas ações do alto de suas torres de falsa integridade e princípios, como se fossem seres superiores quando na verdade TODOS aqui têm sangue em suas mãos. Agora, eu não estou dizendo que ela é melhor do que qualquer um de nós, mas, até onde eu sei, ela certamente não é pior e seria bom se vocês tentassem pelo menos se dar conta disso!"

Sem esperar por qualquer tipo de resposta, Emma bate em retirada, deixando todos os presentes envoltos em uma névoa de surpresa e choque.

Ruby, no entanto, cheira algo mais no ar. Uma mistura de feromônios que é familiar demais aos seus sentidos para passar despercebida, mas ainda assim distinta.

Ela não consegue identificar de imediato do que se trata, mas tampouco consegue disfarçar o impacto provocado em seus delicados sentidos.

Hook parece notar sua expressão estranha. "Que foi, paixão? Está se sentindo enjoada?"

"Não." Ruby responde de forma vaga, seu pensamento buscando respostas nos seus instintos mais primais. "Longe disso."

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A cabine compartilhada por Evan e Henry é apertada e não de uma forma aconchegante. No local relativamente organizado - o que significa que Henry guardou pelo menos alguns de seus ensinamentos - há apenas um beliche (que ocupa de parede à parede), um baú improvisado ao lado da porta, onde as roupas limpas dos garotos são mantidas e uma pilha de livros velhos que funciona simultaneamente como criado mudo. O lugar cheira a sal e um odor peculiar que Regina pode apenas classificar como meninos, o que não chega a ser uma mistura de seu agrado.

Ela encontra Evan sentado em sua cama sobre uma colcha de retalhos surrada, pernas cruzadas em estilo indiano e uma revistinha velha e prestes a se despedaçar aberta em seu colo. Ao abrir da porta, ele nem mesmo se dá ao trabalho de interromper sua leitura, provavelmente esperando que a visita seja de Emma ou Henry.

A presença de Regina definitivamente conta como uma surpresa.

"Olá." Ela o cumprimenta com um pequeno sorriso e seus grandes olhos verdes se arregalam por trás de longas madeixas louras quando ele percebe de quem se trata. "Posso entrar?"

O menino imediatamente coloca a história em quadrinhos de lado e acena com a cabeça ansiosamente, ainda que sem emitir qualquer som em momento algum.

Regina aceita o gesto como um bom sinal e entra no cômodo, escolhendo sentar-se ao seu lado na cama inferior do beliche. É uma posição desconfortável, por causa da cama de cima, mas nada que ela não seja capaz de tolerar.

"Eu não pude deixar de notar que você não tem me visitado."

O rosto de Evan se contorce com o que pode ser constrangimento, mas ele permanece em silêncio.

"Você pode imaginar minha surpresa quando me disseram que você tem se recusado a sair dessa cama." Ela lhe lança um olhar de soslaio e vê que ele está olhando para baixo, suas mãos pequenas brincando nervosamente com as pontas da manga de sua camiseta enquanto Regina fala.

"Evan, estou certa de que você já sabe disso, mas sua família está bastante preocupada. Eles só querem o que é melhor para você. E eu estou supondo que você saiba tão bem quanto eu, que ficar neste quarto não é isso."

Ele pega seu coelhinho de pelúcia e traz para junto de seu peito, abraçando-o com força.

"Eu sei que você está assustado. Mas posso te contar um segredo? Está tudo bem. De verdade! Todo mundo fica assustado às vezes. Sua mãe, Henry, eu... Até mesmo a Emma, embora ela seja boa em fingir que não."

A menção do nome de Emma faz com que Evan olhe para Regina bruscamente, de modo que ela busca tranquilizá-lo. "É verdade. E você... Bem, você enfrentou uma das coisas mais terríveis que podem acontecer. E eu não estou falando sobre o homem que você viu lá embaixo. Estou falando sobre o que acontece quando você é forçado a se deparar com uma pessoa que você amava e que, por um motivo ou outro, deixou de existir."

“Eu sei, porque já aconteceu comigo.” Regina complementa com um sorriso triste, e Evan funga tentando não chorar. A imagem fazendo seu coração doer de repente, porque tudo o que Regina vê diante de si é Emma.

Não—Henry!

Ela vê Henry.

Ou ao menos é isso o que ela diz para si mesma, tentando voltar sua atenção para o que mais importa nesse momento.

"Por isso, é preciso que você saiba que é normal você estar com medo ou triste. Mas também é importante que você nunca, nunca esqueça que nem a Emma e nem eu jamais iremos deixar que algo ruim lhe aconteça." Ela acaricia suavemente seus cabelos. "Você pode confiar em mim?"

Evan não chega a enunciar qualquer resposta.

Mas Regina encontra o que procura em seus olhos mesmo assim.

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Emma e Ruby estão afiando suas facas na companhia uma da outra quando Regina aparece no convés principal, acompanhada por ninguém menos do que Evan.

O garoto parece muito alerta e agarra sua mão com notável firmeza, mas ele está lá e tudo o que Emma pode fazer nesse instante é olhar e sorrir.

É nesse momento também que Ruby sente novamente. Esse profundo e inefável odor de puro afeto. É tão forte que ela sente seu rosto corar, deixando escapar uma risada que encontra seu caminho para fora sem sua permissão.

O som faz com que Emma se volte para ela, uma expressão de incompreensão no rosto, embora seu sorriso não tenha ainda completamente desaparecido.

"O quê?"

"Garota, você está encrencada." Ruby diz com um sorriso genuíno e nenhum indício de malícia. Mas mesmo seu tom não é o suficiente para que Emma não se sinta afrontada pelo que está sendo implicado.

"O que você está falando?" Emma diz a sério, seu sorriso agora longe de ser encontrado, enquanto sua irritação emerge à superfície.

"Ei, não fique com raiva de mim. Você é a pessoa que está entregando o jogo com essa cara de boba apaixonada." Ruby fala quanto continua a afiar sua adaga. "Se você não quer que ninguém perceba seus sentimentos, então deveria no mínimo se empenhar mais em mascarar suas feições.”

“Não fale do que você não sabe Ruby!” Emma alerta adotando uma carranca firme e desafiadora, para então desaparecer navio adentro.

Sua reação servindo apenas para confirmar as suspeitas de sua amiga.

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Dias se transformam em semanas enquanto Regina trabalha dia e noite para cumprir sua parte do trato.

Ela pode ter sido capaz de salvar as sementes, mas para abrir um portal é preciso de brotos saudáveis, o que significa o cultivo cuidadoso de um delicado pé de feijão usando mágica que parece instável e até mesma arredia em suas mãos.

Normalmente Regina recorreria a Emma para explicações sobre esse evento em particular, mas a relação das duas tem se mostrado um tanto quanto tumultuada, e à morena não sobram dúvidas de que sua presença tem servido apenas para deixar a ex-xerife visivelmente desconfortável. Assim, sem estar disposta a confiar seus planos a qualquer outra pessoa, Regina opta por se resguardar.

Obcecada em fazer este plano dar certo, ela mergulha de cabeça no trabalho, e se isso serve também como uma distração, evitando que seus pensamentos recaiam sobre Emma e o relacionamento indefinido que existe entre as duas, bem, tanto melhor.

Emma, por sua vez, parece decidida a manter uma certa distância entre as duas, ao menos tanto quanto é possível.

Contudo o navio não é assim tão grande nem as companhias tão interessantes, de modo que com mais frequência do que consegue controlar, a loira se encontra na órbita de Regina.

Em momentos como esse, as palavras de Ruby a cercam e assombram, mas ao mesmo tempo é como se algo mais a impedisse de se afastar por completo.

Para sua sorte, Emma quase sempre pode contar com a presença de Evan durante esses encontros, o que de uma forma bastante sorrateira, mas ainda assim eficiente, parece amenizar a atmosfera entre as duas.

E se ele alguma vez nota a estranha tensão existente entre sua irmã mais velha e sua salvadora, Emma não poderia saber uma vez que, desde o incidente com Charming, o garoto não se mostrou inclinado a falar uma só palavra.

Whale diz se tratar de uma reação natural ao choque sofrido, o que não chega a amenizar a preocupação de Emma, mas pelo menos Evan não passa mais seus dias encerrado em seu quarto.

Com algum alívio, Emma o observa brincar com Henry e Pongo e pouco a pouco retomar sua rotina. E ele certamente parece muito animado toda vez que Emma sugere uma visita a Regina.

Henry também parece mais aberto à ideia de ter Regina ao por perto, embora sempre tendo o cuidado de manter uma certa distância. Emma percebe o quanto isso afeta a ex-prefeita, mas ambas sabem que o garoto está tentando e não há realmente muito mais que possam pedir dele nesse sentido.

Nesse meio tempo a gravidez de Ruby avança, Whale se acostuma a usar uma bengala, Grumpy continua desconfiado, sempre a vigiar Regina, e o clima entre Snow e Hook permanece azedo.

Isto é, até a noite em que Regina aparece no quarto de Emma, acordando-a com entusiasmo incontido.

“Emma!”

“Mais cinco minutos, Evan.” Emma murmura em meio ao sono, abraçando o travesseiro mais apertado. Regina bufa e começa a cutucá-la.

“Acorde! É importante!” Ela diz com urgência e não consegue evitar, acrescentando em um sussurro abafado que mal contem sua excitação. “Eu consegui!!!”

Emma abre os olhos, e é recompensado com um sorriso magnífico.

Ela não se lembra de jamais ter visto Regina sorrir assim.

É de tirar o fôlego.

“Você conseguiu?” Ela repete também em um sussurro, espelhando a expressão da ex-prefeita.

“Sim!” Regina confirma e Emma precisa usar de todo o seu auto-controle para não levantar da cama e beijá-la nesse exato instante.

Felizmente, Snow dorme no mesmo quarto o que quebra completamente o clima, especialmente quando ela escolhe este momento em especial para fazer sua presença notada.

“O que está acontecendo?” Vem a voz sonolenta da cama superior do beliche.

Regina não espera para responder. “Nós temos um feijão mágico!”

“Nós temos que contar a todos! Agora! Nada de esperar até amanhã!” Emma se levanta e puxa Regina pela mão, já em seu caminho para fora da cabine.

“Eu vou acordar os meninos. Você chama os outros.” Snow ouve Regina dizendo antes de fechar a porta.

Sentada em sua cama, ela tenta absorver o que acaba de acontecer.

Snow nunca duvidou que Regina seria capaz de fazê-lo.

Ela a conhece suficientemente bem para saber que tudo o que sua antiga madrasta coloca na cabeça, eventualmente, é realizado.

Para melhor ou para pior.

Mas de alguma forma ela esperava ter mais tempo.

Ao ouvir o restante da tripulação despertando, Snow não pode deixar de sentir seu coração apertar.

Está chegando a hora de dizer adeus.

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Reunidos ao redor da mesa da cozinha, todos parecem sonolentos, ranzinzas e bastante confusos quanto ao que possa ser tão importante a ponto de não ser possível que se espere o raiar do sol.

“Eu não entendo, se a Red não está dando à luz e não estamos sob ataque, por que diabos vocês estão me tirando da cama no meio da madrugada?” Grumpy resmunga em alto e bom som.

Ma, o que está acontecendo?” Henry pergunta entre um bocejo, enquanto Evan está praticamente dormindo, com o corpo recostado junto ao seu.

“É melhor que isso seja bom.” Hook diz coçando a barba por fazer com o seu gancho. Ruby está com uma expressão letárgica, mas não diz uma palavra. Whale também não se manifesta. Snow é a última a se juntar ao grupo.

Emma permite então que Regina revele a boa notícia.

“Nós temos um feijão.”, Regina declara com o máximo de compostura que sua atual agitação lhe permite.

E então ela espera que o significado de suas palavras seja devidamente absorvido.

“Espere, era esse o seu plano secreto? Iniciar uma plantação?” Henry pergunta confuso e pouco impressionado.

“Bem, sim. De certa forma.” Regina sorri, atribuindo a incomum falta de perspicácia do filho ao seu estado semi-adormecido.

“Espere um pouco! Você está falando de um feijão mágico? Todo esse tempo e você tinha um em sua posse?” Hook questiona com uma mistura de surpresa e desconfiança.

“Não é assim.” Emma esclarece, enxergando com desagrado a insinuação do pirata. “Em nossa ida à cidade, Regina conseguiu localizar alguns brotos danificados. Desde então ela esteve tentando recuperá-los.”

“E agora ela conseguiu.” Ruby sorri com admiração, o significado disso tudo desabrochando em sua mente de repente.

“E agora?” Henry pergunta sorridente, cheio de entusiasmo.

“Eu sugiro que você faça as malas garoto.” Emma acrescenta, bagunçando o cabelo do filho em um gesto afetuoso. “Nós partimos em dois dias.”

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Uma vez que agitação inicial passa, os integrantes da tripulação se retiram novamente para seus cômodos, com esperança renovada para o dia que está por vir.

A intenção de Regina era fazer o mesmo. Finalmente descansar após noites e noites em claro, a exaustão de seus esforços clamando seu corpo de forma quase irresistível.

A adrenalina, no entanto, fala mais alto, e após retorcer-se em meio aos lençóis até que o confinamento naquele pequeno espaço se torne insuportável, Regina se dá por vencida e abandona seus aposentos em busca do ar da noite.

É uma noite de lua crescente e ela esperava estar sozinha.

Mas sentada em um banco na popa do navio, Regina reconhece sem dificuldade a silhueta de Emma de costas, a observar as ondulações constantes do mar.

A familiaridade de sua presença é quase bem vinda, até o momento em que ela percebe que talvez sua companhia não o seja. Regina então tenta se retirar silenciosamente, antes de ser vista, mas o piso de madeira estala sob seus pés e mesmo de costas ela pode sentir os olhos de Emma sobre sua figura.

“Regina,” Ela parece genuinamente surpresa.

“Eu já estava me retirando.” Regina responde ao mesmo tempo. Suas vozes se atropelando.

“Não vá.” Emma diz em seguida, e algo em sua voz, simples e sincera, parece ganhar controle sobre seus pés.

Ao invés de se recolher, Regina se vê caminhando até Emma, e por fim ocupando o espaço ao seu lado no pequeno banco.

Ela não sabe ao certo o que dizer, de modo que é quase um alívio quando Emma preenche o vazio do silêncio com suas próprias palavras. “Eu simplesmente não conseguia dormir. Ainda não consigo acreditar que você tenha realmente conseguido.”

“Eu também não.” Regina admite, dividida entre a visão da lua e a visão da mulher ao seu lado.

Existe uma serenidade em suas feições que até ontem não estavam ali, e no meio da noite, com o mar se estendendo sob as duas como um tapete escuro e aveludado, seus olhos parecem acesos como verdadeiros faróis.

“Eu tinha que acreditar que esse dia chegaria. Senão por mim, então pelos garotos, pelo grupo. Mas agora que está de fato acontecendo eu percebo que não estava preparada pra isso.”

As palavras de Emma tocam partes de Regina que ela não achou que estivessem expostas. Essa talvez seja a primeira vez em que ela percebe que, enquanto esteve encerrada em sua própria prisão, Emma também esteve presa, apenas em um diferente tipo de clausura.

Talvez seja por isso que sua mão instintivamente busque a de Emma, por um breve instante esquecendo qualquer histórico da complexa relação compartilhada pelas duas. E talvez seja por isso também que, sob seu toque, a loira não recue.

Com os olhos presos no reflexo cintilante da lua sobre as águas escuras, Emma segura a mão de Regina com força, entrelaçando seus dedos entre os dela.

“Eu não sei se consigo fazer isso.” Sua voz escapa pequena, quase inaudível entre o vento e as batidas de seu coração.

A voz de Regina, no entanto, sequer oscila. “Então é uma coisa boa você não precisar fazer isso sozinha.”

No semblante de Emma a surpresa se faz perceptível destacando-se no contorno de seus lábios e no desenho de suas sobrancelhas, a testa franzida mesmo quando seus olhos sorriem.

Regina finge não notar.

Ao invés disso as duas permanecessem ali, sentadas sob o luar, em um silêncio longo, mas repleto de palavras que não precisam ser ditas.

.::.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Caminhamos para a reta final. Obrigada a todos que ainda acompanham esta história e que tem encontrado tempo para deixar uma ou duas palavras de incentivo. Espero que a espera por novos capítulos esteja valendo a pena. Até a próxima ^_^



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