Keep Holding On escrita por Carolina Black


Capítulo 4
Capítulo 4 - Charlie


Notas iniciais do capítulo

Presente de Natal pra todo mundo !



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Minha mente vagava por horas atrás. Eu estava sentada aguardando o início do embarque, com uma mala enorme preparada por mamãe ao meu lado. Meu corpo estava ali, mas meus pensamentos voavam ao encontro de meu passeio com Miakela.


Mika sempre teve uma queda por acontecimentos e realizações místicas. Em seu top 10 sobre esse assunto estava a tarologia. Como prometido, tive que acompanhá-la a Madamé Neyará e controlei-me o máximo que pude para não cair na risada. Para mim tudo aquilo não passava de um besteirol comum(n/a: eu não tenho absolutamente nada contra isso, só para explicar!). Billy faleceu e minha tristeza era evidente. Era um erro prometer coisas à Mikaela, ainda mais quando eu não tinha noção do que se tratava.


A Madamé lia as cartas que retirava de um barulho incomum e Mikaela não continha a excitação e felicidade. Todas as cartas retiradas tinham um significado positivo. Minha amiga parecia realmente levar tudo aquilo a sério. Quando estávamos indo embora, Madamé me parou, insistindo em ler as minhas cartas de graça. Com a sua insistência somada a de Mika, acabei topando.


Sentei-me a sua frente e ela me pediu que embaralhasse novamente o baralho, assim como Mikaela fizera há minutos atrás. Embaralhei com os meus pensamentos voltados a Charlie, Billy e... Jacob. Eram as minhas únicas preocupações do momento e Madamé dizia que aquilo não iria interfirir em nada. Depositei as cartas devidamente embaralhadas no centro da mesa, quase que implorando para que tudo aquilo se resolvesse o mais rápido possível.


Ela retirou as três primeiras e colocou em minha frente, esperando que eu abrisse a primeira. Nem escolhi, apenas peguei a primeira que apareceu em minha frente. Abri e observei atentamente o desenho presente na carta. Era um senhor encapuzado, segurando um lampião dos antigos.


# O Eremita, interessante. Só tenho uma única observação a fazer sobre essa carta. Apenas siga em frente garota, seu destino já está traçado. Não há como fugir. # Permaneci quieta. Como se eu acreditasse em toda aquela bobagem. Puxei a outra carta e nela tinha um homem e uma mulher, ambos nu. Madamé sorriu. # Os namorados. #


Não deixei que ela falasse algo sobre a carta, eu já imaginava somente pelo nome. Abri a próxima e me deparei com um Sol enorme. Larguei tudo ali mesmo e puxei Mikaela. O Sol me lembrava alguém que eu estava prestes a encontrar. Era apenas uma pura coincidência.


Meus pensamentos foram interrompidos assim que ouvi uma voz avisando sobre o embarque. Peguei minha mochila e parti rumo ao avião. Meu celular começou a vibrar dentro da bolsa, peguei-o e vi o nome de Ryan estampado.


# Amor? # Ryan parecia preocupado do outro lado da linha. # A Mika me contou, meus pêsames. #  Murmurei algo como um obrigado. # Como está? #


# Estou entrando no avião. Preciso te confessar Ryan, será difícil sem você comigo. # Foi a vez dele murmurar algo incompreensível para meus ouvidos.


# Qual é Isabella, você é a minha garota. A garota forte e corajosa que eu aprendi a gostar em tão pouco tempo. # Eu sorri abobalhada sentando na poltrona grudada na janela.


# Obrigada Ryan. De verdade. # Nos despedimos e desliguei o celular, eram as normas. Dispensei meu remédio para dormir, aquilo não seria necessário após mais de 24 horas acordada. Pedi para que a aeromoça me acordasse minutos antes do pouso. Eu gostava de sentir a emoção de estar voltando ao chão. Dei risada dos meus pensamentos bobos.


Aos poucos o cansaço foi tomando conta do meu corpo, apaguei a luz irritante a cima de mim e literalmente apaguei.


Meus olhos se incomodaram com a luz. Já estava na hora de pousar, a aeromoça repetia isso sem parar ao meu lado. Quando viu que eu não acordaria, acendeu a famosa luz irritante. Bufei, eu tinha direito de estar nervosa. Não dormia direito há dias!


Dei um tapa em meu rosto e me virei para a janela. Era tão lindo observar as luzes das cidades à noite. Ainda não tinha amanhecido por completo, mas o sol já deixava sua marca no céu arroxeado.


Senti o friozinho na barriga na hora do impacto do avião com o chão. Fazia tempo que não tinha aquela sensação de medo e insegurança. Tornei-me uma garota tão autoconfiante, que problemas como esses já não eram mais vistos em minha rotina. Mas em Forks tudo podia ser diferente.


Peguei minha mochila na esteira, respirei fundo e parti rumo a meu passado. Não podia fraquejar Isabella, nem pense nisso. Apertei mais ainda minhas mãos contra a mochila e foi aí que o vi.


Ele estava completamente diferente. As olheiras davam lhe um ar assustador. A palidez era evidente. A barba crescida, como pura prova do seu desleixo. Larguei a mochila ali mesmo. Não queria esperar mais um segundo para correr e aproveitar o tempo perdido.


Foi isso que fiz. Ele ainda não tinha me visto. Só me notou quando todos apontaram para uma garota loira correndo o saguão inteiro. Charlie sorriu para mim. O sorriso verdadeiro dele que eu realmente senti falta nesse último ano.


Pulei em seus braços com o maior cuidado. Digamos que Charlie não parecia estar em sua melhor forma. Não era para menos. Eu tinha literalmente o abandonado e meu coração sentia um arrependimento enorme. Não, eu não me arrependia da minha decisão. Porém ver Charlie naquela situação era de retalhar o coração.


Charlie envolveu seus braços em mim, apertando-me com uma força exagerada. Afagou meus cabelos e começou a me tatear, como se tentasse acreditar que aquilo era realmente real. Dei uma risada de leve contra seu ombro. Eu estava abraçando meu pai!


Afastei-me para poder observá-lo melhor. Meu pai estava um caco e eu tinha culpa no cartório por isso! Charlie aparentava ainda estar em transe e resolvi acabar com aquilo. Puxei o pela mão esquerda, enquanto a minha direita encarregava-se de levar a mala. Charlie nem insistiu em levá-la, era mais uma prova de como ele estava desleixado e diferente.


Optei por dirigir até Forks. Charlie entrou no carro em silêncio, porém eu não pretendia levar aquilo adiante. Se tinha algo que me arrependia, era de não ter estabelecido conversas com meu pai no passado.


# Pai, senti tanta sua falta! # Disse enquanto batucava no volante, ansiosa com a sua resposta. Charlie me olhou assustado e foi quando me lembrei. Eu estava loira e só agora ele tinha reparado. Minha vinda em Forks tinha acabado de perder a tranquilidade.


# Seu cabelo ficou bonito. #  Ele comentou quase que sem animação. Aquele definitivamente não era o Charlie que eu conhecia.


# Obrigada! Que bom que gostou! # Soltei uma mão do volante e pousei em sua perna, na tentativa de confortá-lo. # Se eu pudesse pararia o carro e lhe abraçava novamente. Estou com muita saudade! # Dessa vez Charlie sorriu. E eu não estava nem um pouco forçando as palavras. Eu realmente sentia falta dele.


Chegamos em Forks. A casa continuava a mesma da última vez que estive aqui. Minha Chevy permanecia intacta. Charlie finalmente pegou minha mochila e sorriu para mim. Senti-me um pouco aliviada. Abri a porta e não contive meu sorriso. Eu sentia falta daquela casinha naquele fim de mundo.


Ajudei Charlie a entrar com a mala e corri para o meu antigo quarto. Tudo estava no lugar, exatamente como deixei quando fiz as malas para me mudar. Abri a janela e logo lembranças surgiram na minha mente. Porém esta vez não teria ninguém para invadir meu quarto por aquela parte do cômodo.


Ajeitei o lençol antes de me jogar na cama. Ela fez um barulho e eu dei risada. Talvez estivesse um pouco acima do peso para fazer tais coisas. Desci as escadas correndo e Charlie assustou-se ao perceber que eu não tinha tropeçado.


# A dança? # Ele perguntou entusiasmado.


# Sim sim! # Puxei minha perna e meu pé foi parar ao lado da minha cabeça. Por essa Charlie não esperava. Voltei a dar risada. Eu estava animada demais! Porém, a expressão de Charlie voltou a ficar entristecida. Então me lembrei de Billy.


Desci os degraus restantes e voltei aos braços do meu pai tentando consolá-lo. Dessa vez eu que o apertei exageradamente, querendo arrancar toda a sua dor e passá-la para mim. Sentiria melhor se fosse comigo.


# Ele era uma pessoa ótima Charlie. # Ele apenas concordou e permaneceu enroscado em mim. # Aposto que ele está lá em cima querendo te bater por estar desse jeito. # E nós dois rimos. Era verdade.


Deixei Charlie sozinho novamente e levei a mochila para o quarto. O velório e enterro seriam daqui há pouco tempo e eu ainda precisava tomar um banho e me vestir. Fiz essas coisas tão rápidas e voltei para o colo de meu pai, já vestido.


# Temos que ir... # Ele comentou quebrando nosso silêncio, mas tinha algo que eu queria perguntar antes de sairmos.


# E o Jacob? # No instante em que ouviu o nome, Charlie abaixou a cabeça. Os batimentos do meu coração aceleraram. Jacob deveria estar péssimo. Não precisei de resposta alguma para imaginar isso. Esqueci o assunto, logo meus olhos veriam a verdade.


Ajeitei o vestido preto e entrei no carro..


 


n/a: Olá gente! preparei esse capitulo correndo e postei correndo também nesse dia de Natal :) , espero que vcs gostem. Obrigada por todas as reviews e claro, um ótimo natal a todos, muita paz, que iluminem a familia de todos! um beeijinho e uma imagem para vcs (:




 


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