The Lost Number escrita por Miss_Miyako


Capítulo 2
Nº 1: O papel.


Notas iniciais do capítulo

E é agora que a merda começa... *suspira* AH, SIIIIM!! LOGO NO PRIMEIRO CAP!! AAAAAAAAAAAAAAAA *vai chorar no canto*

Eu sou doida, me ignorem =w= Mas, cara... Já tá doendo, viu? Pqp.
Tem uma cena nesse cap que foi difícil demais de escrever... Ai, meu Deus.
Enfim, nom vou falar mais nada.
Boa leitura.

*berra para o horizonte*



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Pequenos olhos negros encararam o céu repleto de Pidgeys, o vento soprou envolvendo o seu pequeno corpo e até lhe fazendo soltar um pequeno espirro. Pôs-se a correr, rapidamente, quando avistou seu alvo há alguns metros abaixo do lugar onde estava anteriormente.

Era ágil, talvez devido ao seu corpo pequeno, por isso descia pelas árvores com facilidade, sentindo as folhas verdes lhe fazendo cócegas e o vento sussurrar em suas orelhas.

No ultimo galho, pegou impulso e saltou. Deixou-se planar mesmo que não tivesse asas, quase perdeu a flor que estava presa a sua cabeça e aterrissou no seu alvo.

O ombro esquerdo da menina de cabelos loiros presos em um rabo de cavalo.

–Ah! – A mesma exclamou quase derrubando os papéis que levava e encarou o novo visitante no seu ombro, mas relaxou. – Chuchu, você me assustou, sabia?

A Pikachu soltou uma risadinha, o que fez Yellow abrir um sorriso. A loira ajeitou a flor que pendia da cabeça de sua pokémon e seguiu seu caminho, depois de conferir todos os papéis.

“O que é isso?” Ouviu Chuchu indagar, em seus pensamentos.

–Coisas do Professor Oak. – E respondeu em voz alta. – São para alguma pesquisa recente dele e como estava ocupado, me pediu para buscar esse papéis com o Professor Elm.

“Ah! Então a senhorita foi para Johto, né? Por isso não te achei em lugar nenhum.”

Yellow riu.

–Desculpa, não deu tempo de te avisar. – Pediu ao olhar de relance para a Pikachu. – Mas eu voltei rapidinho, não voltei?

Chuchu suspirou.

“É, eu acho. Não prestei muita atenção na hora...”

A loira parou de andar ao identificar o tom – ou se é que dava para chamar assim, já que não se tratava de algo sonoro – de preocupação nos pensamentos da pokémon.

–Aconteceu alguma coisa, Chuchu? – Perguntou, a encarando de novo.

A pequena rata elétrica pareceu ponderar por alguns segundos antes de dar uma resposta.

“Nada, na verdade. Só achei que o clima tava um pouco diferente... Por algum motivo.”

–Eeeh...? – Yellow murmurou e olhou para o céu, assim como havia feito Chuchu segundos antes. – Você acha?

E de alguma forma, que ela não saberia deduzir no momento, conseguia sentir a mesma coisa.

Tão estranho.

–-000--

–Professor! – Yellow chamou ao abrir a porta avermelhada do laboratório. – Eu trouxe aquilo que voc-

KATABLAAAM!

A loira soltou um grito agudo e surpreso, derrubando todos os papéis que segurava, mas não deu muito importância para as folhas e correu para onde achou que o barulho tinha vindo, quase derrubando Chuchu no processo.

–Professor! Professor OakIIIIIH-! – Assim que chegou lá, um odor horrível atingiu suas narinas e foi obrigada a tampar seu nariz com ambas as mãos, fechou os olhos no impulso.

“Olá.”

Uma voz grossa e desleixada reverberou em sua mente e a garota abriu os olhos, apenas para se deparar com um Grimer gigante no meio da sala. Então o fedor vinha... Ah.

–O- Oi... – Murmurou, acenando com uma das mãos, enquanto a outra ainda tampava seu nariz.

Então, uma mão começou a surgir debaixo do pokémon e Yellow teria entrado em pânico se não tivesse reconhecido a manga de jaleco que apareceu junto.

–Y- Yellow..? – E, claro, junto da voz abafada que foi ouvida depois.

–Pro- Professor Oak?! – A loira exclamou com uma voz nasal por ainda estar segurando seu nariz e correu até onde a mão estava, mas sabia que tentar puxá-la não daria certo. – C- Como o senhor foi parar aí...?

–S- Socorro... – Ela ouviu do som abafado. Ah, ok, pelo visto ele estava ficando sem ar. Nada bom. A loira encarou o pokémon venenoso a sua frente que a encarou de volta, piscando algumas vezes inocentemente.

–Er... – Começou ao abrir um sorriso tímido. Se bobear, o pobre pokémon não fazia ideia do que estava acontecendo. – Será que você poderia ir um pouquinho mais para o lado?

O Grimer piscou mais umas vezes e pareceu perceber que algo se remexia abaixo de si – Bingo. – e começou a rastejar para o lado.

“Ah, certo. Desculpa...” Ela o ouviu murmurar em seus pensamentos. Pouco tempo depois, o pokémon roxo caiu completamente de cima do homem de cabelos claros que arfou atrás de ar assim que sua cabeça ficara livre.

Depois que tudo se acalmara, Professor Oak estava sentado no chão e se recuperando do choque, com o ainda um pouco confuso pokémon ao seu lado. Yellow estava na frente de ambos e os encarava preocupada com Chuchu fazendo o mesmo em seu ombro.

–Tá tudo bem? – Perguntou.

–Sim, sim. – Oak murmurou com um sorriso e se virou para o pokémon venenoso ao seu lado. – Esse rapaz aqui só me assustou um pouquinho.

“Desculpa.” O Grimer pediu.

–Ele pediu desculpas. – Yellow contou ao homem e sorriu para o pokémon roxo.

–Ah? Ora, não foi nada. Não se preocupe. – O professor lhe assegurou e fez um dedo positivo. – Não foi nada demais. Er, Yellow, poderia abrir a porta do jardim para que o Grimer possa tomar um pouco de ar fresco?

–Claro! Ah, é um Grimer? É tão grande que pensei que fosse um Muk. – Comentou ao se dirigir até a porta de vidro que levava ao jardim. O pokémon pareceu feliz ao ouviu aquilo.

“Eu sou o maior dos meus irmãos!” Pensou, sorrindo e passando pela porta. “Não vejo a hora de evoluir e ficar maior ainda!”

Yellow riu.

–Pelo visto você gosta bastante de ser grande. – Ela falou, sorrindo.

“Eu adoro!” O Grimer respondeu feliz e se pôs a rastejar pelo jardim.

–Até, Grimer. – Yellow acenou, assim como Chuchu.

“Até!”

–Ai, ai... – Ela ouviu o professor suspirar atrás de si e se virou para encará-lo. – Deve ser tão bom... Pode se comunicar com pokémons assim.

A loira sorriu, sem graça.

–Ah, é sim. – E olhou para baixo. Tinha aquele poder desde o dia em que nasceu, mas ainda se sentia muito insegura quando falavam dele. Talvez porque se sentisse diferente demais em relação aos outros.

–Não precisa ter vergonha, Yellow. – Oak sorriu e assentiu para a mesma. – Você tem um dom maravilhoso, não tenha medo de usá-lo.

A garota piscou mais algumas vezes, antes de sorrir e olhar para suas mãos. Além de poder ouvir os pensamentos dos pokémons ao seu redor, ainda tinha a habilidade de curá-los! Ela até que podia se sentir estranha, mas tinha orgulho de seu poder.

–Sim, obrigada! – Sorriu abertamente para o homem a sua frente que retribuiu da mesma forma.

–Bom! De volta a minha pesquisa... – O professor arregaçou as mangas e levantou uma cadeira que havia caído no chão por causa daquela confusão toda. – Vejamos... Onde eu parei...?

–Ah! – A loira exclamou. – Os documentos que você pediu! Eu trouxe e deixei na sala. – Avisou e saiu correndo na direção do outro cômodo. Recolheu rapidamente todos aqueles papéis que estavam espalhados pelo chão e voltou até onde ele estava.

–Oh, sim! – Ele sorriu e estendeu as mãos. – Muito obrigada, Yellow.

–De nada! – Ela sorriu e lhe entregou as folhas. – Fico feliz em ajudar.

Oak sorriu mas soltou um suspiro.

–Ah, eu estou é tomando o seu tempo, não é? – Ele falou e Yellow negou com a cabeça. – Fico te mandando ir de um lado para o outro, sem parar.

–Não tem problema. – Ela riu e balançou as mãos. – De verdade.

O professor folheou as páginas e assentiu ao confirmar que todas estavam ali, depois se dirigiu até sua mesa.

–Quem costumava me ajudar com esse tipo de coisa era o Green, mas agora ele está muito ocupado com suas tarefas de Líder do Ginásio de Virídian. – Suspirou. – E a Daisy está viajando com o Bill.

Yellow soltou uma risadinha.

–Red também costumava me ajudar, sabe! – E levantou as mãos para o ar. – Mas é só tirar os olhos daquele moleque que ele já some!

A loira continuou com um sorriso no rosto e assentiu com uma gota descendo de sua testa.

–É, não dá para segurá-lo mesmo...

–Mas por falar neles... – O homem comentou ao pegar uma folha específica para ler. – Alguma notícia da Blue?

–Sim! Da ultima vez que ela me ligou, tinha ido para Johto visitar o Silver. – Yellow colocou um dedo no queixo, pensativa. – Se eu não me engano... Ela disse que voltaria logo!

–Ah, é mesmo? Ótimo, quem sabe assim eu não consiga fazê-la me ajudar e te dar um descanso, não é? – Sorriu.

–Acho que você não vai conseguir isso, Professor.

–É, eu sei. – Ele deu de ombros e olhou de novo para a folha. – Mas nunca se sabe, não é?

A loira assentiu, mesmo que achasse isso muito improvável.

Enquanto lia a folha e separava o material que precisaria usar, Oak franziu o cenho ao perceber que um item importante não estava aí. Olhou mais duas vezes para ter certeza. É, não estava.

–Que estranho. Podia jurar que eu tinha trazido... – Comentou em voz alta, ainda dando mais uma última checada.

–O que houve, Professor? – Yellow perguntou, ela havia sentado em uma cadeira próxima e fazia carinho nas costas de Chuchu, distraidamente, até ouvi-lo falar.

–Ah, é só um livro que eu podia jurar que tinha trazido quando fui buscar lá no porão. – O homem suspirou. – Estou ficando mesmo velho, só pode.

A loira ficou com uma gota, era verdade que ele começara a ficar esquecido, mas não era preciso exagerar, e se levantou - muito para o desgosto de Chuchu. Yellow a encarou com uma desculpa silenciosa e se dirigiu para o porão e sentiu a Pikachu seguí-la.

–Eu vou pegar para o senhor, pode deixar. – Ofereceu-se no exato momento que a rata elétrica pousou em seu ombro. – Qual o nome?

–Ah, não se preocupe, Yellow. Eu pego.

–Não, pode deixar.

O professor a encarou e suspirou.

–Vai acabar me deixando mimado, isso sim. – Ele resmungou, o que fez a garota rir. – “Tipos de Pokémons: Vantagens e Desvantagens.” Está na ultima estante, na terceira prateleira. E obrigado.

Ela assentiu e continuou seguindo na direção do porão, dobrou a esquerda em um corredor e começou a descer uma pequena leva de escadas.

“Você praticamente decorou a planta dessa casa, não foi?”

–Ah, bem, eu venho muito aqui. – A loira sorriu, sem graça. – É normal, não é?

“Eu acho.” A Pikachu suspirou. “Hm, mas eu concordo com o Professor. Você não sai mais desse laboratório.”

Yellow olhou para baixo, um rastro de sorriso em seus lábios.

–Eu acho... – Murmurou. – Não gosto de ficar parada, Chuchu. E saber que posso ajudar o Professor de alguma forma me deixa feliz. Ainda mais quando nem a Daisy-san ou o Green-san estão por aqui.

“Entendo... Você é mesmo boazinha demais, Yellow.”

A garota ficou com uma gota e coçou a bochecha.

–Não precisa falar assim, vai... Ah, chegamos! – Ela avisou e girou a maçaneta da porta de madeira a sua frente. O porão era escuro – mesmo depois da loira encontrar o interruptor e ligá-lo – e empoeirado. Chuchu soltou um pequeno espirro e Yellow abanou o ar com sua mão, tentando se livrar da poeira. Caminhou ao lado das várias estantes que tinham enfileiradas até chegar na ultima, encostada a parede.

Seu dedo correu as lombadas dos livros da terceira prateleira, até achar o que procurava. Tinha capa dura e esverdeada, tirou-o do seu lugar para ler a capa e assentiu.

–Esse mesmo!

“Ótimo.” Chuchu deu outro espirro. “Vamos sair daqui, rápido.”

–Sim, sim. – Yellow assentiu. – Vamos.

Mas como ainda prestava atenção na capa do livro que tinha em mãos, não percebeu para onde ia e acabou batendo contra a parte de metal da estante que ficava ao lado.

–AI!!

“Yellow!”

A garota recuou esfregando o ombro enquanto vários livros da estante que atingira caiam das prateleiras – junto de mais uma coisa que não parecia pertencer aquele lugar.

“Você está bem?” Chuchu perguntou, preocupada.

–S- Sim, foi só uma batidinha. – Yellow afirmou e rapidamente se abaixou para recolher os livros. Enquanto os pegava com uma mão e os apoiava no outro braço, se deparou com um pequeno pedaço de papel jogado no meio deles. – Eh? Isso caiu junto com os livros?

Segurou os livros que já recolhera com a outra mão e esticou seu braço para alcançar o pequeno pedaço de papel – aparentemente rasgado – que residia no chão. No momento que seus pequenos e delicados dedos tocaram a superfície rugosa do papel, sentiu um calafrio percorrer sua espinha.

–E- Eh...? – Murmurou, piscando.

“Yellow?”

Olhou para o lado, Chuchu estava ali a olhando com preocupação.

“Tudo bem...? Você parece... Pálida.”

–Ah, não. – Abanou o ar com a mão e fez carinho na cabeça de sua Pikachu. – Foi só um arrepio. – E pegou o papel de novo.

Tinha algo escrito nele, mas estava gasto, não dava para compreender. O papel em si parecia muito velho, mas não ao ponto de um toque desfazê-lo. Parecia ser o recorte de algum livro ou algo do gênero e só restou uma pequena quantidade de letras que pudessem ser lidas, no topo do papel.

–M... Miss... Missingno? – A loira inclinou a cabeça quando finalmente conseguiu pronunciar o nome. – Nunca ouvi esse nome antes. É algum pokémon?

“Sei lá.” Chuchu pensou ao subir em seu ombro. “Para mim parece um ‘L’ ou uma mancha esquisita.”

De fato, no canto esquerdo do pedaço de papel tinha um borrão que apresentava traços de que um dia fora uma imagem.

–Só está meio gasta. – Yellow bateu o dedo levemente no papel. – Não me lembro de ver esse pokémon na pokedéx do Red-san... – Aquilo era estranho. – Bem, o Professor Oak deve saber de alguma coisa.

“Provavelmente, mas você vai perguntar?”

–Sim, fiquei curiosa.

Ela ouviu a pokémon amarela suspirar e se pôs a guardar o resto dos livros. Quando terminou, confirmou se o livro que viera buscar estava com ela e o papel misterioso também. Andou apressadamente até a saída e desligou a luz, fechou a porta atrás de si e subiu rapidamente as escadas.

–Ah, Yellow. – O homem a chamou quando a mesma chegou ao cômodo onde estava. – Você demorou.

–Desculpa. – Ela pediu e lhe entregou o livro. – É esse?

–Sim, obrigado! – Ele exclamou e pegou o livro não demorando a folheá-lo. – Mas por que a demora? Ficou entretida com o livro, foi?

Ela riu.

–Na verdade, não. – Yellow segurou o papel com as duas mãos. – É que eu achei uma coisa no meio dos livros.

–Uma coisa?

–É! Um papel velho com um nome de pokémon estranho.

–..Nome de pokémon estranho? Existem muitos nomes de pokémons estranhos, Yellow. – Brincou o professor, sem dar muita atenção.

–Eu sei, mas... Esse daqui eu não conheço, achei que o senhor conhecesse. O Mi... Mi... – Ela olhou para o papel de novo. – Missingno!

O homem ficou estático de repente, mas ela não chegou a perceber.

–Eu fiquei curiosa e resolvi perguntar para o senho– Professor?

Mas não tardou para fazê-lo quando o olhou novamente e viu que o homem de cabelos brancos a encarava com os olhos arregalados.

–M- Missingno...?

–É... – Ela franziu o cenho. – Professor, tudo bem..?

–Eu não sei que pokémon é esse. – Falou de maneira seca.

–Eh? – Ela piscou. – Ué, mas... Tem certeza? Digo, o senho–

–Meu Arceus, olha a hora! – Oak exclamou olhando para o seu pulso – que não tinha relógio – e começou a empurrar a menina loira para a entrada do laboratório. – Tenho muito o que fazer, Yellow. Pode ter o resto da tarde de folga, sim?

A garota piscou e estava muito surpresa para sequer conseguir se segurar no lugar, só foi falar novamente quando seus pés haviam pisado no tapete de boas-vindas da entrada.

–M- Mas Professor–! – Exclamou, virando-se.

Porém, Oak já havia batido a porta.

E Yellow ficou ali parada, apenas piscando.

“Mas para quê tudo isso?!” A Pikachu soltou um grunhido indignado. “Não precisava nos expulsar!!”

–Calma, Chuchu. – A loira pertou levemente a patinha de sua pokémon e voltou a olhar para a porta. – N- Não sei o que houve... Mas deve ter um motivo.

“Adoraria saber que motivo!” A rata elétrica bufou.

–Eu também... – Murmurou ainda confusa.

–-000--

No caminho para Viridian City, não teve uma única vez que os pensamentos de Yellow não voltassem para o que acontecera no laboratório de Pallet Town – a atitude nem um pouco característica do Professor Oak.

Ela ainda se perguntava o que raios tinha acontecido e de modo algum conseguiria entender sozinha, visto que havia muito poucos fatos que conhecia.

Parou de andar e olhou de novo para o papel em suas mãos. Na claridade natural do sol, conseguia vê-lo muito melhor e até identificou algumas letras, mas formou somente uma palavra.

–Passáro... – Murmurou para si. – Então, talvez ele seja um pokémon pássaro?

“Talvez.” Chuchu concordou.

Yellow levantou o papel para que ficasse contra a luz e tentou ver se achava mais alguma coisa.

Mas nada. O resto era completamente ilegível.

Ela estreitou os olhos, no entanto, analisando mais uma vez para se certificar de que não havia deixado absolutamente nad–

PIKACHUU!!

Isso é, até ser rudemente interrompida pela sua pokémon que berrou na sua orelha e pulou de repente do seu ombro.

–Ai! Chuchu, mas o que hou– Ah. – Parou quando viu do que se tratava e sorriu quando sua Pikachu começou a esfregar seu focinho no de outro Pikachu que acabara de chegar. Um Pikachu extremamente familiar.

–Hey, Yellow! – Levantou seus olhos verdes e sorriu ainda mais quando avistou um garoto de cabelos negros e veste vermelhas acenando para ela.

–Red-san! – Exclamou. – Olá!

Red riu e caminhou até estar de frente para ela, com seu sorriso e aura amigável habituais.

–Faz tempo, hein. – Comentou. – Como você está?

–Bem e você?

–Estou ótimo! – E voltou sua atenção para os dois pokémons que ainda não pareciam ter terminado de se cumprimentar. – Isso explica porque o Pika ficou tão agitado.

Ao ouvir seu nome, o Pikachu macho olhou para os dois treinadores e soltou um som animado quando viu a loira.

“Yellow!! Como é bom te ver!”

Ela riu.

–Também é muito bom te ver, Pika!

O rato amarelo sorriu e voltou a conversar com Chuchu.

O garoto inspirou bem fundo e soltou todo o ar que prendeu temporariamente em seus pulmões, o que fez a loira levantar uma sobrancelha.

–Ah, por mais que eu goste de viajar, nenhum lugar tem um cheiro tão bom como aqui! – E espreguiçou-se. – Como é bom estar em casa!

Yellow sorriu ainda mais.

–Bem-vindo de volta! – E ele assentiu.

–Então? Para onde tava indo?

–Pra casa.

–Eu te acompanho, então.

–E- Eh? Mas é o caminho oposto a Pallet Town!

–Sem problema, não estou com pressa.

A garota sentiu suas bochechas ficarem rosadas.

–Ah, tá bom então...

E continuaram andando pelo caminho de terra, sendo seguidos pelos seus Pikachus.

O tempo de caminhada pareceu diminuir consideravelmente, agora que estavam distraídos e aproveitando a presença um do outro. Falaram de assuntos diversos, contando os acontecimentos que lhes ocorreram quando o outro não estava presente.

–Você foi para Hoenn?! – Yellow exclamou.

–Sim! – Red assentiu. – Acabei esbarrando com o Ruby, a Sapph e o Rald.

–E como eles estão?

–Ótimos! O Ruby tava super animado com uma novidade dos Concursos Pokémon, eu não entendi direito o que era, só sei que não deixei ele colocar aquela roupa de lutador no Pika. – Comentou com uma gota e a loira riu.

–Consigo imaginar essa cena muito bem, haha!

Mas, durante toda a conversa, uma parte da mente de Yellow estava trabalhando sem parar. Surgindo com ideias e sugestões que a loira analisava e descartava silenciosamente. Até que apareceu uma que chamou sua atenção.

Foi há poucos 3 quilômetros de distância de Viridian City que a conversa tomou um rumo que não devia nem sequer ser cogitado.

–Hm? O professor ficou estranho? – O garoto levantou uma sobrancelha, confuso.

–É... – A loira assentiu com o cenho franzido. – Foi tão estranho... Ele até chegou a nos empurrar para fora do laboratório.

–Sério?! Isso não parece coisa do Professor Oak... – Red coçou a parte de trás da sua cabeça. – Ele deve ter um motivo.

“Adoraria saber que motivo explica ser enxotada!” Chuchu resmungou.

“Eu também!” E Pika concordou.

–Pois é... – Ela suspirou. – E tudo por causa de um pokémon.

–Pokémon? O Professor ficou assim por quase de um pokémon? – Ele riu. – Me pergunto que pokémon é esse.

–O nome é Missingno.

E o garoto parou de repente de andar.

–Eu achei esse papel e eu nunca o vi an– Red-san? – A garota parou também ao perceber que os passos do jovem cessaram e o olhou. Ficou surpresa ao ver que seus olhos estavam arregalados e tinha uma expressão inquieta.

Uma expressão igual a do Professor Oak.

–Red-san? – Repetiu.

–... Que pokémon? – Perguntou com a voz um tanto falha.

–Eh? O Missingno...

Ele engoliu em seco e ela percebeu, começando a ficar preocupada.

–Er... – Murmurou. – Eu achei esse papel–

–Onde raios você achou isso?! – Ele exclamou e ela deu um passo para trás.

–N- No porão do Professor. – A garota franziu o cenho. O que estava acontecendo com ele?

Ela observou suas mãos tremerem e tomou um pequeno susto quando o garoto avançou para frente de repente.

–Me dá esse papel!

–Eh?! Não! – Exclamou e segurou o pedaço rasgado junto ao peito no momento exato que conseguiu se desviar de Red. Ele deu meia volta e a encarou.

–Yellow, me dá esse papel!

–Não!

–Yellow!

Não!

–E por que não?! – Ele exclamou de volta, completamente nervoso.

–P- Por que... Eu preciso...

–Mas para quê?! – Ele mexeu os braços, exasperado.

–Para encontrá-lo! Encontrar o Missingno!

Aquilo não pareceu melhor nem um pouco o humor do jovem de olhos vermelhos.

–Tá maluca?!? – Soltou em um tom tão alto que quase fora um grito. – Por que você quer encontrá-lo?!?

–E- eh? Eu não sei. – A loira olhou para baixo, ainda segurando o papel com força. – Eu só... Quero. Ele parece solitário...

O moreno a encarou, pasmo.

–Ah, vai por mim. O Missingno é tudo menos solitário! E além do mais, é bom que ele fique sozinho!

Ela parou, estática. Ele estava mesmo dizendo aquilo? Dizendo que era melhor um pokémon ficar sozinho? Ele? Red? Aquele que a ensinara que os pokémons eram amigos e deviam ser tratados com carinho? Yellow lentamente levantou o rosto para encará-lo.

–... Você tá muito estranho, Red-san! O que aconteceu com você? – Pediu, confusa. Não estava entendendo o comportamento dele e estavam brigando. Aquilo a machucava, não saberia explicar como, mas machucava.

Ela viu o moreno engolir em seco pela segunda vez naquele dia e tomou nota em sua mente de como ele parecia nervoso. Ele ia contá-la, certo? Ele podia contar! Eram melhores amigos, podiam confiar um no outro!

–Só... Me entrega esse papel logo! – Mandou mais uma vez.

Não, ele não ia contar.

No fundo de seus pensamentos, Yellow ouviu algo se quebrar em um som agudo e agonizante que ela odiou.

–Não!! – Berrou, fazendo o garoto a olhar surpreso e os dois pikachus – que já estavam preocupados – recuarem. A garota mordeu o lábio e passou por ele, andando a passos rápidos na direção da sua cidade, mas girou o corpo quando já estava um pouco afastada do mesmo. – Eu não vou te entregar!!

Red ficou parado até que cerrou os punhos e se virou para encará-la.

–Faça o que quiser, então! – Berrou de volta. – Eu não me importo mais!

E lhe deu as costas. A loira sentiu que seu corpo todo tremia, sua cabeça girava e aquela dor que sentia era forte demais para aguentar.

–Ótimo! – Ela gritou mais uma vez e girou nos calcanhares para correr em direção de Viridian City.

–Ótimo!! – Foi a resposta que ouviu, mas não olhou para trás.

Pika e Chuchu se entreolharam, mas a Pikachu fêmea seguiu sua treinadora, enquanto o Pikachu macho olhou para o seu treinador que estava com a cabeça baixa e pôs uma mão sobre os olhos.

–Droga, droga, droga... – O ouviu murmurar.

–-000--

A loira estava deitada em sua cama, abraçada ao seu travesseiro, as memórias da briga passavam em loop na sua mente, torturando-a.

Ela e Red. Brigaram.

Logo eles, que entendiam um ao outro tão bem. Que mesmo que ambos fossem teimosos – ele mais do que ela –, nunca passariam por mais que uma discussão boba e alguns minutos depois estariam rindo de novo.

Mas a dor em seu peito provava que daquela vez havia sido completamente diferente.

Por que...?

“Yellow?” Ouviu Chuchu a chamar assim que a Pokémon elétrica subiu na cama. “Você está bem?”

–Eu vou ficar, Chuchu. Não se preocupe. – Falou, virando de barriga para cima e pegando o papel rasgado mais uma vez – que ficara bem amassado na corrida – e o olhou. A Pikachu a encarou confusa.

Afinal, no momento, tinha coisas mais importantes com que se preocupar.

–Missingno... – Murmurou.

–-000--

O céu não era azul, era rosa, era roxo, era verde e cinza. Também era amarelo, laranja e vermelho. Tinha diversas outras cores que se misturavam em uma bagunça confusa.

Assim como os olhos opacos que o encarava haviam observado eras atrás. Estava prestes a fechá-los quando sentiu uma brisa chocar-se contra o seu corpo e olhos abriu imediatamente.

Lá não existia vento.

Pôs-se de pé mais uma vez, enquanto ainda sentia a brisa, e encarou aquela paisagem inconsistente que chegava até a ser nauseante.

Então gritou. Um som alto e estridente que cortou o ar feito uma navalha.

A criatura ruge

E o espera

Nas terras distorcidas


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Notas finais do capítulo

... ENTENDERAM AGORA?!? ENTENDERAM POR QUE DOEU?!!? =W= DÓI FAZER O SEU OTP QUE TU AMA BRIGAR TÁ!? AINDA MAIS UM SHIP QUE É QUASE IMPROVÁVEL TER BRIGA!! O monstro do ooc ficou me rondando, tou falando sério. Chessus do céu ;w;

Ah, a propósito, esse "poeminha" no final do cap foi um Haicai (sim, arranjei mais sarna para me coçar), aqueles com três linhas, sete silábas, cinco silábas, sete silábas e que nom precisam rimar.

Bem, espero que tenham gostado e a merda tá só começando =w= Eu nom coloquei certos gêneros na ficha da fic a toa nom. =wwww=''
Obrigada por terem lido e até o próximo cap. owo/



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