The Lost Number escrita por Miss_Miyako


Capítulo 15
Epílogo - Finais são novos começos.


Notas iniciais do capítulo

lol gente
Eu tava de zoa. Tem o epílogo xD


NÃO ME MATEM TÁ, POR FAVOR! NÃO FAÇAM ISSO, EU IMPLORO.
OLHA SÓ, eu nom vou falar nada nas notas iniciais, vou deixar tudo para as finais, pra vocês lerem logo duma vez se quiserem, podem até me ignorar depois.
Tudo bem? ;w;


Boa leitura e espero que gostem!



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Medo, raiva, desespero, inveja...

Emoções que transformam seres bons em ruins e seres ruins em piores.

Somente aqueles providos de uma mente racional, que entendem o significado de sofrimento e alegria, podem cair a beira do precipicio e serem levados a extremos horríveis.

Chame de auto-defesa, chame de crueldade, de um modo ou de outro ninguém está livre de passar por esses momentos infelizes. Podem durar por diversos anos ou pode ser só uma questão de dias.

Independente de quem você é ou do que você tem, situações como essa podem acontecer com você ou você pode conhecer pessoas que te levarão a isso.

Então, é nessas horas que você se pergunta:

"Se não há escapatória, de que adianta?"

"Porque eu devo continuar vivendo?"

"Não seria melhor dar um fim de uma vez por todas?"

Perguntas que parecem muito válidas em horas de aperto, onde toda a esperança parece ter ido embora, mas que conseguem ser desbancadas pela simples frase.

Existe luz no fim do túnel.

Porque existem aqueles teimosos que nunca querem se render, nunca pensam em desistir, que estendem as mãos para os que mais precisam e que desafiam aqueles que os derrubam.

Porque existem aqueles que não ousam se render a essas emoções e que sempre fazem de tudo para contagiar os outros com sua força de vontade.

Aqueles que sempre serão recompensados, não importa quanto tempo leve, pela sua determinação de aço.

—-000--

 

Mechas loiras caíam como cascatas douradas pelo travesseiro branco enquanto sua dona mantinha os olhos fechados, sua pequena figura coberta por um lençol fino e seus membros imóveis.

O garoto fechou o livro que estava lendo e respirou fundo, movendo seus olhos vermelhos para a garota deitada na cama. Ela parecia mais magra que o normal e menor, ele sentia falta de seus olhos verdes cristalinos e de suas mãos rápidas ao traçar linhas no seu caderno de desenhos.

Red pediu, diversas vezes, que pudesse ver tudo aquilo mais uma vez e que não fosse em sonho. Nas horas que o medo tomava conta de seus sentidos, o fazendo acreditar que aquilo não era mais possível, ele olhava para ela...

... E fitava suas bochechas levemente rosadas, seu peito que subia e descia uniformemente antes de soltar suas respiração.

Estava tudo bem.

—-000--

 

—Yellow?! Yellow, por favor, não!! - O garoto a levantou nos braços, segurando com firmeza o pequeno corpo inerte que ainda carregava um resquicio de calor. - Abre os olhos, fala comigo!!

Nada.

Logo depois que o brilho no corpo de Missingno desapareceu, ele sentiu a barreira invisível que o impedia sucumbir. Não perdeu tempo e saiu correndo na direção dos dois, soltando-se exasperado dos cipós que não resistiram muito a ele.

Tirou a menina de cima do pássaro e pôde ouvir seu coração saltando até sua garganta ao ver os braços de Yellow caírem como se fossem de pano.

Segurou seu rosto e tentou medir sua pulsação, mas se havia ainda alguma, ele não conseguia sentir.

O garoto mordeu o lábio inferior com força, as últimas palavras ditas para ele ainda ecoavam em loop na sua cabeça e ele se lembrava perfeitamente daquele sorriso lindo em meio as finhas linhas de lágrimas.

Por que?! Por que ela não lhe contara antes?! Por que deixara, literalmente, para o último minuto possível?

E por que não esperara pela resposta dele?

Havia sido tão estúpido, demorara tanto para perceber e não tinha mais como consertar...

Ele apoiou sua bochecha molhada - devido as lágrimas que caíram quando gritava o seu nome -  sobre a testa dela e a abraçou com mais força ainda, como se pudesse passar sua energia para ela e esperar que acordasse.

Estava tão absorto em seus pensamentos que demorou para perceber o Pokémon gigante parado diante de ambos. Quando o fez, no entanto, teve de respirar fundo para conter suas emoções, sabia que a pequena não iria querer que ele se exaltasse.

Seus olhos vermelhos miraram os olhos - outrora foscos - de Missingno, mas ele não lhe devolveu o olhar. Toda a sua atenção estava centrada na loira em seus braços.

—... O que é? - Red perguntou minutos depois quando conseguiu encontrar a sua voz, o pássaro não se mexeu. Ele esperou.

—Depois de tantos séculos... - A voz grave dele ecoou pela caverna. - Nunca imaginei que alguém realmente me salvaria...

O moreno baixou o olhar, sem palavras para dizer e voltou a olhá-la.

—Por que ela não me matou? - Sentiu o olhar fixo da ave sobre si e resistiu a vontade de soltar um riso sem emoção.

—Porque esse é o tipo de garota que a Yellow é. - Respondeu. - Ela ajuda aqueles que precisam sem hesitar, não importa quem sejam. Não é a primeira vez que ela faz isso.

Lembrou-se do "garotinho" que enfrentara o membro mais forte da Elite dos Quatro, com um braço quebrado e no auge dos seus 10 anos de idade, que cruzara uma região inteira para encontrar o garoto que só vira uma vez na vida e que ainda mal conhecia.

—Eu passei a acreditar que seres assim não existiam mais... - Missingno voltou seus olhos para o corpo imóvel da garota, ainda não acreditando no seu bem-estar que há muito havia perdido. Ele estava em choque, confuso e estupefado. - E por que você continua aqui? Achei que me odiasse.

—Não me entenda errado, te encarar ainda é díficil. - Red respondeu, sentindo sua cabeça latejar ocasionalmente. - Mas a Yellow decidiu acreditar em você e eu acredito nela.

Silêncio.

—Acho bom você não esquecer disso.

E como poderia? Ele havia sido salvo. Ele, um erro, um ser desnecessário, fora salvo pela pessoa que ele mais temia no mundo e tinha todo o direito de pôr um fim nele.

Mas ainda assim, ela não o fez.

Naquele momento, uma pequena faísca se acendeu dentro de si e ele arregalou os olhos. Uma faísca que diversas vezes ele sentira crepitar, mas que nunca realmente acendeu uma chama.

Então, era ela.

—Eu tenho uma dívida de gratidão com essa garota que nem mesmo uma vida eterna vai ser suficiente para retribuí-la. - A ave se aproximou. - Mas há um mínimo que eu posso fazer.

O garoto a segurou para mais perto de si.

—... O que você quer dizer?

—Eu possuo uma habilidade que há muito tempo viveu adormecida dentro de mim, ela se chama Gift.

—Gift?

"Gift, é? Que legal, Missingno!!"

—Essa habilidade pode elevar um poder até o seu nível máximo, mas existem duas condições para ela. - Explicou, seus olhos cor de âmbar brilhavam. - A primera é que só posso usá-la uma vez em toda a minha vida e a segunda é que ela só pode ser usada naqueles que verdadeiramente a merecem.

"Obrigado, Moltres. Mas... Eu não tenho ideia se algum dia irei usá-la... "

Red arregalou os olhos.

"Ah, mas eu tenho certeza!!"

—Acredito que esta criança cumpre ambas.

—Mas! - Ele interveio. - O poder da Yellow só funciona com Pokémons!

—O poder de Víridian é muito antigo, assim como a própria floresta. - O garoto reconheceu a voz e virou o rosto para o lado, encontrando o Bulbassauro transparente que ele nem ouvira se aproximar. - Atualmente, ele só cura Pokémons, mas isso não é nem de longe sua força total.

Era muita informação para registrar de uma vez só e o moreno balançou a cabela, incrédulo.

—Mesmo que fosse verdade, de que adianta? Ela já... Já... - E comprimiu os lábios.

—Esse poder não é algo que simplesmente desaparece, ele não morre. - Voltou seus olhos vermelhos para o Pokémon gigante. - É uma energia que volta para a terra e recomeça um ciclo, por isso que a Floresta se manteve viva por tanto tempo.

—Mas não temos muito tempo, se é para o Senhor Missingno usar o Gift, tem que ser antes do poder se desapegar completamente dela.

Silêncio se seguiu, o garoto pôde ouvir o sangue correndo nos seus ouvidos.

—Vai funcionar mesmo que ela esteja...?

— O poder curativo da Floresta de Viridian é absoluto, ele pode curar qualquer coisa. É um poder que transborda vida. - O Bulbassauro respondeu, decidido. - Ele conseguiu anular o Curse mais destrutivo de todos, afinal.

Ele parou por alguns segundos, antes de a abraçar com força mais uma vez, depois encarou Missingno nos olhos.

—Por favor.

A ave assentiu e abaixou sua cabeça até encostar a ponta de seu bico na testa da garota e uma chama incandescente enfim se acendeu.

Uma luz tão forte quanto o sol envolveu o corpo de Yellow e foi a última coisa que Red viu.

"E vai ser para alguém incrível e que vai levar a algo mais incrível ainda!!"

—-000--

 

Ela tinha que continuar andando, precisava, devia.

Mas suas pernas não lhe obedeciam.

Crystal estava abraçada aos seus joelhos, encostada a uma grande árvore seca e ela não se mexia. Seus olhos claros pareciam com a superfície de um vidro quebrado, seus Pokémons se agitavam dentro das pokébolas enquanto Archy mantinha o focinho encostado as pernas dela, esperando alguma reação.

Aquilo não era justo.

Depois de todos os perigos que ela já havia passado, que eles haviam passado... Imaginar que algum dia eles realmente não achariam um caminho de volta...

Que droga, Gold...— No meio do seu estado apático, uma voz berrou no mundo da sua consciência. - Você voltou de um portal do tempo, lutou contra o ataque da Besta do Guile Hideout, enfrentou o próprio Arceus... Só pra morrer com um tiro no peito?!

Mas por fora, a morena não se mexia, talvez seus pensamentos estivesse tão turbulentos que isso estava tomando conta de si, mantendo-a num transe onde os eventos ficava se repetindo sem parar.

Por isso, ela não conseguiu ouvir a exclamação vinda do Typhlosion atrás dela ou viu seu Arcanine levantar de sua posição e nem a luz que cobriu o lugar em que estava, brevemente.

Após alguns minutos, o Pokémon de fogo deu dois passos para trás, abrindo caminho para um garoto de cabelos negros e olhos dourados se agachar na frente dela.

—Ei, Crys. - Gold balançou seu ombro, levemente. - Acorda, garota séria.

Não houve resposta.

—Ah, qual é, olha! - Ele abriu os braços. - Eu tô aqui... Não sei como, mas tô!

Ela permaneceu na mesma posição.

—Crys... Olha pra mim.

A voz verdadeira dele era abafada pelas memórias em sua cabeça, tão vivídas e tão convidativas que a morena não se importava mais em discernir o real do falso. Havia se fechado num canto comfortável de fantasias para conter a dor que sentia no peito, mas se continuasse assim poderia não haver mais volta para ela.

Archy pôs uma pata no joelho do moreno, insistindo para que tentasse mais.

—Eu sei, eu estou tentando... - Ele respondeu e assentiu para o Pokémon antes de se voltar para a garota. Franziu o cenho, seu cérebro tentava achar alguma solução para aquele problema, mas sem muito sucesso.

Por fim, ele decidiu segurar a mão dela.

—Crys, olha, sou eu. - E a apertou. - Você mesma tá sentido, eu tô aqui!

Nada.

O mesmo olhar, a mesma falta de motivo... O garoto de olhos dourados engoliu em seco, aflição no pé da sua nuca.

Ele olhou para a mão que segurava a dela, pedindo mentalmente com afinco por mais alguma ideia. Quando sua mente clareou e apenas uma surgiu, ele piscou.

A última coisa que Crystal sentira dele foi seu coração parando de bater, talvez se ela sentisse ele batendo de novo...?

O garoto não esperou e levou a mão dela até o seu peito. Respirou fundo.

—Crys. - Tentou mais uma vez. - Eu estou aqui.

De novo, não houve resposta.

Ele comprimiu os lábios e apertou mais a mão dela contra o seu peito, quase se rendendo...

... Até os dedos dela se mexeram.

Em meio ao seu transe de lembranças, a garota sentiu algo estranho na sua mão direita. Um ritmo calmo, uniforme, familiar...

Um ritmo que ela desesperadamente tentou impedir que parasse.

Quando se deu conta de si, seus olhos cristalinos estavam olhando diretamente para um par de olhos dourados brilhantes.

—Ah, até que enfim. - Ele suspirou, sorrindo. - Bem-vinda de volta, garota séria!

—... G... Gold? - Ela perguntou com a voz rouca.

—É, sou eu.

Ficou parada, apenas piscando e levou sua mão livre para segurar seu rosto, passando o dedo polegar por sua bochecha.

—Eu te disse que era eu. - Ele riu. - Não fique achando que eu morri tão fácil assim.

—Mas você-! - E mordeu o lábio inferior a tempo de segurar seu choro.

—Er... É, né? Eu meio que eu morri, mas eu voltei, eu não sei com-

Antes de terminar sua frase, sentiu a garota apoiar-se sobre o seu peito, envolvendo-o com os dois braços.

—...Idiota, eu senti sua falta. - E apertou ainda mais o abraço.

O garoto não demorou para devolver o gesto e sorriu ao apoiar o queixo sobre a cabeça dela.

—Heh, eu te conto depois então. - Viu tanto Archy quanto Explotaro se aproximarem para deitar ao lado dos dois. - ...Desculpa, Crys.

—-000--

 

A garota sentiu uma dor incomoda na parte de trás da cabeça e rapidamente pôs a mão no local para amenizar a dor. Parecia que ela tinha dormido por uma semana num chão cheio de pedras e areia a julgar pela dor em seus músculos.

Lyra ergueu seu corpo e o apoiou no cotovelo do braço livre enquanto ainda massageava sua cabeça. Quando a dor diminuiu, ela suspirou e apoiou o outro cotovelo no chão antes de abrir os olhos.

Assim que o fez, no entanto, realidade lhe acertou com um baque na testa e ela sentou num pulo, ignorando a tonteira que sentiu depois.

Ela piscou diversas vezes, tentando acostumar seus olhos a visão diante de si. A garota estava num terreno deservo, num lugar escuro, com árvores secas ao longe e resquícios de cidades abandonadas.

Oh, sim. Ela estava na Glitch City.

A morena viera com Gold e os outros a procura de Yellow, mas as coisas começaram a dar tão errado depois. Eles se separaram, Blue caiu de um penhasco, se perderam de Green, ela e Silver haviam sido...

Espera.

Aos poucos, mais dos Pokémons psíquicos apareceram e começaram a rodeá-los, flutuando mais rápido que os dois primeiros, formando uma barreira silenciosa e ameaçadora.

Pôs as mãos nos ombros, na cabeça, nos braços, nas pernas e onde mais fosse, procurando por algum sinal de ferimento. Só parou quando seus dedos encontraram um buraco na sua blusa e atrávez dele ela viu.

Uma cicatriz. De tamanho médio, estranha e profunda.

Mas, mesmo assim, apenas uma cicatriz.

Sem sangue, sem dor. Nada.

Como raios aquilo era possível?! Ela tinha certeza que ela e Si-

...

Silver.

Ela olhou para os lados e se virou para chamar o nome dele, mas parou ao ver o garoto ruivo sentado de costas para ela, ele encarava sua mão enluvada como se perguntasse silenciosamente pela falta de algo.

Lyra sentiu os cantos da sua boca se erguerem em câmera lenta e já estava de pé bem antes de falar qualquer coisa.

—SILVER!

Ao som do seu nome sendo dito pela voz que conhecia tão bem, o ruivo não demorou para atender o chamado, mas assim que se virou foi nocauteado pela garota que se jogou em cima dele.

—SILVEEEEER!!! - A morena envolveu o pescoço dele com os braços.

—LYRA!?

Ela nem ligou para a dor quando seus cotovelos caíram no chão ou para a pressão que a cabeça dele fazia em seus braços.

—A- Ai...

—Você tá vivo! - A voz chorosa dela estava repleta de alívio e alegria. - Você tá vivo, você tá vivo, você tá vivo!!

Apoiou a mão sobre as costas dela e respirou fundo.

—Você também...

—Uhum!

Silver ficou parado, prestando atenção nas batidas do coração dela que tocavam contra o seu e sentiu um nó se formar na sua garganta. Ele não tinha ideia de como havia sobrevivido, mas ele não podia se importar menos no momento.

Apenas devolveu o abraço da garota e a apertou firmemente contra si, afundando o rosto em seu ombro.

—-000--

 

Red ajeitou o suporte da bolsa de soro que estava conectada a loira e prosseguiu para trocar a água do vaso com as flores que Sapphire trouxera na semana passada.

No meio dos afazeres que se tornaram sua rotina desde o incidente, ele deixou que sua mente tocasse os acontecimentos em ordem outra vez, habito que também havia adquirido por consequência de tudo.

Quando Yellow parou de brilhar e o moreno conseguiu enxergar outra vez, sentiu o mundo todo girar quando viu o peito da pequena se movendo, calmamente. Pôs a mão sobre seu nariz para ter certeza e ainda assim não conseguiu acreditar ao sentir o ar quente envolver a ponta de seus dedos.

O garoto se lembrava de Missingno curvando-se em reverência para o corpo dormente da garota e depois dizendo para ele que devia reencontrar seus amigos e saírem enfim da Glitch City.

"Os Unowns vão guiá-los e não se preocupe, eles já devem estar calmos. Eu não vou voltar atrás na minha palavra."

Hesitou um pouco, mas ergueu a menina nos braços e assentiu para o Pokémon que retribuiu. Depois percebeu que, estranhamente, sua dor de cabeça havia sumido.

O Bulbassauro transparente o guiou pelo caminho de volta e assim que chegou ao pé da montanha, Blue correu até os dois e cobriu a boca - com os olhos cintilando - ao perceber que Yellow respirava.

Green o contou que depois que um clarão ocorreu no alto da montanha, os Unowns finalmente cessaram fogo e ele percebeu que Missingno tinha, de fato, cumprido com sua palavra.

A morena também comentou que o pé dela não doía mais, mas o garoto de olhos vermelhos não disse nada. Quando a garota insistiu, ele disse que explicaria quando estivessem em casa e começou a seguir os Pokémons psíquicos.

Os dois hesitaram, mas depois que viram que eles não apresentavam mais nenhuma ameaça, decidiram confiar no garoto.

E pareceu que não foram os únicos, já que assim que chegaram no local onde haviam aterrissado pelo buraco em Cinnabar, encontraram os Dexholders de Johto. Ele lembrava de ter rido quando viu Blue abraçar Silver com tanta força que quase deixou o garoto sem ar, mas este não pareceu ligar muito já que devolveu o abraço com quase a mesma intensidade.

Lyra, junto de Crystal, correram até ele e perguntaram como a loira estava, Red contou a mesma coisa que dissera para os seus amigos de Kanto. Claro que houve mais insistência, mas quando o moreno disse que explicaria tudo - inclusive as cicatrizes de Lyra, Silver e Gold -, os outros acabaram cedendo.

Por fim, alçaram voo e foram em direção ao céu distorcido, não demorou para que vissem a abertura para o mundo deles, o garoto segurou a pequena com mais força - montado no Togetaro de Gold -, mas respirou fundo e aliviado quando passaram sem nenhum problema.

Olhou para trás uma única vez e pode jurar que o buraco não parecia mais tão assustador como da última vez que o vira.

Assim que chegaram em Pallet, Yellow foi mandada o mais rápido possível para um hospital e lá ficou internada por duas semanas.

A vida voltou ao normal como se nada tivesse acontecido, ou quase, ainda existiam sequelas que não seriam fechadas tão cedo. Red parecia ter vencido - em grande parte - o seu trauma, mas nem ele e nem seus amigos ficaram livre de pesadelos recorrentes.

Green parecia o mesmo na maior parte do tempo, mas seus comentários orgulhosos e sarcásticos diminuíram consideravelmente. Ele e Silver haviam se entendido, mas o moreno conhecia bem o seu melhor amigo e conseguiu perceber que a culpa não havia abandonado o líder de ginásio completamente. O lado bom disso era que Blue - apesar dos seus próprios machucados - estava mais do que disposta a ajudá-lo a superar isso.

Tinha vezes em que Crystal parava o que quer que estivesse fazendo e ficava quieta, com os olhos vidrados em algum ponto como se num tipo de transe, até que alguém a chamasse a atenção. Algumas vezes custava um pouco para ela responder. Geralmente, só Gold conseguia acalmá-la nessas horas.

Falando no garoto de olhos dourados, talvez sua maneira despreocupada e energética tivesse o ajudado bastante a encarar tudo aquilo. Claro, ele havia sofrido uma situação de vida ou morte - mais morte do que vida - e havia se tornado bem mais cauteloso, mas no geral, Gold estava tentando se manter o mais "ele próprio" quanto possível. Não só por ele, mas por Crys e pelos outros também.

Silver e Lyra eram os que apresentavam o melhor comportamento, talvez porque tiveram o apoio constante um do outro e mesmo que tivessem sofrido o mesmo que seu amigo de Johto, o fato de ter sido bem mais rápido e sem rodeios deve os ter ajudado a evitar traumas maiores. Sem esquecer que eles pareciam bem mais unidos do que antes.

Quanto a loira do grupo...

Estranhamente, a recuperação dela estava indo tão bem e tão depressa que o médico concordou em deixar que ela ficasse em repouso no laboratório do Professor Oak. Era só uma questão de tempo até que ela acordasse.

Red se perguntava se isso tinha algo a ver com os poderes dela e com o Gift de Missingno. Provavelmente.

O moreno pôs o vaso de flores de volta na escrivaninha.

Mas... Mais uma semana havia se passado e a loira permanecia adormecida.

Essa tal questão de tempo estava demorando demais para o seu gosto.

Eles haviam concordado em tomar turnos para fazer companhia a ela - até mesmo Ruby, Sapphire e Emerald vieram de Hoenn para vê-la pessoalmente - , no entanto fora Red que ficara mais tempo, mesmo que não precisasse e houve um acordo silencioso para deixar assim, ele precisava da presença dela muito mais que ela da dele naquele momento.

Sinceramente...

Ele só queria que ela acordasse logo...

—Urm...

O garoto parou.

Quando olhou para o lado, deu de cara com os olhos verdes claros de que tanto sentia falta.

A pequena piscou sonolenta, olhou de um lado para o outro, até finalmente encontrá-lo. Piscou mais umas vezes, seus lábios se mexeram e sua voz saiu um tanto rouca.

—R... Red... San?

Permaneceu imóvel, sem dizer uma palavra que fosse e observou, incrédulo, enquanto ela se sentava na cama e continuava o olhando com olhos cerrados, como se a claridade a incomodasse ou só sua visão ainda estivesse voltando ao normal.

De repente, a porta se abriu.

—Olha, senpai, você precisa comer sab... - Gold apareceu com uma mão na maçaneta, a outra bagunçando os cabelos. Quando olhou para dentro do quarto, congelou. - Ia.

Silêncio. Red ainda olhava para Yellow que mudara seu olhar para Gold.

—IAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!! - O mais novo berrou - nisso, acordando o campeão da liga de seu transe, fazendo duas cabeças morenas correrem na direção do quarto e o jogando no chão com o impacto.

—O QUE ACONTECEU?! - Blue e Sapphire gritaram em uníssono.

Seus olhos azuis travaram na loira e ambas congelaram também.

—Yellow-senpai...? - A morena mais nova perguntou, levantando lentamente junto da mais velha.

 A pequena estreitou os olhos e olhou na direção delas.

—... Blue? ... Sapph-san?

—YELLOW!!

—YELLOW-SENPAI!!

As duas morenas correram na direção da garota e se jogaram na cama, a prendendo num abraço em grupo. O garoto de olhos vermelhos quase caiu pra trás.

—Gente, espera!!

—Gold!? - Lyra apareceu no quarto seguida do resto do grupo e ajudou seu amigo a levantar do chão. - O que acontece-

Mas a cena diante dela respondeu por si só.

—Mentira...

Seu amigo de infância afagou suas costas e se indireitou.

—Vira essa boca pra lá, Ly-chan. - Ele riu, massageando o ombro esquerdo. - A baixinha finalmente acordou...

—A- Ai... - Ouviram uma voz fraca falar.

—... Só não sei se vai ser por muito tempo.

—Nee-san!! - Silver exclamou.

—Sapph!! - Ao mesmo tempo que Ruby chamou pela outra morena.

—VOCÊS TÃO ESMAGANDO ELA, SUAS DOIDAS!! - Rald berrou, aparecendo finalmente por entre Crystal e Lyra, foi só então que as duas garotas pareceram perceber.

—Yellow, desculpa!!

—Senpai, não desmaia!!!

—-000--

 

Logo após os ânimos terem se acalmado e terem certeza de que a loira estava bem, todos se reuniram em volta da cama.

—... Por quanto tempo eu dormi?

—Umas três semanas. - Blue respondeu, sorrindo sem-graça assim que a outra arregalou os olhos.

—Baixinha, você é dorminhoca, mas isso já é ridícul- AI! - Gold comentou antes de levar um cotovela vinda de Crystal. - Eu só tava brincando!

—Não parece que dormi por tanto tempo... Quer dizer, eu sinto que dormi, mas não parece.

—O médico disse que a sua recuperação foi muito mais rápida que o esperado, como se você não estivesse em coma. - Green lhe contou.

 Ela olhou em volta.

—Mas e vocês? Estão-

—Estamos todos bem. - Red a assegurou, pondo uma mão em seu ombro. - Graças a você.

—Eh?

Depois de receber a aprovação dos outros - principalmente de Blue -, ele lhe explicou sobre o que acontecera logo após ela ter salvo a vida de Missingno.

Yellow passou a mão pelos cabelos, tentando absorver todas as novas informações.

—Então... Eu morri?

—Bom, é. - O garoto de olhos dourados falou. - Você, eu, a Ly-chan e o Sil aparentemente morremos, mas graças a você e ao Missingno, estamos aqui.

Uns segundos depois, ele acrescentou:

—Valeu, alias. Sou muito novo pra bater as botas ainda.

—Idem. - Lyra riu e Silver apenas suspirou, mas assentiu.

—Eu não... Eu não sabia que o meu poder podia fazer isso... - E encarou suas mãos antes de abrir e fechá-las algumas vezes.

—Bom! - Sapphire sorriu para ela. - Não precisa pensar tanto nisso agora, você acabou de acordar!

—É verdade, você tem tempo. - Ruby concordou.

—Está bem. - Ela sorriu, agradecida.

Um som vindo do lado de fora chamou a atenção de todos e Crystal levantou uma sobrancelha.

—Tem alguém na porta?

—Deixa, eu atendo. - A garota de cabelos castanhos presos nas laterais deu dois tapinhas no ombro da outra e seguiu em direção a sala.

—De qualquer forma, você precisa descansar. - Blue pôs as mãos nos ombros da melhor amiga e tentou empurrá-la em direção a cama. - Pode deixar que eu trago o seu jantar.

—Eu dormi por três semanas, Blue. - Ela sorriu com uma gota. - Eu não estou com sono.

—Ué, mesmo assi-

O som de uma mão batendo contra a porta do quarto a interrompeu e todos se voltaram para encontrar uma Lyra de olhos arregalados.

—Lyra? - Silver foi até ela. - O que aconteceu?

A garota abriu e fechou a boca diversas vezes até decidir o que devia falar.

—Yellow-chan... É uma visita pra você.

—Pra mim...? Quem é?

—Acho melhor você ver por si mesma.

A loira piscou, confusa.

"Yellow."

Mas quando uma voz forte, profunda e familiar vibrou no seu cérebro, não lhe restou mais nenhuma dúvida. Ela afastou o lençol de si e tirou a agulha do soro que estava no seu pulso.

—Yellow?! - A mais velha chamou, surpresa com a ação repentina dela. - O que houve?

Ela não respondeu, apenas sentou e pôs o pés para fora da cama. Quando se levantou, porém, quase cedeu com o peso do seu próprio corpo, por sorte Red foi rápido ao segurá-la.

—Yellow..? - Ele perguntou e ela o encarou nos olhos.

—Eu quero falar com ele. - Pediu, segurando as mangas do colete dele com força. O garoto de olhos vermelhos piscou em confusão, mas quando finalmente entendeu a mensagem silenciosa dela, olhou na direção da janela.

Ele suspirou quando teve certeza e a pegou em seus braços.

—Red?!

—Tá tudo bem. - Ele assegurou a amiga e os outros enquanto levava a pequena para fora do quarto. - Podem vir se quiserem.

E seguiu andando, passando pela sala até a porta da frente que estava entreaberta. Assim que saiu do laborátorio, não se surpreendeu quando viu o Pokémon gigante parado a frente deles.

—Missingno... - A pequena falou e a ave retribuiu com um aceno de cabeça.

O garoto deu mais alguns passos para frente enquanto os outros dexholders ficaram amontoados na porta da frente.

—Esse é o Missingno? - O garoto de gorro perguntou, surpreso.

—Quando você disse que ele era gigante, eu não achei que ele fosse tão gigante assim. - A garota do laço na cabeça sussurrou para Gold, tão surpresa quanto o outro.

—Ué. Gigante é gigante!

—Parem de sussurrar. - Crystal os repreendeu.

—É, eu quero ouvir!

—Lyra!

—Pode me por no chão, eu consigo. - Pediu para o moreno que ainda a segurava. Ele hesitou, mas assentiu e assim o fez, ficando apenas há dois passos de distância dela.

Yellow se equilibrou nos dois pés e olhou para cima, sorrindo. O céu estava começando a ficar pontilhado com estrelas.

—Fico feliz que esteja bem. - Seus olhos cor de âmbar estavam com um brilho aconchegante. - Vejo que o poder de Viridian também te ajudou.

—É o que parece, hehe. Obrigada. - Respondeu. - Já que está aqui, então a maldição finalmente sumiu, não é?

—Sim, graças a você.

Seu sorriso aumentou.

—O que pretende fazer agora?

Missingno manteve seu olhar ligado ao dela, aos olhos que o encaravam amigáveis e cheios de indulgência.

—Vou usar a segunda chance que você me deu ao máximo. - Ele olhou as estrelas. - Não posso mudar as coisas que fiz, mas estou decidido a seguir em frente e mudar o futuro.

Ela esperou.

—Vou continuar vivendo e vou tomar conta daqueles que são como eu, para impedir que comentam os mesmos erros que eu cometi.

—Entendo. - Ela assentiu. - É uma boa escolha.

—Não importa quem seja e não importa o quão difícil, não lhe darei as costas.

—Estarei torcendo por você, então.

O Pokémon gigante voltou a olhá-la e assentiu, depois se virou para Red e os outros.

—Eu entendo se não quiserem, mas também vim aqui pedir por perdão. - E abaixou-se, enconstando o bico no chão. - Sei que estou pedindo demais.

Silêncio.

O pokémon gigante resolveu se pronunciar mais uma vez.

—Eu prometo usar toda a eternidade que tenho pela frente para compensar os meus pecados. - Sua voz estava séria, decidida e tão cheia de verdade que era quase impossível de duvidá-lo.

—Então, faça mesmo a chance que a Yellow te deu valer a pena. - Blue se pronunciou, em nome de todos. - Não entenda errado. Não temos como confiar em você tão rápido assim, mas eu acredito na Yellow.

Yellow sorriu para Blue e os outros, feliz pelo voto de confiança que parecia unânime, depois se voltou para Red que não tirara os olhos do pássaro.

—Não desista. Nunca.

—Obrigado. - A loira pôde sentir as emoções quentes borbulhando dentro do Pokémon, sendo preenchido por uma onda de determinação. Ele se ergueu. - É uma promessa.

—Boa sorte, Missingno.

Ele assentiu outra vez.

—E vamos nos ver de novo, certo?

O pássaro a encarou, surpreso.

—Como..?

—Desde pequena eu quero tentar ser amiga de todos os Pokémons que eu encontrar. - Ela sorriu. - Você não é exceção, é claro.

Missingno sorriu antes de fazer uma reverência na direção da loira.

—Seria uma honra.

E alçou voo em direção aos céus. Suas asas enormes causaram uma ventaria forte que fez com que eles tivessem que se segurar para não serem levados. Yellow olhou para o céu e o viu desaparecer por entre as estrelas.

—Que bom. - A loira suspirou com uma mão no peito e Red sorriu para ela.

Silêncio se seguiu, sendo interrompido apenas pelos sons da noite. O sentimento de paz era conjunto, como se fosse muito bem merecido.

—Vamos jantar? - Lyra sorriu, batendo as mãos e indo para dentro da casa.

—Ah, é!! A comida tá esfriando!

—Ai, Sapph, não empurra!

—Tem para todo mundo, vocês dois!

—Pode deixar que eu faço seu prato, Yellow.

—A- Ah, obrigada, Blue.

—Não tem problema, além do mais, o Red quer falar algo importante com você.

—Eh?

O garoto corou.

—Espera, Blue! Agora não!

—Ué, pra quê? Para você amarelar depois? - Ela apontou para ele. - Ah, nem vem, eu estou deixando você fazer isso sem filmar, então aproveita!

E fechou a porta atrás dela.

A loira piscou confusa alguma vezes e olhou para o moreno que encarava a porta com o cenho franzido.

—Red-san?

Ele estremeceu e olhou pra ela.

—O que você quer falar comigo?

Ela estava lá, de pé e acordada, usando um pijama laranja amarrotado com os pés descalços sobre a grama e o olhando com seus olhos verdes brilhantes e singelos. Sua figura, tão pequena e tão frágil, ainda cambaleando um pouco e mantendo seu equilibrio com certa dificuldade, parecia segurar o seu mundo inteiro.

—Erm, eu... - Coçou a sua nuca, mudando o peso de um pé para o outro. - Bom... Primeiro, eu quero pedir desculpas sobre aquele dia.

—Aquele dia?

—Sabe? Antes de você ir para a Glitch City.

—Ah! Tudo bem, eu não te culpo por ter ficado daquele jeito.

—Mesmo assim, não foi certo, por isso desculpa.

—Tá bom, me desculpe também, por ter saído sem mais nem menos.

—Tudo bem.

Silêncio se seguiu. Ela podia jurar que as bochechas dele estavam bem mais vermelhas que o normal.

A noite estava fresca e o vento ocasionalmente dançava por entre os dois.

—Tem outra coisa...

—Hm?

—Aquilo que você falou... - Sua pulsação aumentou e ele engoliu em seco. - Antes de curar o Missingno.

—O que eu falei... - A loira parou, recordando-se. Sua mente ainda tinha dificuldades para se lembrar do período que estivera sobre o efeito do Curse, mas se ela bem lembrava, tinha sim dito algo para Red.

Algo importante, algo que ela não podia se dar ao luxo de morrer sem que o fizesse...

Então, congelou.

—A- A- Ah! - Sangue ferveu nas suas bochechas. Era disso que ele queria falar?!?

Não, não, não e não! Ela não estava tomada por alguma coragem pré-morte e duvidava muito que seu coração estivesse em condições de aguentar uma - possível, de acordo com ela - rejeição.

—Que ideia é essa de se confessar antes de morrer ou sei lá?! - As palavras saíram como tiros e o moreno não se importou mais em se segurar.

—Eu-! - E olhou para os pés. - Eu...!

Ele esperou.

—Eu não... Queria ter arrependimentos...

Red a encarou antes de suspirar pesadamente.

—P- Poxa... Assim você não me dá chance de te dar uma resposta.

—R- RESPOSTA?! - Ela exclamou antes de tampar a boca.

—É ué?!

—N- Não precisa!

—Como assim não precisa?!

—E- Eu não sei!

—Y- Yellow?!

A loira olhou para o lado, suas mãos cobriam suas bochechas rubras. O garoto teve que engolir em seco mais uma vez, aquela visão dela - encolhida, vermelha e com os cabelos soltos - não estava ajudando em nada a sua situação.

—V- Você não precisa se preocupar com isso!

—Como não?! Você disse que-

—Eu sei o que eu disse! - E cobriu o rosto.

—ARGH. - Ele bagunçou os cabelos. Que droga, romance era difícil demais pra ele!! Red já estava nervoso o suficiente e vê-la tão nervosa quanto ele e deixando tão óbvio o que sentia já era demais. Já estava no limite. - Mas eu vou falar!

Yellow continuou olhando para o lado e ele respirou fundo.

—Nessas três semanas... Eu senti muito a sua falta!

A garota arregalou os olhos.

—Eu nunca... - Segurou a aba do seu boné. - Senti tanto pânico como eu senti quando te vi caída no chão.

A pequena o olhou de relance.

—E a ideia de ter perder... Me dá muito, muito medo. Eu sinto como se eu pudesse abrir mão de tudo, menos de você...

E finalmente tomou coragem para olhá-lo, mesmo que o boné tampasse os seus olhos.

—Eu nunca senti isso por ninguém antes... - As orelhas dele estavam tão vermelhas quanto o seu colete. - Ter você por perto me deixa meio estranho, mas...

Ela o encarou.

—N- Não! Quer dizer, não é que seja ruim, sabe? É um estranho bom! Quer dizer-! - Ele tirou o boné da cabeça e bateu a palma da mão na testa. - Ah, mas que droga.

Vendo o garoto naquele estado, tão inquieto e com o rosto escarlate fez com que a loira não se controlasse mais...

E ela riu.

Red a encarou, assustado e depois franziu o cenho.

—E- Ei, isso é sério, tá!

—Eu sei, eu sei. - Pôs uma mão sobre a boca e respirou fundo antes de lhe mostrar o melhor sorriso que pôde. - Então, isso é um sim?

Ele arregalou os olhos, sentindo seu coração na garganta e assentiu. A pele da sua nuca formigava e seu estomâgo dava voltas, mas ao mesmo tempo ele se sentia no topo do mundo.

Como fora idiota por deixá-la esperando por tanto tempo quando a verdade estava estampada na sua cara, clara como o dia.

—Ah, é.

—Hm?

—Eu... - Ele comprimiu os lábios e ficou com vontade de xingar seu coração. - Eu te...

O coração de Yellow ribombou em seu peito, já estava se sentindo zonza o suficiente depois de acordar de um sono de quase um mês, mas tinha certeza que suas pernas iriam ceder de vez caso ele falasse as palavras que ela já sonhara tantas vezes em ouvir.

—Eu... Você...

Viu o garoto colocar uma mão no pescoço e comprimir seus lábios, seus olhos escarlates tremiam e iam do chão para ela e assim vice-versa. A pequena sorriu, feliz por conseguir causar aquele tipo de reação nele, mas não conseguiu evitar de se sentir um pouco culpada.

—Tá tudo bem, Red-san. - Ela estendeu uma mão e ele parou. - Não precisa se apressar, eu espero.

O moreno soltou a respiração devagar, se acalmando aos poucos. Seu olhar trancou no dela, como se fosse certo, como se estivesse esperado um vida por aquelas orbes verdes olhando diretamente para ele e somente para ele.

Ah, ela o deixava muito estranho e conseguia fazê-lo se sentir tão bem num piscar de olhos.

Red sorriu de volta.

—Obrigado.

E envolveu a pequena mão dela na sua. Yellow assentiu.

Realmente, um sentimento merecido de paz.

Será que era isso que os heroís sentiam nos finais felizes dos livros que sua mãe lia para ela? Talvez sim.

—Ah, antes de entrar.

—Hm?

Red chutou a porta com força e ao invés de ouvirem o som da maçaneta batendo na parede, ouviram o som de três cabeças indo de encontro a madeira.

—AI!

—Só porque não estão filmando, não significa que podem bisbilhotar! - O garoto de olhos vermelhos bufou e se virou para a loira. - Depois de você.

Ela piscou seus olhos verdes um par de vezes, viu Gold, Lyra e Blue andarem até a mesa de centro com as mãos na cabeça e não conseguiu conter o riso que tomou conta de si outra vez.

—Obrigada, mas acho melhor pegar um pouco de gelo.

Não importa o quão ruim sejam os problemas que você precisa enfrentar, não importa se você se sente como se nada mais desse certo, não desista. Siga em frente.

Se você cair, haverá alguém para te levantar. Se você precisar, não tenha medo de pedir ajuda. Se alguém disser que acredita em você, acredite em si mesmo.

Todos merecem segundas chances e todos tem o potencial de continuar andando. Mesmo que o caminho a sua frente seja repleto de escuridão, mesmo que tenha passado tanto tempo ao ponto da sua esperança ter ido quase toda embora, mesmo que você sinta que o mundo inteiro está contra você... A vida fica melhor.

Existe uma luz no fim do túnel.

Acredite em mim quando digo isso, pois falo por experiência própria.

Cheguei a acreditar que não havia mais escapatória, até uma garota pequena, loira e tão corajosa quanto o mais poderoso cavaleiro vir me salvar e me convencer completamente do contrário.

Fim.


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Notas finais do capítulo

E com isso, posto aqui o VERDADEIRO último capítulo de The Lost Number.


Quero agradecer a todos que acompanharam essa história e me deram apoio. Pedir desculpas por ter demorado e agradecer por terem sido pacientes tanto pelas atualizações quanto pelas minhas respostas aos comentários.


Eu nunca vou conseguir agradecer o suficiente por cada apoio, cada palavra de cada comentário, cada favorito, nunca. Graças a vocês, escrever essa história se tornou ainda mais especial, foi um desafio que eu estou muito feliz de ter aceitado e que me proporcionou diversas experiências diferentes as quais eu sou muito grata. Conseguir passar o que eu sinto ao escrever pros leitores é o que me motiva, porque me faz sentir que as minhas histórias tem uma energia própria além de ser o que eu mais amo sentir quando leio alguma coisa, quero que todos possam sentir isso também. Eu aprendi muito e vou lembrar para sempre com carinho dessa fanfic. Muito obrigada por tudo, vocês nem imaginam a tamanha alegria que eu senti durante todo esse caminho.


Terminar The Lost Number marca um objetivo pessoal para mim, é a primeira long-fic que eu completo. Eu estou morrendo de orgulho dela e de mim, o 1 ano e meio (talvez 2) que passei desenvolvendo essa história e mais o outro ano e alguns meses que passei colocando tudo em palavras valeram muito a pena.

Por isso, sinto muito por todas as complicações, mas...
Muito obrigada.
♥♥♥

MEU DEUS, ISSO FOI PIEGAS, NÉ? Desculpa x9


Vejo vocês na próxima~
Inté!



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