Akie Kaori P.O.V.

Eu deveria ser a única a não ter ficado surpresa a descobrir a verdadeira identidade de Sayura.

O por quê disso?

Eu já suspeitava. Só ele poderia cometer tantos erros de português e fazer tantos garranchos em uma única frase. E só Kyosuke Tsurugi poderia ser tão idiota e infantil para cometer tal 'brincadeira'.

—Eu sabi... Espera, você não é o Noboro. —Taiga comentou completamente desanimada, baixando o olhar, frustrada. Eu a entendia. É frustrante descobrir que aquilo não é o que você jurava ser.

—Mas continua sendo assustador do mesmo jeito. —Provocou Yumi, recebendo um olhar amedrontador de Tsurugi.

Kyosuke Tsurugi era diferente dos outros rapazes, tanto no seu estilo quanto no seu jeito de ser. Ele tinha cabelos curtos azuis. Tinha a pele pálida, se assemelhando à um vampiro, principalmente pela cor dos seus olhos amarelos. A sua aparência e roupas, contribuía para fazê-lo parecer um gótico. E sim, só para constar, ele era um grande idiota.

—O que foi? Ficou interessado na minha beleza? —Kyosuke perguntou à Taiga em um tom semelhante à uma cantada, mas estava profundamente enganado se iria conseguir pelo menos fazê-la corar, ao ver que a mesma, o encarou confusa.

Como ele podia ser tão mulherengo? A voz irritada de Shirou me tirou de meus devaneios, me fazendo lembrar de onde eu realmente estava:

—Você se acha bastante, não é? —Ele perguntou, apertando ainda mais os braços de Tsurugi, irritado. Ele, Hiroto e Atsuya haviam ficado encarregados de cuidar para que ele não fugisse.

—Por que fez isso conosco? —Atsuya perguntou profundamente irritado, fazendo Kyosuke rir de leve.

Ele me encarou por alguns segundos, me fazendo desviar o olhar:

—Acho que a Kaori poderá nos responder essa pergunta. —Stéfanni falou séria, com um pingo de desconfiança na voz.

—Como assim? —Questionei.

—Achei que tinha sido só eu que havia percebido isso. —Emiko se aproximou, com a sobrancelha arqueada. —Você não pareceu nem um pouco surpresa com esse garoto ser o culpado!

—Você conhece esse garoto?—Shine perguntou inquieta.

—Tal...

—Foi você que planejou isso? Eu não acredito que você nos traiu! —Tanabe disparou, não com raiva na sua voz, mas desapontada.

—Eu não acredito q...

—Parem! —Aisaka gritou furiosa, interrompendo Yumi, que fez um grande bico. —Deixem a Kaori falar! Eu tenho certeza de que ela não faria algo assim!

Respirei fundo, começando a falar:

—Sim, eu conheço o Kyosuke, ele era meu ex... Amigo.

—Ex-namorado, você quer dizer. —Ele me corrigiu com convicção, me fazendo corar dos pés à cabeça.

—Espera, vocês eram namorados? —Emiko perguntou, fazendo uma careta.

—Éramos. —Falei, fritando Kyosuke com os olhos. —Não somos mais. Eu não tenho notícia dele faz meses, por isso nem sei que ele está fazendo aqui.

Era verdade. Senti um peso sair de meus ombros e me virei para as meninas, que estavam todas, menos Taiga, pedindo desculpas. Sorri:

—Eu entendo vocês, deveria ter contado antes. —Falei, me virando para Kyosuke. —Diga, o que você está fazendo aqui?

—Defendo a sua honra, oras. —Ele falou como se fosse a coisa mais natural do mundo. —Não gosto de ver a minha garota rodeada de homens.

—Eu não sou a sua garota. —Disse ríspida.

—Sempre tão educada, não é Kaori? —Ele perguntou irônico.

—Sempre tão idiota, não é Tsurugi?

—Eer... Estamos indo, iremos deixá-los à sós. —Ouvi a voz confusa e baixa de Taiga atrás de mim, me virando bruscamente, assustando-a sem querer.

—Não precisa. Eu não tenho nada para conversar com ele. —Falei breve, fazendo com que o sorriso divertido sumisse da boca dele. Respirei fundo, antes de prosseguir. —Na verdade, nunca tivemos.

Dizem que quando você vai tirar um band aid de um braço machucado ou algo parecido, você deve tirá-lo rapidamente em vez de tirá-lo devagar. A dor será mais forte, mas será espontânea, ou seja, por mais dura que seja, acabará rápido. Mas se você for tirando devagar, a dor vai ser menor, mas prolongará o seu sofrimento.

Eu comparo essa teoria com o que estou sentindo agora, não sei qual dos dois caminhos eu escolhi, o rápido e forte ou o devagar e fraco. Talvez tenha escolhido os dois, porque quando ele traiu minha confiança, me fazendo surtar, aquilo doeu bastante, mas passado alguns dias, eu acabei esquecendo e a dor parou.

Mas agora que voltei a vê-lo, é como se tivesse tirado devagar o meu band aid, a dor é fraca, mas incomoda. Ela prolonga, ela machuca, ela destrói...

—Kaori!? Está tudo bem? —A voz de Taiga me tirou de meus devaneios. Olhei ao redor, já estávamos do lado de fora da escola, Kyosuke não estava mais conosco.

Sacudi a cabeça. Por que eu tinha que estar pensando nele, agora?

—Eu estou bem. —Falei, sorrindo fraco. Na verdade, eu não estava. —Eu estou indo, até amanhã.

—Até. —Ouvi a voz insegura dela, logo atrás de mim. Me virei, caminhando em direção à minha casa. Eu só queria um bom chocolate quente e toda a minha série de Percy Jackson para me acalmar.

Aisaka Taiga P.O.V.

Assim que cheguei em casa, fui obrigada à sorrir para a minha mãe e meu padrasto, que assistiam TV juntos na sala. Neguei quando perguntaram se eu gostaria de me juntar a eles.

Sabia que se ficasse lá e eles notassem, a minha expressão pensativa, rapidamente exigiriam saber o que estava acontecendo e eu não estava afim de falar e falar, do quanto aquele dia fora cansativo.

Eu só queria descansar.

Quase que meu sorriso foi parar nas orelhas quando vi a minha cama, era daquilo que eu estava precisando.

Mas assim que deitei, todos os acontecimentos vieram à tona como flashbacks. A matéria. A parte que falava sobre mim. A quase saída de Tanabe. Um membro novo. E cada vez mais que eu pensava nessas coisas, eu via o quanto eu não sabia sobre as minhas colegas de time.

"Vamos, você também nunca contou nada à elas", pensei comigo mesma, mas logo me repreendi. Aquela era minha obrigação! Eu era a capitã, não elas. Eu tinha que ajudá-las quando tinham problemas, esse era o meu dever.

E só então eu me toquei, aquilo não era o meu dever como capitã, era algo que eu fazia porque era amiga delas.

À pouco tempo, minha única amiga era Minako Nagase, minha prima. Agora eu tinha várias, isso era tão bom!

E foi com esse pensamento, que eu consegui dormir calmamente e profundamente naquela noite.

Yumi Yamazaki P.O.V.

—Maya! —Gritei, pulando em cima dela para abraçá-la. Eu raramente fazia isso, mas Maya era uma exceção. —Senti sua falta. Só você me entende nesse circo.

Ela riu:

—E olha que eu só faltei um dia. —Brincou. —Eu também senti sua falta.

—Como foi de viagem? —Perguntei curiosa.

—Ah, meu pai está melhor, quer dizer, qualquer coisa é melhor do que o resultado que ele estava, antes de entrar no tratamento. —Ela deu de ombros, parecendo triste. Levantou seus olhos para me encarar, séria. —Você não contou as meninas, o real motivo da minha viagem, não é?

—Não, é claro que não! —Falei como se ela tivesse me ofendido e talvez tivesse, já que nunca descumpro promessas. —Mas elas nem tiveram tempo de pensar, aconteceu taaanta coisa ontem que acho que ficou até difícil lembrar de comer no meio dessa correria!

Ela riu, sentando em um dos bancos da porta da escola:

—Ótimo! Já temos assunto para conversar enquanto os outros não chegam. —Ela bateu as mãos na coxa, curiosa. —Conte tudo. Ah, e não esqueça dos detalhes.

—Pode deixar! —Sorri, me sentando também ao seu lado. —É bom ter você de volta.

Hikari Hyouga P.O.V.

Será que eu teria pelo menos um dia normal na vida, participando naquele time?

Era nisso que eu pensava enquanto avançava rapidamente pelos corredores. Não que isso fosse algo negativo. Era ótimo! Eu estava jogando futebol, com as garotas, que eram as minhas amigas. Mas também tínhamos nos metido em tantas confusões! Antes era só eu e Hiroto, discutindo igual dois malucos e se matando todas as tardes, para escolher um filme. As coisas pareciam ter mudado bastante...

—Taiga, ainda bem que te achei! —Gritei ofegante, assim que a avistei, ela me encarou nervosa, começando a dar pulinhos indignados.

—Eu não acredito! Será que sempre teremos que nos meter em confusão todos os dias?—Ela perguntou mais para si, do que para mim. —O que foi dessa vez, uma carta? Uma matéria? Uma bomba? Uma ameaça? —Ela não me deixou responder e talvez, eu nem conseguiria, já estava difícil prender o riso. Toda aquele desespero da capitã, era um tanto quanto cômico. —Eu devo ter tacado CD do Psirico na cruz, para merecer todas essas desgraças, meu Deus!

Não aguentei, comecei a rir de verdade, mas tive que recuperar o folego para falar, antes que Taiga começasse a surtar, se já não estivesse:

—Não tem nada! —Ela me encarou confusa, prossegui. —Pelo menos hoje, nenhuma desgraça nos espera. É uma notícia boa. Na verdade, uma pessoa.

—Pessoa? —Ela perguntou, arqueando uma das sobrancelhas.

—É, quer falar com você. —Respondi, puxando a sua mão. —Vamos, eu já gastei tempo demais te procurando, quando chegar te explico melhor!

Emiko Ominae P.O.V.

—Dá para falar logo o que você quer. —Stéfanni perguntou impaciente para o garoto se encontrava na nossa frente. Ele tinha curtos cabelos castanhos, com alguns picos elevados e olhos bem azuis.

—Ele é um gato. —Comentou Maya baixinho, ela se encontrava entre eu e Yumi. Ri baixinho, Yumi do outro lado revirou os olhos, mas riu também. Kaori que estava do meu lado, murmurou algo como "Totalmente, mas ele não me é estranho..."

Tanabe se encontrava neutra, eu também não estaria nem aí, se o garoto que eu gostasse estivesse ao meu lado, me dando toda a atenção que eu queria.

—Já disse, só irei falar quando a Taiga chegar. —Ele repetiu mais uma vez, fazendo Stéfanni bufar.

Encarei a porta. Nem Shirou, nem Hiroto e nem Atsuya estavam ali. Talvez eles estivessem ocupados demais, cuidando de suas vidas. Shine saíra à mais ou menos, uns 5 minutos atrás e até agora não voltara, aquilo já começava a me irritar.

Por fim, ela surgiu, puxando pela mão uma Aisaka perdidamente confusa. Respirei aliviada, finalmente descobriríamos o que aquele garoto tanto queria:

—Você é a senhorita, Aisaka Taiga? —Ele perguntou, educadamente e Yumi que estava do outro lado, bebendo um suco, quase cuspiu todo o líquido para fora.

—Ele disse senhorita?

—É, sou eu. —Taiga falou incerta, caminhando até ele.

—Eu sou Fideo Aldena.. —Ele se apresentou, estendendo a mão e assim que Aisaka estendeu a sua, ele a pegou e a beijou. Yumi cuspiu mais uma vez, murmurando algo como "Esse Fideo caiu dos anos 1000?". Ri comigo mesma, eu tinha minhas dúvidas.

—E o que gostaria de falar? —Taiga perguntou confusa, completamente corada. Dava para perceber que ela estava afim de querer terminar aquele assunto logo, tanto quanto nós.

—Eu sou irmão da Kyoko, vim pedir desculpas em nome dela.

—O QUÊ? —Todas nós perguntamos em coro. —Você é irmão da loira-aguada?

—Eu sabia que já o conhecia. —Kaori disse, animada.

—Kyoko cometeu inúmeras atrocidades com vocês, principalmente com a Taiga, vim me desculpar em nome dela.

—E por que ela mesma não faz isso? —Perguntou Kaori curiosa.

—Ela se encontra impossibilitada de fazer qualquer coisa. —Respondeu, calmo.

—Me senti ouvindo aquelas vozes de mulherzinhas de quando a ligação caí. Esse celular está impossibilitado de receber chamada. —Tanabe brincou, fazendo todas nós rirmos.

—Eu não o desculpo. —Taiga disse séria, fazendo todas nós encararmos a mesma confusa. —Eu não o desculpo, porque não vejo motivo para desculpá-lo, afinal já acertamos nossas contas com a Kyoko. Ela já teve o que merecia, por isso não acho que devo perdoar ninguém.

—Como esperado da nossa capitã! —Falei animada, fazendo Taiga dar um sorriso envergonhado.

—Se não pode aceitar minhas desculpas, ainda sinto que devo algo à vocês. —Fideo falou, nos fazendo encará-lo confuso. Aquele garoto tinha algum distúrbio?

—Claro. Iremos te cobrar esse favor quando precisarmos. —Taiga falou, se virando. Fideo pegou sua mão e ela recuou-a rapidamente, encarando-o confusa. —O que foi?

—Soube que vocês estão pensando em montar um time de futebol, para vencer o atual time dessa escola. Não acho que sejam capazes de vencê-los com o treinamento que tem agora!—Falou e todas nós bufamos irritada.

—E eu achando que pela primeira vez, um garoto não falaria algo do tipo. —Shine disse, soltando um longo suspiro.

—Você nem sabe como estamos treinando. —Advertiu Stéfanni.

—Mas eu sei um jeito de como você poderão treinar. —Ele acrescentou e bastou isso, para que conseguisse toda a nossa atenção, até a de Tanabe. —E garanto, que assim que passarem por esse treinamento, ficarão mais fortes.