–Vamos, só demos uma volta e já estão cansados? -Taiga perguntou desanimada, colocando mão na cintura e encarando os amigos ofegantes atrás dela. Até Shirou Fubuki acabara por correr, mesmo que forçadamente. E agora, Aisaka parecia a única que ainda aguentava mais uma volta.

Emiko levantou a cabeça cansada, talvez sendo a mais ofegante de todos ali. Ela levantou a mão em rendição e disse:

–Podemos dar uma paradinha? Tipo, uma hora ou para mim conseguir recuperar todas as energias, a vida toda.

Taiga riu e começou a dar leves pulinhos:

–Vamos, prometo que quando terminarmos essa volta, podemos descansar quanto tempo quiserem, -Ela encarou Emiko, que parecia feliz pelas palavras da capitã.-até a vida toda, okay Emiko?

–Hai!

–Então o que estamos esperando? Corram com força total! -Tanabe se manifestou e Yumi que estava ao seu lado assentiu, dando pulos e fazendo alguns exercicíos.

–Se quiser, eu corro umas dez voltas!-Ela falou animada e logo foi repreendida por todos, com xingamentos. Ela levantou as mãos e as balançou, sorrindo.-É brincadeira!

–De muito mal-gosto.-Concluiu Emiko.

–Muito mesmo. Acho que vou mandar dar troféus para todos os clubes de educação fisica, só por terem que fazer isso todos os dias. -Shirou falou se espreguiçando.

Após uma risada de todos, logo voltaram a correr rapidamente. Parecia que o fato de 'que quando tudo aquilo acabasse, todos ficariam livres', servira de grande ajuda e estímulo para todos.

Mas um grito ecoou do outro lado, fazendo com que Taiga que estava na frente parasse, o que fez com que consequentemente, todos que corriam a toda velocidade atrás dela, não conseguiram 'freiar' e acabaram por cair todos em cima da pobre Aisaka. Instantaneamente todos começaram a rir, se esquecendo da pobre garota que estava em baixo de todos, até que a própria se manifestou, com o pouco de ar que lhe restava:

–Vocês pesam, sabia?

–Mas por que você parou?-Yumi rebateu curiosa, assim que todos saíram de cima da amiga, que parecia ter sido esmagada, o que acontecera de fato.

Aisaka se recuperou do seu rápido esmagamento e se levantou, se lembrando de fato do que ouvira e logo sibilou, curiosa:

–Um grito.-Todos lhe encararam confusos.-Eu ouvi um grito. Isso, um grito! E acho que foi aqui na escola.

–N-na escola?-Emiko perguntou assustada. Ficara um pouco amedrontada com a história que fora contada por Shirou. De fato, ele não sabia nem um pouco como ajudar uma garota.

–Calmem! Deve ser a medrosa da Stéfanni gritando por que a folha de uma árvore se mexeu. -Yumi, que não havia ficado nem um pouco assustada com a história contada por Shirou, explicou irritada.

–É, tem razão. Vamos terminar essa volta;

XXX

–Então... Essa é a verdade? Meu irmão está ajudando vocês à treinar, lhe trazendo as escondidas todos os dias para a escola? -Atsuya perguntou completamente desanimado, tentando ter certeza do que tinha ouvido. Era aquilo que ele tinha se sacrificado tanto para descobrir? Seu irmão estava ajudando aquelas garotas, algo digno de alguém como ele. Mas por que Atsuya estava tão desanimado? Seu irmão não estava metido em uma gangue ou algo parecido, ele não tinha que se preocupar. Talvez fosse isso que lhee desanimasse, seu irmão ser tão... Normal.

Hiroto não estava desanimado, mas sim desapontado. Ele discutia com Hikari, que parecia estar se segurando para não socá-lo de uma vez. Quando fora que seu melhor amigo começara a agir daquele jeito?

Ah, já deveria fazer algum tempinho e toda aquela intromissão estava começando a incomodar a albina:

–Era um segredo meu e das garotas.

–E o Fubuki faz parte das garotas?-Perguntou Hiroto fazendo bico.

–Não, ele só...-Hikari vacilou. Seu amigo podia até saber disso, mas contar tudo à ele? Isso estava fora de cogitação.

–Ou contavámos a verdade para ele ou certamente Fubuki nos chamaria de ladras. -Stéfanni a interrompeu e recebeu um olhar mortal da outra, ela não podia expor tudo aquilo.

Kaori observava tudo com os olhos brilhantes, aquilo parecia digno de uma matéria de jornal, mas ela sabia que tudo o que estava vendo ali, era secreto. Uma sombra passou rápido por uma das árvores, não passou imperceptível pela garota, que ficou fitando a árvore vazia por algum tempo.

–Ladras? Por acaso o que vocês estam fazendo é proibido? -Atsuya perguntou em um tom amistoso, o que fez Hikari rolar os olhos e caminhar em direção ao mesmo, pois sabia que se deixasse Stéfanni fica encarregada de respondeer as perguntas do garoto, acabaria por inverter totalmente a história.

–Acontece que somos proibidas de treinar na quadra da escola e por ser a única da cidade, decidimo invadi-lá mas, -Atsuya ouvia toda a explicação da albina e anotava mentalmente mais um motivo para chamar aquela garotas de Crazy Players.–Fubuki nos achou e desde então ele nos ajuda a entrar aqui dentro todas as noites.Graças a eles, nunca somos pegas e bom, não sei por que ele faz isso, mas é de grande ajuda!

Atsuya só conseguiu sorrir surpreso:

–Como convenceram meu irmão a fazer tal coisa? Shirou, coisas perigosas... Não acho que vou conseguir me acostumar com isso tão cedo.

XXX

A volta finalmente estava terminando, o que para muitos ali era motivo de felicidade.

Faltava pouco para que eles chegassem até o local marcado, onde haviam deixado o trio feminino treinando. Taiga gostava daquela sensação de vento batendo no rosto, cabelo voando... Era ótimo! Era como se você se tornasse parte dele, parte do vento.

Mas tudo passou quando uma sombra passou por uma das árvores rapidamente e sumiu de vista, deixando a garota pasma. Dessa vez, ninguém tropeçou em Aisaka. Todos menos Yumi, que avançava com toda a velocidade e assim que colidiu com a amiga, tropeçou na mesma, fazendo a coitada cair com a cabeça enfiada na grama:

–Eu acho que vou morrer hoje. -Taiga balbuciou com o rosto coberto de grama e terra.

–Qual foi a da vez agora?

Antes de responder, a garota fitou mais uma vez a árvore que já não possuia mais sombra nenhuma e encarou os amigos que tinham olhos preocupados, engolindo em seco:

–Eu vi uma sombra naquela árvore. -Apontou histérica e quando achou que os amigos estavam começando a entender, eles começaram a rir da cara da outra, que parecia extremamente confusa.

–Tudo bem, foi uma ótima história. Um pouco assustadora até, mas... -Tanabe começou colocando a mão sobre os ombros da outra, que se encontrava mais confusa do que nunca. -Mas até você capitã?

–É só uma história que inventaram no conselho estudantil para persuadir os alunos a pararem de praticar bullying, só isso. A Sayura não existe.-Shirou falou sorrindo, na tentativa de acalmá-la, o que pareceu funcionar, um pouco.

Ela assentiu nervosa, se virando novamente para a árvore. Ela podia fingir para seus amigos, mas ela sabia a verdade, havia mesmo passado uma sombra naquela árvore.

XXX

Terminada as explicações, Kaori voltou ao seu treinamento e até parecia melhorar a cada vez que era acertada, mas ainda pensava no que havia visto à alguns segundos atrás. Atsuya parecia completamente entediado com aquela paisagem e passava a achar aquelas meninas mais loucas ainda, quem é que joga vários sacos pancadas em si mesmo? Hiroto ainda cobrava explicações com Hikari, "Eu sou o melhor amigo da Hikari, não sou?", ele se perguntava, "E os melhores amigos contam tudo as outros não é?Então, por que ela escondeu isso de mim?" e a outra só respondia retoricamente, fazendo o outro bufar.

Então, um papel trazido pelo vento chegou até os pés de Atsuya que rapidamente o pegou sem se preocupar em deixa exposta sua curiosidade. Rapidamente os gritos cessaram, as cobranças e treinos pararam e todos saíram correndo em direção ao garoto que foi esmagado por todas aqueles corpos:

–Saiam de cima de mim, eu tenho cara de chão por acaso? - O ruivo perguntou ríspido.

–Na verdade tem. -Provocou Stéfanni se levantando e logo todos fizeram o mesmo. Atsuya encarou a garota com um olhar mortal, mas que logo passou ao ver que Kaori havia roubado a carta de sua mão.

–Hey, essa carta é minha. -Ele disse irritado.

–Não lembro de estar escrito seu nome nela.-Ela resmungou e o garoto virou o rosto irritado, todas as garotas tinham tirado o dia para xingá-lo?

Antes de ler em voz alta, a morena pensou já ter visto aquela caligrafia uma vez, mas logo todo aquele pressentimento foi embora quando ela viu o que estava escrito:

"Não deveriam ter atrapalhado o meu belo sono. Agora, não me responsabilizo pelos meus atos. Conhecerão a verdadeira Sayura, aqueles que todos temem e que em breve vocês irão aprender a temer."