RPG Really Pleasant Guys escrita por Fabriciu


Capítulo 4
Ritual demoníaco




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Fabricio ficou parado por um tempo perplexo olhando a cabeça falar no chão, o cheiro que o sangue daquele homem tinha era podre, como se ele já estivesse morto a um bom tempo, Fabricio correu para dentro da caverna, e escolheu o lado direito da bifurcação. Fabricio chegou num lugar com vários bonecos de palha, e um homem atacando-os, ele atacava um de cada vez, eram um total de 5, porém quando o homem atacava o quarto, o primeiro se reconstruia. Cada golpe do homem cortava os bonecos em dois, mas a cada quarto golpe o primeiro que o homem atacou se reconstruia, e o homem fazia tudo de novo.

–Senhor..?; Fabricio tentou chamar a atenção, sua mão não saia de sua espada.

O homem era alto e forte, parecia um samurai, usava uma katana e tinha cabelos pretos grandes e barba para fazer, ele olhou para Fabrício, parou por uns segundos e voltou a golpear.

–Oque está acontecendo aqui?; Fabricio se aproximou aos poucos.; -Senhor?; O homem continuava a golpear.

Fabricio chegou perto o bastante para que o homem pudesse ataca-lo, o homem não o fez, continuou atacando os bonecos, um por um, sem parar, Fabricio retirou sua espada da bainha e a segurou com duas mãos, o homem não se importou e continuou a golpear, Fabricio parou do lado do primeiro boneco, e esperou, assim que o homem golpeou o quarto e o primeiro boneco se reconstruiu Fabricio o golpeou, o homem golpeou o quinto, assim o segundo se recontruiu e Fabricio pulou para acerta-lo, cortando-o em dois. O terceiro boneco não foi reconstruido.

O homem encarou Fabricio por um tempo, ele estava muito suado, as veias de seus braços pulsantes, o homem caiu deitado no chão, sua respiração era extremamente ofegante.

Fabricio tentou pegar água na sua mochila, mas tinha a deixado do lado de fora da caverna.

–Senhor! Você está bem?; Fabricio se abaixou e tentou ajudar o homem a sentar, conseguiu depois de algum esforço. O homem estava sorrindo.

–Eu estou ótimo. Tinha esquecido oque era poder falar, tinha esquecido oque era poder me controlar...; O homem olhava para seus braços, e os mexia da forma que queria, se coçava e tocava a cabeça como se nunca tivesse feito antes.

–Eu estou procurando uma garota..;

–A garota?! Claro! Eu vi ela passando por aqui!; O homem se levantou e saiu correndo em direção ao outro lado da bifurcação que Fabricio tinha passado.

–Espera!; Fabricio o seguiu.

–Temos que salva-la..;

–Mas oque você estava fazendo?;

–Um demônio, não é um demônio muito forte, ele não tinha forças nem para me arranhar, então me amaldiçoou, eu tive que ficar lá atacando aqueles bonecos até que todos estivessem cortados em dois ao mesmo tempo.;

–Demônio?; Fabricio achou estranho o homem falar sobre aquilo como se fosse normal.

–Sim um demônio!;

Os dois chegaram numa terceira sala, esta era maior que as outras duas, bem maior, no centro estava uma garota amordaçada, em cima de uma mesa de pedra com um pentagrama desenhado com sangue, um pequeno ser estava com um manto preto dizendo palavras numa lingua estranha, a cada palavra que saia de sua boca a garota tremia ou parecia sentir mais dor, o homem da katana o atacou, mas parecia ser tarde demais, o golpe acertou em cheio a cabeça do pequeno ser debaixo do manto preto, mas não cortou nem ele nem o manto, pelo contrário, o golpe pareceu ter ricocheteado e jogado o homem longe, Fabricio correu até o samurai.

–Você está bem?; Fabricio o levantou.

–Não deixe o portal abrir! Quebre o portal!; O samurai apontava para a mesa onde a garota estava, a garota já estava morta, Fabricio não tinha idéia do que estava acontecendo, o pequeno ser começou uma gargalhada monstruosa, a parte de cima da mesa começou a puxar a garota para dentro dela sua cor mudou de cinza para preto, a pedra parecia um portal para outro mundo, Fabricio pegou sua espada e bateu com toda a força na mesa, o portal rachou, uma mão saiu de dentro do portal e segurou a garota, Fabricio cortou a mão e tentou alcançar a garota, mas outra mão saiu daquele portal essa não era humana, tinha garras e escamas roxas bem escuras e duras, pareciam feitas de aço, e as garras negras, muito afiadas, fizeram um corte em Fabricio e tentaram puxar seu braço, com o outro braço Fabricio tirou a garota de cima do portal e com os pés deu um impulso para longe, tirando seu braço da posse daquela mão demoníaca.

O portal se fechou e o pequeno ser começou a gritar de ódio, ele tirou o manto, o ser parecia um goblin, era verde e tinha um nariz pontudo e grande, pequeno como um anão, usava um capacete de aço, por isso o golpe do samurai não o cortou.

–Humano! Você sabe que faz?! Espírito querer uma vida no lugar da outra! Uma vida!; O goblin apontou para o braço do Fabricio onde estava o corte.;-Você vai dar vida que espírito quer! Humano não ter escolha! Humano vai..; O samurai arrancou a cabeça do goblin antes que ele acabasse de falar.

–Você fez bem garoto..; O samurai se virou para Fabricio e o ofereceu sua mão para ajuda-lo a se levantar.

Fabricio segurou a mão do samurai mas o samurai a puxou assim que tocou Fabricio, o braço de Fabricio começou a arder, a dor era intensa, Fabricio começoua gritar.

–Oque ta acontecendo comigo?!; A dor fazia Fabricio se contorcer no chão, o corte que a garra fez em seu braço se expandia, era um corte na metade do antebraço, pequeno, mas agora já estava na altura de seu cotovelo, e tinha chegado também nas costas de sua mão.

–Você.. O demônio agora é você..;

–Oque você ta falando?;

–A minha maldição era um treinamento.. Eu fui botado lá, naquela sala, faz uma semana, eu estava treinando para ser o portador do demônio, que está dentro de você.. Eu fui obrigado, é claro que eu não iria querer um demônio dentro de mim.;

–E como eu tiro isso daqui?; Fabricio tinha se arrastado até a parede mais próxima, e estava sentado segurando seu braço, parecia estar queimando, uma fumaça muito densa e negra saia de seu braço.

–Você não pode mais; O samurai apontou a katana para Fabricio, pegou a garota com o outro braço e a pôs em seu ombro.;- O demônio vai aos poucos se apossar de sua alma, e usar seu corpo como recipiente. É assim que funciona, eu vou ter que destruir seu corpo garoto.;

Fabricio esticou seu braço para alcançar sua espada.

–Não tente resistir..; O samurai não tentou impedir Fabricio.

–Não vou morrer tão fácil, meu amigo está me esperando.; Fabricio segurou a espada com a mão esquerda.

O samurai foi caminhando na direção de Fabricio, quando chegou perto Fabricio deu um grito de dor, largou a espada por impulso e segurou seu braço direito, a dor era lacerante. O samurai aproveirou a brecha e atacou Fabricio, o braço de Fabricio se moveu sozinho, mais rápido que o normal, seu braço estava com escamas negras, suas unhas estavam ficando negras e pontiagudas, a katana foi parada pela mão direita de Fabricio.

–Desista..; O samurai não tentou fazer força para puxar sua espada de volta.

–Não sou eu..;Fabricio estava cansado e assustado.

–É oque eu estava falando, aos poucos sua alma vai desistir da posse de seu corpo, o demônio é muito forte, você não..; A mão direita de Fabricio fechou, destruindo a katana do samurai que deu um pulo para trás.

–Droga! Me ajuda!; Fabricio gritou o mais alto que pode.

–Desculpe garoto, mas essa é toda a ajuda que posso te dar..; O samurai sumiu da frente de Fabricio, como um vulto e quando apareceu já estava muito próximo, Fabricio sentiu um líquido escorrendo um pouco em cima de seu abdomem, sua própria espada estava cravada no seu peito, Fabricio não conseguia falar, o samurai virou de costas, e se dirigiu para fora daquela sala.

Fabricio olhou para seu braço direito, ainda não conseguia controla-lo, cuspiu sangue em cima de suas pernas, o som dos pássaros lá fora estavam chegando dentro da caverna, eles cantavam uma linda melodia, Fabricio olhou para seu braço bom, seus olhos aos poucos foram se fechando, até que tudo ficou escuro, e todos os sons, toda a melodia que vinha de fora da caverna aos poucos se extinguia.

Os olhos de Fabricio se abriram, a caverna estava escura de novo, ele não conseguia ver nada, sua espada estava em sua mão direita, ele conseguia a sentir, se levantou, sem nenhuma dificildade, guardou a espada na bainha e tateando a parede ele procurou a saída, Fabricio parou na sala antes da saída da caverna, onde tinha decaptado alguém, a sala parecia estar vazia também, tinham vários livros em estantes nas paredes, e uma mesa de madeira no centro, mas Fabricio não sentia nada. Fabricio apertou o passo e saiu da caverna de vez, era noite e não era nem um pouco difícil de enxergar, Fabricio se espreguiçou e foi surpreendido por um grito.

–Fabriciooo!!; Iago gritava alguns metros a frente, não era longe.

Fabricio olhou para seu peito, o peitoral de ferro estava com um buraco, feito por sua própria espada, Fabricio o tirou e o arremessou longe, sua camisa preta também tinha um rasgão, mas seu peito estava intacto, nem uma cicatriz nem nada, Fabricio deu mais uma olhada em seu braço, ele estava totalmente normal e Fabricio tinha total controle dele, a roupa de Fabricio ainda estava suja do sangue do corte e o que cuspiu em suas pernas. Fabricio pegou sua mochila atrás de uma pedra perto da caverna e mais uma vez ouviu.

–Fabriciooo!!!; Dessa vez era bem mais perto, era possível ouvir Iago tirando as plantas de seu caminho e pisando em alguns galhos.

–Eu to aqui!; Fabricio não gritou, não era preciso, só aumentou um pouco sua voz.

Iago correu um pouco e chegou até Fabricio, Fabricio estava ajeitando a mochila nas costas quando Iago o viu.

–Você demorou muito cara! Oque aconteceu..; Iago estava com a espada e a bainha uma em cada mão.

–Era uma armadilha..; Fabricio apontou para a direção da cidade, era na direita da entrada da caverna, e foi andando.

–Esse sangue em você é seu?; Iago guardou sua espada e começou a seguir Fabricio.

–Você gosta de perguntas hein.. Você ta a muito tempo aqui embaixo?;

–Eu cheguei deve fazer algumas horas. Oque tinha na caverna?;

–A armadilha.. Você ta cansado?;

–Na verdade.. Eu dei uma cochilada na parte de baixo da montanha..;

Fabricio parou.

–Não faz isso.. Não sabemos oque acontece se morrermos, não baixe sua guarda num lugar assim. Um animal, um bandido, ou alguma coisa que nem conhecemos pode te matar enquanto você dorme. Todo cuidado é pouco.;

–Beleza cara! Relaxa..;

–Por isso que eu vim com você.. Para te proteger.; “Mas eu nem consigo proteger a mim mesmo”

–Você ta meio estranho.;

–Vamos conseguir chegar na cidade ao amanhecer se não dormirmos.. Oque você me diz?;

–Eu tava cochilando cara, agora.. Você tava matando uns cablocos ae, só acho que é melhor comermos algo, eu to começando a sentir fome.;

Fabricio abriu a mochila e a pendurou em uma árvore.

–Então eu busco madeira, e você vai caçar.. Vou fazer uma fogueira, vai ser fácil de achar de novo essa árvore.. Qualquer coisa da um grito..;

–Ta cansado né?; Iago tirou a mochila e a prendeu em outra árvore.;-Beleza, eu caço!;

Iago desembainhou a espada e saiu correndo pela floresta, Fabricio ficou uns segundos parado encostado na árvore olhando para sua mão. Um homem passava perto carregando alguns galhos, parou e ficou encarando Fabricio.

–Você está bem garoto?;

Fabricio levou um susto.

–Quem é você?; Fabricio puxou sua espada.

–Calma garoto, eu estou com as mãos ocupadas.. Você está fazendo oque na floresta essa hora?;

–Eu estou viajando, quero chegar numa cidade que fica mais á frente.;

O velho deixou os galhos caírem, se abaixou para pegar o mais rápido que pode, Fabricio guardou sua espada e foi ajudar o senhor, ele quase não tinha cabelo, o pouco que tinha ficava no topo de sua cabeça, era um tufo grisalho e mal penteado.

–Garoto.. Não vá para aquela cidade. Você não vai gostar do que vai ver..;

–E oque tem por lá?

–Eu.. não posso dizer, mas.. Tome!; O velho deu alguns dos galhos secos que tinha para Fabricio.; -A noite vai ser fria, faça uma fogueira por aqui mesmo e se esquente, amanhã volte de onde veio, não vá mais á frente.; O velho foi andando.

–Muito obrigado, mas eu tenho que ir, não tenho escolha..;

O velho pareceu não ouvir, e continuou a ir em direção a cidade.

–Isso só fica mais e mais estranho, não tem um lugar sem alguma coisa acontecendo por aqui?!; Fabricio falava sozinho enquanto ajeitava os galhos e botava algumas folhas embaixo deles.

Fabricio ateou fogo á sua pequena fogueira e ficou sentado á espera de Iago. Quando Iago voltou Fabricio já estava dormindo, ele tinha um lobo em mãos e alguns arranhões nos braços, comeu e deixou metade do lobo ao lado de Fabrício, em cima de uma mesa de folhas improvisada.

–Isso deve dar conta..; Iago sorriu e dormiu encostado em outra árvore.


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