Uma Babá Sem Noção escrita por Sáskya


Capítulo 48
Capítulo: 47 - Fantasmas


Notas iniciais do capítulo

Oi amores! Primeiramente quero agradecer a linda da Mar Delena Forever pela nona recomendação em UBSN. Eu realmente amei, e ela foi de fundamental importância para que esse capítulo viesse hoje ♥. O fato da fanfic ter chegados aos mil rewiens também colaborou no processo :D.
Espero que façam uma boa leitura e vos encontro nas notas finais!



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 Bella

O primeiro sábado do mês já tinha começado com Edward vindo entregar-me pessoalmente uma única tulipa amarela. Eu sorri feito uma idiota, ele me beijou e ficamos naquela melosidade até ele falar que estava indo almoçar com a irmã, os filhos, os sobrinhos e o cunhado em um restaurante. Ele também tinha vindo fazer o convite para que eu me juntasse a eles, mas como eu estava para receber Anne, Bree e Jess esta tarde, tinha que ficar em casa para terminar preparar o bolo que estava fazendo para recebê-las.

— Seu namoradinho já foi? – indagou Emmett com os olhos grudados no celular.

Revirei os olhos para implicância, e observei melhor os trajes que meu irmão estava. Camisa social azul marinho, calça jeans escura e sapatos de couro.

— Está saindo? – questionei, ignorando a pergunta feita anteriormente.

— Vou levar Rose para o cinema. – respondeu, guardando o celular em seu bolso.

Nesse momento, mamãe entra na sala perfeitamente vestida para sair também. Inclinei a cabeça para o lado, indagando-me se ela faria função de vela hoje.

— Estou indo dá uma última passeadinha por Nova York, já que amanhã estarei voltando para Londres. – explicou, notando a confusão expressa em meu rosto.

— Eu ofereci companhia a ela para esta tarde, mas fui prontamente recusado. Só fui aceito para uma carona. – dramatizou Emmett com um falso bico em seus lábios.

Renné riu, beijando o rosto do filho mais velho.

— Vá sair com sua namorada. Com Nova York eu me viro. – piscou, abrindo a bolsa branca que carregava em um dos braços.

— A senhora vai só? – perguntei curiosamente, cruzando os braços.

Ela hesitou um pouco antes de responder.

— Claro. Com quem acha que eu iria? – sorriu sem graça e voltou o olhar para Emmett – Vamos andando, Emmett. Quero voltar antes do anoitecer. – apressou, empurrando meu irmão para porta – Até mais tarde querida, aproveite a tarde com suas amigas.

— E nada de trazer o namorado para cá quando eu não estiver. – alertou Emmett, parecendo muito sério.

— Vá cuidar da sua vida amorosa e deixe a minha em paz. Eu já tenho vinte e três anos, pelo amor de Deus. – terminei de empurrar meu irmão para fora, fechando a porta quando ele começou a rir e Renné a brigar com ele.

Com o apartamento silencioso e inteiramente para mim, eu sorri gigantemente, sentindo-me pronta para fazer a festa. Liguei o som em um pop bem alto, cantando junto com a cantora, e saí deslizando pelo piso com as minhas lindas meias coloridas.

Tirei o meu bolo de chocolate do forno, pronta para confeitá-lo da forma mais açucarada possível, com direito a: recheio de morango, cobertura de chocolate, granulado, coco ralado e jujubas para deixá-lo com um aspecto mais colorido, do jeito que eu gostava.

Quando a minha obra de arte ficou pronta, deixei-a sobre o balcão da cozinha e dancei até meu quarto para tomar um banho. Retirei o blusão cinza, as meias e a roupa íntima que eu usava, não me importando por está as espalhando por todo quarto.

Continuei com a minha cantoria, sentindo a água quente tomar conta de cada centímetro da minha pele, causando o relaxamento dos meus músculos. Depois de vinte minutos debaixo do chuveiro, lavando o corpo e o cabelo, saí com uma toalha enrolada no corpo e outra no cabelo e parti para a terceira missão do dia: encontrar uma roupa.

Abri as portas do closet, colocando as mãos na cintura e analisando todas as opções que estavam dispostas para mim. Muitas roupas coloridas, muitos vestidos, muitas estampas, pouca seriedade... O lugar era uma verdadeira bagunça!

Acabei optando por um casaco rosa claro com alguns rasgos na barra e estrelinhas enfeitando a região do busto. Peguei um short jeans claro, meias com listras rosa e branca e um all star preto, um look perfeito para o dia em casa.

Assim que terminei de pentear meus cabelos, a campainha do apartamento foi tocada. Como já tinha liberado a entrada das meninas na portaria, só poderia ser elas.

Abaixei o volume do som e praticamente corri para porta, abrindo-a e deparando-me com as três sorrindo para mim.

— BELLA! – gritaram Jess e Bree, pulando em cima de mim em um abraço triplo.

Ri da euforia delas, apertando-as com força em meus braços. Estava com saudade daquelas loucas! Assim que ambas me soltaram, eu pulei para abraçar Anne, a senhora se comportando de forma mais polida que as meninas.

— Venham. – chamei, abrindo mais a porta para que elas entrassem.

— Esse parece ser um bom lugar, Bella. – elogiou Anne, olhando ao redor.

— Ai meu Deus! Olha você sendo você. – riu Bree, pegando uma das fotos do natal na parede. Era a qual eu estava enrolada nos pisca-pisca.

A decoração tinha sido desfeita no dia anterior, mas Emmett e eu preferimos deixar as fotos que decoraram o apartamento como uma forma de mural.

— O irmão da Bella não é uma maravilha? – perguntou Jess, pegando uma das fotos para mostrar a Bree e a Anne.

— Realmente. Ele é um gato. – sorriu Bree, pegando a foto das mãos de Jess.

— Mas, como vocês podem ver, ele tem namorada. Uma bela namorada. – Anne cortou o barato, apontando para a foto em que Rose e Emm se beijavam.

Jess bufou.

— Meros detalhes.

— E não se esqueça que você tem namorado, Jessica. – continuou Anne, arqueando uma sobrancelha para ela.

Jess arriou os ombros.

— Ok. Eu me rendo. – revirou os olhos – Vocês sabem que eu amo meu italianinho, é só que é tão difícil não olhar para um bom pedaço de carne. – mordeu o dedo mindinho, olhando de relance para as outras fotos que Emmett aparecia.

— Está comparando meu irmão a um pedaço de carne, Stanley? – semicerrei os olhos, fingindo uma falsa brabeza.

— Ai, Bella. É só forma de falar. – olhou ao redor – A propósito, ele não está em casa? – sorriu de lado.

— Não. Ele saiu com a namorada, – enfatizei bem a palavra, fazendo Jess revirar os olhos – e minha mãe foi andar por Nova York, já que amanhã ela volta para Londres. Estamos sozinhas.

— Sim, menina, e essa história com a sua mãe? Lembro que você disse que já fazia um tempo que não se viam. – se interessou Jess, entrelaçando seu braço ao meu.

Comecei a contar a história para Jess, Bree e Anne, enquanto as guiava para cozinha, a fim de servir o nosso lanche e nos acomodarmos nos bancos.

***

Uma hora de conversa sobre assuntos aleatórios e quatro fatias de bolo depois, eu tentava pensar em uma forma de dizer a elas sobre Edward e eu. O quanto isso soaria insano aos ouvidos delas? Ou não soaria? Será que elas acharam que eu sou algum tipo de louca masoquista?

— George convidou-me para sair no domingo, mas eu ainda não dei uma resposta definitiva. – comentava Anne com um leve rubor nas bochechas, coisa rara de se ver na velha mulher – É tão estranho pensar em sair com outro homem depois de tantos anos convivendo com apenas um.

— Não vou dizer como é sentir isso, porque nunca fui casada, mas eu acho que você deveria ir, Anne. – aconselhou Bree, colocando um pouco de bolo em sua boca – Se divertir um pouco, pensar um pouco mais em você, sabe? Tudo em sua vida se resume tanto a mansão e a sua família, pensar um pouco em si mesma não faz mal.

— Concordo com a branquela. – Jess balançou a cabeça com a boca cheia de bolo – É sempre bom poder dá uns pegas em alguém.

— Jess! – ralhamos Bree e eu em sintonia.

Ela engoliu a comida em sua boca, olhando-nos sem entender.

— Que é gente? Vai dizer que só porque ela tá na casa dos cinquenta não pode mais beijar na boca? Eu hein.

Nós três reviramos os olhos em conjunto para ela. Jesse sempre seria Jess com aquele jeito desbocado e direto de falar.

— Dê uma chance, Anne. Se não gostar, apenas diga que não é algo que queira no momento. – disse por fim, ganhando um sorriso amoroso dela.

— Obrigada, meninas.

— E você, Bella? Alguém na pista? – jogou Jess, mexendo as sobrancelhas maliciosamente – Quer dizer, pegou o Adam na pista de novo? – riu do próprio trocadilho idiota.

Bree seguiu pelo mesmo caminho, fazendo-me revirar os olhos e Anne nos fitar com a confusão estampada em seu rosto.

— O que aconteceu? Quem é Adam?

— Aquele carinha que estava se pegando com a Bella que eu te contei, Anne. – lembrou Jess, bebendo um gole de seu refrigerante.

— Ah. O mocinho que mora no mesmo prédio?

Jess assentiu, olhando maliciosamente para mim logo em seguida.

— E então? – cutucou-me.

Mordi o lábio inferior, sentindo-me nervosa de repente. Quando eu negasse qualquer envolvimento com o Adam, elas me questionariam se tinha mais alguém e seria impossível esconder a verdade – não que eu quisesse esconder, na verdade queria dizer, só ainda não descobri como.

Joga logo na rodinha, Isabella. Sem arrodeios. Só falar que está com Edward e todas as dúvidas sumirão.

Depois de um minuto de silêncio, e de muita expectativa sobre ele, fechei os olhos, soltando a verdade.

— Edward e eu estamos juntos.

Mais silêncio. Abri os olhos, notando os olhares chocados sobre mim.

Opa...

— MENTIRA! – Jess foi a primeira a se expressar, pulando do banco – OH MEU DEUS, VOCÊ ESTÁ SE PEGANDO COM O CHEFE! TIPO, EU PENSEI QUE ISSO NÃO ACONTECERIA, PORQUE QUE POVO LENTO! OMG! OMG! EU ESTOU SURTANDO. – berrou, rodando no lugar com as mãos na cabeça – AAAAAAH.

— Uau... – sussurrou Bree, coçando a cabeça e parecendo totalmente perdida.

É. Por essa ela não esperava.

Olhei para Anne, espantando-me com o enorme sorriso que tinha aparecido em seu rosto.

— Finalmente. – sussurrou simplesmente, beijando minha cabeça.

— AAAAAAAAAAH. – Jess continuava a berrar e rodar no mesmo lugar.

— Cale-se, Jess, ou vão pensar que estão te matando. – pedi a ela, fazendo com que a mesma parasse com os gritos e com os giros, lançando um olhar mortal para mim.

— Desde quando?

— Manhã de natal.

— Quem sabe tanto?

— Todas as pessoas próximas a nós.

— E VOCÊ SÓ CONTA ISSO AGORA? AAAAAAAAH. – voltou a gritar.

Bree deu um tapão na cara de Jessica, calando a boca da maluca. Antes que ela voasse em cima da pobre moça de cabelos negros, puxei Jessica para o meu lado.

— Relaxa, sua doida. Não faz nem tanto tempo assim. As coisas foram corridas nesse final de ano.

— Mas eu queria está sabendo desde o segundo depois que ele te pediu em namoro! – exasperou-se, jogando as mãos para o alto – Ok, eu te perdôo, mas tem que me contar tudo! Ainda não estou conseguindo acreditar que o Edward deixou de ser lerdo. Eu sempre torci por vocês, porque você ia dá uma ótima chefinha Bella. – comentou empolgada, murchando logo após — AAAAAH VOCÊ VAI SER NOSSA CHEFE! – gritou.

Bree e Anne reviraram os olhos. Já eu me retraí com a ideia de ser a chefe delas, e consequentemente meio que dona da mansão. Aquele tipo de coisa não fazia bem o meu estilo.

— Não viaja, Jess. Não sou chefinha de ninguém e nem vem me chamar disso, ok? Não nasci para ser essas dondocas granfinas que tem centenas de empregados. – coloquei freio na maluca.

Jessica fez cara de tédio para mim.

— Só você mesmo para não saber aproveitar os bons frutos que a vida te dá. – enrolou um cachinho com o dedo indicador – Agora desembucha que eu estou doida para ouvir a história.

— Eu também. Quero saber como foi isso tudo, porque até onde eu saiba, ele tinha sido um cretino. – empolgou-se Bree.

— Edward tinha apenas algumas coisas para lidar antes de se entregar ao que sentia por Bella. Eu sempre soube que era questão de tempo. – disse Anne sabiamente.

Parece que todo mundo apostava nisso internamente...— sussurrei para mim mesma, viajando na maionese.

— BELLA! – exclamou Jessica, impaciente com a minha demora.

Respirei fundo.

— Vamos lá...

***

Depois de contar toda a história entre mim e Edward e responder as inúmeras perguntas de Jessica, as garotas foram embora por volta das cinco tarde. Tivemos um ótimo momento juntas e eu realmente apreciei isso. Sentia falta da nossa convivência da mansão e das conversas aleatórias que sempre mantínhamos pelos diversos cômodos da casa.

Ai, às vezes bate uma saudade da vida de babá! Os oito meses que passei trabalhando na mansão foram ótimos, apesar de algumas pedras no caminho.

Quando Renné e Emmett chegaram, decidimos pedir comida chinesa, porque disposição para cozinhar estava faltando. Amontoamo-nos na mesinha de centro da sala mesmo, degustando da comida e bebendo um bom vinho. Como estava virando costume em nossa rotina, falamos sobre o nosso dia.

Emmett contou que tinha assistido um belo filme de ação com a minha cunhada – já que a mesma adorava o gênero assim como Emmett – e que depois tinham ido passear pelo shopping, comprar coisas que ficariam entulhadas no closet de Rose e apreciar a tarde no apartamento dela.

— Você é um tarado. – resmunguei para o meu irmão, atirando-lhe um guardanapo ao perceber a conotação maliciosa do seu ‘’apreciar’’.

— Ah, Bella, não tem nenhum santo nessa mesa. Não sou idiota ao ponto de saber que você não deu umas apreciadas por ai. – fez careta.

Eu ri da sua expressão estúpida enquanto Renné balançava a cabeça para nós. Ela sempre soube que Emmett e eu vivíamos entre brigas bobas e amor incondicional, isso é algo que nos acompanha desde a infância.

— Quando você pretende pedir Rose em casamento, Emm? – perguntou mamãe, de repente e inocentemente, fazendo meu irmão se entalar com o macarrão que comia.

Rindo, bati em suas costas, tentando ajudar o paspalhão. Renné mantinha o olhar preocupado nele.

— Casar? – conseguiu falar com a voz esganiçada.

— É filho. Selar uma união. Trocar aliança. Viver juntos. Essas coisas. – explicou pontualmente, como se ele tivesse voltado a ter cinco anos.

— Essa é uma palavra que não consta no dicionário dele, mãe. – zombei, ganhando uma olhada feia do grandão.

Fingi que não foi comigo.

— Pois deveria. Rose é uma mulher fabulosa! Sem contar que linda também. Imagina como serão lindo os meus netos? – seus olhos brilharam com a última frase.

Meu irmão esbugalhou os olhos.

— Netos? – sussurrou Emmett.

— Sim! Eu quero ter muitos netos. Então, temos que começar isso de alguma forma, sim?

— Será que não podemos esperar isso por mais uns anos? E não precisa necessariamente de um casamento para ter netos. – Emmett sorriu amarelo, tomando um grande gole do seu vinho.

Renné deu de ombros, sem se deixar abalar.

— Talvez um neto possa vim antes do previsto. – sorriu, piscando tanto para Emmett quanto para mim.

Emmett e eu nos entreolhamos, assustados com a firmeza das palavras dela. Não dizem que coisa que mãe diz acontece? Então, eu esperava que não acontecesse aquilo comigo nem tão cedo. Quero pelo menos terminar minha graduação antes de pensar em ter um filho gerado por mim. Já bastavam os quatro adotados pelo meu coração.

Após o mini-surto de ‘’eu quero ser avó’’ de Renné, prosseguimos com a nossa refeição. Ela contou, sem muitos detalhes e com certo mistério no ar, como foi o seu dia. Meu irmão e eu até que tentamos tirar algo, mas ela parecia bem disposta a dá uma de misteriosa. Já eu também fui sucinta em minhas palavras, falando apenas que me diverti e conversei bastante com a garota, colocando-as por dentro das novidades.

Ao final da refeição, limpamos a pequena bagunça da sala e eu me encarreguei de lavar a pouca louça que sujamos. Ao voltar para sala, encontrei Renné assistindo a algo na TV. Ela me informou que Emmett tinha ido resolver algumas coisas do trabalho no quarto e eu acabei por me juntar a ela, a fim de aproveitar com a minha mãe sua última noite aqui.

***

Renné fora embora no domingo no vôo das oito da manhã. No aeroporto, estávamos Emmett, Rose, Jake, Alice, Edward e eu para nos despedirmos dela. Com lágrimas nos olhos, observei novamente minha mãe ir para Londres, para longe. Só que dessa vez eu não senti raiva, apenas uma saudade precoce.

Eu, diferente do que tinha idealizado, adorei ter Renné por perto nos últimos dias. Conseguimos nos reconectar novamente e superar as barreiras deixadas no passado. O amor que sentíamos uma pela a outra era mais forte.

— Ela vai voltar. – sussurrou Emmett ao me abraçar pelos ombros naquela manhã.

— Eu sei. Agora eu sei. – murmurei de volta.

Emmett deu-me um beijo na testa e eu sorri, fechando os olhos.

Quando não tínhamos mais nada para fazer lá, fomos embora. Edward, percebendo meu clima de tristeza, acabou me arrastando para um café da manhã.

— Lily costuma dizer que doces melhoram o humor. – sussurrou com um sorriso nos lábios ao colocar dois croissants, dois donouts e um grande copo de café em minha frente na pequena mesa do café em que estávamos.

— Sua filha é uma garotinha sábia. – elogiei, enfiando um pedaço de donout na boca e observando o que ele tinha pegado para si. Apenas um cappuccino com um pão de mel.

— Ah, pode apostar que sim. – assentiu com um ar de pai babão.

Sorri.

— Quem diria, hein Cullen? – disse de boca cheia, engolindo a comida logo em seguida – De pai perturbado a pai babão. Fico feliz em saber que exerci um bom papel nessa caminhada árdua e exaustiva. – brinquei.

Ele revirou os olhos, reprimindo um sorriso.

— Eu não era perturbado. E me admira sua modéstia, querida. – piscou um olho, mordendo seu doce.

— Tem razão. Ainda é. – sorri zombeteira, ganhando uma fingida expressão ultrajada do Cullen – E eu sou muito modesta. – empinei o meu nariz.

Edward riu da minha idiotice e eu acabei rindo junto com ele.

— Mas agora falando sério: eu realmente estou muito orgulhosa de você. E muito feliz por ter exposto esse seu lado cheio de amor para dá, o que prova a si mesmo que você não era vazio como imaginava, Edward. Você sempre foi cheio. Cheio de amor, mas também de dor, arrogância e medo, acabando por deixar transparecer somente essas últimas coisas, reprimindo veemente a primeira e a mais importante. – sussurrei, vendo-o abaixar o rosto, triste – Ei. – ergui o seu rosto – Isso está no passado. O que importa agora é quem você é hoje. Conseguiu passar por muita coisa e ainda está aqui, tentando colocar um sorriso no rosto de alguém. – sorri e o sorriso de Edward foi reflexo do meu.

Ele beijou a palma da minha mão que ainda estava em seu rosto.

— Eu amo você. – declarou simplesmente.

Meu coração bateu mais rápido com as suas palavras, como era de costume. Será que um dia eu me adaptaria àquelas palavras saindo de sua boca?

— Eu amo você. – declarei de volta.

Edward puxou a minha mão, que tinha caído sobre a mesa, para aproximar nossos rosto e selar nossos lábios em um selinho demorado. Hmm... Sua boca tinha gosto de pão de mel! Deliciosa!

— Sua boca é uma delícia. – murmurei sem querer, fazendo-o rir baixinho.

— Quer que minha boca deliciosa alcance outro pontos seus, senhorita Swan? – murmurou com a voz de seda e com uma pontada de malícia.

Mordi o lábio, tentando conter o gemido impróprio para o local. Cretino sedutor!

— Eu adoraria, senhor Cullen. – respondi a provocação, observando com deleite ele engolir em seco.

Sem mais delongas, Edward deixou algum dinheiro em cima da mesa e nos levou dali.

***

Eu acordei na mais pura adrenalina na segunda feira. O sono ansioso que eu tive não me deixara dormir direito e eu precisava ficar ligada para não dormir no chão da cozinha, cômodo o qual eu estava agora tomando café.

— É meio estranho sem a mamãe aqui, né? – perguntou Emmett, sentando-se a minha frente com uma xícara de café em mãos. Diferente de mim, ele parecia bem tranquilo.

— Uhum. – concordei rapidamente, tomando um grande gole do meu café e já colocando um pouco mais em minha xícara.

Estava sentindo falta de Renné na refeição, mas meu estado de ansiedade e animação estava em um grau tão elevado que a falta ficou em segundo plano.

Desculpa mãe!

— Você parece bem agitada. Nervosa para as aulas? – pontuou Emmett, olhando-me sobre a xícara.

— Sinto como se eu pudesse explodir. Mal dormi esta noite. O que você acha? – sorri rapidamente, enfiando alguns pãezinhos na boca.

— Que você está ficando louca. – zombou e eu atirei um dos pãezinhos nele. – Agressiva.

O celular de Emmett tocou e ele saiu da cozinha, deixando sua xícara para trás. Terminei minha refeição e saí da cozinha, indo terminar de me arrumar. Minutos depois, Emmett gritou, falando que precisava ir para o escritório agora mesmo, que me daria carona outro dia e desejando-me um ótimo começo.

Bufei baixinho, irritada por ter que ir de táxi. E se eu morresse no caminho até lá? O taxista me socorreria? Eu conseguiria ver pela última vez as pessoas que eu amava?

Deixa de drama Isabella! Repreendi-me mentalmente.

Alguém bateu à porta do apartamento, fazendo-me estancar por cinco segundos. Quem poderia ser?

Com apenas um calçado no pé direito e lutando para enfiar o outro no pé esquerdo, fui pulando de um pé só até a porta, abrindo-a sem olhar pelo olho mágico quem era.

Meus olhos cresceram assim que eu identifiquei o indivíduo do outro lado. Adam estava encostado na soleira da porta com sorriso preguiçoso nos lábios e uma chave de carro sendo rodopiada em seu dedo indicador.

— Carona para NYU, baby? – piscou um olho.

— ADDY! – gritei e, sem me conter, atirei-me nos braços do garoto, meu sapato indo voar longe – Que saudades de você.

— Também senti saudades. – suspirou ainda abraçado a mim – E desculpe-me por ter sido um idiota, por ter te magoado de alguma forma. – afastou-me de si o suficiente para olhar em meus olhos – Eu só quero a sua felicidade, Bells. Do fundo do meu coração.

Os olhos azuis estavam tão claros que pareciam até feitos de cristal. Eles transpareciam um remorso verdadeiro e eu não consegui encontrar motivos para não perdoar Adam.

— Claro que eu desculpo você, mas não dê um pití desses de novo, ok? – pedi e ele riu, assentindo – E eu espero do fundo do meu coração que você seja feliz. Você ainda vai encontrar A garota e vai se perguntar: porque eu gostava da doida da Bella mesmo?

Adam riu novamente, e eu sorri por isso. Adorava fazer as pessoas rirem, principalmente aquelas que eram importantes para mim.

— Senti saudade das suas maluquices também, garota. – tocou na faixa que estava em minha cabeça – E que tal você colocar o sapato para irmos? Eu realmente não quero chegar atrasado ao primeiro dia. – apanhou a minha bota do chão, entregando-me.

— Nem eu. – retruquei, pegando o calçado de suas mãos e colocando-o no pé.

Logo, Adam e eu estávamos partindo para o nosso primeiro de dia de calouros da turma de psicologia.

***

Eu estava provavelmente com a boca a aberta, pois a grandeza do prédio me deslumbrava. Ainda não estava acreditando que estava realmente ali, em frente à New York University, pronta para iniciar minha vida de acadêmica. A concretização de um sonho sempre nos deixava um pouco abismados.

As bandeirinhas roxas chamaram-me atenção e eu sorri bem mais tranquila do que mais cedo. Os minutos dentro do carro conversando com Adam fez-me relaxar. Eu não estava só.

Meu celular vibrou em meu bolso e eu prontamente o peguei, vendo que era uma mensagem de Edward. Abri.

‘’O primeiro dia pode ser uma mistura louca de nervosismo e animação, mas saiba que tudo vai ocorrer bem. Você é capaz, nunca se esqueça. Tenha um ótimo primeiro dia, mais tarde te ligo.

Beijo. Te amo’’

Suspirei derretida. Edward era o melhor e eu estava tão apaixonada. Droga!

— Vamos! – puxou-me Adam pelo braço, animado para conhecer logo como era o prédio por dentro.

Sendo consumida pelo mesmo sentimento, coloquei o celular no bolso e deixei-me ser guiada pelo meu amigo.

***

As aulas do primeiro dia, que em suma foram de apresentação, passaram-se de uma forma tão rápida que eu até fiquei triste. Mas não tinha problema: amanhã tinha mais.

Contente, descia uma das escadas do prédio com o braço de Adam preso ao meu, escutando-o falar como tinha sido o seu primeiro dia no curso de direito e como tinha sido hoje. A melhora foi significativa, segundo ele. No meio dessa conversa, acabamos encontrando Bree, que guardava alguma coisa em sua bolsa.

— Bree! – chamei-a.

Ela levantou a cabeça para cima e, a me ver, sorriu, vindo ao meu encontro. Soltei-me de Adam para abraçá-la.

— Bella! Que bom te encontrar aqui. E oi Adam. – sorriu timidamente para ele.

— Oi Bree. Não sabia que fazia curso aqui. – franziu as sobrancelhas de forma engraçada.

— Bree cursa marketing aqui. Está indo para o terceiro ano, não é? – olhei para a garota de cabelos pretos que assentiu feliz.

— Isso parece bom. – elogiou Adam.

— E então? O que acharam das suas aulas? – perguntou simpática e eu logo grudei meu braço ao dela, contando tudo.

Adam nos seguiu, caminhando ao meu lado direito e fazendo algumas intervenções para falar o seu ponto de vista sobre alguns fatos. Acabamos por parar em uma lanchonete. Comemos algo leve, enquanto Bree contava a mim e ao Adam um pouco mais sobre a universidade.

Por fim, Bree teve que voltar para sala, pois ainda teria uma aula naquele dia. Adam e eu nos despedimos dela e fomos embora para o prédio em que morávamos. Passamos boa parte do caminho em um silêncio agradável, somente curtindo a velha canção que tocava no rádio.

Ao chegarmos ao meu apartamento, encontramos meu irmão estirado no sofá, bebendo uma cerveja. Seus olhos logo se animaram ao ver Adam e ambos decidiram jogar conversa fora e beber algumas cervejas, já que o meu irmão tinha saído mais cedo do escritório.

Deixei os dois na sala e segui para varanda, largando as minhas botas no caminho. Sentei-me em uma das cadeiras e passei a observar o céu nublado de Nova York misturando-se com os arranha céus que cobriam a cidade.

O único barulho que chegava aos meus ouvidos era o trânsito da cidade, fato que eu agradeci, pois estava precisando de um pouco de paz. A felicidade me rodeava, mas eu sabia que aquele clima estava prestes a ser quebrado. O julgamento estava chegando, e com ele as amargas lembranças do ano passado.

***

Adam tinha me deixado no prédio em que morávamos na terça-feira após as aulas e depois partiu para outro compromisso que não era do meu conhecimento. Ele parecia bem animado, fato que me fez sorrir.

No momento em que eu me virei para entrar no prédio, eis que encontro Edward encostado perto da porta de entrada, parecendo incrível naquele terno negro e óculos escuros tampando-lhe os olhos. Ele também tinha uma expressão bem séria no rosto.

Opa.

— O que está fazendo aqui essa hora? – perguntei surpresa, aproximando-me dele.

— Não sabia que estava pegando carona com o Adam. Pensei que seu irmão estivesse fazendo isso, afinal, foi o que me falou. – arqueou uma sobrancelha, ignorando totalmente minha pergunta – A propósito, ele não tinha ido embora?

— Ele foi passar o fim de ano com os pais, Edward, não morar com eles outra vez. Adam mudou-se para cá justamente por causa da universidade, e olha só, ele faz o mesmo curso que o meu. – sorri sarcasticamente, não gostando do tom acusatório dele. Não estava fazendo nada de errado, oras.

Passei por Edward, entrando no prédio para poder pegar o elevador para o meu andar. Ele, claro, veio logo atrás.

— Então vocês estão amiguinhos de novo? – questionou com o mesmo tom do meu sorriso, acompanhando-me no elevador.

Suspirei, olhando seriamente para ele.

— Edward, se for para ficar dando um ataque de ciúmes sem motivos é melhor procurar outro canto.

Ele fitou-me incrédulo.

— Sem motivos? Aquele cara tem uma queda do tamanho do mundo por você, e agora o vejo vindo te deixar em casa, como você quer que eu me sinta?

— Normal. Se eu quisesse está com o Adam, não estaria com você. – olhei-o severamente e observei com satisfação ele engolir em seco — O fato de Adam e eu continuarmos a nossa amizade não quer dizer que eu queira me envolver com ele. – saí do elevador com ele me seguindo.

— Não sei como manter amizade com uma pessoa que claramente gosta de você! Não acha meio masoquista? – inquiriu altivo, enquanto eu abria a porta do apartamento.

As palavras de Edward pegaram-me desprevenida e eu parei, observando a madeira branca da porta, que agora estava entreaberta. Eu bem sabia que um sentimento não passava do dia para noite, mas se Adam estava disposto a manter uma amizade sem segundas intenções, porque não? Afinal, ele sabe que eu entenderia se quisesse se afastar.

— Se ele está por perto é porque consegue lidar com o que sente, Edward. E eu não acredito que seja algo profundo. – sussurrei, abrindo de vez a porta do apartamento e indo me jogar no sofá – Adam vai encontrar alguém que realmente sacuda o seu mundo e que faça o que ele sentiu por mim um dia algo insignificante.

Edward sorriu de lado, escorado na soleira da porta e com os olhos bem presos em mim.

— Você é tão otimista. É uma coisa que admiro em você.

— Bem, obrigada. – resmunguei, ainda chateada, e desviei o olhar.

Segundos depois Edward estava sentado ao meu lado, passando um braço por meus ombros e enterrando o rosto em meu pescoço. Não consegui conter o arrepio que correu o meu corpo ao sentir sua respiração quente tão próxima. Quis me bater um pouco por isso.

Maldito corpo traidor! Era para você está chateado!

— Não fique chateada. Eu sei que você me ama. É só que... – parou, suspirando – Tenho medo que um dia acorde e perceba que esse sentimento não vale à pena, que eu não valho à pena. – subiu seus olhos para os meus – Você não é o que eu esperava para mim, mas é tudo o que eu precisava. Tenho medo que o destino brinque comigo outra vez e te tire de mim. Não sei se vou conseguir superar dessa vez. Sem contar que o Adam parece ser um cara bom e...

Coloquei o dedo indicador em sua boca, impedindo-o de continuar falando aquelas besteiras.

— Por favor, tire esses medos idiotas da sua cabeça. Eu estou aqui e eu amo você, Edward. Não pretendo ir para porra de canto nenhum, tudo que eu quero é viver esse sentimento. Não coloque neuras nisso. Prometa-me isso? – olhei bem nos olhos verdes, querendo captar a veracidade de sua resposta.

— Eu prometo. – murmurou e eu consegui captar a faísca da vontade e da verdade em seus olhos.

— Agora me dê um beijo digno de cinema para que eu não fique mais chateada com você. – pedi e ele riu, atendendo meu pedido logo em seguida.

***

Na quarta-feira à tarde, eu tinha decidido ir caminhar no Central Park, a fim de distrair a minha mente e praticar um pouco de exercício. Eu tinha tido uma noite povoada de pesadelos com os flashs do sequestro, fato que me fez revirar muito na cama e dormir muito pouco, causando um péssimo desempenho meu durante o dia. Eu estava um saco e estranhamente calada.

Uma das coisas que mais mexiam com a minha cabeça era a atitude de James em ter ajudado Melanie e eu, abrindo brecha para que fugíssemos. Isso cutucava o meu íntimo, fazendo com que eu considerasse uma visita a ele na prisão, nem que fosse para arrancar dele a verdade a base da porrada.

A base da porrada? Sério mesmo, Isabella? Está achando que vai lutar com um graveto? É a porra do homem que ajudou a sequestrar Melanie! 

Sentei-me em um dos bancos do parque, sentindo o nervosismo e a dúvida crescer dentro de mim. Eu conseguiria me livrar totalmente dos fantasmas daquele dia somente com o julgamento?

Quando um grande não gritou em meu pensamento, eu percebi que não tinha jeito. Eu iria hoje mesmo à prisão falar com James. Ele sanaria a minha dúvida, nem que eu tivesse que fazer um escândalo.


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Notas finais do capítulo

Ai que eu já estava com saudades de escrever esses momentos surtadinhos da Bella ♥. O que será que vai sair dessa conversa dela com o James? As dúvidas será sanadas? Vamos descobrir isso no próximo capítulo, e falando nele, vamos ter o aniversário de Jake com muitas coisinhas boas inclusas ♥.
Mas, voltando para este capítulo, o que acharam dele no total? Estou esperando vocês nos comentários, hein?

Beijos e até a próxima pessoal ♥.