Diários de uma Pensão escrita por Izzie, Keth


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Esperamos que gostem ;p



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/525952/chapter/3

Dona Alma era uma mulher baixinha e cabelos branco, devia ter no máximo sessenta anos, mas esbanjava juventude com seu rosto bondoso e com poucas rugas. Ela olhou para Natasha que logo sorriu como se acabasse de ter sido pega comendo biscoitos antes do jantar.

– Mocinha, você não devia estar fazendo seus deveres da escolinha? – ela perguntou.

Novamente Natasha sorriu, se entregando.

– Já para casa, estarei lá daqui a pouco, avise seu pai que a hóspede já chegou e diga para ele que não tolerarei atrasos no jantar.

– Sim, Dona Alma – Respondeu Natasha cabisbaixa. Virou para Rachel e deu um pequeno sorriso. – vou fazer o dever, mas eu volto.

Rachel sorriu para a menina, mas antes que pudesse falar alguma coisa a menina já havia pegado seu casaco e saído correndo em direção a outra casa da propriedade.

– Ela é uma menina adorável – Falou Rachel, se virando para Alma.

– Ah, é sim, puxou o gênio do pai. Dará muito trabalho para ele quando for mais velha.

Rachel não pode discordar, além de Natasha ser uma menina que parecia inteligente e de gênio forte, seria bela, e arrancaria corações por causa disso.

– Venha – disse Alma – Seu quarto está pronto. Tem vista para a praia, como a Senhorita pediu.

Rachel começou a segui-la para o segundo andar da casa, que era tão encantador como o primeiro.

– Por favor, me chame de Rachel. Ficarei aqui por seis meses, tenho que fazer amigos.

Dona Alma se virou e sorriu para a Jovem. Muitas das pessoas que vinham para a cidade ( boa parte no verão) não ficavam na pensão, preferiam ficar no hotel da cidade, e os poucos que escolhiam a pensão, em sua maioria das vezes, preferiam o isolamento do quarto e pouco contato com as pessoas. Ela percebeu que, mesmo Rachel sendo uma jovem famosa, não seria daquelas que ignoraria um ‘bom dia’.

– Me chame de Alma. – disse. – A pensão está praticamente vazia, só tem você, uma outra jovem que está fazendo um trabalho de campo e um casal de idosos que todo inverno vem passar uns meses aqui. Creio que o único barulho que escutará virá da monstrinha que acabou de sair daqui.

Rachel sorriu para Alma.

– Bem, esse é seu quarto. – Alma parou em frente a uma das várias portas do corredor. - O seu quarto é um dos poucos que tem banheiro, então não precisa se preocupar. Relaxe, descanse, tome um banho. O jantar é servido às oito.

– Obrigada, Dona Alma, preciso descansar um pouco mesmo. Nos vemos no jantar, ouvir diversos elogios da comida da Pensão.

– Como cozinheira sinto-me lisonjeada. Realmente espero que goste da comida. – James virá trazer sua malas. – Sem mais delongas Alma se retirou para a cozinha que ficava no primeiro piso.

Assim que abriu a porta do quarto Rachel não pode esperar por menos. Havia uma enorme cama de casal bem no centro e de frente para a janela havia uma escrivaninha. Do outro lado havia uma pequena TV, a porta para o banheiro e um armário feito de Mogno. O quarto era decorado com cores claras entre o bege e o branco. As cortinas eram do branco mais puro que Natasha já havia visto. Tudo naquela casa combinava. Seria maravilhoso viver ali durante seis meses, sem ter que se preocupar com arrumações, jantares e, principalmente, telefonemas. Pegou o telefone e ajustou para poder só receber ligações de Caya, Lizzie, Charlie, seus dois irmãos e seu pai.

Estava livre.

Se jogou na cama e contemplou o teto. Segunda-feira ela começaria a escrever, Até lá tinha a noite de sexta e o final de semana para conhecer a pensão e a cidade.

O tempo passou e antes que ela percebesse escutou batidas na porta. Deveria ser James.

Pulou da cama e abriu a porta, se deparando com um garoto que deveria ter uns 10 anos.

– Boa noite, Senhorita Miller – Disse ele, educado. Usava uma calça preta e uma blusa de gola devido ao inverno, roupas que pareciam bem gastas.

– Bom, você deve ser James, não? – Rachel perguntou.

– Sou sim. Dona Alma pediu para trazer suas bagagens. Eu a Ajudo todas as sextas e finais de semana. – O menino abaixou a voz como se estivesse prestes a contar um segredo. – Estou juntando dinheiro para comprar um autorama.

– Sério? – Rachel perguntou. – Meus irmãos tinham um desses quando éramos pequenos. Eles passavam horas brincando. – Rachel ajudou o menino a trazer a outra bagagem para dentro do quarto. – Você subiu a escada sozinho com essas malas pesadas? - Perguntou ela, um pouco alarmada.

– Subi sim, uma de cada vez, sou forte. – disse o menino orgulhoso mostrando o braço.

– Posso ver que sim.

Rachel pegou a bolsa e retirou uma nota de cinquenta e deu para o garoto. O menino ficou alarmado, nunca ninguém havia lhe dado uma nota tão alta. Com aquele dinheiro ele não só podia comprar um autorama como também um gibi, mas...

– Eu não posso aceitar, Senhorita. – disse ele, recusando a nota.

– Mas claro que pode. As malas estavam pesadas e você subiu com elas sozinho. Você mais que merece. – Rachel colocou a nota na mão do garoto. – Vá, aproveite.

O menino sorriu.

– Obrigada, Senhorita Miller.

Rachel viu o menino sair correndo pelo corredor. A infância era mágica, pensou ela.

(...)

Assim que terminou o banho e vestiu uma roupa mais simples, Rachel viu que já estava quase na hora do jantar, e pelo que Dona Alma havia dito para Natasha, ela não gostava de atrasos. Alma parecia uma senhora bondosa, mas que sabia dar uma bronca quando necessário, e ela sendo hospede ou não, Rachel tinha certeza que daria uma bronca nela se necessário.

Enquanto batia a porta do quarto, pensou que Dona Alma daria uma boa personagem para seu próximo livro, teria que passar mais tempo e conversar mais com ela.

Quando entrou na sala de jantar, o relógio já estava na segunda badalada das oito. Dona Alma já estava lá, terminando de botar os pratos. O casal de idosos, que deveriam ter uns 70 anos, também já estavam sentados um ao lado do outro.
Rachel preferiu sentar em frente aos idosos, eles pareciam agradáveis. E foi naquele momento que ela pode sentir o aroma delicioso da comida em cima da mesa. Ela teria que fazer exercícios diários se quisesse manter o peso, pensou sorrindo.

– Acredito que os elogios não farão jus a sua comida, Dona Alma, só o cheiro e a visão estão me deixando com água na boca.

– Não elogie demais Alma. – Disse a senhoria na sua frente. – O ego dela já esta muito grande.

Rachel riu.

– Deixe ela me elogiar, Grace, faz bem para a minha pele.
Naquele momento, pela porta da cozinha entrou James sorrindo e com as bochechas rosadas do frio.

– Espero q tenha limpado os pés na porta e lavado as mãos, mocinho. – Disse Dona Alma, olhando para ele com um olhar advertido.

– Lavei sim, Dona Alma – Disse ele. Depois Sorriu para Rachel.

– Ok, então pode se sentar.

O menino correu para seu lugar de costume e se sentou, mas quando tentou pegar um pedaço de frango, sentiu o tapinha de Dona Alma em sua mão.

– Quais são as Regras, James?

– Só pode comer quando todos estiverem na mesa. – Disse o menino.
Poucos segundos depois, uma jovem de uns 25 anos entrou na sala. Ela tinha o cabelo despenteado e na mão um bloquinho abarrotado de papeis extras. A Blusa que ela usava era simples o que combinava com as calças de pijama.

– Boa noite gente! – Disse ela animada, depois se virou para Rachel. – Você deve ser Rachel, Li todos os seus livros, mal posso esperar o próximo, mas fique tranquila, não irei te atrapalhar, sou paciente. – Disse ela e se sentou ao lado dela. – me chamo Karen.

Rachel ficou um tanto espantada com a energia da garota, mas sorriu para mesma.

Foi naquele momento que um pequeno pingo de gente entrou na sala de jantar. Natasha, sorriu para todos na mesa com sua inocência de criança e foi se sentar na sua cadeira, que tinha uma pequena almofada.

– Mocinha. – Advertiu Dona Alma. – Limpou os pés e lavou as mãos?

– Sim, sim , Dona Alma. - Ela respondeu e se ajustou na cadeira.

– Onde está seu pai?

– Papai falou que não podia vir, falou que precisava trabalhar.

Dona Alma segurou um suspiro, aquele garoto grande se veria com ela mais tarde. Era a terceira vez naquela semana que ele faltava o jantar.

– Já podemos comer, Dona Alma? – perguntou James.

– Podem sim. E James, seja educado.

O menino segurou um riso e pegou asa de frango de desde que tinha chegado o tinha feito ficar com água na boca.

O jantar foi animado e com várias piadas vindo do Sr.Antony. Que divertia tanto Natasha quanto James. Karen puxava assunto direto com Rachel. Nesse meio tempo ela descobriu que Karen estava ali para fazer um trabalho sobre a fauna e a flora da região, e por Haven ser uma cidade calma foi a escolha ideal para ela finalizar seu trabalho. Sr Antony e Sra Grace eram casados há 50 anos, tiveram 5 filhos , 13 netos e estavam esperando o 3 bisneto. James e Natasha ficavam trocando piadas e língua, pareciam irmãos, pensou Rachel.

A comida estava maravilhosa, e a mesa, mesmo que barulhenta, era agradável, Rachel percebeu que poderia se acostumar com aquilo, mas não poderia se acostumar de mais, já que em seis meses voltaria para sua casa.
Depois do jantar todos foram para a sala de visitas para tomar um chá. Sr. e Sra. Sullivan foram os primeiros a se despedirem e subirem para o quarto, Logo depois foi James, que precisava voltar para casa. Karen logo subiu.

– Rachel. – Natasha se aproximou dela, que estava sentada em frente a lareira. A menina parecia encabulada.Ela olhou para um lado e para o outro, para ter certeza que Dona Alma não estava lá, mas Dona Alma estava terminando de lavar a louça ( Rachel até tinha se oferecido para ajudar a lavar, mas Alma disse era era dever dela e de sua ajudante fazer isso) e por isso Natasha sorriu, ao ver que tinha o caminho livre.

– Oi pequena.

– Posso te pedir uma coisa? – A menina se sentou ao lado dela.

– Se estiver ao meu alcance conseguir, pode sim.

– Se você não ficar brava, e se não for te atrapalhar. Você pode me contar uma história?

– Uma história? – Perguntou Rachel.

Rachel sempre se dera bem com crianças, mas nunca teve muito contato com elas, nunca havia contato uma história para uma criança, ou melhor: nunca nenhuma criança a havia pedido para contar uma história.

– É... Mas só se você quiser. – Disse a menina, temendo que Rachel ficasse brava.

– E sobre o que você quer a história?

Natasha sorriu ao ouvir as falas de Rachel, ela iria lhe contar uma história.

– Uma sobre princesas.

– E dragões? – perguntou Rachel, gostando da sensação de criar uma história sem nenhuma obrigação.

– Sim, e príncipes e um castelo! – Disse Natasha animada. Antes que Rachel pudesse fazer alguma coisa, a menina já havia deitado com a cabeça em suas pernas.

Crianças, pensou Rachel, puras e inocentes. Natasha era o tipo de menina que deveria ser sempre protegida e amada.

– Era uma vez...

Do outro lado da sala, Alma observava em silêncio as duas, e ouvia a linda história sobre a Princesa Maya.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não se esqueçam de deixar comentários sejam eles elogios ou críticas construtivas. Buscamos sempre melhorar ^-^



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Diários de uma Pensão" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.