Entrei devagar como uma lesma, não queria adiantar a enxaqueca que teria ao me encontrar com meu chefe. O relógio da pequena recepção marcava 07h15minh, eu estava adiantada, como sempre. Mas isso muitas vezes não impedia de receber uma bronca daquelas. Meu chefe é o tipo de pessoa que busca defeito onde não há apenas para ferrar com você, se você também convive com alguém assim, pode ter certeza, eu te entendo bem. Aproximei-me do balcão da recepcionista. Ino estava sorridente como sempre, Kami-sama, essa menina não para de sorrir nunca? É sempre assim, todas as manhãs Ino me recepciona com um sorriso do tamanho do mundo – sem exageros-.

– Bom dia, Hinata-sama!

– Ino, não precisa ser tão formal, já nos conhecemos há um ano, por favor. – disse meio aborrecida, não gosto de ser tratada tão formalmente.

– H-hai! Hinata-chan- ela gaguejou um pouco. – O Sr. Hiruzen está lhe aguardando na sala dele, m-mas eu não aconselho entrar agora- ela me disse, meio sem jeito.

– E por que?

–Bem...

Ela não precisou dizer. Da recepção se escutava os berros repletos de palavras nada amorosas da sala do meu chefe. Ai droga! Acenei levemente a cabeça me despedindo de Ino, ela ainda tentou me parar, mas não adianta, aquela briga não terminaria tão cedo se alguém não interferisse. Bati duas vezes na porta e entrei. Como eu imaginava, era Kiba, um recém contratado, que discutia com Hiruzen, parece que o assunto era um caso que kiba insistia em cobrir.

– Eu não estou nem ai para essa tal de “experiência”, eu sou muito bem capaz de averiguar esse caso sozinho!- Kiba disse, num to elevado e exasperado.

– Olha camarada, Hinata é a melhor opção para esse caso, ela é experiente e é boa no que faz. Repito: nada do que disser me fará mudar de idéia.

– Hinata! Tudo ela! Acho que aqui nessa empresa não se trata de profissionalismo e sim preferitismo da parte do Chefe.

Foi ai que eu percebi que eles não haviam notado minha presença.

– Opa! Como é? – Eu retruquei – Olha aqui Sr Inuzuka, as coisas não são bem assim. Você acha que pode chegar mandando em tudo aqui? Nem pensar, no dia que você sonhar em ter pelo menos um tantinho assim – fiz um gesto pequeno com os dedos – da habilidade que eu tenho, você pode reclamar algo, e nem assim. Aqui quem manda é o Hiruzen e você gostando ou não é contratado dele e por isso é bom obedecer.

Kiba me olhou de esguela, assustado por notar que eu estava ali, mas logo seu olhar surpreso deu espaço para uma fúria avassaladora, pelas palavras que proferi.

– Isso não vai ficar assim- ele sibilou, entre dentes. E Saiu, quase derrubando a porta no caminho.

–Ah.. - desabei na cadeira em frente à Hiruzen. – Garoto audacioso esse que você arranjou em Hiruzen? – O velho me olhava com curiosidade, passou alguns segundos e ele desatou a rir. – Hein?! O que foi agora?

– Hinata você sempre me surpreende. - disse ele por fim, cessando as risadas e se sentando atrás da mesa a minha frente. – bom, vamos ao que interessa. Como pode perceber pelo pequeno show agora a pouco, temos um novo caso. Dessa vez em um lugar um pouco digamos assim, curioso. – ele estreitou de leve as sobrancelhas, formando um vinco na testa. – O nome da cidade é Storybroke, um lugar bem pacato, cidade do interior mesmo. Até agora nunca tinha ouvido falar de algo assim por lá, mas parece que essa história é até bem difundida por lá, só não havia vazado, até agora.

– Storybroke anh? Hum. Acho que já ouvi falar – mentira, me parece mais com nome de cidades criadas para filmes e séries sabe? Mas disfarcei. – bem, e quando começo?

– Amanhã, você e sua equipe partirão bem cedo.

– Certo, e para hoje?

– Para hoje. Bem... – ele mexeu em alguns papéis, depois me olhou fixamente e sorriu. – Para hoje nada, como a viagem vai ser cansativa, você pode tirar o dia de folga.

Eu ouvi bem? Dia de folga? Haha, ai tem pegadinha!

– Tem certeza Hiruzen? – sorri de canto, avaliando. E ele percebeu.

– Ora, ora Hyuuga, porque duvidas desse velho gentil e amável? – ele sorriu junto comigo da própria piada. – falo sério, por hoje sem serviço.

– Bem, arigato então. – sorri sincera e me despedi pronta pra sair quando ouvi ele falar, com aquela voz num tom de gozação.

– Mas depois, serviço dobrado. – O golpe final.

– Certo. - Era bom demais para ser verdade.

Passei pela recepção e me despedi de Ino que não acreditava que eu tinha recebido um dia de folga, ela ficou radiante como se a folga fosse dela. Parti a pé mesmo, meu cupê estava na oficina e só ficaria pronto mais tarde. Beleza, fui em busca de uma confeitaria, eu não sou muito chegada em doces, é claro que chocolate é meio que uma exceção, mas essa confeitaria era especial. Eles sabiam fazer um chocolate quente com canela maravilhoso, eu duvido que exista outro melhor. Entrei as pressas, lembram que eu disse que estava frio mais cedo? Pois é, o frio só aumentou, eu precisava urgentemente me aquecer. Entrei e me acomodei em uma das mesas, rodeada por sofás daqueles de dois lugares, como aquelas lanchonetes de parada de caminhoneiros em beira de estrada sabe? A moça veio logo me atender, pedi o fantástico chocolate quente e me acomodei enquanto aguardava o prazo estipulado por ela, peguei os documentos com a descrição do caso que Hiruzen me entregou, o de Storybroke.

– A maldição do relógio. - hum, que clichê, essas pessoas não sabem mais dar nome aos seus supostos casos de paranomalia. Ia abrir a pasta quando senti um leve roçar de mão no meu ombro. Virei-me rapidamente, acho que pareci assustada, qual não foi minha surpresa ao ver quem era.

– Hinata?- Falou o dono dos olhos ônix mais profundos e misteriosos que já conheci, tanto que já cogitei sua existência ser uma anomalia Grega em pessoa.

– Sasuke...