A vida é uma questão de escolhas. Kate havia feito as dela e agora é a hora de ele fazer as suas próprias. E só para começar, Katherine Beckett, a partir desse momento é apenas a mãe da sua filha. Nada mais do que isso.

Sua decisão estava tomada.

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3 MESES DEPOIS

– Aquela é a última! - Kate apontou para a caixa no canto da sala.

– Finalmente! Olha, garota, você me deve uma garrafa de tequila depois de todo esse trabalho que eu tive te ajudando a ajeitar seu apartamento.

– Também senti sua falta, Lanie. - A legista deu de ombros e ajudou a amiga a colocar em seu devido lugar o conteúdo da caixa.

Poucos minutos depois, as duas já haviam terminado tudo. Kate olhou em volta, absorvendo cada espaço do seu novo/antigo apartamento, finalmente se dando conta do quanto havia sentido saudades de casa.

Ela já estava há quase dois meses em NY, mas como quis voltar imediatamente ao trabalho, não teve tempo de organizar todas as coisas antes.

– E o Castle? - Lanie perguntou, surpreendendo a detetive. As duas estavam na cozinha, começando os preparativos para a reuniãozinha que Kate daria em poucas horas. Uma espécie de “festa de boas vindas” que na verdade não passava de uma desculpa para beberem um bom vinho e relaxarem depois da conclusão de mais um caso.

– O que tem ele?- Ela tentou se manter indiferente, apesar de o seu coração teimar em acelerar toda vez que o nome dele é mencionado.

– Não vem dar uma de desentendida pra cima de mim! Katherine Beckett, eu te conheço muito bem! Eu sei que você tá morrendo de ciúmes do menino escritor.

– Ciúmes? Tá louca, Lanie? Acho que você inalou muito formol no necrotério.

– Nossa, você é tão engraçada. Não vai me dizer que não se importa nem um pouquinho por ele ter voltada para antiga vida de mulherengo.

– Ele pode sair com quem ele quiser e quando quiser! Inclusive com as gêmeas que apareceram no jornal com ele.- Beckett disse com desdém. De jeito nenhum confessaria que rasgou o jornal no segundo que viu a foto.

– Háá! Te peguei! Você procurou por ele no jornal!

– Não, não! Eu estava lendo meu jornal e por acaso tinha uma foto dele emaranhando com duas vadias. - Lanie começou a gargalhar alto, ainda não acreditava no que tinha acabado de ouvir.

– Ele ainda não está falando com você? - A legista perguntou, levando a conversa para um ramo mais sério.

– Não. Quer dizer… Ele só fala comigo coisas sobre a Sofia, mas fica me evitando o tempo inteiro, não sei como te explicar direito… A verdade é que ele se mantém o mais distante possível de mim.

– Não tiro a razão dele. O cara tem uma filha com você, te vê quase morrer outra vez, vocês se beijam, ele se declara e o que você fez? Jogou um balde de água fria nele! Até eu fiquei com pena.

– Você sabe que não daria certo, Lanie.

– Ah, então a Sofia tem que ficar pulando de um para o outro?

– Não é bem assim... Nós entramos nessa rotina constante: quando eu estou trabalhando ele fica com ela e revesamos os finais de semana. Sabe, o meu maior medo era que ela demorasse pra se adaptar a tudo isso: cidade nova, um pai, uma avó. Mas ela está tirando de letra. E devo isso à ele… Você tem que ver como ele é com ela! Todo cuidadoso, bobão e carinhoso. - Beckett sorriu involuntariamente, imaginando as diversas cenas que já presenciou entre pai e filha.

– Estamos de volta aos velhos tempos! - A morena afirmou com convicção.

– O que você quer dizer com isso?

– Você tá aí toda fofa e amável e cheia de sentimentos secretos pelo Castle. - A legista não conseguiu se controlar quando viu a cara de raiva da amiga e começou a sorrir descontroladamente.

– Te odeio.

– Não precisa confessar todo o seu amor por mim assim de cara.

– Lanie, cala a boca! - Kate mal terminou de falar quando ouviu o barulho da campainha e foi correndo atender .

– Mamãe!! - Sofia gritou, se atirando para os braços de Beckett. Por conta do novo caso, mãe e filha já não se viam há dois dias, então a única coisa que Kate queria era abraçá-la até a menina começar a reclamar.

– Ei, eu estou morrendo de saudades!

– Minha reunião termina ás 21h, então eu passo aqui e pego ela, certo? - Rick falou rapidamente, evitando ao máximo qualquer contado direto com Kate.

– Ok, Castle.

– Ah, e a apresentação dela de balé é amanhã! Eu acabei de pegar a roupinha com a professora e agora é só ver se cabe nela.

– Você está com muita pressa?- A detetive perguntou meio apreensiva, não sabia se era uma boa ideia o que estava prestes a fazer.

– Não muita, porquê?

– Você acompanha a Sofia em todas as aulas de balé, então nada mais justo do que você ser o primeiro a vê-la vestida para a apresentação.

– Ok... obrigado. - Castle respondeu depois de alguns segundos. Ela abriu a porta totalmente, liberando a passagem dele.

– Quem é vivo sempre aparece! Vem aqui, menino escritor! - Lanie correu para abraçá-lo.

– Tia Lanie! Você vai na minha apresentação de balé? - Sofia perguntou, os bracinhos ainda envolviam o pescoço da mãe.

– Vou sim! Eu não perderia por nada!

– Vocês têm que ver o passos que ela aprendeu! Nem parece que é a mais nova da turma. - Castle falava todo orgulhoso, enquanto entregava a bolsa de Sofia para Kate.

– Vamos lá experimentar a roupinha? - A detetive perguntou para a filha, já indo em direção ao quartinho todo cor-de-rosa.

Castle ficou as observando encostado na porta. Cuidadosamente Kate vestiu na filha a roupa de abelhinha.

– Acho que serviu direitinho. - Falou, analisando Sofia cuidadosamente. - Que tal você dar uma voltinha para mostrar para o papai?

Sofia confirmou com um sorrisinho e deu uma voltinha, exibindo-se para um Castle todo bobo. Ele não aguentou de tanta fofura e pegou a filha no colo, rodopiando-a no ar e arrancando gargalhadas da menina.

Kate observava a cena com um brilho nos olhos. Ter voltado para NY certamente foi uma das melhores decisões que já fez. Apesar de estar quase não aguentando mais a frieza e comportamento do ex namorado, sua filha estava mais feliz do que nunca e no fim das contas era isso o que importava.

Castle deixou a filha em cima da cama e foi para o lado de Kate.

– Gostei do jeito que você arrumou o quarto dela.

– Hm, obrigada. - Ela sorriu com a língua entre os dentes, em um sinal sincero de agradecimento. Richard perdeu o fôlego por alguns segundos.

– Esse seu sorriso faz você ficar tão linda! - Ele falou sem pensar e quando se deu conta do que havia dito, se afastou um pouco da detetive.

Kate abaixou o rosto, tentando esconder as bochechas vermelhas. A única coisa que ela queria naquele momento era cavar um buraco no chão e se esconder lá dentro.

– Olha só como essa abelhinha está linda! - Lanie foi na direção da afilhada, mas o clima estranho que pairava no quarto não passou despercebido.

– Bom, eu tenho que ir. - Castle falou meio nervoso. Ainda não acreditava que todos os seus esforços de se afastar de Beckett tinham ido por água abaixo com um simples sorriso.

Ele abraçou a filha e Lanie e saiu sem ao menos se despedir de Kate.

– Certo, Kate, já pode começar a me contar o que aconteceu.

– Não aconteceu nada, Lanie! - "Não havia acontecido realmente nada. Não, é mesmo?" Kate se perguntava internamente. Nem ela mesma sabia a resposta para essa pergunta.