POV Danny Rosenrot

Termino de preparar a comida de meu irmão mais novo, Tobby, e sirvo-o.

– Obrigado, Danny! - diz ele com uma voz tão fofa que não resisto em apertar suas bochechas gorduchas.

Tobby tem apenas cinco anos, mas é meu melhor amigo, a pessoa com quem passo mais tempo. Meus olhos são inundados após este pensamento. Talvez hoje, o destino nos separe.

Moramos com nossa avó, já que meu pai foi chamado para os Jogos no ano em que eu completava o meu primeiro de vida e minha mãe foi assassinada por um pacificador quando defendeu uma menina que estava sendo torturada por ele. Depois disso, meu padrasto e pai de meu irmão, sumiu, simplesmente assim. Sumiu.

Subo para o andar de cima da pequena casa onde vivemos com a intenção de entrar em meu quarto, mas ouço soluços escapando pela fresta aberta do quarto de minha avó. Não resisto, novamente, e entro.

– Vovó? Está tudo bem? - pergunto docemente, tentando ser o mais cautelosa possível.

Ela vira e seu rosto está inchado por conta do choro excessivo.

– Danny, não vi você entrar! - diz ela enxugando as lágrimas - Estou muito b...

Eu a interrompo com um abraço, o mais longo e acolhedor que posso dar.

– Porque você está assim? - questiono-a.

– Não suportarei perder mais alguém para estes malditos Jogos Vorazes, meu anjo! - ela responde, recomeçando a chorar - Perdi meu filho há quinze anos e agora eles tem a chance de te tirar de mim também! Ele tinha apenas dezoito anos! Dezoito!

– Eu não vou morrer, vó! Não vou! - respiro fundo - Se esses idiotas tentarem me tirar da senhora, eu volto e mostro para ele que não se pode matar um Rosenrot tão facilmente!

O sinal da cerimônia toca e saio do quarto para me arrumar, sem dizer nenhuma palavra.

Abro o armário e desdobro o vestido rosado que era de minha mãe. Passo-o e visto-o. Prendo meus cabelos negros em uma trança e penteio a franja incrivelmente lisa. Calço as sapatilhas prateadas e me sinto como alguém da Capital, mas são as mais formais que tenho.

O segundo sinal toca e eu já estou em frente ao palco. Ouvindo a voz rouca da representante de meu Distrito soar sem parar. O vídeo passa e ela começa o sorteio. É agora.

Ela revira o pote de vidro muitas vezes e demora uns cinco minutos té tirar um misero papelzinho.

– A representante do Distrito 3 é... - ela faz uma longa pausa, que me irrita - Danny Rosenrot!

Em algum lugar dentro de mim, eu parecia já saber. Não me abalo. Ao menos não deixo transparecer. Sim, eu admito, estou nervosa.

Ela vai até a outra bola de vidro sortear o Tributo masculino.