POV Lyana Scott

Eu e meus dois irmãos estamos nos preparando para a Colheita deste ano. Somos tão diferentes que algumas vezes duvido que façamos parte da mesma famílias, mas é o que dizem.

Minha mãe separou um lindo vestido vermelho para mim. Acho que é uma maneira de tentar se redimir por ser a culpada de meu nome estar vinte e duas vezes no vidro do sorteio.

Juro que não entendo o que faz uma mãe arriscar a vida dos próprios filhos, principalmente a minha, em troca de comida. Agora já está feito, não sei se a perdoarei algum dia.

Visto a roupa e ela de aproxima para tentar arrumar meus cabelos.

– Não toque em mim! - esbravejo - Sei arrumar meu cabelo sozinha!

– Meu amor... - ela começa mas eu interrompo.

– Meu amor? Você ainda te coragem de me chamar assim? - as palavras saem secas - Me deixe, tenho dezessete anos, sei muito bem me vestir e arrumar o cabelo sozinha!

Ela sai. Por um instante a culpa revira meu estômago, mas logo se esvai. Minha irmã mais velha, Mandy, costuma dizer que meu orgulho machuca as pessoas tanto quanto uma facada. Orgulhosa? Eu?

Deixo minha casa acompanhada de meu irmão mais novo, Kyle. É seu primeiro ano na Colheita. Seu nervosismo me irrita, pois o nome dele só estará lá uma vez, minha mãe não pediu Tésseras pelo nome dele. Que raiva! Em meu nome pode e no dele não? A desculpa é que é seu primeiro ano e não querem assustá-lo. Quanto a mim? A cada ano meu nome está mais vezes lá, ela ainda foi capaz de aumentar minhas chances de morrer.

Depois de todos os procedimentos feitos e dedos perfurados a cerimônia começa.

O mesmo vídeo de sempre é passado, o mesmo discurso é feito.

Quando chega a hora do sorteio a representante de meu Distrito chama por meu nome. Meu rosto fica vermelho e quente. Sabia que tinha chance, mas inconscientemente jurava a mim mesma que não seria eu.

Subo no palco. As palavras me engasgam, roubam meu ar, mas cumprimento os cidadãos de Panem, de meu Distrito.

O Tributo masculino é sorteado, mas demora um pouco para se tocar, parece estar tão incrédulo quanto eu. É um garoto de minha escola: Itan McIvor.

Depois das formalidades entramos no edifício da justiça e torço que nenhum de meus familiares tenha cara de pau de me visitar depois de me mandarem para a morte. Vou voltar e esbanjar minha boa vida da Aldeia dos Vitoriosos. Eles verão, quebrarão a cara.