P.O.V Rachel

Sabe aquele sentimento de: Meu Deus e agora? Pois é. Foi exatamente isso que eu senti quando Finn veio com o assunto da carta.
–A carta?- perguntei sem graça
–A carta- respondeu ele com um sorriso travesso
–A carta- concordei
–Isso mesmo, a carta.
–Por que precisamos falar da carta?- questionei
–Porque a carta é importante.
–Não a carta não é importante!
–Por que você não quer falar da carta Rachel?- ele estava rindo muito.
–Porque não Finn!- respondi- isso foi há doze anos!
–Então aquele tempo todo você teve uma quedinha por mim?
Eu o olhei com os olhos cerrados. Balancei a cabeça não acreditando que aquilo estava acontecendo.
–Finn, como eu disse, isso foi há doze anos.
–E você não respondeu a minha pergunta- disse ele
–Preciso ir.
Como eu já disse antes, aquela rua em que caminhávamos logo daria no meu apartamento. Ainda bem.
Saí andando apressada com Finn na minha cola.
–Rachel! Sério. Eu pensei nisso por doze anos! Preciso de uma resposta!
–Tive Finn! Meu Deus você era o único que não notava!- gritei – e o pior de tudo é que eu estava sempre por perto, sempre ao seu lado quando a quenga da Quinn fazia alguma coisa com você! E você reparava?! NÃO!
Meu Deus eu nem acredito que coloquei isso pra fora depois de tanto tempo! Eu saí andando mas Finn, novamente, andou mais rápido, parando na minha frente.
–Eu posso não ter reparado, mas isso não quer dizer que eu não correspondia!-ele estava tão bravo quanto eu- depois daquele dia no seu aniversário eu... Não parei de pensar em você por um mísero segundo!
Eu acenei com a cabeça.
–Finn, você pode me explicar por qual razão estamos falando sobre isso agora? Doze anos são capazes de curar um coração.
–Então você não sente mais nada por mim- ele disse triste
–Eu não disse isso.
–Então você ainda sente- agora um sorriso travesso florescia em seu rosto
–Também não disse isso.
–Rachel Berry! Pare de ser tão complicada!
–Eu não sou complicada Finn! Mas eu realmente não quero falar sobre isso!- eu estava borbulhando de raiva
–Por que? Por que não quer falar de um assunto que precisa ser resolvido?!- ele gritou. Detalhe: estávamos no meio da rua!
–Porque ... Eu não sei! Não quero relembrar o passado! Querendo ou não você me magoou mesmo sem saber!
Ele me olhou de uma forma indecifrável. Achei que ele fosse gritar comigo. Mas o que ele fez me surpreendeu e me surpreende até hoje. Ele me beijou. Não o tipo de beijo que tivemos na adolescência. Mas um beijo intenso, cheio de saudade e acima de tudo desejo.
–Eu preciso ir- falei
Meu prédio estava a uns dois metros de mim. Entrei correndo.
Naquela noite, eu não consegui dormir. Minha cabeça não parou! Aqueles lábios, aqueles braços longos envolvendo a minha cintura...

No outro dia...

–Srta. Berry, tem um rapaz querendo falar com a senhorita- minha assistente pessoal entrou no meu camarim com um rapaz alto que eu conhecia muito bem
–Finn!- falei um pouco mais alto e mais agudo do que eu desejava
Ele me deu um beijo na bochecha.
–Rachel Berry... Uma grande estrela. Eu sempre soube.
Dei um sorriso sem graça.
–Por que tudo parece ser mais complicado quando se trata de nós dois?- perguntou Finn
–Não sei- eu ri- acho que é porque somos amigos...
–É...
Um silêncio realmente constrangedor se estabeleceu entre nós. Mas por quê?
Como se eu não soubesse a resposta.
–Rachel eu quero pedir desculpas por ontem a noite. Eu realmente me empolguei com a ideia de que talvez você...- ele fez uma longa pausa- de que talvez você ainda tivesse aquela “quedinha”- ele simbolizou as aspas- por mim.
Eu nem acreditei que estava ouvindo aquilo! Finn Hudson realmente queria que eu ainda tivesse sentimentos por ele?
–Finn... Suas palavras foram um pouco vagas e realmente precisam de uma explicação. Já que eu posso tirar mil e uma interpretações delas.
–A questão Rach, é que em todo esse tempo, eu não deixei de pensar em você. Quando eu cometi erros, quando sofri as consequências desses erros... Eu sempre, sempre pensei em você e em como eu queria que você estivesse ali para me apoiar e sei lá... Você sempre foi capaz de me fazer sorrir quando tudo ao meu redor me dava razões pra chorar. E aquela carta! Meu Deus eu posso dizer o quanto eu senti raiva de você por causa daquela carta?! Aquela carta me assombrou por anos! Ela me assombra até hoje! Sempre tive a dúvida de como teria sido a minha vida se nós dois tivéssemos ficado juntos! Sempre me perguntei o que teria acontecido se a nossa amizade tivesse sido substituída por um namoro! E ai eu mudo pra Nova York, te reencontro mais linda do que eu me lembrava! E tudo voltou. Tudo! Todo aquele sentimento que eu mantive escondido doze anos atrás por medo de estragar um dos relacionamentos que eu mais amava voltou!
Ele falou tudo isso muito rápido e sem tirar aqueles olhos castanhos dos meus. Preciso dizer que me derreti igual manteiga no micro-ondas? Não né!
–Finn eu... Eu realmente não acredito estar ouvindo isso agora!- limpei uma lágrima que saiu solitária do meu olho direito- eu esperei tanto tempo, mas tanto tempo pra ouvir isso! Pra ouvir você dizendo tudo isso pra mim que eu não sei como reagir agora! Eu ensaiei tantas vezes como eu agiria se você algum dia se declarasse pra mim, embora isso que você disse não tenha sido exatamente uma declaração, eu sempre fantasiei esse momento e... Agora eu realmente não sei o que dizer.
–Talvez você não precisa dizer nada- murmurou ele- talvez você só precise deixar acontecer. Finn passou a mão delicadamente no meu rosto, suas mãos foram baixando e acariciando o meu corpo até chegar em minha cintura, nisso, minhas mãos já estavam em sua nuca. Nossos lábios se encontraram e uma onde de energia percorreu meu corpo. Ele pediu passagem com a língua e eu a concedi. Só que tudo acabou muito cedo por causa de batidas na porta. Malditas sejam aquelas batidas! Finn me soltou devagar e foi andando em direção a porta, me deixando completamente atônita por causa de tudo o que tinha acabado de acontecer.
–Te vejo mais tarde- ele disse, e saiu.