Angels and Devils escrita por FChastel


Capítulo 17
Prison


Notas iniciais do capítulo

Esse não demorou o/
Espero que gostem leitoras lindas do meu coração



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ANGELS [AND DEVILS]

PRISON

Os olhos arregalados de medo tentavam enxergar algo na mais profunda penumbra em que se encontravam, tremiam nas órbitas assim como os dedos finos apertados nas palmas das mãos, quase rasgando a pele. A pedra lisa sobre a qual estava sentada era úmida e fria, e, pelo que já havia tateado do cômodo se estendia por alguns metros tanto na vertical quanto na horizontal. As costas, espremidas no ângulo da parede, estavam nuas. Sentia cada arrepio que a parede fria lhe proporcionava e fazia o corpo todo vibrar. Não podia estar acontecendo, não com ela. O que tinha feito de ruim para receber tal castigo? E uma pergunta ainda melhor: quem o teria feito? Não se lembrava de ter saído de casa antes de acordar ali, o prédio era de um condomínio muito bem guardado e não havia feito nada para ninguém. Então como?

Ouviu, além da respiração ruidosa, os passos que vinham de algum lugar, ecoando por um provável corredor, fazendo o suor pegajoso escorrer mais e mais. Parou e com um ruído quase inaudível a porta se abriu revelando uma figura esguia e sombria cuja imagem só podia ser vista devido à fraca luz amarelada de tochas do corredor. Levantando o braço a sombra jogou uma capa sobre o corpo frio da mulher.

— Por favor, vista a capa. – A voz fria a apunhalou, porém as palavras flutuaram lentamente até ela. Ele acendeu uma tocha dentro do cômodo pequeno, sem fitá-la, e fechou a porta.

Segurou o tecido negro com ambas as mãos sentido o calor que ele trazia consigo e sua textura aconchegante. Com um sorriso tristonho ela passou os braços pelos devidos cortes no tecido e amarrou a faixa grossa que a acompanhava na cintura. Exceto pelo fato de não usar mais nada por baixo daquilo, era confortável. Tocou a porta com os dedos e chamou com a voz embargada:

— Ei, eu já coloquei.

As lágrimas ainda rolavam pelo rosto alvo, mas, que podia fazer além de aceitar? Espernear e gritar por ajuda era inútil e a colocaria em perigo sem dúvida alguma. Portanto só aceitou. A porta se abriu em cima dela que teve que se afastar rapidamente. Cambaleou devido à falta de forças, mas se manteve de pé. No escuro do corredor a única coisa que pode notar do indivíduo eram seus profundos olhos cor de esmeralda. Ela não sentiu pavor e nem vontade de correr quando este se aproximou lentamente e colocou as mãos próximas ao rosto dela, apenas se retesou um pouco enquanto ele puxava o capuz para cima fazendo com que a sua cabeça ficasse coberta. Sem mais nem menos ele se pôs a andar e ela apenas o seguiu, obedientemente, como deveria ser.

À medida que prosseguiam no corredor sons de conversa chegavam mais alto até eles. Risos, burburinhos e até uma ou duas palavras gritadas. Os sons eram jogados pelas paredes e atingiam a garota como socos. Ela temia que algo ali, algo que gerava aquele som, podia machucá-la. Os motivos para isso? Não, ela não sabia. Mas podiam, não podiam? Então era melhor errar pelo excesso de medo que pela falta dele.

A luz, literalmente, ao fim do túnel comprido que era aquele corredor tornava-se mais alaranjada e quente, talvez até chamativa de alguma forma. Os passos tornavam-se menos seguros com a proximidade e logo já saíam de frente a um grande salão oval repleto de tochas pelas paredes. O silêncio que se instalara quando ela deu o primeiro passo adentro no salão era incômodo. Todos a olhavam e buscavam pelo vislumbre da face humana. Olhos sedentos, famintos e cruéis esgueiravam-se por cada parte da figura trêmula. Exceto uma. Mas esta não importa agora.

— Venha.

A voz fria do homem a chamou enquanto se aproximava da ponta do salão, bem ao norte, onde um homem repousava risonho em sua cadeira enorme. Como um rei. Ao longo do caminho foram passando pelos outros personagens únicos de tal lugar, cada um distinto dos outros. Todos com o mesmo olhar faminto. Os passos vacilaram, mas ela não cedeu. Faltava pouco até estar próximo o bastante do homem para examinar seu rosto mais minuciosamente. Mas as pernas vacilaram novamente ao som de um riso cheio de escárnio. Ela caiu.

O rosto tocou o chão frio apesar de os braços terem amparado a queda. As lágrimas correram em seu rosto um pouco mais e ela soluçou. Um ou dois risos aqui e ali e ela levantou o olhar para o homem à sua frente. Os olhos encontraram os castanhos gentis e, apesar de tudo, se acalmou quando o homem se levantou e estendeu a mão para ela.

— Minha querida, não tenha tanto medo. – Tomando a mão fria na sua ele a puxou, fazendo com que se levantasse. Antes de dirigir-lhe algumas palavras ele retirou o capuz de sua cabeça. – Ninguém irá te machucar, apesar de serem todos uns mal educados. – Ele riu. Ela acompanhou.

— Obrigada... Mas eu gostaria de saber o porquê disso. – Disse acanhada com a autoridade que impregnou sua voz.

— Ah, isso não importa tanto, mas, se quer mesmo saber. Estamos te usando para pegar algo que precisamos. – Ele sorriu de novo, mas desta vez era mais sinistro. – Sente-se.

Ofereceu-lhe uma cadeira ao seu lado e ela foi ainda assustada com as últimas palavras do homem. Examinando a sala ela observou o moreno que a guiara até ali com os olhos fixos nela. Ao lado deste um estranho e desinteressado homem de cabelos azuis. Este estava destoante do cenário. Os olhos curiosos e sedentos das mais variadas cores amontoavam-se sobre a figura da mulher na cadeira enquanto o homem de cabelos azuis estava apenas ali, aguentando tudo. Ela ficou curiosa, por pouco tempo, mas ficou. Aos poucos a conversa foi surgindo novamente e ela deixou de ser o centro das atenções.

Os olhos e a cabeça baixa enquanto indagações permeavam sua mente com intensidade. Usá-la? Algo que queriam? Como ela poderia ser usada para conseguir algo para essa gente que nem parecia humana.

— Ei, Humana! – Uma mulher gritou animada de um lugar um pouco distante. Rompendo entre a cadeia de pensamentos da menina a voz a acordou de um transe. – Não vai comer nada?

Ela ignorou a pergunta, mas não o chamamento usado.

— “Humana”? – Repetiu baixo, mas a mulher ouviu.

— Pelo que eu saiba Humana, você é a única humana aqui... – Deu de ombros. – Aizen-sama, ela não come?

— Não aqui, Nelliel. Não há necessidade.

— Única humana? – Ela estava confusa e com medo, balbuciou a mesma frase cerca de dez vezes.

— Pare de resmungar mulher! – O homem de cabelos azuis estava completamente irritado. Pela primeira vez ela ouvia sua voz, desejou que não tivesse o feito. Os olhos, apesar de terem um frio azul na íris, estavam quentes como fogo. Raiva inflamava por ali. – Única humana sim, e que não tragam outra, você enche o saco! Somos todos demônios por aqui caso não saiba!

Ele se levantou num súbito e bateu a porta quando saiu.

— Tão indelicado. – A mesma mulher murmurou enquanto via, na cadeira à frente de todos, uma menina que parecia que ia quebrar de tanto tremer.

— Ulquiorra. – A voz de Aizen retumbou pelo salão. – Leve-a de volta. É o melhor para ela no momento. – ele se dirigiu apenas à ruiva enquanto Ulquiorra se aproximava. – Você entenderá. Descanse.

Enquanto o pálido homem, que agora ela chamaria de Ulquiorra, a guiava pelo corredor ela não podia conter dois sentimentos: medo e curiosidade. Demônios? Ah, sim, demônios. Até onde ela sabia, eles não eram legais. Ah, não mesmo! Mas ainda assim algo a impelia a perguntar. Demônios? Era tudo o que queria falar, porém as palavras não saíam. Tinha medo? Não. Sabia que realmente ninguém iria machucá-la. Mas ainda assim ela não conseguia. Andaram por pouco tempo até chegarem a uma grande porta branca, assim como as paredes daquele enorme lugar.

— Vai ficar aqui agora. Pelo menos tem uma janela. – O homem não tentou sorrir, apenas jogou as palavras e abriu a porta, revelando um espaço maior que o anterior com algumas almofadas brancas de aparência dura jogadas no chão. Na parede em oposição à porta encontrava-se uma pequena janela com arco ogival sem vidro.

— Obrigada, Ulquiorra-kun. – Disse sem jeito adentrando o local.

Quando a porta se fechou ela se viu sozinha no silêncio assustador mais uma vez. Olhou pelo buraco que era a janela onde apenas sua cabeça passava com certa folga, ainda assim não totalmente para fora e percebeu, de modo curioso, que a luz de dentro da cela, oriunda da janela, era gerada pelo grande círculo prateado que havia no horizonte. A luz branca ofuscante oscilava levemente e certas vezes um ou outro contorno irreconhecível podia ser visto. Contemplando silenciosamente aquilo ela permitiu que os olhos fechassem com o próprio peso das pálpebras.

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Ele estava extremamente impaciente, os dedos tamborilavam no chão, ao lado da cintura, enquanto o outro braço apoiava a cabeça. O corpo largado no chão frio e o tédio da espera o consumindo. Para um demônio era horrível ter de esperar por algo que desejava tanto. Chegava a doer, mas não deixaria a impaciência o corroer. Não. Guardaria aquela fome dentro de si até poder consumir os seus desejos devorando cada pedaço do ruivo. Ah sim, aquilo o aliviava, saber que poderia prova-lo novamente. Só lhe restava esperar.

Sorriu para a escuridão à sua frente.


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Notas finais do capítulo

AEEEHOOO quero reviews, viu?
;)



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