Percy Jackson

Primeiro dia de aula é, com certeza, a coisa mais chata que existe. Sim, você reencontra seus amigos, exibe seu novo corpo (resultado do treino diário na academia nas férias), se sente a pessoa mais feliz por estar com o material completo (pelo menos por algumas horas) e fica ansioso para ver as pessoas novas, tanto as meninas que iremos pegar, tanto os garotinhos que iremos zuar, ainda mais quando se é veterano. Mas, só de lembrar das maravilhosas férias que eu tive, a vontade de fugir para as colinas fica grande.

-Anime-se cara! É nosso ultimo ano! – Luke, meu melhor amigo, disse me dando um leve soco no braço.

-Talvez não seja o ultimo para você! – Charles disse e todos começamos a rir. Vamos dizer que as notas do Luke não são das melhores.

Vivemos na Califórnia desde que nos entendemos por gente. Nossos pais são amigos e, consequentemente, nascemos, praticamente, juntos. Eu e Luke somos mais chegados; Nico é meu primo; e Charles é o bobão da história (estou brincando, ele é um cara legal).

-Nota é o de menos! – Luke disse pegando sua mochila – Eu quero é aproveitar esse ano! No final do ano eu me viro com a recuperação!

-Se você pensa assim – Nico disse – Vai nessa cara, só não venha pedir ajuda para mim como você fez ano passado!

-Você é o mais inteligente aqui – Luke disse – Vai me ajudar e pronto!

O sinal bateu. Já havíamos pegado nossos horários e a maioria das aulas eu estaria acompanhado de um dos caras, o que me fez ficar feliz, porque eu não ia aguentar passar muitas aulas no tédio.

Entramos na sala de Literatura, a única aula em que todos estariam juntos (coitada da professora) e, como de costume, fomos até o final da sala. Ao passarmos, os nerds se encolhiam de medo. Era uma sensação boa. Se ano passado eles já morriam de medo, imagine esse ano que somos veteranos! Mas uma coisa é certa: aquela escola é nossa esse ano!

Sou do treino de natação, Luke do treino de basquete e Nico e Charles do treino de Futebol. Somos gatos e gostosos, todas as meninas piram por nós. Somos populares, todos querem ser nossos amigos. Não tem como não amar estar no poder!

-Da licença querido – uma voz feminina veio de trás de mim – Você sentou no meu lugar.

Comecei a dar risada.

-Esse lugar é meu – eu disse sem olhar para trás e voltando a atenção para os garotos.

-Eu acho que não, eu cheguei primeiro.

Quem essa garota de voz irritante pensa que é?

Me virei de vagar e fitei a garota. Estava vestida de preto, tinha cabelo preto, era alta e me olhava com um olhar desafiante. Esse olhar... Eu conheço esses olhos azuis de algum lugar.

-Thalia? – eu arrisquei.

Ela me olhou desconfiada.

-De onde me conhece garoto?

-Sou eu! Percy Jackson! Seu primo da Califórnia! – eu disse como se fosse obvio. A última vez que nos vimos foi a, sei lá, cinco anos atrás, ela não poderia não me reconhecer assim!

-Percy? Desde quando você estuda aqui?

-Desde sempre! O que você está fazendo aqui?

-Meus pais decidiram se mudar para cá esse ano! – ela disse – Como eu me esqueci que vocês moravam aqui?

-Bom, eu moro aqui. E essa é minha escola. E esse é o meu lugar. Não pense que eu me esqueci de você me irritando. Não fui com a sua cara e não quero ver você no meu pé.

-Eu era uma criança! Adorava te irritar! Mas se você continuar se achando o tal, pode se preparar, porque você vai passar a me odiar. – ela disse me encarando com aqueles olhos.

-Eu adoraria ver você me irritando, gata – Luke, o idiota, apareceu do nada.

Ela apenas revirou os olhos, pegou sua mochila e mudou de lugar, não sei para onde.

-Cara, a Thalia ainda é a mesma – Nico disse rindo.

Revirei os olhos. Não ia aguentar essa pirralha.

-Vish! Ela foi sentar com a Silena e sua turma – Charles disse – Eu não ia gostar que elas fossem amigas.

Olhei para o outro lado. Ela foi mesmo sentar com a Silena e já estavam conversando. Silena estuda aqui há muito tempo também. Podemos dizer que ela e seu grupo seriam nossa versão feminina e certinha da escola. Elas são populares, bonitas, gostosas, e inteligentes (esse último não se encaixa a nós). Só que elas não ligam tanto para essa popularidade. Podemos dizer que nós não se damos muito bem, ninguém sabe o motivo.

Muitas das garotas que andavam com Silena se formaram ano passado, sobrando, assim, apenas Silena e a Laura. Achávamos que finalmente elas iriam para o poço, mas se a Thalia está de papo assim, parece que o grupo não se afundar tão rápido. O que é um problema para a gente.

Nosso grupo e o delas competimos em tudo. E com Thalia no grupo, esse ano pode se tornar um inferno. Mas eu não vou deixar.

-Isso não vai dar certo pessoal – eu murmurei.

Foi aí que aconteceu. A professora já havia entrado na sala de aula (eu nem tinha reparado), até que bateram na porta. Era o diretor, ele estava acompanhado de uma garota. Não, de uma garota não. Ele estava acompanhado DA GAROTA.

Não prestei muita atenção no que ele disse, acho que estava apenas orientando a garota que devia estar perdida. Ela era não tão alta, tinha os cabelos loiros e compridos, olhos extremamente cinzas e vibrantes, uma pele que parecia de porcelana, e um corpo maravilhoso. Estava tímida, sem saber o que fazer ou falar. E acho que minha querida prima Thalia, a ajudou nesse problema. Com um aceno, ela chamou a atenção da garota, que foi andando rápido até o outro lado da sala e se sentando ao lado da Thalia. As duas conversaram baixo algo (pera, elas se conhecem?) e começaram a prestar a atenção na aula.

-Terra chamando Percy – Luke passou a mão na frente de meus olhos, fazendo com que eu acordasse. – Que transe foi esse amigo?

-Nada, não foi nada – eu disse e eles riram. É obvio que já sabiam o motivo do transe.

Posso dizer que nem o nome da professora eu fiquei sabendo naquela aula, apenas não parava de encarar aquela menina. Por um tempo ela percebeu e também me encarou por alguns segundos, mas a vergonha falou mais alto e logo ambos desviaram o olhar. Mas isso não me impedia de olhar depois de novo, como se fosse um imã e a situação foi se repetindo e repetindo até a aula acabar.