'Til We Die escrita por Mrs Jones


Capítulo 15
O Crocodilo & Uma Noite No Museu


Notas iniciais do capítulo

Oi minha gente! Primeiramente, desculpem a demora. Eu ia postar ontem, mas tive alguns imprevistos. Mas tô postando hoje e tá enorme, então não reclamem kkkk mentira, podem me xingar, sei que não estou sendo pontual com as postagens. Enfim.Espero que gostem desse capítulo, me diverti muito com ele. Aproveito para perguntar: o que achariam de um grupo da fic no Whatsapp? E por que não estão comentando como comentavam antes? Sinto falta de algumas leitoras, estão muito sumidas. Sei que é difícil ter tempo pra ficar lendo e comentando, mas sempre que puderem, pelo menos digam o que mais gostaram no capítulo. Acho que é só isso... Não vou prometer uma data certa pra postagem, porque nem sempre consigo postar no prazo, mas creio que o próximo saia até semana que vem. Assim que me organizar melhor, teremos um dia certo para postagem (acho que vai ser aos sábados). Mas enfim, é isso. AH NÃO LEIAM AS NOTAS FINAIS SE NÃO QUISEREM SPOILERS. Boa leitura!



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– ELE O QUÊ?! – berrou Regina, sua voz ecoando pelo túnel e assustando a população de baratas.

– Shhh! Silêncio!

– Meu bom Deus... você está falando sério? Ele realmente disse estas palavras? – sua boca vermelha estava escancarada e ela me encarava com um olhar descrente.

“Eu amo você”, ele dissera. Sorri ao lembrar-me das palavras e mordi o lábio inferior ao pensar em seu beijo. Seu perfume impregnara em minhas roupas e ainda penetrava minhas narinas. E Regina fizera o favor de notar: minha blusa ficara completamente amarrotada depois de Killian e eu termos trocado um amasso.

– Disse... e eu também... – graças a Deus que estava escuro ou ela veria o rubor em meu rosto.

– Até que enfim admitiram! – gritou, felicíssima – Devíamos cantar um coro de Aleluia!

– Shh! Quer falar mais baixo? – repreendi, temerosa – Quer que nos descubram aqui embaixo?

– Relaxa! Não tem ninguém aqui. Aposto como a história dos monstrengos no esgoto é pura lenda urbana. Mas, confesso, estou animada com a investigação!

Só Regina mesmo pra ficar animada com uma coisa dessas. Eu também estaria animada, se não estivéssemos num buraco sob a terra, cercadas de imundície, podridão e baratas. E pior ainda: correndo risco de vida. Toda aquela animação, porém, desapareceu cinco minutos depois.

– Esta foi uma péssima ideia – Regina carregava uma lanterna e torcia o nariz para o fedor de água podre – Devíamos ter dado ouvidos ao Gancho e ficado no hotel...

– E deixá-lo se arriscar sozinho? De jeito nenhum! – tropecei e por pouco não fui de cara no chão. Me apoiei a Regina e quase a derrubei.

– Aaaai! – ela resmungou, equilibrando-se nos saltos (quem vai ao esgoto usando sapatos Prada?) e ajeitando o cardigã preto. – Quase quebro o pé...

– Desculpe. Que ideia foi essa de vir usando saltos?

Ela apenas deu de ombros e não respondeu.

Da última vez em que eu estivera num esgoto, quase fora morta por um metamorfo. Aquela nova situação não era muito diferente: havia baratas, e ratos, e água contaminada, e mau cheiro, e um silêncio mórbido que me assustava. A única coisa diferente é que dessa vez não enfrentávamos metamorfos, mas, possivelmente, crocodilos gigantes assassinos.

– Se um dos bichos aparecer, o que faremos? – indaguei, iluminando todos os cantos com a lanterna.

– Saímos correndo! Se bem que os bichos devem ser bem velozes, poderiam nos estraçalhar antes mesmo de começarmos a correr.

– Não está ajudando, Regis... – estremeci, terrivelmente amedrontada.

A atmosfera era extremamente sombria e minha mente me pregava peças, criando barulhos que não existiam e transformando sombras em feras assassinas. O eco dos saltos de Regina era o único som a preencher os túneis. Vez ou outra um rato guinchava ou uma barata raspava as asas, mas fora isso, não havia barulho algum.

– Ai meu Deus, será que o Killian está bem? Odeio quando ele faz isso... sempre bancando o herói...

– Oh... olhe só pra você, toda apaixonadinha – Regina sorriu e senti meu rosto queimar – Eu sabia que não ia demorar muito até que o Killys encontrasse outra paixão. Fico feliz por ele não ter dado certo com a Emma – mencionou aquele nome com visível desagrado -, porque vocês dois foram feitos um para o outro.

– Acha mesmo? – sorri meiga.

– Claro. Devem ser almas gêmeas, de tanto que combinam... Ouviu isso?

Sim, eu ouvira uma movimentação ali perto. Estacamos, quase grudadas à parede. Caminhávamos por uma estreita plataforma, perigosamente perto da água fétida que corria ali. Se um dos crocodilos aparecesse de repente, mal teríamos tempo de fugir.

Me agarrei ao braço de Regina e, tremendo feito varas verdes, esperamos. Um silêncio fúnebre se fez presente e cheguei a prender a respiração, temendo chamar a atenção de algo que pudesse estar na água. Apagáramos as lanternas e agora apenas escutávamos, atentas. O teto tremeu, provavelmente porque veículos pesados passavam lá em cima, e gotículas de água pingaram na minha cabeça. Passados três minutos de silêncio, reacendemos as lanternas.

– Deve ter sido um rato – comentei e Regina assentiu concordando. – Onde será que o Gancho foi se meter hein? Se você não fosse tão devagar, teríamos o alcançado.

– Ora, não tenho culpa se minhas pernas estão me matando – ela retrucou, cambaleando um pouco nos saltos – O Gancho que é apressado demais e nos fez comer poeira. – ela percebeu minha cara de preocupação – Relaxe! Ele vai ficar bem, é conosco que deve se preocupar.

– Obrigada, ajudou muito – sorri irônica.

Ouvimos um splash. Splash... splash, splash, splash...

– Ai minha Nossa Senhora... quê que é isso? – entrei em pânico, agarrando-me ao braço de Regina como se ela pudesse me proteger.

– Calma, não foi nada... – ela varreu a escuridão com a luz forte da lanterna, revelando as sombras sinistras como sendo entulhos e restos de lixo que ali se encontravam – É melhor sairmos daqui antes que... PUTA QUE PARIU!

A luz da lanterna revelou um olho... dois olhos se projetando para fora do rio de água podre. Dali a pouco avistei um longo focinho e duas enormes narinas. Uma bocarra se abriu, mostrando duas fileiras de dentes afiadíssimos, que brilharam quando a luz branca incidiu sobre eles. A cabeça e o corpo se elevaram, conforme a fera se arrastava pela água. O corpo, de uns três metros, terminava numa cauda maior ainda e era composto por escamas branquíssimas, que brilhavam como prata. Eis que estávamos frente a frente com um crocodilo albino.

– Não faça movimentos bruscos – Regina murmurou entre dentes, a mão trêmula quase deixando a lanterna cair.

– Que faremos? – perguntei num fio de voz.

– Se correr o bicho pega e se ficar...

– ... o bicho come...

Os olhos vermelhos da coisa albina pareceram focar diretamente em nós. Aí, como que consciente de nosso medo, a coisa pareceu sorrir, abrindo a bocarra e exibindo os dentões. Encontrava-se a uns quinze metros de distância e, com todo aquele tamanho e peso, achava que fosse impossível ele nos alcançar.

– O quê? – perguntei num sussurro, quando Regis murmurou algo ininteligível.

– CORRE!

E saímos em disparada, sem olhar para trás. A coisa devia estar se arrastando em nossa direção, porque ouvíamos o splash splash cada vez mais próximo. No meio do caminho, houve um baque de algo caindo. Virei-me e vi Regina estatelada no chão – a bunda na plataforma e as pernas na água podre -, choramingando e agarrando o pé direito. Voltei para socorrê-la e entrei em desespero quando vi a coisa – que nadava velozmente correnteza acima – aproximar-se dela.

– Regina!

Ela urrou em desespero, vendo o crocodilo a centímetros de sua perna e, no mesmo instante, arrastou-se para longe da enorme boca. Dali a pouco, tiros ecoaram pelo túnel, ensurdecendo-nos por breves instantes. O crocodilo desapareceu na água e Gancho apareceu berrando conosco.

– MAS QUE MERDA É ESSA? EU NÃO MANDEI FICAREM NA PORCARIA DO HOTEL? QUE DROGA ESTÃO FAZENDO AQUI?

– Não grita comigo... – Regina choramingou, tentando erguer-se, mas fracassando ao desabar novamente – Uma ajudinha?

Killian suspirou, me entregando um revólver calibre 38 e indo até a pobre mulher ferida. Ergueu-a e voltou-se para mim, querendo saber por que raios não ficáramos no hotel, como ele mandara.

– E se eu não tivesse aparecido? – marchou para a saída, levando Regina com a facilidade de quem carrega uma pluma – Já pensou no que iria acontecer? Regina provavelmente estaria sem perna. Teria sido melhor irem a um show de strippers.

– Cala a boca! –ela bateu no peito dele, irritada. – Me leve ao hospital, quebrei meu pezinho...

– Bem feito! Agora vocês aprendem a me obedecer... Que coisa... E você, Ruby, que ideia de vir até aqui!

– Eu não queria que viesse sozinho – justifiquei, muitíssimo envergonhada, afinal eu insistira em fazer aquilo e Regina só me acompanhara por sentir-se responsável por mim. – Não fique bravo comigo, eu só quis ajudar.

– Ô meu amorzinho... – ele sorriu fofo, deixando a raiva esvair – Me desculpe, não quis gritar desse jeito.

– Tudo bem, esqueça isso. – disse – Descobriu alguma coisa além do crocodilo albino?

– Nada demais, só rastros de sangue onde aquele cara foi atacado, uma garrafa quebrada e embalagens vazias de doce.

Nada suspeito. Pela primeira vez, não tínhamos nenhuma pista decente. A não ser o crocodilo, que graças a Deus sumira misteriosamente.

Subimos por uma escada que saía numa tampa de esgoto num beco e Gancho teve que levar Regina nas costas. De volta ao nível da rua, apanhamos um táxi e levamos a coitada do pé quebrado ao hospital. Foi uma sorte terem dado um banho na pobre, porque ela cheirava a podridão.

– Disse ao médico que ela caiu num bueiro aberto – riu Gancho, encontrando-me na cantina do hospital. – Vai ficar bem, mas de pé imobilizado por um mês.

– Ela vai morrer sem poder usar saltos – ri, entupindo-me de café. Depois soltei um suspiro, ao pensar no perigo que corrêramos – Nós podíamos ter morrido hoje. Me desculpe, não devia ter convencido a Rê a descer ao esgoto.

– Tá tudo bem – ele acariciou minhas mãos por cima da mesa – Você foi corajosa. Depois do metamorfo, achei que tivesse pavor de esgotos.

– Oh, eu tenho! Não fui corajosa, fui idiota! Estava morrendo de medo, mas tive que ir atrás de você.

– Ruby, coragem não é falta de medo, é controle sobre o mesmo. É corajosa e admiro isso em você. – sorriu mostrando as covinhas, o que sempre derretia meu coração. – Mas, como foi uma garotinha desobediente, agora terei de castigá-la... – e começou a depositar beijos em meus lábios e bochechas, me fazendo rir.

– Que bonitinho o casal aos beijos enquanto a coitada da Regina agoniza com a dor – nos deparamos com uma Regina descabelada, metida num camisolão azul e sentada numa cadeira de rodas elétrica. Num pé usava uma bota imobilizadora, no outro um chinelão azul.

– Ai, coitadinha da Rê! – fez Gancho, levantando-se e abraçando-a exageradamente – Diga-me, querida, como se sente estando debilitada?

– Ah vai te catar, Gancho! – Regina controlou a cadeira pelo touch screen no braço da mesma e aproximou-se, parando ao meu lado – E então, o que descobriram?

– Nada – suspirei, sugando meu suco de morango pelo canudinho. Fizera uma busca pela internet, mas não encontrara nada que pudesse nos ajudar. – Não há pistas, nem registros de fatos que se assemelhem ao que tem acontecido pela cidade. Suponho que teremos de entrar em contado com caçadores mais experientes.

Killian fechou a cara e cruzou os braços, em sinal de teimosia. Recusava-se a falar com os Winchesters e, por mais que tentássemos fazê-lo esquecer o orgulho, parecia convicto de que poderia resolver aquele caso sozinho.

– Minha próxima parada é no Museu de História Natural – anunciou, levantando-se e empurrando a cadeira para debaixo da mesa – Algo me diz que a resposta está na nossa cara, só precisamos ficar mais atentos.

– Posso ir junto? – o rosto de Regina se iluminou ante a expectativa de invadir um museu.

Gancho arqueou a sobrancelha, olhou de Regina para sua cadeira de rodas e da cadeira de rodas para seu pé imobilizado.

– Não acho que seja uma boa ideia – coçou a cabeça, em sinal de nervosismo. – Mas eu tenho uma ótima ideia! Vocês duas podem ficar aqui, assistindo TV e conversando assuntos de mulherzinha.

– Não vai rolar, meu filho! – Regina deu ré na cadeira, então seguiu velozmente em direção à saída, nem se importando com o fato de estar usando um camisolão azul.

– É isso mesmo? Ela vai sair de pijama? – Killian perguntou a mim, rindo ao vê-la sair porta afora.

– Não sei por que, mas acho que vai dar merda...

***

– E como é que vamos entrar lá, Gancho? Ah é claro, vamos arrombar a porta, ninguém vai perceber! – ironizava Regina, confortavelmente acomodada em sua cadeira de rodas, que tinha assento reclinável.

Gancho lhe lançou um olhar irritado, arrependendo-se amargamente por trazê-la junto. Nos escondêramos à sombra de algumas árvores do Central Park e agora vigiávamos uma das entradas do museu. Por incrível que pareça, tudo estava muito quieto. Poucos carros corriam pelas ruas no entorno do parque, o que facilitava nossa entrada no museu. Me perguntava como arrombaríamos a porta de um lugar tão protegido sem fazer soar nenhum alarme. Regina parecia pensar o mesmo, porque dizia a Gancho que forçar a entrada seria idiotice.

– Não seja idiota! – ele retrucou, cansado do falatório da mulher – Não vamos arrombar a porta, não vamos desativar as câmeras e muito menos desligar os alarmes. Eu já pensei em tudo, queridinha! – bateu o dedo indicador na lateral da cabeça, sorrindo como se fosse a pessoa mais inteligente do mundo (pois pra mim ele era).

– Por acaso as câmeras e alarmes irão se desligar sozinhos? – indagou Regina, ligeiramente confusa – O que estamos esperando?

– Pelo amor de Deus, mulher, quer calar a boca? Eu já disse, cuidei de tudo... Tenho meus contatos.

– Ah! Você conhece alguém lá de dentro que vai nos abrir a porta? – perguntei.

Gancho abriu a boca pra responder, mas nesse momento a porta do museu se abriu e um bando de funcionários saiu, todos eles falando pelos cotovelos. Me perguntei o que estariam fazendo ali até aquela hora da noite, mas então me lembrei do estardalhaço que acontecera na noite anterior, o que provavelmente lhes dera muito trabalho para arrumar. Vimos o grupo sumir à distância e, depois de muita espera, o celular de Gancho tocou.

– Tudo certo! – disse ele, após checar a tela do aparelho e enfiá-lo de volta no bolso – Vamos!

Regina saiu em disparada com sua cadeira motorizada, driblando as árvores que encontrava pelo caminho e saindo pelo portão do parque a toda velocidade. Cruzou as duas avenidas sem olhar para os lados e quase se chocou a um ciclista que vinha na via direita. O rapaz teve que frear antes que a acertasse e acabou por cair de cara no asfalto, com bicicleta e tudo.

– Pô, dona, olha por onde anda! – bufou enraivecido, antes de pedalar para longe da louca que gritava.

– DONA É SUA MÃE, SEU MALUCO! Arre! Essa garotada de hoje em dia...

Gancho e eu choramos de rir e Regina apenas ignorou nossas gargalhadas, enquanto subia pela rampa de deficientes físicos que havia na calçada. Parou ao alcançar a escadaria na frente do museu e Killian suspirou ao entender que teria de carregá-la escada acima. Regina, para complicar, recusava-se a deixar a cadeira, que a essa altura parecia ser uma extensão de seu corpo. Gancho teve que carregá-la com cadeira e tudo e, para ajudar, carreguei a parte da frente, enquanto Killian segurava a parte de trás.

– Você faz jus ao apelido que tem, Rainha Má – disse ele, sem fôlego e suando em bicas quando vencemos os degraus.

– Obrigadinha! Querem que eu abra a porta? Posso fazer isso com minha magia – exibiu-se, manobrando a cadeira até a enorme porta de entrada.

– Não há perigo de fazermos algum alarme soar? – perguntei.

Honey, se houvesse algum alarme, a esta hora já estaríamos ferrados – disse Killian, fazendo strip tease pra trocar a blusa suada e exibindo os músculos ao perceber que eu o olhava – Gostou dos meus bíceps?

Apenas ri, enquanto observava as tentativas de Regina de abrir a porta.

– Abracadabra! Abre-te, sésamo! – batia palmas e estalava os dedos, decepcionando-se por não conseguir nada – Ó tranca, abre-te! Alorromora! – para nossa surpresa, a tranca girou e a porta se abriu. – Quem diria que um feitiço de Harry Potter fosse funcionar! Será que eu consigo conjurar um patrono?

– Não viaja, Regina – Gancho riu.

Fora o guarda-noturno quem abrira a porta por dentro e Regina ficou frustrada quando percebeu que não fizera mágica nenhuma. Pra falar a verdade, ela ficou muitíssimo incomodada quando um sujeito barbudo, careca e atarracado parou à porta, assobiando a música que os Sete Anões cantavam no filme da Disney.

– Ah, ótimo! Um bêbado vai nos ajudar! – exclamou ela, revirando os olhos. – Por que não me disse que ele estaria aqui, Gancho?

– Qualé, irmã? – o homem fez cara feia – Que eu me lembre, vivo salvando seu traseiro! Então agradeça, pra variar...

Pelo visto eles já se conheciam e não iam com a cara um do outro. Gancho me apresentou ao homem, dizendo que era sua namorada. O barbudo riu dando tapinhas no ombro de Killian, dizendo que ele fora sortudo por encontrar “uma beleza dessas”.

Seu nome era Leroy e também era um caçador. Vivia sozinho em Nova Iorque e, ao contrário dos outros caçadores, não viajava por longas distâncias para investigar casos sobrenaturais. Gostava de caçar nas redondezas, por isso nem sempre tinha o que fazer (o que o obrigava a arrumar uns bicos de vez em quando).

– Você trabalha aqui agora, é? – Regina sorria debochada.

– É, não é grande coisa, sabe, mas pelo menos não estou ocupando um cargo comprado... – ele respondeu, provocador.

– Eu não comprei meu cargo!

– Ah, por favor... Todo mundo sabe que comprou seus votos com cestas básicas... Por acaso tinha feijão enlatado naquelas cestas? É a sua cara comprar votos com feijão! – Leroy gargalhava e Regina quase perdeu as estribeiras. Se não estivesse numa cadeira de rodas, teria partido pra cima do homem.

– Me segura, Ruby! – remexeu na cadeira, tentando se levantar – Me segura antes que eu dê uma bifa nesse anão!

– Ei, querem parar com a baixaria? – Gancho se pronunciou, estabelecendo o silêncio – Vamos logo antes que alguém nos veja aqui.

Entramos no museu e logo demos de cara com uma estátua em bronze de Theodore Roosevelt, o vigésimo sexto presidente dos Estados Unidos. Não se parecia em nada com o que víramos em Uma Noite No Museu e, invés de encontrarmos um boneco de cera de Theodore e um esqueleto de Tiranossauro, vimos a representação de uma cena pré-histórica: um Barossauro de quinze metros tentando proteger o filhote do ataque de um Alossauro. Eram esqueletos e, ao contrário do que esperávamos, mantinham-se imóveis.

– Que foi que aconteceu com você? – perguntou Leroy, quando Regina fez sua cadeira deslizar pelo hall de entrada – Foi atropelada por um bando de elefantes? – riu, achando graça da própria piada. – E por que está de camisola? Fugiu do hospital é?

– Não é da sua conta – Regina lhe mostrou a língua – Olhem! Dinossauros! – saiu deslizando pelo salão feito um motorista inconseqüente e por pouco não bateu na estátua de Theodore. – Estas coisas não deviam estar correndo por aí? O que aconteceu com os bonecos de cera que criavam vida?

Nos aproximamos dos esqueletos e Leroy disse:

– Eu não sei! O guarda-noturno disse que essas coisas se moveram ontem à noite, por causa de uma tal placa de ouro que dava vida ao museu. Mas se querem saber, pra mim isso é conversa fiada. Coisa de maluco. Onde já se viu, bichos de cera criando vida...

– As câmeras de segurança não filmaram nada do que aconteceu aqui? – indaguei, olhando pra cima e avistando milhares de câmeras apontadas para todas as direções. Felizmente, tinham sido desligadas por Leroy.

– Filmaram, mas quem disse que encontraram as filmagens? Todas as imagens foram deletadas do sistema, logo, não há como saber o que aconteceu aqui ontem à noite.

– E o guarda-noturno? Podíamos falar com ele – sugeriu Killian, caminhando de um lado para o outro para observar melhor o enorme esqueleto de Barossauro.

– Ih, nunca vamos conseguir! – Leroy brincava de atirar suas chaves pra cima – Internaram o maluco no hospício... Por que acham que estou aqui ao invés de dormindo numa cama macia e quentinha? Me colocaram como guarda-noturno...

– Nossa, esse emprego combina tanto com você, anão! – disse Regina, provocando. Ela devia estar doida pra comprar briga e não sei por que, mas senti que havia algum clima entre aqueles dois.

Leroy apenas sorriu afetadamente, então disse que devíamos pelo menos conhecer o museu, aproveitando que entráramos ali de graça. Disse que trabalhava ali há um mês e que nunca vira nada de anormal ou bizarro, mas que seu salário era uma merreca.

– Vivo limpando vômito de criancinhas e no fim do mês ganho uma mixaria... – lamentou e Regina segurou uma risada.

Mais à frente, encontramos bonecos de cera que representavam os homens das cavernas. Eram muitíssimo parecidos com os do filme e estavam em volta de uma fogueira, segurando instrumentos rústicos de pedra polida. Regina fazia graça, observando-os.

– Uga, uga! Boogie oggie oggie! Mim fazer fogo! Mim caçar mamute! – e gargalhava loucamente.

– E depois eu é quem sou o infantil – Killian riu, balançando a cabeça.

– Ah me deixa ser feliz, Gancho! Ei, Leroy, onde é que estão os outros seis anões?

Leroy fechou a cara e apertou os punhos, mas controlou-se. Ele era muito mais baixo do que nós três, o que era realmente engraçado, porque ele parecia um adolescente mal humorado. Regina o apelidou de Zangado e, quando o apelido pegou, Leroy fechou a cara ainda mais.

– Acho bem feito que tenha quebrado o pé – disse ele, com uma expressão dura – Da próxima vez, espero que fique sem língua!

– Eita, que mau humor, Zangado! Quem sabe o Feliz não aparece pra te animar? Se bem que os outros anões devem estar querendo distância de você...

– Qual é a de vocês dois hein? – perguntei, quando nós duas nos afastamos um pouco – Acho que ele tem uma queda por você.

– Deus me livre! Bate nessa boca, minha filha. Vê lá se estou querendo um anão... – e riu.

– Hum, não sei não... algo que me diz que tem caroço nesse angu... – ela fez cara de quem escondia alguma coisa e ri marota – Você já pegou ele né?

– Como é que você...? – Regina ficou mais vermelha do que minhas sapatilhas – Foi só uma vez... e eu estava bêbada!

– Ah meu Deus, não acredito! – pus as mãos na boca, tentando conter o riso – Você está admitindo? Vocês se pegaram?

– Se contar isso pra alguém, eu te mato! – ameaçou, com o indicador em riste. Prometi que manteria o segredo e ela respirou mais tranqüila. - Olha, outro anão!

Um homem de estatura baixa vinha empurrando um carrinho de limpeza. Usava um uniforme azul de faxineiro e estivera assobiando alegremente, mas fechou a cara ao ouvir o que Regina dissera.

– Que foi que você disse? – perguntou, os olhos perigosamente estreitados.

– Nada não!

– Ué, ainda por aqui, Gabes? – Leroy veio para o nosso lado e deu tapinhas no ombro do homem – Esse aqui é o Gabriel, meninas, o faxineiro.

– Faxineiro? – o outro protestou, fazendo biquinho – Sou zelador! Anda trazendo suas amiguinhas pra cá, Leroy? O que o diretor vai pensar de você? – cruzou os braços, sorrindo maroto.

– Ah, vamos lá, Gabe... ninguém precisa saber...

– Ninguém vai saber – Gancho se intrometeu, fazendo cara de bad boy pra botar medo em Gabriel – porque ele vai manter a boca fechada, não é mesmo?

– Calma, pessoal! – riu o zelador, erguendo as mãos – Só estava brincando, ninguém precisa saber. Aproveitem a visita, só não façam bagunça, acabei de limpar o segundo andar.

– Ah, vamos embora! – Regina rodava de um lado para o outro com sua cadeira – Não vim ver um museu morto, queria viver uma noite no museu mágico...

Gabriel gargalhou, enquanto abria uma embalagem de Twix.

– Acreditou mesmo naquela história, queridinha? Alguém aceita? – mordeu o chocolate, depois saiu empurrando seu carrinho de limpeza – Bem, eu vou embora! Tchau pra vocês!

– Até mais, Gabes. Cara bacana esse Gabes – comentou Leroy, levando-nos ao andar de cima.

Tudo estava na mais perfeita normalidade. Nenhuma peça sumira, apesar de várias delas terem amanhecido na calçada. Algumas exposições foram ligeiramente danificadas, mas nada que não pudesse ser restaurado. Algumas placas de vidro haviam se quebrado, talvez por trabalho de vândalos, como Leroy dizia. De qualquer maneira, o museu só tornaria a ser aberto quando todos os danos fossem consertados.

Apesar de tudo estar muito “morto”, gostei das exibições. Eu era um tanto aficionada por história, o que fez com que Gancho sugerisse que eu cursasse algo nesta área.

– Tenho vinte e cinco anos, já passei da idade de ir pra faculdade – disse. Na verdade, a única coisa que me impossibilitava de ser uma universitária, eram as despesas que faculdade gerava. Eu não tinha dinheiro pra isso e duvidava que pudesse ganhar uma bolsa.

– E daí? Não existe idade pra ser feliz – ele respondeu, de braço dado comigo. Me olhou bastante sério – Está dizendo isso por causa do dinheiro, não é? Eu sei que você queria estudar, mas nunca teve condições. Posso pagar pra você!

– Não, Killian... suas intenções são boas, mas não... Eu não me imagino numa faculdade, longe de você e de todo mundo.

– Há boas faculdades em Seattle. Com certeza te aceitariam...

– É, Ruby, Gancho tem razão – disse Regina, praticamente deitada em sua cadeira – Você tem cara de arqueóloga, sabia?

Arqueóloga... essa é boa.

Mudamos de assunto ao percorrer os outros salões. Havia animais empalhados, que ficavam em cenários que imitavam seus habitats naturais. Bonecos de cera representando pessoas de culturas diferentes ao redor do mundo. Milhares de fósseis de dinossauros e animais primitivos. Um planetário. Exposição de meteoritos. Entre outros.

– E então, galera, acho que devíamos fazer uma boquinha – sugeriu Leroy (ainda brincando com as chaves pra irritar Regina), após percorremos todos os quarenta e dois salões do museu. O lugar era enorme e até parecia um castelo, de tão grande. Nem preciso dizer que estava faminta.

Regina girava em sua cadeira, feito gente desequilibrada, e Gancho, que era muito honesto, fez questão de pagar pelo o que pegáramos na lanchonete perto da entrada. Comer batatas chips me deu sono e estava prestes a sugerir que fossemos embora quando Leroy, que fora ao banheiro, voltou correndo e gritando aos quatro ventos:

– O BAROSSAURO TÁ VIVO! O ALOSSAURO TÁ VIVO! TÁ TUDO VIVO, TÁ TUDO VIVO!

O chão começou a tremer e, para nosso desespero, o filhote de Barossauro – que até então não passava de um esqueleto sem vida – passou por nós correndo e foi se refugiar atrás do balcão da lanchonete. Regina soltou um guincho desesperado e Leroy e eu fomos nos esconder atrás de Gancho, que habilmente tirara uma arma da mochila que carregava. O solo tremeu com mais força e todos gritamos quando o Barossauro e o Alossauro se atracaram ali perto, um tentando matar o outro. Embora fossem apenas esqueletos, não queria me arriscar ser atacada por aquelas enormes garras e dentes.

– CORRAM! – alguém gritou.

Regina saiu em disparada com sua cadeira e Leroy, que não era bobo, pegou carona ao agarrar-se à parte de trás da mesma. Gancho me agarrou pelo braço e corremos à procura de um lugar seguro. Antes que pudéssemos nos afastar, o Barossauro – que tinha um pescoço gigantesco de uns dez metros – tentou atacar o adversário com o pescoço, mas acabou nos acertando, mandando-nos voando em direção ao fundo do salão. Caí por cima de Gancho, que se ergueu rapidamente e voltou a me arrastar para longe.

– Você está bem, Ruby-Loob? – perguntou sem ar, conforme corríamos pelos longos corredores.

– Estou bem, na medida do possível – gritei para ele.

Freamos ao topar com... adivinhem... uma manada de elefantes empalhados! Como se elefantes de verdade já não fossem ruins o bastante... Eles vieram em nossa direção, fazendo o chão tremer tanto quanto se um terremoto estivesse acontecendo. Derrubavam tudo o que encontravam pelo caminho e bramiam loucamente (sim, elefantes emitem bramidos, agora eu sei).

Corremos na direção oposta e, como conseqüência, reencontramos o Barossauro e o Alossauro, que ainda se atracavam. O Alossauro ficou mais interessado nos elefantes, avançou na direção deles e Gancho me puxou para fora do caminho, protegendo-me. Barossauro saiu aos trancos e barrancos pra procurar o filhote e Killian e eu escapamos, aproveitando-nos do fato de os elefantes estarem ocupados demais fugindo do Alossauro. Fomos nos refugiar no elevador e pudemos respirar por alguns segundos, enquanto subíamos e descíamos pelos andares.

– Uma hora vamos ter que sair daqui – disse a Gancho, meio sem fôlego.

– Regina e Leroy – disse ele, as mãos na cabeça, preocupado – Precisamos de um plano, um bom plano.

– Não dá pra bolar um plano agora! – caminhava de um lado para o outro dentro do cubículo – Há muita coisa lá fora e isso inclui feras empalhadas e homens com lanças...

– Puta merda! Temos que ir agora!

A porta se abriu no terceiro andar e Gancho saiu me arrastando e segurando a arma na outra mão. No meio do caminho encontramos um crocodilo gigante, como o que víramos no esgoto, só que não era albino. Fugimos para longe dele e nos vimos no meio de uma multidão de anfíbios e répteis, que vagavam pelos corredores e vieram para nosso lado quando nos viram. Me agarrei a Gancho quando sapos e rãs pularam em mim e corremos em direção ao salão de pássaros, que foi mil vezes pior, uma vez que os pássaros voavam sem rumo e vinham desgovernados em nossa direção. Fomos nos refugiar sob o vão de uma escada e Gancho cuspiu penas coloridas que tinham entrado em sua boca.

– Regina e aquela grande boca... se ela não tivesse insinuado que queria passar uma noite no museu mágico... – ele disse e parou subitamente. Assumiu a expressão de quem descobre alguma coisa, depois apertou os punhos e trancou a mandíbula.

– O que foi?

– Tenho uma ligeira ideia do que possa estar acontecendo...

– Ah meu Deus! Nativos americanos!

Saímos correndo sem rumo quando um bando de bonecos de cera veio em nossa direção. Perseguidos por indígenas e povos africanos, fomos nos esconder num dos banheiros, onde encontramos, adivinhem, embalagens de doce na lixeira.

– Twix, Toblerone, M&M, Kit Kat… - dizia ele, apanhando as embalagens – As mesmas que encontrei no esgoto.

– O zelador? – Gabriel estivera comendo Twix antes de ir embora, lembrei-me.

– O zelador! Quem quer que aquele cara seja, está criando essas coisas e precisamos acabar com isso. Ligue para os Winchesters e peça ajuda.

Até que enfim ele concordara em pedir ajuda. Liguei para Zoe, que gritou loucamente ao atender, porque sentia saudades de mim e Gancho e não suportava mais as briguinhas de Dean e Sam. Expliquei rapidamente nossa situação e os casos bizarros que haviam acontecido (os bonecos de cera socavam a porta e não tínhamos muito tempo). Ela ouviu tudo atentamente e disse que vira alguns dos casos na TV e que desconfiava do que poderia ser. Quando contei sobre o zelador que gostava de doces e parecia suspeito, ela soltou um grito que quase perfurou meus tímpanos e perguntou que aparência o cara tinha.

– Baixa estatura, sorriso maroto... – nem me deixou terminar.

GABRIEL! NÃO ACREDITO! O QUE ELE TÁ FAZENDO AÍ? DEAN, SAM, O GABES TÁ EM NOVA IORQUE!

A voz de Dean veio do fundo e ele parecia extremamente irritado.

Filho da puta! Mande o Jones matar aquele desgraçado de uma vez por todas!

Olha, Ruby, é um Brincalhão – disse Zoe, ignorando a barulheira que Dean e Sam faziam ao fundo – Esse tipo de criatura pode criar qualquer coisa, eles gostam de pregar peças pra se divertir. No caso do Gabes, as brincadeiras podem acontecer com gente que já fez coisas ruins, é tipo uma vingancinha, sabe?

– Tá bem, e como o matamos?

Bem, têm que mergulhar uma estaca de madeira no sangue de uma das vitimas do Brincalhão e enfiá-la no coração dele, entendeu? Boa sorte nisso, nós já o matamos tipo umas dez vezes, mas ele nunca morre...

Os indígenas de cera conseguiram arrebentar a porta e Gancho e eu fugimos ao passar por baixo das pernas deles (que eram mesmo muito lerdos). Enquanto corríamos, repassei as informações a Gancho e ele disse que devíamos encontrar Leroy e Regina imediatamente, depois arrumar um jeito de encontrar sangue de uma das vítimas, pra assim matar o Brincalhão (se é que ele morreria dessa vez).

Saímos no segundo piso e tivemos de correr dos animais empalhados, que quebraram os vidros por trás das quais estavam presos e fugiram. Quase levei uma chifrada de alce e Killian teve que atirar contra um urso pardo que tentou nos atacar com as garras compridas. O tiro abriu um buraco no urso, mas ele continuou nos perseguindo. Driblamos um bando de primatas e um dos macaquinhos roubou a arma de Gancho ao mergulhar sobre nós pendurado num cipó.

– Devolve! – Killian gritava pra ele, extremamente irritado – Devolve aqui, seu pilantra!

– Calma, Killian, eu vou resolver – suspirei e me aproximei do macaquinho, que apesar de fofo, irritava com suas travessuras – Ô que neném mais cuti cuti! Dá a arma aqui pra titia! Isso... menino fofinho...

E o burro do macaco, vocês nem acreditam... quando ia me devolver a arma, acabou apontando-a pra si mesmo e apertando o gatilho. O tiro quase me ensurdeceu e a cabeça do macaco explodiu. O corpo dele caiu no chão e saiu andando e tropeçando nas coisas. Gancho gargalhou ao recuperar a arma e me abraçou ao perceber que eu ficara meio traumatizada pela cena.

– Ele já estava morto mesmo – falou.

A essa altura os animais já haviam se dispersado ou brigavam uns com os outros. Distraídos como estavam, nem perceberam quando saímos de fininho. Fomos à procura de Regina, que não estava em nenhum lugar, muito menos Leroy.

– Capaz de terem fugido e nos largado aqui – comentou Killian, olhando de um lado para o outro.

– SOCOOOOOORRO! JESUS ME ACUDA! ME PÕE NO CHÃO, BRUTAMONTES!

– Regina! – exclamamos juntos e seguimos os gritos da coitada.

Regina fora seqüestrada pelos homens das cavernas! Um deles a jogara por cima do ombro e agora a levava de um lado para o outro, enquanto outros dois faziam gestos engraçados, balbuciavam sons ininteligíveis e riam.

– Uga, uga, uga! – faziam e mexiam com Regina, puxando seu cabelo.

– ME LARGUEM, SEUS BRUCUTUS DAS CAVERNAS! EXIJO QUE ME PONHAM NO CHÃO! VOCÊS SABEM COM QUEM ESTÃO FALANDO? EU SOU REGINA MILLS, PREFEITA DE STORYBRO... AAAAAAH!

O boneco que a segurava a jogou no chão, como que repreendendo-a por estar gritando. Os outros vibraram em sinal de apoio, então o primeiro homem pegou Regina pelos cabelos e saiu arrastando a coitada.

– MEU CABELO! MEU PÉ! MINHA COLUNA! SOCORRO! RUBY, KILLIAN, LEROY, ME AJUDEEEEM!

– Já estamos indo, Rê! Anda, Killian, faz alguma coisa!

– O que quer que eu faça? Eles têm porretes e lanças, nós só temos uma arma que não os afeta...

Seguimos Regina e seus três “pretendentes”, pensando na melhor forma de salvar a escandalosa, que berrava a plenos pulmões. Passamos pelo Hall da Biodiversidade, em cujo teto réplicas de animais ficavam penduradas. Arraias e tubarões voadores tentaram morder nossas cabeças e tivemos de correr agachados para sair dali imunes. Depois demos com o salão dos animais primitivos e novamente enfrentamos fósseis de dinossauros raivosos.

– Puxa vida, estou me sentindo no Jurassic Park – comentou Gancho, tentando me proteger dos imensos fósseis que se atracavam no meio do salão.

Não bastasse, demos de cara com o Tiranossauro, que era igualzinho ao de Uma Noite No Museu. Longe de ser perigoso, o Tiranossauro apenas nos jogou uma de suas costelas e Gancho revirou os olhos ao atirá-la longe para o Rex ir buscar.

Dali a pouco, réplicas gigantes de aranhas caíram do teto e guinchei histericamente, me jogando nos braços de Gancho e quase derrubando o coitado. As coisas pernudas corriam em volta dele, que apenas achou graça ao chutá-las pra longe.

– Calma, não são de verdade – disse, beijando o topo de minha cabeça ao me colocar no chão.

– SAIAM DA FRENTE! SOCORRO! COMO É QUE PARA ESSE NEGÓCIO? – Leroy vinha veloz e descontroladamente na cadeira motorizada de Regina, que parecia ter dado pane. Ele atropelou tudo que encontrou pelo caminho e por pouco não nos levou junto. Chocou-se com os indígenas (que ainda estavam atrás de nós) e acabou por decepar a cabeça de um deles. Os nativos começaram a gritar e passaram a perseguir Leroy.

– Killian, a Regina!

Fomos atrás de Regina, acreditando que Leroy conseguiria escapar. Passamos pela exibição de sistema solar e tivemos de nos proteger com as mãos quando meteoritos voaram em nossa direção, alguns deles nos acertando. Gancho fez uma manobra à la Matrix pra se desviar de um deles e não pude deixar de arregalar os olhos, impressionada.

– Já cheguei a mencionar que sou mestre em artes marciais? – ele sorriu convencido, quando corremos para outro salão.

Mestre em artes marciais... eu teria acreditado nisso se Gancho já não tivesse tomado umas surras antes.

Encontramos Regina e seus brutamontes no salão no qual havia a representação de um vulcão. Naquele momento, o vulcão entrava em erupção e uma lava viscosa e muito vermelha escorria dele. Não era como a lava de um vulcão de verdade, mas queimava.

– Ruby! Killian! – Regina fora largada a um canto que a lava ainda não atingira. A coitada tentava se erguer para fugir da lava, mas não estava obtendo sucesso – Graças a Deus, achei que fosse morrer queimada!

Os homens das cavernas ficaram fascinados pela lava e, sem se dar conta de que estavam derretendo, riam e emitiam barulhos, achando aquilo a coisa mais linda do mundo. Killian carregou Regina e, por sorte, conseguimos chegar ao elevador ali perto. Minha sapatilha queimou um bocado ao entrar em contato com a lava, mas nem me importei.

– Onde é que está minha cadeira? – perguntou Regina, perfeitamente acomodada nos braços do meu homem.

– Ficou para trás – respondeu ele – a não ser que Leroy a tenha recuperado.

Nem bem acabou de falar isso e as portas do elevador se abriram. Avistamos Leroy em alta velocidade na cadeira, ainda fugindo dos indígenas. Regina gargalhou com a cena e Killian a colocou no chão, dizendo que nós duas devíamos sair do museu enquanto ele ajudava Leroy. Passei um braço pela cintura de Regina e cambaleamos em direção a porta, enquanto Killian atirou contra os indígenas e pulou nas costas de um deles.

Mal tive tempo de absorver tudo o que acontecia. Havia muito barulho e muita briga. Os bonecos de cera se revoltavam uns contra os outros e se atacavam em plena escadaria de entrada. Avistei um dos dinossauros destruindo os canteiros floridos do Central Park e imaginei o rebuliço que toda aquela confusão geraria no dia seguinte.

– Devíamos esperar no carro – sugeriu Regina, que se sentara tranquilamente a um banco perto da escada, mal importando-se com a balbúrdia.

– Consegue descer a escada? Devíamos esperar os rapazes...

Leroy saiu em alta velocidade com a cadeira motorizada de Regina, não teve tempo de frear e rolou escada abaixo. Ficou embolado aos pés da estátua de Theodore Roosevelt em seu cavalo, enquanto Regina gargalhava alto e gritava aos quatro ventos que Leroy merecera aquele tombo. Fui socorrer o coitado, que gemia e tentava se erguer.

– Ai... me quebrei... me quebrei...

– Cadê o Killian? KILLIAN! – Regina começou a berrar, chamando a atenção de todos que estavam por perto – KILLIAN, VEM SOCORRER O ANÃO!

Mas Gancho nem estava preocupado com Leroy. Veio arrastando Gabriel pelo colarinho e o empurrou contra a parede, socando sua cabeça contra a mesma.

– ACABE COM ESSA MERDA! – ordenou e gotículas de saliva salpicaram o rosto do zelador. – OUVIU? ACABE COM ESSA MERDA AGORA, ANTES QUE EU META UMA BALA NA SUA CABEÇA!

Gabriel sorriu com escárnio, pouco se lixando para a ameaça.

– Oh calminha, amigo. Sabe que vai precisar de mais do que uma arma pra me matar...

Gancho socou sua cabeça contra a parede e o sufocou com o antebraço preso sob seu pescoço. A essa altura eu já conseguira erguer Leroy, que parecia bem, apesar de fazer drama.

– Acabe com essa merda agora – repetiu Killian pausadamente, sua expressão ameaçadora nem surtindo efeito em Gabriel. – Pessoas demais já se machucaram.

– Já lhe ocorreu que aquelas pessoas mereceram o que aconteceu? – perguntou Gabriel, sorrindo e encarando o homem alto à sua frente – O homem atacado pelo crocodilo... sabia que ele era um maldito pedófilo? E o cara que caiu do Empire State? Você imaginaria que se tratava de um serial killer? E o sujeito que foi pego pelo Homem-Aranha depois de assaltar uma velhinha inocente? Não acha que todos eles colheram o que plantaram?

– E o guarda-noturno? O que tinha contra ele? – perguntou Regina, ainda sentada e agarrada ao pé imobilizado, que doía.

– Nunca fui com a cara dele. Aquele desgraçado estava roubando do museu, sabiam? Eu só fiz o que tinha que ser feito... uma vingancinha – e riu, orgulhoso de seu trabalho.

– Não importa, isso vai acabar agora! – Gancho ainda o prendia contra a parede (já mencionei o quanto adoro vê-lo ameaçador daquele jeito?) – Já tivemos nossa cota de bizarrices...

– Gabes, já chega... – falou Leroy, uma mão segurando o ombro esquerdo, que parecia ter deslocado – Não destrua a vida de mais pessoas... O que estava pensando? Achei que fosse um cara legal.

– Eu sou um cara legal! – o outro protestou, indignado – Não percebem que estou contribuindo para um mundo melhor, livrando-nos das frutas podres? Estou fazendo justiça!

– Você não é Deus pra decidir quem deve morrer por seus pecados – Leroy estava perdendo as estribeiras, o ombro machucado o deixando mais zangado ainda – Ia fazer o mesmo conosco? Livrar-se das frutas podres que se meteram em seu caminho?

– Ah, galera... – Gabriel riu, erguendo as mãos e ignorando a expressão dura de Gancho – Vamos lá... Pensei que achariam divertido.

– Divertido? Ser seqüestrada pelos brucutus das cavernas é divertido? – pronunciou-se Regina, também muito irritada – E destruir um museu histórico é divertido? Você precisa rever seus conceitos do que é diversão, querido.

– Ah, vamos lá... – ele ria, debochado – Não há nada que não possa ser consertado, eu limpo a bagunça depois... Agora tenho outros planos em mente – sorriu misterioso e então estalou os dedos.

***

Num minuto estava parada ao lado de um Leroy raivoso e no segundo seguinte me vi numa escuridão apavorante. Árvores altas e de galhos folhosos formavam um círculo à minha volta, impedindo-me de ver com clareza. Grilos cricrilavam e a brisa noturna balançava os galhos. Arrisquei-me a dar alguns passos, tentando reconhecer o lugar no qual estava. Era uma floresta, isso eu sabia, mas por que raios Gabriel me mandara para ali?

– Gancho? – chamei – Regina? Leroy? Alguém aí?

Não houve resposta.

Caminhava por entre a vegetação, rezando para não encontrar nenhuma cobra ou animal selvagem. Parei ao chegar a um descampado. Ergui os olhos e me deparei com uma enorme e brilhante lua cheia, cuja luz iluminava precariamente o caminho. Chamei novamente por meus amigos, novamente não obtendo respostas. Procurei por meu celular no bolso da calça jeans e foi com surpresa que me descobri usando um vestido de época, com direito a espartilho e botas de couro.

– Ué... por que estou vestida assim? – perguntei-me, extremamente confusa.

Não muito longe dali, fui descobrir uma cestinha de piquenique. Aproximei-me para dar uma espiada e encontrei, imaginem, um infinidade de bolos e pães frescos na cesta. Faminta como estava (já repararam que estou sempre faminta?), arrisquei-me a apanhar um pedaço de bolo e quando o fiz, algo escorregou de meus ombros. Uma capa vermelha... igualzinha a que eu ganhara de presente de Killian...

Por que raios estou vestida de Chapeuzinho Vermelho no meio da floresta?

Lá em cima, a lua cheia brilhou sinistramente. No mesmo instante, lembrei-me da noite do lobisomem. Não muito longe dali, um lobo uivou. Encolhi-me dentro da capa, esquadrinhando o amontoado de sombras e tentando identificar algum lugar não qual pudesse me esconder. Saí em disparada quando outro uivo veio de mais perto. Levei a cestinha de comida, para o caso de sentir fome.

E vocês podem me achar louca, mas eu tinha certeza: enquanto corria desesperadamente, uma música de ação tocava ao fundo, como se eu estivesse num filme.

Desde quando minha vida tem trilha sonora?!

Vieram sons de animais grandes correndo. Puta merda! Um lobo só já não ruim o bastante, agora teria de enfrentar um bando inteiro? Escutei rosnados a poucos metros de mim e podia sentir o cheiro de pêlo molhado que vinha das feras. Dois deles passaram à minha frente, tentando bloquear meu caminho. Eram lobos tão grandes quanto pôneis (juro por Deus, não estou exagerando), de pêlos lustrosos e muito negros. Mesmo estando num descampado livre de árvores, mal conseguia correr sem topar com as vegetações rasteiras que cresciam por ali. Nem tive tempo de entender o que estava acontecendo, apenas continuei a correr, driblando as feras que apareciam em meu caminho. Parecia até que aqueles lobos só ficavam na ameaça e não pretendiam me atacar.

Aí veio uma voz sinistra, me assustando. Percebi que era a voz de Gabriel, só que num tom um pouco mais grave:

Chapeuzinho corria em disparada, fugindo das feras sedentas por sangue. Seu coração batia tão rápido que a impressão que ela tinha era a de que o mesmo saltaria da caixa torácica. Com a respiração descompassada, as pernas doloridas e o corpo cansado, tudo o que Chapeuzinho queria era alcançar a casa da vovó e ficar em segurança.

Desde quando minha vida tem narrador?!

Chapeuzinho driblou um lobo. Saltou por cima do outro. Atacou o terceiro com um pedaço de pau que encontrara pelo caminho. Largou a cestinha e parou no meio do descampado, aguardando. Com o porrete em mãos, Chapeu esperou pelos lobos, que não demoraram a alcançá-la. Munida de toda força que tinha, Vermelho usou o porrete para se defender, agredindo as feras assassinas que tentavam atacá-la. E eis que numa gloriosa reviravolta, Chapeuzinho Vermelho transforma-se numa ninja matadora de lobisomens!

Eu não controlava meu corpo! Meus braços e pernas já não obedeciam a meus comandos, mas à voz do narrador, que parecia ditar os movimentos. Sem saber como, acabei com todos os lobos, que simplesmente caíram mortos ou fugiram.

Gritos e urras vieram de algum lugar, assustando-me. Pareciam as reações de alguém que assistia a um filme...

Jesus amado! Eu estava presa na televisão!

– Ei! Eu quero sair! – gritei, imaginando que o Brincalhão pudesse me ver e ouvir – Gabriel, me deixa sair! – Silêncio – Muito engraçado! Você já se divertiu o bastante, agora acabe com isso.

Houve uma movimentação num agrupamento de árvores e arbustos ali perto. Uma música de suspense começou a tocar e, instintivamente, ergui meu porrete.

– Quem tá aí? – perguntei, mantendo certa distância. A música estava me botando medo, parecia um filme de terror e eu temia o momento em que a coisa nos arbustos seria revelada. - Quem tá aí?

Gancho cambaleou para a luz, seu pé prendendo nas raízes dos arbustos. Respirei aliviada e, pasmem, houve gritos histéricos e escandalosos quando Killian se recompôs e veio caminhando até mim. Era como se fãs loucas e obcecadas por Gancho estivessem nos assistindo naquele momento.

– Killian! – me joguei em seus braços, o que despertou um “awwww” dos telespectadores.

– Até que enfim te achei! – disse ele, sufocado por meus braços em volta de seu pescoço – Mais um pouco e eu ia achar que tinha sido morta pelos lobos.

– Relaxa, sou a ninja matadora de lobisomens.

Risos.

– E então, o que faremos? Aquele Brincalhão duma figa nos prendeu na TV. – pus as mãos na cintura.

– Quando eu pegar aquele filho da puta, vou enfiar minha espada no coração dele – Gancho puxou uma espada de dentro do sobretudo (só então notei que ele estava caracterizado como pirata e inteiramente vestido em couro) e, novamente, houve gritos histéricos e escandalosos. Voltou a guardar a espada e gritei histericamente ao perceber que, no lugar da mão esquerda, ele usava um gancho.

– KILLIAN, CADÊ SUA MÃO?

Risos. Ele puxou o gancho, revelando ser apenas uma prótese falsa que escondia sua mão.

– Sou o Capitão Gancho – sorriu, recolocando o gancho. Me olhou atentamente, parecendo só ter notado minha vestimenta naquele momento – E você é Chapeuzinho Vermelho. Que coisa mais linda! – segurou meu rosto entre as mãos.

“Awwwww”.

– Como a gente vai sair daqui? – perguntei, olhando em volta à procura de uma saída, o que era impossível de ser encontrado, já que estávamos na TV.

– Temos que jogar o jogo dele, só assim ele nos deixará sair.

– Então vamos bancar Chapeuzinho Vermelho e Capitão Gancho até que ele esteja satisfeito? – apanhei minha cestinha de bolos.

– É por aí.

– Acho que devíamos procurar a casa da vovó ou coisa assim... – sugeri, imaginando que encontraria uma velhinha bondosa no meio da floresta.

De mãos dadas com seu amante, Chapeuzinho marchou floresta adentro. – dizia o narrador e Killian achava graça – Confortada pela companhia de um homem, já não temia mais a escuridão e as sombras. Alcançaram a casa da vovó apenas para descobrir que a velhinha fugira com os piratas. Deixara um bilhete: “Chapeuzinho, minha neta, lamento informar, mas caí nos encantos de um tal Barba Negra e fugi com ele em busca de aventuras. O assado está no forno, tenha uma boa noite”.

Risos.

– Que senso de humor esse cara tem – comentou Killian, revirando os olhos.

Nos encontrávamos numa pequena cabana no meio da floresta. Pela janela avistei os contornos de um enorme castelo no topo de uma colina.

Pela janela, Chapeuzinho avistou o castelo da Rainha Má, uma temível bruxa das trevas, que vivia isolada de tudo e todos. Capitão Gancho, que amava aventuras, sugeriu que enfrentassem a ira da Rainha e Chapeuzinho, hesitante, achou melhor que ficassem na segurança da cabana, amando-se.

– Amando-se... – riu Gancho, com sua costumeira expressão maliciosa – Pra mim isso foi uma insinuação...

– Insinuação de quê?

– De que devíamos nos amar... eu quero dizer, “fazer coisas”...

Gritos histéricos. Senti minha cara queimar e os “telespectadores” riram.

– Nós devíamos é cair fora daqui – saí porta afora e Killian veio atrás.

No topo da colina, o castelo estava envolto por uma atmosfera sinistra. Imaginei que Regina estaria lá, uma vez que a conhecíamos como Rainha Má. Quanto a Leroy, este podia estar trabalhando nas minas, já que era o Zangado.

Chapeuzinho e Gancho se perguntavam em que tipo de aventura iriam embarcar daquela vez. Afinal, enfrentariam a Rainha Má? Ou visitariam seus amigos Branca de Neve e Príncipe Encantado? Valeria a pena consultarem-se com o sábio Grilo Falante? Ou seria melhor salvarem o traseiro de Pinóquio, que andara metendo-se numa confusão atrás da outra?

– Ele não fez isso... – Gancho trancou a mandíbula, furioso – Ele não fez isso...

– Que foi? Você acha que...

– Mary Margaret, Encantado, August, Archie... todos nós estamos presos nessa droga de programa… Aquele desgraçado está tirando uma com a nossa cara...

– Por que ele nos prenderia num programa de televisão? E que programa é esse afinal?

Uma música que parecia vinheta tocou ao fundo. Então um enorme letreiro apareceu onde antes estava a cabana da vovó. Havia um fundo pintado retratando uma floresta e à frente, em letras grandes e douradas, o nome Once Upon A Time.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Em Supernatural o Gabes é um arcanjo, mas talvez eu não use isso aqui, porque a história dos anjos é cheia de tretas e não tenho muita paciência pra isso kkkk fora que não tem muito a ver com o que já pensei pra história. Mas então, vamos aos spoilers!
1. Gancho encontra um oponente 2. Ruby vai pra faculdade 3. Um interesse amoroso para Regina (nem preciso dizer quem é né? Começa com Robin e termina com Hood kkkkk) 4. Vovó esconde um grande segredo (quem descobrir o que é ganha um capítulo com dedicação) 5. Ruby e Killian têm uma grande surpresa.
Não sei se já disse pra vocês, mas vou dividir em temporadas e essa deve ir até o 22 ou 23. Enfim. Beijos e até a próxima



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