Completa-me escrita por BlackLady


Capítulo 10
Capítulo X


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo vai ser a primeira parte de uma noite tensa, então eu espero que gostem.



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Por Aaron Warner

Não sei se consegui dormir. Eu fiquei o resto da madrugada procurando uma resposta para aquele número: 1014. Tentei datas, substituir número por letra. Nada. Absolutamente nada que fizesse sentido. Talvez fosse uma data importante para ela, mas que aconteceu depois de ela ter ido embora.

Odiei não fazer mais parte da vida dela.

Kenji conseguiu informações sobre Josh com Castle. Nome, endereço, família, até mesmo quanto ele recebe como barman. Poderíamos usar ele como chantagem para esclarecer as coisas com Juliette. E havia as outras duas pessoas.

Kat e Maria.

Achar dados sobre Joshua Price foi fácil porque já sabíamos seu nome completo. Mas Kat e Maria estavam completamente protegidas de espionagem. Quantas Marias havia no mundo para escolhermos uma? E Kats? Ficamos no escuro quando se tratou delas duas. Tentamos registros de mães chamadas Katherine, Katerina, Catarina, Catherine, com filha chamada Maria e vice-versa. Nada. Nenhuma informação.

Teríamos que usar o nosso ruivinho.

Combinamos que, caso Juliette não aparecesse no bar naquela noite, iriamos a sua casa e conversaríamos com ela lá mesmo. Seria uma confusão, provavelmente alguém sairia muito machucado, mas valia o risco.

Pusemos nossas escutas novamente, mesmo sabendo que ela já sabia sobre elas. Procurei a arma na mochila e não encontrei. Tirei tudo até que ela ficou leve e apenas com uma maldita caixinha azul-marinho dentro. Eu peguei-a e tentei abrir, mas meus dedos não conseguiram se fechar para mostrar-me o que tinha dentro. Eu já sabia, mas não tinha coragem de ver. Respirei fundo e tentei novamente. Fracassei. Larguei a caixinha na mochila azul e voltei a procurar a arma, achando-a entre as roupas desdobradas, que eu deixei na cama mesmo, sem me preocupar em guardá-las. Sai do quarto.

– Acha que vai ser fácil entrar na casa dela? – indaguei.

– Sim – respondeu Kenji – Nós podemos passar pelas câmeras invisíveis, já temos a senha e sorte por não ser uma fechadura biométrica. Mas, de qualquer forma, essa é nossa última alternativa. Vamos esperar que ela vá ao bar esta noite, se não for...

– Não sei se ela vai cair na nossa chantagem sobre Joshua – comentou Adam – Não é um blefe e ela vai saber disso, mas eu não estou certo se ela se importa o suficiente com ele...

– Eu acho que se importa. Eles pareciam bem amigos ontem. E temos Maria e Kat, de quem não sabemos nada, mas que sabemos que existe. Juliette tentou mantê-las em segredo, se nós revelarmos que conhecemos sua existência, já vai ser um passo a mais.

– Kenji tem razão, Adam. Juliette se importa muito com amigos. Pelo menos, se importava.

– Eu sei, Warner, mas não posso dizer isso ao certo. Ela está muito diferente.

Não discordei. Que ela estava diferente era fato. O quão diferente era o que nós não sabíamos. Assim que terminamos de resolver as coisas, engatei a arma na cintura e rumei em direção a porta, seguindo os outros, mas eu sentia que faltava alguma coisa. Ignorei o sentimento e tentei ser forte para deixar para lá, mas voltei correndo ao apartamento só pegar e guardar no bolso a caixinha azul-marinho.

O bar já estava lotado, mal iluminado e com a mesma música animada. Ao invés de irmos para uma mesa, nos sentamos no balcão. Fiquei entre os dois, procurando nosso amigo ruivo, que achamos de pressa, já que ele veio nos atender.

– O que vão... – ele olhou para cima e seus olhos se tornaram grandes de medo.

– Eu quero que você me dê a garrafa da bebida mais forte que você tiver – pedi – Sabe, quando eu fico bêbado, torturar pessoas se torna mais divertido.

Ele engoliu seco – Sim, senhor – e foi buscar a garrafa.

– E o velho Warner está de volta! – brincou Kenji – Achei que não sentiria falta dele. Desse jeito, tudo vai ficar mais fácil.

– O que vai ficar mais fácil? – perguntou Juliette, sentando-se ao lado de Adam.

Olhei para ela, me surpreendendo mais que na noite anterior. Ela usava um top preto de lantejoulas, uma calça branca de cós baixo e tênis diferentes do que costumava usar quando a tirei do manicômio. Esses eram limpos e novos. Seu cabelos era cheio de ondas e sua boca reluzia um brilho rosa claro.

– Nosso plano para a noite – respondeu Kenji – Warner pediu uma garrafa só para ele.

– Warner querendo ficar bêbado? – disse ela, assim que Josh voltou com a garrafa – Isso é novidade.

Ele pôs sobre a bancada três copos de shots vazios e abriu a garrafa para nós – Obrigado, Price – agradeci.

Ele ficou ainda mais assustado, mas foi Juliette que interveio – Como sabe o nome dele?

– Bem – respondeu Adam – ele comprou a minha casa. Aquela para onde eu levei você depois que fugimos do Warner e do Setor 45 – ele olhou para o rapaz espantado – Achou que eu não ia me lembrar de você, Joshua?

– Você sempre trabalhou aqui, não é? – Kenji declarou – Na verdade, o bar pertence ao seu tio. Por isso você faz drinques tão bons. E por isso você nunca perde o emprego.

– Como vai sua filhinha? – perguntei inocentemente - Ally, não é? Fiquei sabendo que ela acabou de completar um ano. Parabéns, cara! Mas deve ser duro cuidar de uma criança sem a mãe por perto. Carol morreu no parto, não foi?

– Que barra – expressou Adam – perder o amor da sua vida assim. Graças a Deus que sua mãe se oferece para ficar com a sua bebê para você trabalhar. Dona Beth deve ser uma ótima vó, já que era babá antes de você ficar viúvo. Seria muito difícil ter que trazer uma criança para o emprego, ainda mais sendo num bar.

– Mas, ainda bem que você tem um emprego – falei – Quitar dívidas de agiotas não é tão fácil, ainda mais quando você tem que comprar leite, fraldas...

– Peck ainda ameaça você, não é? – indagou Kenji – Você deveria quitar logo essa dívida. Agiotas não são muito confiáveis.

Servi uma dose e bebi, ignorando o quase enfarto de Josh e a ira que saia de Juliette. Vi que ela inclinou um pouco a cabeça: uma ordem clara para Josh sair. Ele quase correu.

– O que pretendem com esse teatrinho patético?

– Nada, queremos apenas interagir com as pessoas daqui. Eu realmente gostei do bar.

– Vocês são ridículos – ela pegou o copo de Adam e virou a dose que ele havia posto – Por que acham que vão me atingir ameaçando um barman? – ela gargalhou.

– Talvez por que ele foi um anjo na sua vida, Juliette – respondeu Kenji – Assim como Maria.

A risada de Juliette morreu por alguns milésimos antes de ela levantar apenas um canto da boca – Bem, se é assim que vai ser essa noite, eu vou pedir algo mais... interessante para beber – ela chamou Josh, que servia um casal. Ele veio rapidamente – Eu quero uma coisa doce e forte – ela virou-se para Adam, olhou fundo nos olhos dele e segurou o colarinho da camiseta preta dele – Que tal um Black & Blue? Parecem cores atraentes no momento.

Ela levantou, andou até o jukebox e aumentou quando Bon Scott começava o refrão de Highway to Hell.

Com certeza, aquilo não era coincidência.


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Notas finais do capítulo

Que capítulo!
Me digam o que acharam. Para esse capítulo, eu exijo comentários.
Obrigado por acompanharem Completa-me.
Beijos.
BL.



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