Uma Vida Nem Tão Colorida escrita por Jowlly


Capítulo 7
Capítulo VI


Notas iniciais do capítulo

Oie, queridas (e queridos)!
Como vocês vão?!
Queria ter postado mais cedo, mas não deu...
Espero que curtem!!



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"Não dormi aquela noite"

Joguei-me na cama. Ignorando tudo que eu conseguia ignorar.

Ignorando meu gato na porta miando para poder entrar. Ignorando os meus pensamentos que gritavam na minha mente. Ignorante minha fome. Ignorando o meu sono. Ignorando a minha vontade de sair dali e mudar a minha própria vida.

Já era domingo, meia noite. Eu tinha aula amanhã, mas faltava muito sono para que eu conseguisse sequer pregar os olhos. Isso não deveria ser assim...

Desde sábado à tarde, não consigo me concentrar em mais nada que eu faço. Nem mesmo nas coisas que eu gosto!

O filme acabou e metade do cinema estava em lágrimas. Eu não. Eu tinha raiva, não tristeza. Raiva de quando eu avistei o Nathaniel com uma morena (que, o pior de tudo, depois descobri ser Melody) poucas fileiras à frente, raiva de quando eu o vi passar o braço em volta de seu pescoço. Raiva de pensar que eu não era nada para ele... e de que ele iria embora.

Minhas amigas começaram a me achar insensível, principalmente Brittinei. Até Alexy havia chorado e Armin se esforçava para não deixar transparecer o que seus olhos já nos mostravam. Eu não me importava, só queria sair dali. Tentei, ao máximo, não ser arrogante.

Fingi que não estava muito bem e resolvi ir para casa primeiro. Eles ofereceram para me acompanhar, mas eu não deixei. Despedi-me de meus amigos e peguei um táxi, fui correndo até o meu apartamento.

Entrei. Tudo que eu não chorei, mas devia ter chorado, no cinema, estava multiplicado por dois e acontecendo agora. Mas não era por causa do filme, isso posso garantir.

Não dormir aquela noite.

O dia seguinte foi bem menos exaustante. Fiz as minhas lições de casa, dormir a tarde para recompensar a madrugada, tomei banho, saí para comer em uma lanchonete qualquer, vi uma comédia romântica enquanto me entupia de pipoca e agora, cá estou eu, novamente, sem sono.

Amanhã seria segunda... eu iria para escola, me encontraria com o Nathaniel. Fingiria que nada que eu tivesse visto sábado tivesse acontecido. Depois eu ia voltar para casa, pegar meu violão e ir até a escola de música, teria minha aula tranquila e em paz, finalmente, iria para a academia...

Academia, sim. Não que eu fosse gorda, na verdade, reclamava da minha falta de carne em determinadas regiões. O que aconteceu que eu não me desenvolvi tão bem quanto minhas amigas? Poxa! Se brincar, a alimentação delas era até pior que a minha...

Demorou, imagino eu, mais ou menos meia hora para que eu conseguisse dormir. Não no meu quarto, pois quando a insônia é brava, eu perambulo a casa inteira meio zumbi a procura de um lugar para me deitar. Acabou que no dia seguinte eu acordei no tapete da sala. Toda quebrada.

Ignorando o fato, coloquei o uniforme da minha escola. A maioria das garotas usava uma leg e ficavam bem naquela blusa. Eu usava uma calça pouco colada e aquela blusa não realçava nem um pouco o pouco corpo que já tinha. Se ao menos fossem uniformes estilo japonês...

Arrumei minha mala, peguei uma maçã e fui andando para a escola. Eram só três quarteirões, não valia a pena ir de bicicleta.

Cheguei à sala com a minha cara de animo matinal. Contagiante. Kentin veio falar comigo, assim como Armin.

– Hey, Jowlly-chan! – o de olhos verdes disse, se aproximando.

Kentin era meu amigo há tanto tempo quanto os gêmeos e o Nathaniel.

– Hm. – respondi, me debruçando na mesa.

– Dormiu mal? – o gamer perguntou.

– O que você acha? – respondi seca.

– Tpm? – Kentin perguntou, brincalhão.

– Vai pra esquina arranjar o que fazer... – resmunguei.

O professor havia chego. Todos voltaram aos seus lugares até que a aula começasse. Como sempre, a nerd da sala prestou atenção e anotava cada palavra. Quando digo a nerd da sala, estou referindo a mim mesma.

Demorou para que o sinal do recreio tocasse, mas quando finalmente o fez, todos saíram da sala de aula correndo. Menos eu, Brittinei e Tainala, obviamente. Ficamos lá enrolando até que Agatha aparecesse na porta da sala, pedindo para que saíssemos.

Agatha era a assistente de setor. Todo recreio nós somos “expulsos” da sala de aula, que é trancada. A menos que esteja chovendo, ocasiões raras, mas magnificas. Amo chuva.

Saímos de lá e fomos para o costumeiro local onde lanchamos. Parece que temos um lugar marcado sempre que vamos lanchar, as pessoas sempre vão para os mesmo lugares... Onde nós três estávamos, dava para ter uma boa visualização da quadra, arquibancada, além da área livre e o parquinho da escola. Era um bom lugar, sim.

– Jowlly? – Tainala me chamou. – Ta bem?

– Tô. – Abri os olhos, até então fechados, como se estivesse sonhando acordada.

– Cansada? – Brittinei perguntou.

– Como sempre.

– Então... sei que não deve ajudar, mas a prova de química é hoje...

Parei um momento para pensar e analisei cada palavra... prova... de química. Ah não! Havia me esquecido dela, mas pelo menos lembrava que tinha estudado quarta e quinta passada, agora era só revisar.

– Putz... verdade. Mas acho que eu estou preparada de qualquer modo. – Bocejei de cansaço. – Que tipo de escola da provas na última semana de aula? – cocei meus olhos com a costa da mão.

– A nossa... – Brittinei riu e nós acompanhamos a risada.

Segundo ano do médio não é o que pode ser chamado de simples... Sabe, o primeiro é o ano das mudanças. O terceiro é o ano de preparação. O segundo... é o que podemos chamar de “chatice”...

Não demorou muito para que o recreio acabasse e todos já tivessem na sala com as provas na mesa, tentando se concentrar.

Como sempre, uma pessoa tentou colar de mim, mas eu não deixei. Sou ciumenta com minhas respostas, isso é verdade...

Depois da prova, que ocupou duas aulas, ninguém mais prestava atenção no que o professor dizia, então quando o sinal de saída tocou, todos foram embora sem esperar ele, sequer, terminar a frase. Não é muito surpreendente, aliás, é sempre assim.

Quando cheguei em casa almocei e dei almoço a Drika, fiz as lições, peguei meu violão e fui em direção a porta. Assim que abri, vi que Castiel abriu a sua também.

Castiel era o meu vizinho. Duas pessoas emancipadas, vivendo sozinha, morando lado a lado. Estranho, não? O que se pensa é que elas devem ser no mínimo, amigas, por causa das semelhanças, mas não é bem isso. Éramos apenas conhecidos e trocávamos algumas palavras de vez em quando, mas eu fazia questão de não passar muito tempo com ele: a quantidade de tempo que eu passava com o ruivo era inversamente proporcional ao tempo com o loiro. Lógica simples.

– Vai querer carona? Estou indo de moto. – ele ofereceu. Castiel fazia sua aula de guitarra no mesmo lugar que eu fazia a minha de violão...

– Você não tem idade para dirigir uma moto, tem?

– Entendo isso como um não.

– Não foi um não.

– Então vamos.

Entramos no elevador e descemos até a garagem, onde ele me levou até uma moto vermelha. A cara dele.

– Cadê sua guitarra? – fiquei curiosa.

– Ficou lá, estão trocando as cordas. – Castiel falou enquanto subia na moto. Fez sinal para que eu subisse também.

– Sem capacete? – hesitei. Não bastava ele não ter idade suficiente para dirigir aquela coisa, sem segurança já é complicado.

– Quando vai parar de reclamar?

– Por que você responde minhas perguntas com outras perguntas?

– Por que você é tão chata? Vem ou não?

Calei-me e sentei na garupa do ruivo, cruzando os dedos para que eu não morresse.

Foram os dez minutos mais apavorantes da minha vida. Ele deve ter passado em, pelo menos, três sinais vermelhos. Pelo menos não dirigia tão mal (mesmo que não respeitando as regras do trânsito). Finalmente chegamos ao portão de entrada.

– E aí? Foi tão ruim assim? – ele sorria aquele sorriso sarcástico.

– Hmpf, as multas serão suas, não minhas...

– Deveria ganhar um prêmio de chatice... – ele cruzou os braços e adentrou o local. O segui.

Entramos na grande sala. Castiel arregalou os olhos, franziu o cenho, encarou mal-humorado e passou reto, virando a direita no corredor. Não havia entendido até que dou de cara com outro ser, com um olhar tão ruim, se não pior, do que o do ruivo.

Mas o olhar estava sendo direcionado a mim...

Nathaniel me olhava com uma mistura de indignação, ódio, surpresa... desaprovação... Aquilo me incomodou. Certamente, era porque eu estava com o Castiel.

Mas eu não esperava encontrar o Nath ali! O que ele estava fazendo em uma escola de música? Na verdade, o que ele estava fazendo na minha escola de música? Não é o próprio que diz que o pai não o deixa tocar algum instrumento? Ridículo...

Ele se aproximou de mim com sua expressão facial nada feliz. Eu não estava muito diferente...


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Notas finais do capítulo

E então? O que estão achando?
Agradeço mil vezes por aquelas que estão comentando!! Não fazem ideia de como fico feliz com isso!!