Cartas escrita por NicoValdez


Capítulo 5
O Amor


Notas iniciais do capítulo

Aaah, o amor :) ...



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Bem, hoje o tema é complicado. É uma coisa que realmente não gosta de mim. O amor.

Existem vários tipos de amor, aquele que você sente por amigos, aquele que você sente pela família e aquele que você sente por uma única pessoa. Eu já amei uma pessoa... Ou talvez não tenha amado, nunca dá para saber exatamente, porque cada vez é diferente, e cada vez parece que é mais verdadeiro que o antigo... O amor é como uma fênix, ele nasce, vive, morre e renasce. Mas ele nunca assume a mesma forma. E apesar de eu ter feito esse discurso todo, eu não estou apaixonada. E é isso o que me aflige muito no momento, porque eu olho ao redor e todos que eu conheço estão apaixonados. As pessoas lidam tão facilmente com isso, simplesmente selecionam uma pessoa e dizem: "Pronto, é esse! Vou amar essa pessoa." E eu não sei o que fazer... Eu sou muito complicada em relação a relacionamentos. Na minha opinião, tem que se estar apaixonado de verdade para se estar em um relacionamento, pois só assim há uma sinceridade nas atitudes, palavras e tudo mais. Hoje, eu vejo tantos amigos e colegas reclamando que não estão satisfeitos com o que tem... Cara, pelo menos tem! Eu não amo ninguém... E sinto esse vazio, uma coisa oca, porque falta algo em mim.

Eu amei um garoto por 4 anos. Muito tempo, já que nós nunca tivemos nada. Mas ele era tudo pra mim, me trazia esse sentimento bom, esse frio na barriga. Tudo começou assim:

"No sétimo ano escolar, as turmas foram renovadas. Assim que as aulas começaram a pegar pesado, e os professores passarem trabalhos, ele veio até mim para fazermos junto. Acontece que eu não suportava ele. Ele era exatamente tudo o que eu não era. No começo não nos entendiamos e brigávamos muito... Como o tempo foi passando, as brigas se tornaram brincadeiras, e acabou que toda vez que nos encontrávamos trocávamos grosserias que para a gente não significava a mesma coisa. Ele não era nada pra mim, eu não o suportava e do nada se tornou meu amigo. Começamos a fazer trabalhos juntos toda a vez... Até porque na época eu gostava de fazer trabalhos sozinha, então eu sempre procurava fazer com pessoas que deixassem eu fazê-lo. Ele odiava estudar, o que ele amava fazer era jogar bola, principalmente vôlei. Eu também treinava vôlei, então acabamos nos tornando amigos em ambas as partes. As pessoas estranhavam o nosso comportamento, e achavam que estávamos brigando de verdade, e eu e ele ficávamos rindo de tudo. Era uma coisa só nossa. Depois de tanto ficar perto dele, eu acabei amando o que ele era, o que ele fazia, os gestos dele, a história dele, enfim, tudo. E de tanto o observar, eu percebi que o jeito que ele passou a me olhar também havia mudado. No começo eu nem me importei, eu sabia que também o estava olhando de forma diferente. E então, a coisa mudou e eu não aceitava. Eu dizia pra mim mesma que não era nada de mais, até porque ele era o meu oposto completamente. No ano seguinte, nós começamos com brincadeiras diferentes. Ele sempre dava um jeito de me atrapalhar a fazer a tarefa, porque assim eu tinha que tirá-lo, e assim nós ficávamos com os braços entrelaçados. Ás vezes passávamos a aula inteira com eu segurando a mão dele pra poder escrever no meu caderno. Eu sempre o ajudava nas tarefas, e então ele sempre sentava do meu lado. A gente continuava a brincar da forma antiga, com palavras grosseiras, só que como eu comecei a me importar com ele, nós brigamos muitas vezes de verdade, porque muitas vezes machucava. No fim daquele ano, eu estava muito brava com ele, pelo que ele dizia. E começamos a nos afastar, mas nunca realmente afastados. Eu sempre trocava olhares com ele. Mas eu já não o ajudava com as coisas. No outro ano, eu não estava mais brava com ele, e voltamos a sentar juntos, mas com o tempo eu passei a ensinar ele e não só passar as respostas. Ele se tornou muito importante pra mim. "E já havia me chamado muitas vezes pra ir em algumas festas, mas eu odeio as festas da minha cidade... Como eu já disse uma outra vez.

Ele me olhou com aqueles olhos negros brilhantes e disse:

_Você vai na festa da Mylena?

A Mylena era minha amiga, então com certeza eu ia.

_Acho que vou, você vai? - eu perguntei.

_Vou sim. Então - ele começou a me olhar daquela forma que me deixava sem jeito - eu to gostando de uma menina... - ele começou a agir de forma engraçada enquanto contava tudo, por isso eu ria - E você nem vai acreditar quando descobrir quem é...

Eu assenti sorrindo. Eu suspeitava quem era, e absolutamente não era eu.

_E quem é? - eu perguntei e lhe dei um soquinho no braço.

_Lá na festa você vai ver, eu vou chegar nela e falar assim: "E aí, qual deles você vai querer?" - ele erguia uma sobrancelha, imitando um daqueles atores de filmes antigos de romance, com voz grave.

_Uhm... E você acha que ela vai querer você?

Ele pensou por um momento, depois me encarou estranhamente.

_Bom... Eu acho que ela não vai dizer nada, aí eu agarro ela...

Eu comecei a rir.

_Ah, então deve ser essas menininhas fáceis que você arruma.

_Eu não gosto de meninas fáceis.

_Então por que você só fica com elas?

_Porque eu só fico. - ele piscou pra mim e deu um sorriso torto.

_Idiota.

Eu o afastei e voltei a fazer minha tarefa.

E aconteceu que no dia da festa eu não pude ir. Então eu não soube quem era essa menina. No dia da aula quando sentamos juntos eu perguntei:

_Então, deu certo?

Ele me olhou e franziu a testa.

_Por que você não foi?

_Não deu certo...

Ele balançou a cabeça e se calou."

Ou seja, eu nunca vou saber se a menina que ele tava falando era outra ou se era simplesmente eu. Porque quando eu soube de tudo que aconteceu na festa, não havia nada sobre ele. Então será que ele não abordou a menina por que ela não foi? ... Só sei que fiquei com essa dúvida e o destino nos afastou.

No ano seguinte, eu troquei de curso. Fui para o magistério, que era em outro turno. Não nos víamos mais e após isso eu ainda o amava. Mas hoje eu sei que acabou. Se é que houve alguma coisa, por que é que ele nunca me disse? Eu sei que sou uma pessoa que geralmente afasta os meninos. Tenho uma personalidade definida e assim acabo não ligando para as bobagens que alguns garotos "acham" que as meninas adoram. Eu sou muito sincera, e por isso quando algum garoto me aborda eu meio que digo tudo o que eu não gostei da abordagem... Ta... pode dizer que eu sou uma idiota. Eu apenas quero estar com alguém que me conheça, e que realmente goste de mim pelo o que eu sou. Que se atraia principalmente pelo que eu sou... Corpo não é tudo. Corpo envelhece e não é eterno. Mas vivemos em um país onde se é valorizado o corpo, e por isso é muito raro encontrar alguém que valorize as virtudes. Viva ao estereótipo que o Brasil carrega, e viva às mentes genuínas que os brasileiros tem de se orgulharem disso.

Boa noite,

Atenciosamente...

D.Ash


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Notas finais do capítulo

Quero meus reviews :v



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