One More Day escrita por majestyas


Capítulo 1
Capítulo 1.




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Droga. Droga... droga!- era só isso que eu conseguia dizer enquanto corria pelo parque. Não, eu não estava correndo por prazer, porque aliás, eu nunca fui boa em corridas. Eu estava fugindo. Mas não fugindo da polícia ou coisa do tipo, até porque isso seria mil vezes melhor do que minha atual situação, que não é nada, nada boa.
Eu estava sendo perseguida por... por... cara, eu nem sabia o nome daquela coisa!
–Sai, bicho feio!- grito, me esquivando pelo milésima vez do fogo.
A criatura tinha corpo de dragão e nove cabeças... de serpente. Ela soltava fogo pelas bocas. Terrível e irracional, eu sei.
Eu já tinha tacado de tudo naquele monstro, mas ele não morria! Ou ficava gravemente ferido... qualquer um estava bom pra mim!
Me escondi atrás de uma árvore e observei a criatura passar reto por mim.
Um garoto loiro, de mais ou menos 17 anos, veio correndo em direção ao monstro... com uma espada na mão.
–Oh.- foi tudo que saiu da minha boca. Pensei em me aproximar, mas sabia que só iria atrapalhar.
O garoto lutava bravamente com o monstro, enquanto eu apenas observava. Ele era bom. Até mesmo eu, que fiz 3 anos de esgrima não conseguia acompanhar muito bem todos os seus passos.
Não. Não! Isso está errado, eu repetia mentalmente para mim mesma, isso não pode estar acontecendo.
Eu estava tão distraída, pensando em quanto era impossível tudo aquilo, que nem me liguei quando de repente, o monstro foi reduzido a pó dourado. Arregalei os olhos.
Fui andando lentamente de costas, até estar a uma distância considerável... ai eu corri. Mais corri muito. Feito uma desesperada. Bom, eu estava desesperada.
Quem me visse na rua, ia pensar... nossa, eu nem sei o que iriam pensar de mim. Que era uma maluca. Talvez eu fosse, estava inclinada a pensar isso.
Minha calça jeans clara estava rasgada em vários pontos, e eu com certeza teria que jogar ela fora. Minha camiseta preta estava arruinada, queimada em vários lugares, rasgada e com folhas.
Também conseguia sentir os furos recém-adquiridos nos meus tênis da Nike.
Não queria nem pensar no estado do meu cabelo. Ou das minhas mãos. Do meu corpo inteiro, aliás.
Quando meus pés tocaram o gramado bem aparado da minha casa, um onda de alivio invadiu meu corpo, e eu quase fiquei de quatro.
Suspirei longamente e andei calmamente até minha casa.
Era linda e aconchegante. Simples, de uma maneira acolhedora. Tá, talvez nem tanto.
A fachada dela era preta. Sim, preta. Com detalhes em branco e uns arbustos com rosas vermelhas.
Ela tinha 5 andares. Eu sei, um exagero! Mas minha mãe é arquiteta e decoradora, então, eu não tive poder de escolha. Ela planejou, decidiu e construiu tudo sem minha opinião. Ela só me mostrou a casa quando já estava pronta. Pois é, eu nem tive como recusar.
Subi na varanda que tinha na entrada e olhei em volta. Segura.
Abri a porta de casa e entrei, trancando ela logo em seguida.
Subi correndo as escadas, sem me importar de comer algo. Aquele monstro me tirou toda a fome.
Entrei no meu quarto, que ficava no último andar, e fui direto pro banheiro. Tirei aquelas roupas e joguei elas no canto do banheiro.
Depois de tomar um banho longo e relaxante, cuidei das feridas que aquele ser repugnante me causou e fui dormir. Eram apenas 8h da noite, mas o que eu poderia fazer? O sono e o cansaço (físico e emocional) tinha me pegado de jeito.
...
"Não dou a mínima para a minha reputação
Você está vivendo no passado, esta é uma nova geração
Uma garota pode fazer o que ela quer fazer e isso
É o que vou fazer
E não dou a mínima para a minha má reputação

Oh não, eu não"
Acordei ao som de Avril Lavigne cantando Bad Reputation. Oh, tem jeito melhor de acordar? Acho que não.
–Oi. Oi, alô?- atendo o celular, ainda meio dormindo.
–Filha? Filha! Já são 11h!- a voz da minha mãe me faz ficar mais desperta.
–Da manhã?- pergunto, me sentando lentamente na cama.
–Claro que é da manhã, né Safira! Não me diga que só acordou agora?- minha mãe parecia irritada e com um leve tom de deboche. Ela costumava acordar tarde, eu que gostava de acordar cedo.
–Claaaaaaaaaaaaaro que não, né, mamãe.- falo, me levantando da cama em um pulo, o que quase me faz gritar de dor. Meu corpo estava todo dolorido. Olho para os meus braços e mãos. Cheios de arranhões. Oh, merda.- er... mãe, eu tenho que desligar agora, ok? Amanhã nos falamos no velório do tio Mike.
–Ah... ok, filha. Se cuide, Safira.- diz ela, com a voz meio embargada. Mamãe não lidava muito bem com mortes. Bom, acho que ninguém ligava. Ninguém além de mim.
–Você também, mãe. Beijos!- digo, colocando os chinelos de caveirinhas.
–Beijos, querida.- e desliga.
Suspiro e coloco o celular no bolso do pijama.
Fui até o banheiro fazer minha higiene matinal e acabei vendo minha roupa destruida de ontem.
–Então aconteceu mesmo.- sussurrei, em choque.
Não tinha sido um sonho. Foi real. Aquele monstro... tentou me matar.
...
Eu estava tomando meu leite com Nescau tranquilamente, enquanto pesquisava no meu notbook sobre mitologia grega. Sim, pois o monstro que eu tinha visto ontem era um Hidra, uma criatura da mitologia grega. E eu acabei lembrando disso porque uma colega de faculdade tinha me mostrado um livro sobre mitologia. Sem contar que quando era criança, amava mitologia grega.
Coisas estranhas aconteceram comigo durante toda a minha vida. Já estava acostumada, era normal. Mas nada comparado a uma hidra. Não mesmo.
Ouço a campainha tocar, mas fico tentada a não abrir. Já tive confusão suficiente pela vida toda.
E se fosse outro monstro daquele? Ah, como eu sou idiota! Até porque o monstro vai tocar a campainha e...
De novo. A campainha tocando. Parece que alguém estava impaciente.
Tirei o notbook do meu colo e deixei a caneca com leite na mesinha de centro.
Abri a porta.
–Olá.- uma senhora de uns 30 anos mais ou menos, com uma expressão maternal e curiosa, sem contar meio rígida, disse. Ela vestia uma bermuda jeans, um tênis marrom discreto e uma camiseta verde com detalhes florais.
–Olá, senhora. O que deseja?- pergunto, meio tímida, pois ela estava me olhando de cima a baixo e eu ainda estava de pijama.
–Eu queria... hm... perguntar se não quer ajuda com o jardim.- ela diz, meio incerta.
Levantei uma sobrancelha, insegura. Ela era uma completa estranha. Literalmente.
–Ahn... é muito gentileza sua, senhora...?
–Demérter.- ela sorri, cordialmente.
–Demérter... belo nome. Eu sou Safira, é um prazer.- falo, estendendo a mão pra ela.
Ela aperta levemente minha mão, por um curto período.
–Belo nome também, minha jovem.- ela sorri, aprovando.- enfim, depois eu passo aqui para ajeitar seu jardim, sim?
–Eu adoraria, senhora.- disse, sorrindo. Eu adoraria mesmo. Um pouco de normalidade, como cuidar do jardim, cairia muito bem.
Aceno pra ela e ela acena de volta, andando pela rua tranquilamente.
–Oxe.- resmungo, fechando a porta. Eu realmente estava ficando louca. Ou melhor, a minha vida estava virando uma loucura.
Tomo o resto do meu leite rapidamente e subo pro meu quarto, para trocar de roupa.
Depois de ter pego minha bolsa, me olho no grande espelho que tinha na sala.
Eu estava simples, mas bonita. Meus cabelos longos e pretos, que fariam eu parecer superficial, se minha pele não fosse branca e delicada, dando um contraste incrível, estava enrolados nas pontas, dando um ar fofo em mim. Meu gloss incolor, meu rimel preto e só. Esse é o máximo de maquiagem que eu uso.
Minha calça de couro preta justa, minha camiseta regata branca e solta faziam um visual casual, o que eu adorova. Nada chamava atenção. Minhas botas de salto também não eram exageradas... e nem podiam, porque eu não me dou muito bem com saltos maiores de 3cm.
Minha bolsa preta básica, com meu celular e documentos dentro.
Tudo... normal.
–Completamente normal.- murmuro pro meu reflexo e logo em seguida saio de casa.
...
Estaciono meu carro em uma vaga mais afastada da loja onde eu ia, pois naquele dia tinha várias pessoas circulando.
Ando rapidamente para a loja, com meus óculos escuros (felizmente) bloqueando a luz exagerada do sol. É, parece que hoje ele tirou o dia para brilhar. Mais do que o habitual.
–Oi.- cumprimento Jennefer, a velhinha dona da loja.
–Olá, Safira! A quanto tempo! A que devo a honra?- a senhora Jennifer diz, me abraçando.
Sorrio.
–É que meu tio faleceu e amanhã é o velorio dele, sabe... eu queria uma roupa que combinasse com a ocasião.- explico.
Sua expressão vai de feliz para triste e com pena em instantes.
–Ah, querida! Eu sinto muito!- ela diz, dando palmadinhas no meu ombro.
Hã? O tio era meu e ela sente muito? Acho que se nem eu sinto muito, ela não deveria sentir.
–Ah, nossa, obrigada.- falo, sem graça.- eu... ahn, bom... eu vou procurar algo...
–Ah! Ah, claro! Fique a vontade, você já conhece tudo.- ela assente, indo para trás do balcão de novo.
Assinto e vou até os vestidos pretos. Suspiro pesadamente. Qual escolher?
Eu acho– uma voz feminina extremamente doce e fina falou atrás de mim - que você deveria escolher esse aqui.- ela me deu um vestido preto que ia até os joelhos, com um decote grande nas costas, mas nada na frente, de mangas cumpridas.- e isso.- e me da um cinto fino vermelho.- ah, não pode se esquecer disso!- e me da um salto alto preto.
–Ahn... eu... nossa, obrigada. É, ótimo.- aprovo o look que ela tinha me dado.
Ela sorri satisfeita e estende a mão para mim.
–Afrodite.- diz.
Afrodite era uma bela loira, de olhos verdes claríssimos, roupas cara e jóias que provavelmente valiam meus órgãos. Ela exalava beleza e elegância.
–Safira.- digo, apertando a mão delicada dela, ficando com vergonha por um momento, já que as minhas estava arranhadas. Mas ela parece nem notar.
–Belo nome. - diz ela, continuando sorrindo- fico feliz que gostou da minha escolha de roupas, Safira.
–Eu... bom, não sou especialista em moda, mas... gosto de vestir com algo que me sinta bem e que me valorize.- coro um pouco. Ela sorri mais ainda, radiante, bate palmas animadamente.
–Que bom! Fico feliz!- ela diz- temos que tirar um dia para ir as compras!
–Ah... claro.- por que, não?, pensei, fazer compras com uma desconhecida que mais parece uma modela da Victoria Secrets.
–Bom... - ela pegou um lencinho e com a maior naturalidade tirou o meu gloss. Pegou um baton vermelho da bolsa dela e passou delicadamente na minha boca.- agora sim. Sexy! Acredite, queridinha, eu estou te ajudando! - e me da o baton.
–Ahn... obrigada, Afrodite.- acho melhor agradecer, né. Mesmo ela sendo meio louca, parece ser uma boa pessoa.
–De nada, querida.- diz, acenando e indo pro final do corredor.- nos vemos em breve, Safira Stewart.
–Mas... eu não falei meu sobrenome.- disse, abismada. Como aquela estranha sabia meu sobrenome? E... o baton!- espera, Afro...!
Mas ela não estava lá. Procurei por toda a loja, mas Afrodite tinha sumido.
Por fim suspirei e dei de ombros.
Fui pagar tudo.
–Então, senhora Jennefer... hm, você conhece a Afrodite?- pergunto, enquanto ela embrulha tudo.
–Afrodite? Quem é Afrodite?- ela pergunta, confusa.
–A mulher que saiu daqui agora a pouco.- falo.
–Ninguém saiu daqui, Safira. Apenas você entrou na loja. Eu tenho certeza.- diz ela, me entregando a sacola com tudo.
Decido não insistir, apenas sair dali o mais rápido possível, antes que ela me achasse louca.
–Ah... ah. Obrigada, Jennefer. Nos vemos depois, então.- digo rapidamente e saio.
Penso que talvez Afrodite seja um espírito... não, não. Ela conseguiu pegar em coisas matérias, isso prova que ela estava viva.
Mas que tipo de pessoa pode desaparecer do nada?
É, talvez eu realmente estivesse ficando louca.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, até daqui 15 dias!



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