Todos olharam desacreditados e riram, Jade definitivamente perdeu o juízo. Olhei pra André, ele estava suando frio de raiva, pressenti que ia se levantar e arranjar uma confusão das bravas com John e seria expulso, assim como certamente Jade seria, então disse a André:

–Esse idiota não vale a sua expulsão, cara, ignore ele.

–É acho que a Jade já deu o que ele merece. -André respondeu sério.

Voltei a prestar atenção no "espetáculo" que Jade tinha criado no centro da quadra, John gritava coisas como "Vadia!", "Você vai me pagar!" enquanto Jade "desfilava" até o lado de fora da quadra.

–Vamos sair daqui Beck. Antes que eu me arrependa de não ter levantado antes da Jade e socado esse cara de verdade.

–Espera! Com "de verdade" você quis dizer mais forte? Porque o soco da Jade não pareceu ser de brincadeira não, chegou a doer até em mim e...

–VAMOS BECK! -Ele estava bastante nervoso, então fiquei quieto e assenti.

Fomos ao nosso quarto, André abriu a pequena geladeira e tirou uma garrafa de água e bebeu direto do gargalo, me senti incomodado mas preferi não reclamar, ele se irritava muito fácil, e naquele momento o que eu mais queria era que ele ficasse calmo.

–Quer?

–Sim. -Acho que eu precisava mesmo de um pouco de água. Peguei um copo e coloquei o pouco que havia sobrado de água da garrafa.

–Ai, minha garganta, porra, tá queimando!

–A é, esqueci de te avisar, isso aí é vodka pura, Estava dentro da garrafa de água por causa do Águia. -André gargalhou. -Bebe um pouco de água de verdade que passa. - Disse me jogando uma garrafinha pequena. Exitei, mas bebi, mesmo assim a queimação que aquilo causou na minha garganta ia demorar a parar, mas ao menos André estava muito mais calmo. -Agora vamos voltar pra quadra, o Treinador não pode nem desconfiar do que houve.

–Mas os outros alunos não vão contar?

–Não, aqui todo mundo fica na sua, todos tem medo de pegar fama de dedo-duro, já te expliquei isso...

–Então se eles pegam a pessoa no primeiro dia de aula, atiram no mar, e essa pessoa não sabe nadar e morre afogada, ainda sim nenhum aluno de bom senso diz o nome dos responsáveis ao Diretor? Vocês são todos malucos! -Estava começando a expressar minha opinião sobre como as regras de convivência daquele lugar eram mórbidas.

–Pois é, conviva com isso.

Voltamos a quadra andando rápido, e em silêncio, eu estava falando o menos possível, minha garganta doía como se eu estivesse arranhando ela com uma faca, como André pode gostar tanto disso? me perguntei.

Na quadra, todos os caras estavam jogando basquete, como havia mandado o Treinador, com exceção de John, ele estava sentado num dos primeiros bancos da arquibancada, segurando no olho um saco de gelo, me contive para não rir e provocá-lo. Onde está o machão agora?

Logo chegou o Treinador, ele parecia diferente, mais nervoso, e os cabelos grisalhos, que antes de ele sair, estavam arrumados com um grande topete perfeitamente arrumado, agora estavam despenteados, e a gola da sua camisa estava desajeitada, além dos dois primeiros botões desabotoados.

–Acho que ele saiu pra se agarrar com alguma professora e você?

–Eu tenho é certeza!

Rimos. Em sequência chegaram perto de nós Jade e com ela uma garota loira de olhos castanhos claros, muito bonita.

–Gostaram do meu espetáculo? -Jade disse, com seu sorriso irônico de sempre e um cigarro entre os dedos.

–Tá brincando, eu fiquei foi louco, fiz até Uni Duni Te em você e naquele desgraçado pra decidir qual eu fuzilava primeiro, Jade! -André falou com expressão séria.

–Sabe o que é engraçado André? Se fosse qualquer outro cara do colégio eu tenho certeza que você partia pra cima, por quê do John você não se defende, hein? -Jade disse, mas André não a respondeu.

–Vamos deixar isso pra lá, tá legal? Beck essa é a Emily, minha...- André falou

–Ex-namorada. -A garota completou, e sorriu fraco, parecia envergonhada.

Me apresentei pra ela e logo a aula acabou, ouvimos boatos de que John havia dito ao treinador que tinha levado apenas uma bolada, ao menos Jade não seria expulsa. Mas eu ainda não entendia porquê neste colégio os inimigos livravam a cara um do outro.

Continua...