Cicatrizes. escrita por Maramaldo


Capítulo 3
#3 – Traição.




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Afastei lentamente meu rosto, aproveitando cada sensação do toque de seus lábios nos meus que ainda sentia. Abri meus olhos e vi seus grandes olhos verdes me encarando e, mais uma vez, ela colocou o pequeno sorriso no rosto, enquanto eu dava um pequeno sorriso idiota, sem graça.

As últimas cores do pôr do sol já começavam a desaparecer, então olhei para a mansão e agradeci que ninguém tivesse olhado o que havíamos acabado de fazer. Não queria que ninguém nos desse os parabéns, ou algo do tipo. Os arbustos, que antes se mexiam, estavam parados. E tudo ficou em silêncio.

O nosso segundo primeiro beijo tinha sido maravilhoso.

– Você tem razão! – disse Paula, voltando a sorrir.

– De quê?

– Eu mereço um prêmio por ter te aturado durante sete encontros.

Nós dois rimos.

– O nosso segundo primeiro beijo não basta? – Perguntei.

– Não! A não ser se você me der o segundo... Terceiro... Décimo... Centésimo... Milésimo beijo.

– Só isso?

Olhei de seus olhos à sua boca, e a beijei novamente.

Uma hora depois, saímos da piscina e entramos na mansão. Apenas Jessica e Amanda nos viram entrar, pois os demais estavam distraídos vendo Lucas dançar feito um louco no meio da sala.

– Você quer subir? – Perguntei à Paula, com a boca perto de seu ouvido devido o som estar muito alto.

Ela apenas assentiu. Então nós dois subimos a escada e fomos para o meu quarto. Ao abrir a porta – e pedir que ela entrasse primeiro –, entrei e vi minha mala bagunçada em cima da cama.

– Não repara a bagunça! – Disse indo em direção à minha mala, pegando-a e colocando de um jeito mais organizado possível no chão.

– Acho que isso não será possível – disse ela, rindo.

Sentei na cama e fiz sinal para que ela fizesse o mesmo, e, logo em seguida, nos deitamos e começamos a olhar o teto forrado. O ponto escuro continuava no teto, e fixei os olhos nele por alguns instantes.

Começamos a conversar segundos depois, sobre tudo e mais um pouco, como sempre fazíamos. Quando deram duas horas da manhã, ela achou que era melhor ir para o seu quarto. Acompanhei-a até a porta, lhe dei um beijo e voltei para o meu quarto. Joguei-me na cama e dormi.

[...]

Abri os olhos lentamente e olhei com dificuldade as horas no relógio em meu pulso esquerdo. 09hs34min. Tentei levantar – tendo sucesso só na minha quarta tentativa –, peguei minha escova e pasta, saí do quarto e fui em direção ao banheiro. Ao ver algumas pessoas na porta, perguntei:

– O que está havendo?

– É que já faz meia hora que Jef entrou nesse banheiro e até agora não saiu – respondeu Gustavo.

– Eu já estou saindo! – Gritou Jef, de dentro do banheiro. Num único segundo de silêncio consegui ouvir o som da água do chuveiro. – “E quando o sol chegar, a gente ama de novo, a gente liga pro povo, fala que ta namorando...” – cantava ele, meio desafinado, a música O que é que tem? de Jorge e Mateus.

– O que está acontecendo? – Perguntou a sra. Sara, aparecendo de repente.

– É que o Jef está demorando demais no chuveiro – respondi.

– É só isso? – Disse ela dando um sorriso simpático. – Temos mais dois banheiros no andar de baixo, no corredor entre a cozinha e a sala.

Olhei para trás e vi que todos já iam começar a ir em direção a escada. Agradeci a sra. Sara e desci as escadas rapidamente atrás de Jessica, que ia na frente. Após encontrar os banheiros, entrei e tranquei a porta, ouvindo a raiva das pessoas que chegaram por último.

Andei em direção a pia e me olhei no espelho. Meus olhos castanhos estavam um pouco vermelhos e meus cabelos – também castanhos – estavam bagunçados. Abri a torneira e lavei meu rosto.

Saí do banheiro dez minutos depois e Gustavo entrou logo depois que eu saí. Olhei para todos que estavam do lado de fora, vi que Paula não estava e concluí que ela ainda estivesse dormindo, então resolvi ir até seu quarto.

– Aonde você vai? – Perguntou Lay, descendo as escadas.

– Vou no... Meu quarto – menti.

Odiava mentir para ela.

– Ah... Não demore, minha tia está preparando uma bela mesa de café da manhã para a gente – disse ela, animada.

Assenti, dando um leve sorriso, e subi a escada lentamente me perguntado se era isso que eu deveria realmente fazer ou se eu pareceria um idiota apaixonado. Ao subir todos os degraus, caminhei pelo corredor e parei em frente ao quarto de Paula e pensei várias vezes antes de enfim tomar coragem para bater na porta.

– Entra – ouvi ela dizer. Girei a maçaneta e entrei, hesitando por alguns segundos. – Ah, oi Pedro – disse ela se levantando e vindo em minha direção com os braços abertos, preparada para me abraçar. – Te beijaria, mas ainda não escovei meus dentes – riu.

– Vou tentar sobreviver sem meu beijo de bom dia – disse, também rindo. – O que você está fazendo?

– Estou tentando ligar para Yasmin – ela apontou para o iPhone que estava na cama. – Mas ainda continua dando fora de área. Estou preocupada.

– Não se preocupe, acho que ela está bem. Por que você não se troca e desce para comermos alguma coisa?! Lay disse que a sra. Sara está preparando uma bela mesa de café da manhã.

– Está bem, já estou indo.

– Estou te esperando lá em baixo – disse já indo em direção à porta. – Beijos.

Quase meia hora depois - depois que todos já tinham já tinham feito o que tinham que fazer - quase todos nós fomos para a cozinha, onde havia uma deliciosa mesa de café da manhã. Paula chegou alguns minutos depois e se sentou ao meu lado, com seu cabelo meio bagunçado, e lindo.

– Gente – disse Lay, chamando nossa atenção. Com ela estava Davi e mais três pessoas que demorou um pouco para eu reconhecer. – Quero que conheçam meus primos... Esse é o Bruno, essa é a Laís e esse é o Mateus.

Os três levantaram as mãos à medida que seus nomes foram citados.

– Primos, esses são Jessica Sousa, Paula e Gustavo Oliveira, Jeferson Ribeiro e, bom... Acho que vocês ainda se lembram do Pedro Duarte.

– Ah, sim... Pedro! Quanto tempo – disse Laís, vindo me abraçar.

Levantei-me e retribuí o abraço.

Mateus e Bruno me cumprimentaram com um aperto de mão.

– Ainda tem mais duas pessoas, mas eles não estão aqui – continuou Lay. – Sentem-se, comam alguma coisa.

– Alguém viu o Lucas? – Perguntou Amanda, olhando para todos na mesa e logo em seguida se levantando. – Não o vejo desde ontem. Vou procurá-lo – disse ela, saindo da cozinha.

– Mas então, Pedro, o que você anda fazendo? – Perguntou Bruno ao sentar-se à mesa.

– Sou voluntário em uma ONG que desenvolve ações sócio educativas voltadas a crianças e adolescentes no Rio, e faço faculdade de Serviço Social – respondi.

– Uau! Olha só você – disse Mateus.

– E está diferente – disse Laís. – Está mais... Bonito.

– Obrigado – agradeci, olhando de imediato para Paula que ouvia nossa conversa. – Vocês também mudaram... Quase que não reconheci vocês.

– E porque você não veio mais aqui? – Perguntou Bruno.

– Estudo, a vida... Algumas razões – respondi.

– Sua... Sua... Vaca! – Ouvi Amanda gritar.

Todos nós olhamos para cima e em direção a sala de estar.

– O que está acontecendo? – Perguntou Lay, preocupada.

Todos nós nos levantamos e seguimos os gritos dela. Subimos as escadas, fomos em direção ao quarto de Jessica e, ao entrarmos, entendemos perfeitamente o motivo dos gritos.

Lucas e Jessica estavam deitados na cama, apenas com as peças intimas.

– Amanda, eu... Eu... – começou Jessica.

– Você pode explicar?! – Gritou Amanda, completando sua frase. – Só falta dizer que não é nada disso que eu estou pensando.

– Na verdade, era exatamente o que eu ia dizer – disse Lucas.

– Cala a boca! – Berrou ela, segurando-se para não avançar neles. – Logo você Jessica, minha melhor amiga... Como vocês puderam fazer isso comigo?

– Jessica, acalme-se – disse Paula, dando um pequeno passo para frente.

– Me acalmar? – Ela agora olhava para Paula. – Como eu posso ficar calma depois de ver essa vaca que eu considerava como melhor amiga e esse idiota que agora é meu ex-namorado seminus na cama?

Lucas se levantou e foi em sua direção.

– Acho melhor você parar aí mesmo onde está! – Continuou Amanda, agora olhando para Lucas e apontando o dedo em sua direção. – Por que você fez isso comigo?

– Estávamos bêbados... Me desculpe...

– Eu também estava bêbada ontem à noite, e nem por isso fui pra cama de Gustavo, de Jef ou de Pedro! Bem que eu achei estranho você não ter aparecido em nosso quarto... E eu, tola, achando que você tinha errado de quarto e tinha ido dormir sozinho em outro.

Ela olhou para todos e algumas lágrimas caíram de seus olhos. Nessa hora me deu vontade de abraçá-la, mas não queria arriscar chegar perto dela.

– A parte de ter errado de quarto eu acertei...

– Lucas, Jessica, se vistam e venham comigo – disse Davi. – Paula e Pedro cuidem de Amanda.

Todos que não estavam envolvidos saíram do quarto seguidos por Jessica, Davi e Lucas. Olhei para Paula e logo em seguida olhei para Amanda. O que eu faço?

Vi que Paula tinha dado a iniciativa indo na direção dela e a abraçando.

– Minha melhor amiga, Paula. Não acredito que isso está acontecendo.

– Calma, vai ficar tudo bem – disse Paula.

– Não, não vai... Não vou conseguir olhar para a cara deles depois disso.

– Não fale assim – Paula parou de abraçá-la e a olhou nos olhos. – Mantenha o controle.

Amanda olhou para Paula e para mim, e assentiu.

– Você tem razão... Eu tenho que manter o controle da situação... – disse ela.

E tudo aconteceu rapidamente. A única coisa que eu consegui ver foi Paula batendo com as costas na parede do quarto e caindo no chão, então corri em sua direção e a ajudei a se levantar. Quando me virei, Amanda já havia saído do quarto. Paula e eu corremos pelo corredor e descemos as escadas rapidamente para tentar alcançá-la.

– Sua vaca! – Gritou Amanda para Jessica, pulando em cima dela.

E quando todos se deram conta do que estava acontecendo, as duas garotas já estavam no chão, brigando.


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Notas finais do capítulo

Não percam, amanhã, o Capítulo #4!



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